sexta-feira, 30 de maio de 2014

Dica musical: "Faces" do Mac Miller

Mac_Miller_Faces-front-large


"Faces" é o nome de um projeto de (pasmem) 90 minutos do rapper americano Mac Miller, disponibilizado gratuitamente para download pela internet.

O projeto é o primeiro trabalho do rapper que eu dediquei a devida atenção, principalmente pelo fato de ser um CD de 90 minutos de duração, o que é um espanto, considerando que 90 minutos é um filme.

O CD têm 24 músicas.

E são 24 músicas, 90 minutos, de pura depressão. Mac Miller esquece as festas, as mulheres gostosas, os amigos ricos, drogados e malucos, produzindo um CD repleto de versos que demonstram culpa, depressão, raiva e desapontamento consigo mesmo e com as pessoas à sua volta.

Nas canções, ele explora o lado falso de toda a sua carreira, apesar das festas, das bebidas e das drogas, o abuso começa a pesar em suas costas, chegando ao cúmulo dele sentir-se tentado a morrer, começando com letras declarando seu tédio e desapontamento, chegando no ápice com a música "Happy Birthday", em que ele canta que há uma festa de aniversário para ele, mas todos são falsos, estão só interessados em fingir uma amizade com ele e participar de uma festa na mansão de um astro de rap.

À partir daí começam as melhores canções do CD, com ótimas rimas, declarando seu vício em drogas, desglamorizando seu dinheiro e suas mulheres, revelando fatos intensos e tristes (como aborto forçado e a destruição gradativa de seus amigos no mundo das drogas pesadas), acompanhado de batidas cada vez mais sombrias, minimalistas e ao mesmo tempo bem elaboradas, com influências jazzísticas soberbas.

Tudo isso faz de "Faces" um dos CD's mais depressivos que eu já ouvi. Tudo ajudando a aumentar a angústia sentida por Mac Miller, sua depressão e sua culpa.

Mas ao mesmo tempo, é lindo.

4 pontos

terça-feira, 27 de maio de 2014

Dica musical: "Drowners" do Drowners

tumblr_muf1popryZ1rf0c46o1_1280


Drowners é uma banda estadunidense-galesa de indie rock formada em Nova Yorque no longínquo ano de 2011 e esse ano eles lançaram seu CD homônimo.

Drowners é uma dessas bandas indie formada por garotos mimados, metidos a roqueiros, com vozes cansadas, riffs de guitarra a-lá The Smiths e uma distorção na voz no estilo Julian Casablancas nos seus melhores anos do The Strokes.

Enfim, tinha tudo pra odiar a banda e realmente odiei, mas comecei a escutar as últimas 4 músicas do CD de novo e de novo e de novo, até que gostei do ritmo enérgico, frenético e juvenil delas, menos a última. Essa é fraquinha.

O único problema é que você sente estar ouvindo a mesma música 3 vezes seguidas, afinal, esse é o sentimento dominante no álbum todo. As músicas não são muito diferentes umas das outras, exceto por algum odiável toque eletrônico aqui e ali.

As letras não são nada demais, mas também não são ruins e o que acaba salvando esse álbum são 3 músicas com um bom ritmo, bem dançante e refrões pegajosos (mesmo que pareçam ser a mesma canção, sendo repetida 3 vezes seguidas): "Let me finish"; "Shell Across the Tongue" e "Well, people will talk [Explicit]".Viu como eles são radicais, tem um fuckin' no meio da canção, mas eles avisam que é explícito, tá mamãe?

Drowners têm uma forte influência do The Smiths, mas não sei se dá pra dizer que essa banda terá uma vida tão próspera e influente quanto seus estimados arrogantes ingleses, no entanto, no meio tempo dá pra curtir uma musiquinhas legais e baladeiras.

Outro ponto forte do álbum é sua capa. Definitivamente a melhor capa da história da música desde a capa para o single de "I bet you look good on the dancefloor".

