
Niko é a personificação de uma geração perdida, carente, desastrada, mimada, indecisa e pensativa. Uma geração fraca, sem coragem, nem motivações que os impulsione a ir para frente. Uma geração fruto de uma outra geração irritada, neurótica, exigente, apressada, decidida e egoísta, personificada na figura de seu pai, dos outros adultos e até na de sua mãe, que não aparece, mas é citada.
Na verdade é disso que esse filme se trata, retratar a geração de nossos pais e a nossa. Somos perdidos, como Niko, fracos e impulsivos, como Julika, ambiciosos, como Malkte, além de autodestrutivos, como visto nos vagabundos que mexem com Niko e Julika. Tudo isso, consequência de uma geração que exigiu demais, preocupou-se demais e mimou demais a nossa, não dando espaço para que as crianças dentro de cada um crescesse, deixando-os se afundar em vícios, pensamentos autodestrutivos e que remoíam seu passado, criando novas neuroses e pensamentos vingativos.
Tudo isso é abordado de forma sútil, leve e que poucas pessoas irão perceber de verdade, com uma qualidade de imagem impecável e ousada (o filme é todo em P&B), além da excelente trilha sonora.
Enfim, "Oh Boy" é um dos melhores filmes que assisti esse ano e merece o título de "clássico moderno", por isso, a classificação de Supernova para ele.
