sábado, 25 de janeiro de 2014

Dica cinematográfica: Por que deu a louca no sr. R? (1970)

802_posterFilme antigo, mas que continua atual depois de mais de 40 anos da sua realização.

"Por que deu a louca no sr. R?" conta a história do sr. R, um desenhista técnico de meia idade, pai de um família de classe média de Munich, que vive entre a melancolia e a ternura da vida, com grandes momentos de apatia em relação ao que acontece à sua volta.

Com menos de 1 hora e meia, nós somos apresentados à vida apática, somos tomados pela inércia social em que o sr. R vive, forçados a acompanhar diálogos vazios, sem sentimento, com risadas falsas e opiniões, igualmente falsas e vazias.

Ninguém vive de verdade nesse filme. O próprio sr. R se vÊ forçado de todos os lados a ser sempre algo mais do que ele já é, seja com sua esposa, com seu filho ou n seu trabalho. Ninguém o deixa pensar por si mesmo e ele acaba se esgotando, assim como quem está assistindo, culminando num fim trágico, porém inevitável.

Aliás, os últimos segundos antes da tragédia formam uma certa tensão, pois o espectador começa a esperar, ou melhor, ansiar pelo que está para acontecer.

E quando acontece, surge até um alívio ao saber que o sr. R finalmente fez algo em relação ao que exigiam dele.

O filme não funciona tão bem como crítica social quanto seus sucessores, mas funciona muito bem, principalmente se você pensar que, mesmo que de forma indireta, esse foi um filme que motivou muitos outros que surgiram após ele e até mesmo um certo movimento de filmes independentes nos EUA.

Filme mais que recomendado e também muito difícil de achar.

4 pontos e meio

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Dica cinematográfica: Paprika (2005)

thPaprika é um filme de animação japonesa de ficção científica do longínquo ano de 2005.

O filme começa com o tratamento de um policial, que sofre com um trauma do passado, utilizando uma tecnologia nova e experimental que envolve uma cientista entrar nos sonhos do paciente para descobrir as causas de seus traumas e curá-los. Tudo dentro da cabeça do paciente.

No entanto, essa tecnologia é roubada da empresa e resultados catastróficos começam a aparecer.

Como todo filme de anime, a história é bem curta, tendo uma narrativa rápida, mas que só acrescenta pontos para um filme que aborda temas muito complexos, além de conter diversos "easter eggs" difíceis de serem localizados, exatamente pela complexidade que cada um representa e até mesmo pela narrativa ser muito rápida.

Quanto a parte técnica, não há do que reclamar. É um filme soberbo, com uma trilha sonora não tão boa, mas com uma das melhores animações que eu já vi, bem leve, suave e vibrante.

Enfim, é um ótimo filme de ficção científica, muito recomendado.4 pontos e meio

domingo, 19 de janeiro de 2014

Dica cinematográfica: "Ela" (2014)

spike-jonze-her-620x916A primeira dica de um filme lançado nesse ano.

"Ela" conta a história de um solitário escritor de um serviço estranho de cartas escritas à mão (só que, na verdade, digitadas pela inteligência artificial do computador que escreve tudo que o escritor fala) chamado Theodore.

Em um belo dia, Theodore compra um novo sistema operacional, que têm uma voz feminina sensual, além de uma impressionante inteligência artificial, tudo que Theodore precisava para se apaixonar pelo sistema.

"Ela" faz parte de uma nova leva de filmes de sci-fi, com uma pegada indie e romântica, abordando temas com delicadeza, mas sem cair na melação romântica de filmes como Titanic, se tornando obras interessantes, que analisam uma determinada condição humana com originalidade e carisma, no caso desse filme a solidão humana e como seres humanos cobrem esse vazio dentro de si com novas tecnologias, além de mostrar o que isso acarreta em suas vidas.

O diferencial de "Ela" é que nada disso é mostrado de forma destrutiva ou arrasadora, muito pelo contrário, é até otimista.

Enfim, recomendo esse filme pelo seu tom simples e original de abordar um tema muito em voga na atualidade.

5 pontos

sábado, 18 de janeiro de 2014

Dica cinematográfica: Short Term 12 (2013)

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Short Term 12 é um filme de 2013 que conta a história de um grupo de jovens assistentes sociais num lar que acolhe crianças com problemas familiares ou órfãs.

A história é bem simples e é essa simplicidade que agrada, apesar de alguns temas serem abordados de forma mais dramática e até irritante, mas que não tira o tom de realismo do filme, afinal, são temas delicados e que não podem ser abordados de forma simples demais.