3 pontos

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Dica musical: "Luminous" do The Horrors

22194_c_w_375_h_375


Um dos álbuns mais aguardados do ano finalmente saiu: "Luminous" do quinteto inglês; The Horrors.

Por que é um dos álbuns mais aguardados do ano? Simplesmente por que é The Horrors; uma das bandas mais inteligentes e conscientes da sua década.

O The Horrors lançou o primeiro álbum em 2007, uma mistura barulhenta e suja de tudo aquilo que eles gostavam, desde filmes de terror dementes a bandas de garage-rock que só atraem um grupo de loucos, mal vestidos, estranhos e assustadores que passam os dias de cara fechada e você não sabe se por baixo daquelas mangas longas de jaquetas de couro se escondem um monte de tatuagens ou cicatrizes bizarras.

Enfim, desde então o The Horrors evoluiu sua sonoridade, mudando-a completamente, as sem cair na descaracterização, que acaba sendo o fim de muitas bandas que caem no falso argumento do "amadurecimento". Ao contrário de outras bandas desse século 21, o The Horrors é consciente de seu crescimento, de seu amadurecimento e consegue fazer tudo isso junto de seus fãs. Você que conheceu a banda em 2007 (ou antes) ainda pode gostar da banda, mesmo que curta mais o som sujo de garage bands e assista a filmes de  terror com a namorada gótica.

O som sujo e as guitarras distorcidas ainda estavam lá no segundo disco da banda, "Primary Colours", no entanto sua sonoridade já adquiria nuances etéreos e lisérgicos, ainda que mal percebidos.

"Skying", o 3º e mais aclamado CD da banda já mostrava uma enorme evolução em relação ao primeiro, com um som psicodélico mais hipnotizante, menos sombrio, ainda mais etéreo e gostoso de se escutar.

E agora, com "Luminous" eles decidiram partir para um novo território, eles não estão mais subindo em direção à um som cada vez mais limpo e etéreo, o que seria chato e irritante, além de descaracterizá-los completamente. Afinal, eles ainda gostam de filmes de terror, ainda são os garotos estranhos e assustadores de jaquetas de couro e cabelos bizarros, no entanto, eles acabaram de descobrir que o mistério é belo, que a mocinha é resgatada no final, que sempre têm um sobrevivente, enfim... há vida na tragédia e festejemos à isso.

"Luminous" é um álbum dançante, é um álbum iluminado, mas a sujeira das garage bands ainda está lá, distorcendo as guitarras, poluindo os sintetizadores, enigmatizando suas canções, suas letras, quase impossíveis de identificar um sentido.

Com "Luminous", o The Horrors mostra que é uma das bandas mais inteligentes e maduras do cenário musical atual.

5 pontos

domingo, 11 de maio de 2014

Dica cinematográfica: "12 homens e 1 sentença" (1957)

dvd-12-homens-e-uma-sentenca-henry-fonda-13953-MLB3185169312_092012-O


Esse filme clássico é a dica cinematográfica de hoje.

"12 homens e 1 sentença" conta a história do julgamento de um garoto de 18 anos e a luta de um jurados de provar para os outros 11 jurados que o rapaz é o inocente, ou melhor, que falta provas para a sua condenação.

O filme é muito inteligente ao propor que não podemos ter julgamentos precipitados, muito menos quando o que está em discussão é a vida de alguém. O jurado que fica contra os seus 11 companheiros utiliza de diversos argumentos, cada um diferente do outro, dependendo de quem ele tenta convencer, conseguindo desta forma destrinchar a personalidade de cada um dos jurados, colocando em cheque suas convicções, seus preconceitos e suas ideias mais profundas.

"12 homens e 1 sentença" se tornou um clássico, afinal, não é pra menos, o filme é muito inteligente, adaptado de uma série de mesmo nome, com a mesma história, contando com belas interpretações de seus atores, ótimo jogo de palavras e uma fotografia impecável, para um filme da época.

