domingo, 21 de setembro de 2014

Dica cinematográfica: "Suicide Club" (2001)

suicide_club

"Suicide Club" é um filme de 2001, dirigido por Sion (pronuncia-se Xion) Sono e que eu até agora não sei se o filme é muito bom ou muito ruim.

Conta a história de um monte de suicídios coletivos que assolam Tóquio e um grupo de policiais na sua jornada para descobrir o que está por trás deles.

A história se passa em 6 dias e sua narrativa é obscura, sendo negado ao telespectador a verdade por trás dos suicídios coletivos. Há também uma enorme gama de personagens, que não são bem desenvolvidos, elevando a tensão, mas também o sentimento de desolação face alguns acontecimentos ao longo do filme, como, por exemplo, a morte de algum personagem até então importante para a história, portando-se como o mocinho ou o aparecimento de um vilão, que, na verdade, não era o vilão principal, apenas queria aparecer na TV ou ainda a caminhada solitária de um jovem detetive da polícia que, aos poucos, entrega-se à loucura.

No entanto, algumas cenas são incrivelmente bem desenvolvidas, como o suicídio coletivo do começo do filme ou o segundo suicídio coletivo de estudantes ou ainda a cena em que é apresentado o vilão que só queria aparecer. São cenas fortes, mas ao mesmo são muito boas, em parte por que são chocantes, em parte por que fazem uma bela crítica social, que é outro ponto forte do filme. O filme faz uma forte crítica à vida competitiva em que os japoneses estão inseridos, questionando o por que deles viverem (trabalho? filhos? família? Ego?), sendo uma outra boa cena aquele em que a família de um dos polícias é morta e ele recebe uma ligação da responsável pelos suicídios questionando  a essência da vida dele e o por que dele estar tão desolado, mas logo que a cena acaba somos entregados à desolação maior do filme, que é ver um dos melhores personagens ser morto tão rapidamente.

E aí resido outro ponto fraco do filme, a profusão de ideias rondando esse filme é muito grande e apesar delas serem ideias boas, elas não são bem trabalhadas, não dando espaço para o desenvolvimento delas, nem para o desenvolvimento dos personagens. Do meio para o final do filme somos apresentados á mais uma crítica social, dessa vez voltado ao fanatismo por ídolos pop ou a utilização desenfreada de ídolos cada vez mais novos pela indústria da música pop e a mídia em geral ou talvez tenha sido uma crítica à perda da inocência pelas crianças?... Não sei.

Apesar do jeitão meio "trash" do filme, isso não é algo que atrapalha, muito pelo contrário, esse é um fato que engrandece essa película, podendo provocar risadas de quem o assiste, mas também pode servir para complementar a crítica social feita, gerando um jogo metalinguístico com o telespectador, afinal, por que gostamos tanto do grotesco, do absurdo, do sensacionalista? Ou talvez tenha sido só falta de recursos mesmo.

Enfim, "Suicide Club" é um filme cheio de problemas, mas que ainda assim parece ser impossível odiá-lo, principalmente pelo grande potencial que ele tem, então você fica sem saber o que pensar dele. O próprio Sion Sono pensou em fazer uma trilogia com essa história, mas pareceu ter desistido da ideia, fortalecendo a teoria de que esses "erros" foram postos de propósito, armando ganchos para as suas sequências. Eu mesmo não pensava em escrever essa dica, mas fiquei entre o amar e o odiar esse filme, então decidi ficar em cima do muro e achar esse filme "mediano", aceitando seus pontos negativos como parte da intenção do autor com esse filme e admirando os pontos positivos, que merecem ser muito bem admirados.

3 pontos