Além disso, são contadas diversas histórias, não só dos jovens residentes no lar, mas também dos próprios assistentes sociais, inclusive um deles é um legítimo contador de histórias, que conta uma das melhores histórias da história mundial no final.

No final, você conclui que esse filme não passa de um conjunto de histórias, que não tem finais nelas mesmas, mas que se encontram e se misturam com as histórias de outros e não terminam de forma definitiva, elas meio que terminam um capítulo e começam outros.

Enfim, é um bom filme, com uma história gostosa e uma parte técnica muito decente, além de uma boa trilha sonora.

4 pontos

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Dica literária: Noite na taverna

Noite na Taverna -Alexandria"Noite na taverna" é um livro muito louco criado por Álvares de Azevedo e publicado postumamente em 1855.

É um livro curtinho e já que eu estou meio sem tempo, decidi lê-lo, conta com alguns capítulos curtos, cada um centrado em um personagem, algum bêbado da taverna, contando para seus amigos, os outros bêbados da taverna, histórias macabras, sórdidas, sombrias e pervertidas, deixando para o leitor o trabalho de descobrir se são reais ou não.

Sendo um livro do romantismo, as mulheres, suas amantes, são sempre elevadas ao patamar de semi-deusas, nobres donzelas, de corpos perfeitos, rostos lindos demais para olhos humanos, além de uma pureza etérea, fazendo os homens sentirem-se rebaixados, pequenos e indignos de seu amor.

É exagerado ao extremo, com uma linguagem clássica, difícil de se ler em diversos trechos, mas que não prejudica o entendimento das histórias, que aliás, são muito boas. Os temas sombrios e sórdidos são explorados de maneira muito interessante, com um pezinho no absurdo, lembrando escritores famosos como Franz Kafka e Edgar Allan Poe.

Enfim, para quem, como eu, gosta de histórias sombrias, nebulosas e sórdidas, recomendo muito.

Para aqueles que se ofendem fácil ou se escandalizam de maneira fácil também, não recomendo. Aliás, esse livro não é fácil de ser lido, até mesmo pela linguagem adotada.

4 pontos

domingo, 12 de janeiro de 2014

Dica literária: "Os irmãos Karamazov" de Fiódor Dostoiévski

OS_IRMAOS__KARAMAZOV_1322906329PApós três longos meses lendo essa "tortura" (o livro tem mais de 700 páginas), finalmente resolvi fazer esse post.

"Os irmãos Karamazov" é um livro de 1881. escritor por Fiódor Dostoiévski e é tido como um dos melhores livros da literatura russa e de todos os tempos.

Sua história é contada do ponto de vista de um monge, fora da ação, mas que conhece todos os fatos e também é onipresente, o que deixa uma dúvida no ar indagando se tudo o que é dito realmente aconteceu. A história contada se centra em três irmãos, filhos de um homem rico de uma cidade pequena no interior da Rússia. Os três irmãos interagem com diferentes pessoas, cada um seguindo um caminho diferente, enfrentando seus próprios dilemas, muitas vezes sem poder contar com a ajuda deles entre si.

Este não é um livro ruim, mas também não é essa Brastemp toda que todos dizem. Para começar, a história não é lá grande coisa, mas o desenvolvimento dela e a construção dos personagens é muito bem escrita, apesar de muito se perder na tradução para o português. Os personagens também são muito bem característicos, o que não cria nenhuma confusão, levando-se em conta o número de personagens que a obra contém.

No entanto, não é um livro fácil de lar, afinal têm mais de 700 páginas, diversas conversas que acrescentam pouco a narrativa e servem mais para mostrar a filosofia de vida que Dostoiévski seguia ou queria seguir, não fica claro.

Enfim, "Os irmãos Karamazov" é um bom livro, mas a obrigatoriedade de leitura ficapor sua conta e risco.

3 pontos

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Dica cinematográfica: "Safety not garanteed" (2012)

safety-not-guaranteedDos produtores de "Little Miss Sunshine" (O que, na verdade, não quer dizer muita coisa-não acredite nesses cartazes), veio esse filme indie de 2012 chamado "Safety Not Granteed" ou "Sem segurança nenhuma".

O filme conta a história de um grupo de Seattle formado por um jornalista e dois estagiários que procuram por uma história para apresentar em sua revista e correm atrás de um anunciante pedindo para alguém ser seu parceiro em sua viagem de volta no tempo, com um crítico detalhe: A SEGURANÇA NÃO É GARANTIDA!