Enfim, um filme que você deve assistir.

4 pontos e meio

terça-feira, 6 de maio de 2014

Dica gamística: "2048" de Gabrielle Cirulli

2048pronto


Eu sei que você já jogou esse jogo um milhão de vezes, inclusive no seu celular.

No entanto, saiba que seu criador (ou criadora) não havia criado uma versão oficial para celulares até hoje.

2048 é um jogo de lógica com o objetivo de fazer você "criar" uma peça com a soma 2048. Para isso você deve somar peças de número iguais até chegar ao enfadonho resultado.

O jogo de tornou rapidamente um viral e como tal foi criado diversas versões mobile dele, mas apenas hoje foi lançada uma versão oficial, com 2 modos de jogo e uma tonelada de propagandas, mas vale a pena... O jogo é muito viciante.

Baixe a versão oficial do jogo clicando aqui.

4 pontos

sábado, 3 de maio de 2014

Dica musical: "Sunflower" do Monster Rally

monster rally


Em atividade desde meados de 2010, acho... Monster Rally é Ted Feighan, um produtor musical estadunidense residente em L.A., que produz músicas sob a alcunha de Monster Rally classificadas no subgênero da música eletrônica conhecido como "chillwave" ou algo assim...

Como tantas músicas no mesmo estilo, suas canções são feitas com batidas graves e lentas, acompanhadas de alguma melodia relaxante e, por vezes, hipnotizante. O grande diferencial de Monster Rally para tantos outros como Gold Panda e Jon Hopkins é que ele busca inspiração em locações pouco exploradas pelos seus "conterrâneos" musicais do gênero, sendo mais comum em seus trabalhos influências orientais e sul-americanas, a primeira, mais comum e utilizada.

Nesse álbum, "Sunflower", a inspiração japonesa é clara e óbvia, começando pela primeira música, que descreve de forma rápida e inexata as chindon'ya's e logo somos guiados a uma curta, porém exuberante viagem aos confins da imaginação influenciada pelos mistérios japoneses, com direito a pianos clássicos, biwas, kotos e tsuzumis.

"Sunflower" é uma das melhores descobertas que já fiz na minha vida. O fato de Ted Feighan buscar inspiração no oriente e na música tradicional das comunidades mais antigas da América do Sul (como Peru, por exemplo) já o transformam em uma jóia rara num universo musical, perdido a muito na mesmice das batidas eletrônicas clássicas, retiradas da década de 80.

O álbum termina com um elegante convite para os ouvintes entrarem nessa aventura chamada Japão, cheia de instrumentos, lendas, mistérios e inspirações diversas, material que ainda pode render muito mais, vide o número de álbuns que o cara tem em seu bandcamp.

5 pontos

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Dica musical: Space✩Dandy OST

space dandy ost


Acompanhando a dica de ontem, completo com essa maravilhosa dica musical: a trilha sonora de Space✩Dandy.

Space✩Dandy não é só especial pela sua produção genial, realizada pela estúdio Bones, ou pela sua narrativa extremamente original, mas também por que junta dois nomes que todo fã de anime admira muito: Shinichiro Watanabe (o mãos de ouro, que tudo que toca transforma em diamantes inesquecíveis) e Yoko Kano (a lendária compositora japonesa responsável por trilhas sonoras soberbas).

E na trilha sonora de Space✩Dandy podemos notar como uma boa escolha de músicas podem influenciar na história. Dandy é um fanfarrão do espaço, um anti-herói a moda antiga, com topetão ah-lá-James Dean, rebolada ah-lá-Elvis Presley, convencido como um vilão de filmes cult dos anos 80, enfim, é um cara do passado, uma figura exótica no espaço e para reforçar isso, nada melhor que uma trilha sonora recheada de tonalidades new wave, estilo musical que surgiu nos anos 80, contando com influências jazzísticas e da disco music, algo que está em voga novamente, devido ao sucesso de artistas como Daft Punk e Pharrel Williams.

