sexta-feira, 24 de junho de 2016

Dica literária: "Brothers of Japan" de Taiyo Matsumoto (1994)

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Vinha adiando a leitura desse mangá há anos. Sendo fã do Taiyo Matsumoto não poderia deixar de lê-lo e é um mangá até que bem conhecido do autor, apesar de nunca ter sido publicado em inglês. Sua importância reside no fato dele ser uma compilação de one-shots.

As primeiras três histórias até parecem se conectar por que seus personagens aparecem nas histórias uns dos outros, mas as outras 6 histórias são "soltas", sem relação alguma. Os temas são diversos, desde um garoto apaixonado pela sua bicicleta até uma história sci fi sobre dois irmãos gêmeos (os irmãos do Japão) que cavam um buraco no quintal e vão até o outro lado do mundo.

São típicas histórias Taiyo Matsumoto, com personagens estranhos, os quais nunca deixam claro suas intenções, sendo sempre uma grande surpresa suas ações e uma pegada poética para abordar temas diversos, como morte, família, traição, desapontamento e até sexo, vejam só (explorado numa história que eu não consigo descrever melhor do que um "poema ilustrado").

É uma leitura fácil, dinâmica e simples, não tem muitos diálogos e conta com o traço típico do Taiyo Matsumoto, meio rabuscado, como se fosse rascunho, misturando o estilo ocidental com o oriental. Eu, que sou lento pra caramba pra ler, li em uns 30-40 minutos o volume todo com mais de 200 páginas.

Enfim, recomendado.

4 pontos e meio

sábado, 18 de junho de 2016

Dica literária: "3"" de Marc-Antoine Mathieu (2013)

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"3"" (leia "3 segundos") é uma HQ experimental de Marc-Antoine Mathieu, de acordo com seu site, um premiado artistas de hq's.

Nesse livrinho simpático de apenas 72 páginas, nós entramos numa partícula de luz, acompanhando o seu trajeto por 3 segundos, tempo suficiente para ela viajar 900.000 quilômetros, sendo refletida por olhos, espelhos, ferro, ouro, atravessando lupas, indo e voltando do espaço e enquanto isso nós temos a missão de decifrar um mistério que envolve um atentado, um escândalo político e esportivo, um acidente e uma exposição de arte.

É um trabalho simplesmente fantástico que surpreende não só pela sua premissa, mas pela sua execução, principalmente. Além da arte de Mathieu ser muito boa, ficando no meio termo entre o realista e o cartunesco, mas pelo alto grau de elaboração que fica claro que ele teve ao desenvolver essa obra prima.

No começo da obra, no que pode ser chamado de "prefácio", o autor nos dá as pistas necessárias para que possamos solucionar todo o mistério e apesar de se tornar até cansativo, nós realmente conseguimos resolver o mistério e achar sentido nessa exploração conceitual de temas típicos de um filme noir.

Por falar em noir, é uma HQ toda em preto e branco.

Ou seja, leia!!!

5 pontos

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Dica musical: "The Dream is Over" do PUP (2016)

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PUP é uma canadense de punk rock formada em 2013 e esse é o seu segundo álbum.

Conta a lenda, e talvez seja história, que o vocalista recebeu a triste notícia de seu médico que suas cordas vocais estavam ferradas depois de uma turnê e ele não poderia mais tocar. Como todo punk que se preve, ele simplesmente deu um chute na bunda do médico e começou a gravar o segundo álbum e é por isso que a primeira música (e primeiro single do álbum) chama-se "If this tour doesn't kill you, I will" e diversas outras letras do álbum tratam dessa espécie de crise existencial em que um vocalista de uma banda de punk que só sabe gritar, enquanto mal toca guitarra nos shows descobre que não há futuro para ele no mundo da música, que ele nunca será um Mike Patton da vida e o sonho acabou.

Esse tipo de perspectiva é debatida de diversas formas, mas sempre com um tipo de aceitação no final, como se o destino fosse inevitável e a única a se fazer é continuar vivendo, seguindo em frente com o que você tem disponível. É uma boa filosofia de vida e eu acredito nela, de certa forma.

Sonoramente, é um álbum punk rock puro. O som é velho, defasado, chame do que quiser, mas é bom. Enérgico, rápido, oras pesados, oras mais melódico, mas sempre jogando aquela boa quantidade de adrenalina no seu sangue através das ondas sonoras que ecoam pela sua cabeça muitas horas depois do álbum ter acabado de tocar.

"The Dream is Over" é um tudo o que um ótimo álbum de rock precisa ser; rápido, direto ao ponto, energético e de uma banda canadense, como o Japandroids um dia foi. Enfim, escute.

4 pontos