Com o simples motivo de descobrir qual é a do maluco, se ele realmente acredita nisso ou se só está querendo brincar com os outros, esse grupo, pouco convencional, acaba se envolvendo em algo, aparentemente, maior, mais fantástico e, de certa forma, mais assustador do que imaginavam.

Esse é mais um desses filmes de baixo orçamento, pelo menos é o que parece, visto os efeitos especiais,  a qualidade da imagem e tal, mas que é, felizmente, salvo pela trilha sonora e o desenvolvimento da história.

Para começar, "Safety not garanteed" é listado como um dos filmes recentes que anda mudando a imagem do sci-fi entre os cinéfilos, mostrando o lado "humano" desse gênero, afinal, tudo tende ao romance nesse filme, mas passa pelo gênero coming-of-age e termina na mais pura ficção científica, depois de fazer seu cérebro dar voltas, diversas voltas pelas histórias desses personagens, fortes e bem característicos.

Obviamente, o filme conta com "tipos" que fazem sucesso em qualquer filme, mas o desenvolvimento de sua história, isso inclui como ela é contada e como desenvolve cada um desses "tipos", é o grande trunfo dessa película, que te faz sorrir e deixa aquela sensação de mistério e prazer no final.

Enfim, fica a seu critério saber se a viagem no tempo funciona mesmo, ou não.

5 pontos

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Dica literária: O reino do amanhã

o-reino-do-amanhaO Reino do Amanhã é uma HQ épica de 1996, criada por um ótimo escritor chamado Mark Waid e um desenhista incrível chamado Alex Ross.

Na história conhecemos o futuro dos super-heróis da DC. Um mundo onde a Liga da Justiça se "aposentou" e um novo conjunto de super-heróis tomou o seu lugar. Esses super-heróis acabaram com os antigos super vilões, mas suas vidas se tornaram tão vagas e sem propósito que eles acabaram criando seus próprios códigos de conduta, brigando entre si e fazendo sacríficios morais e sociais inaceitáveis, de acordo com as leis dos antigos super-heróis.

Nesse cenário o Superhomem volta a agir, convocando seus antigos parceiros para retomar a liga da justiça, no entanto, Lex Luthor arregaça as suas mangas e começa a elaborar um plano para acabar com todos os seres com super poderes da Terra.

"O reino do amanhã" foi um marco na história dos quadrinhos, se tornando uma HQ influente até os dias atuais, retornando com um essência dos super-heróis perdida na remota década de 90 (70 e 80 também, por que não?), motivados por linhas de pensamento pra-lá de liberais e quadrinhos underground, muitos artistas deixaram de lado o antigo modo de se fazer quadrinho e começaram a "abusar" de seus super poderes, sem falar na criação de outros super heróis que não eram tão heróis assim, popularizando-se o anti-herói.

Mark Waid, um cara tradicional, amante dos quadrinhos antigos decidiu fazer essa HQ, em parte como um resposta aos novos artistas, colocando em cheque muito do que se acreditava ser certo ou errado, incluindo questões existenciais  e delicadas nas páginas dessa maravilhosa HQ.

Tudo isso acompanhando da exuberante arte realista de Alex Ross, um cara perfeccionista, louco por detalhes, que criou a arte mais fantástica que eu já vie m uma HQ.

"O reino do amanhã" foi compilado e não é um livro longo, mesmo que tenha muitas páginas, a história flui naturalmente e se têm um ponto negativo é a junção de texto com imagem. Você não sabe se lê as falas dos personagens ou admira as obras de arte de Alex Ross primeiro.

[caption id="attachment_481" align="aligncenter" width="77"] Selo "Supernova" de excelência[/caption]

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Dica cinematográfica: Gravidade (2013)

gravidade-o-filmeOutro ótimo filme de 2013 no blog.

Gravidade é um filme de ficção científica que conta a história de uma astronauta, que se vê em uma aventura de tirar o fôlego após um satélite russo ser quebrado e ela ter ficado a deriva no espaço sideral.

Gravidade é um filme que concentra muita tensão em suas cenas, com um belíssimo visual que só expões o poder da produção, que caprichou ao reproduzir o espaço e girar a câmera várias e várias vezes em torno do seu próprio eixo provocando uma sensação desconfortante em quem assiste, mas ao mesmo tempo surpreendente.

Por se tratar da aventura de uma astronauta a deriva no espaço, conhecemos poucos personagens e a sensação de solidão alia-se ao medo, aumentando o desespero, levando a ficção científica a um outro nível, coisa que anda sendo muito bem explorada por outros filmes (e que eu planejo fazer um post sobre isso logo), ou seja, Gravidade é um tremendo de um filme.