A trilha sonora talvez seja tão boa, também por ter aparecido numa época boa para músicas nesse estilo, um ano onde o que as pessoas querem é uma boa batida de sons graves e efeitos eletrônicos harmoniosos.

Como toda trilha sonora, não espere algo complexo, a maioria das músicas são instrumentais, mas como uma trilha sonora orquestrada por Yoko Kano, espera algo completo, recheado de harmonias, instrumentos musicais diversificados e arranjas belíssimos, perfeitamente combinadas e arrumados nesse CD de forma a criar um ambiente onde você possa curtir cada música ao máximo.

Enfim, belo.

5 pontos

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Dica televisiva: Space✩Dandy

Space-Dandy


Space✩Dandy é um clássico moderno.

Além de ser o tão aguardado anime de 2014 dirigido por Shinichiro Watanabe, é também um anime com uma das narrativas mais interessantes, divertidas e legais dos últimos tempos.

Space✩Dandy conta a história de Space Dandy, um fanfarrão no espaço, que têm como profissão caçar alienígenas desconhecidos em troca de dinheiro no centro de cadastro de alienígenas e, como hobby, visita os Boobies, uma rede de lanchonetes espaciais que contém garçonetes peitudas como principal atrativo.

A narrativa é simples e como anime de humor funciona perfeitamente. Dandy também têm como companheiros QT, um robô com voz fofa e desatualizado, mas que serve para limpar a nave deles (Aloha Oe) e consertar eventuais problemas técnicos, além de um companheiro indesejado, um gato alienígena com um nome impossível de ser pronunciado por meros humanos. Esse trio fica conhecido como BBP, que é um sigla para Burrão, cabeça de vento e cabeça de alfinete (tradução livre do japonês) e os três se metem em aventuras pelo espaço, enquanto são caçados por um general do império Gogol, que enxerga Dandy como uma ameaça para o universo.

O fato de Dandy ser um valentão, pegador e anti-herói, afinal ele é tipo como um vilão pelo império Gogol ( mas isso é envolto em mistério pois não são apresentadas as reais intenções do império) torna Dandy em um personagem único, principalmente em séries de humor japonesas, onde o personagem principal é sempre um mané deprimente e chato, ou mesmo em séries ocidentais, onde o fanfarrão é o vilão da história, o cara que pratica bullying e é tido como idiota por todos.

Nesse anime, o valentão é o personagem principal, continua sendo burro, mas é o cara que chama a atenção das garotas, o pegador, o cara que não tem medo de zoar com todo mundo e ainda assim se dá bem no final. Concluindo, um personagem único no mundo do anime, o que já seria suficiente para transformar esse anime em algo excepcional.

Mas não podemos esquecer de que esse anime é dirigido por Shinichiro Watanabe e como tal, ainda conta com uma excepcional trilha sonora (cheia de influências new wave e, claro, jazz) e qualidade de animação, muito fluída, leve, mesmo contando com uma infinidade de detalhes. Os personagens são bem detalhados e a animação é muito boa, as cenas de ação remetem a Tengen Topa Gurren Lagan, bem enérgicas e fortes.

Por falar em influência, o anime também contém diversas referências, desde mais óbvias como 2001: Uma odisséia no espaço e Cowboy Bebop, até influências menos óbvias, como Rango e grupos musicais japoneses antigos.

Cada episódio é fechado em si mesmo, contando uma história que talvez não siga uma ordem cronológica da forma como nos é apresentada, aumentando a curiosidade em saber como tudo se encaixa na história, além de contar com diversos conflitos e temas existenciais, filosóficos ou mesmo científicos escondidos por baixo do pano de fundo principal: o humor.

Enfim, Space✩Dandy é um alívio numa era dominada por animes ruins, envolvidos num hype fenomenal, porém desmerecido. E que venha a 2ª temporada em Julho.

5 pontos