Coisa linda de se ver.

5 pontos

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Dica cinamtográfica: Don Jon (2013)

600full-don-jon-posterDon Jon ("Como não perder esse mulher" em português) é o primeiro filme escrito e dirigido por Joseph Gordon-Levitt e conta a história de Jon Martello, um verdadeiro babaca (ou Don Juan moderno se você for uma menina imbecil), que se preocupa com poucas coisas na vida: Seu apê, seus amigos, seu corpo, sua religião, seu carro, sua família e, claro, suas mulheres.

No entanto, Jon têm um problema: ele é viciado em vídeos pornôs. Para ele, não há mulher que se compare com um bom vídeo pornô, o que pode levar horas para se encontrar, mas quando ele encontra, ele se perde e nem mesmo uma mulher nota 10 consegue fazê-lo se libertar desse vício.

Don Jon tinha tudo pra ser um filme ruim: Um estreante dirigindo e escrevendo uma comédia romântica, requintes de besteirol em seu roteiro e uma vibe rolando por trás de tudo isso, mas o filme surpreende.

Primeiro por que não é uma simples comédia romântica. Don Jon é um filme muito mais profundo do que isso, jogando na cara, sem rodeios, personagens que são muito honestos e realistas. O melhor exemplo disso é o próprio Jon, o legítimo babaca do século 21: Pegador, mulherengo, cheio de amigos pagando pau pra ele, bombado, descolado, bem vestido, com um apê legal e uma voz irritante que deixa as mulheres (idiotas) molhadas. Mas também temos a namorada dele, a legítima patricinha arrogante, metida a princesa, cheia de frescuras, mandona, irritante, sem graça, egoísta, gostosa, mas que quando abre a boca, broxa qualquer cara que tenha um cérebro.

Segundo (e isso está até incluído no primeiro item) Don Jon é um filme honesto, mostrando situações reais, em alguns momentos até fazendo-se crer que foi um filme gravado com uma câmera caseira. Isso é algo que eu só tinha visto uma vez, em um mangá, chamado Onani Master Kurosawa.

Terceiro: Don Jon tem uma qualidade técnica. Não é um filmezinho qualquer, é um filme realmente bom, com uma boa imagem, uma ótima edição e, não podia me esquecer, uma ótima trilha sonora.

Enfim, Don Jon é um filme que merece (e muito!) ser assistido e que já se tornou um cult, ao menos para mim.

4 pontos

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Dica literária: A ilha do medo

ilhaMedoEsse é um desses livros que você lê e nunca mais lembra.

Por isso, decidi escrever logo essa dica.

Mas o livro não é imemorável por que é ruim, é simplesmente por que não passa de uma boa história, com personagens simples, bem feitos, uma narrativa que te prende do começa ao fim, enfim... só cumpre o papel que todo livro bom deve cumprir.

Não é ruim, nem bom.

O livro conta a história de um detetive de licença passando os últimos dias de suas férias na casa de veraneio do tio, quando seus vizinhos são assassinados e o chefe de polícia local pede por sua ajuda. O detetive, um desses caras durões, metidos a galãs decide ajudar na investigação.

E assim a história passa, conhecemos duas belas mulheres que se encantam pelo detetive bonitão, eles descobre fatos ocultos do assassinato, resolve o mistério sem grande brilhantismo como as histórias de Agatha Christie ou do Sherlock Holmes e volta pra casa, afim de traçar uma policial gostosona.

Enfim, o livro é só mais um café com leite, sem graça, mas com alguns trunfos na manga, o que foi suficiente para me manter lendo-o e finalizá-lo em um final de semana.

Se você não tiver nada pra ler e, de repente, vir esse livro na sua frente, não perca tempo e leia-o. Se arrepender você não vai.

3 pontos

domingo, 5 de janeiro de 2014

Dica literária: Três sombras

com_limao_tres_sombras_cyril_pedrosa-destaqueTrês sombras é uma graphic novel lançada pelo francês Cyril Pedrosa, quero dizer, acho que é francês.

O livro conta a belíssima história de uma família que se vê perseguida por três sombras, que representam um destino inevitável para o filho deles, Joachim, uma criança muito animada e simpática.

Com medo do que as três sombras possam fazer a seu filho, o pai de Joachim decide viajar com o filho para o oeste, onde, supostamente, as sombras não poderiam alcançá-lo.

Três sombras é uma belíssima história de superação dos seus medos e, principalmente, da aceitação do ciclo da vida e morte.

4 pontos e meio