terça-feira, 31 de maio de 2016

Dica literária: "Hiroko at After School" (2009)

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Essa é a indicação literária na qual eu fiquei em maior dúvida quanto a postar aqui ou não, por motivos que serão abordados mais pra frente.

Hiroko at After School abordo alguns dias na vida de Hiroko, uma estudante colegial num mundo distópico onde a violência impera e a balbúrdia é passatempo. Todos os dias, depois das aulas, as alunas participam de atividades em clubes que pouco tem a ver com a realidade atual. Ela monta flores para poder vender e assim angariar dinheiro para a escola poder comprar mais armas. Um dia, ela acaba sendo selecionada para o clube de segurança e junto com outras meninas, invadem um covil de mafiosos.

Essa história, como podem notar, é bem maluca e aborda diversos temas, pra começar se trata de um mundo distópico, onde a violência se tornou tão banal que as estudantes colegiais vão pra escola armadas e participam de clubes que, de uma maneira ou de outra, se relacionam com a militarização da escola. Hiroko é uma menina que tem uma paixão secreta pela presidente do conselho estudantil, chegando a se imaginar fazendo sexo com ela. A presidente do clube de segurança veio de uma região pobre da cidade e, de acordo com Hiroko, é por isso que é tão cínica e consegue fazer o seu "trabalho" tão bem.

São uma porrada de temas que poderiam gerar uma discussão filosófica, social e política, mas que não são aprofundados e o mangá não passa de um exploitation de colegiais, lésbicas e violência gratuita. Um exemplo de pós-modernismo, do seu roteiro a sua arte rabiscada, suja, mas bonita. O one-shot não tem profundidade nenhuma, mas funciona para um contexto, puro e simples entretenimento e nada mais.

Enfim, "Hiroko at After School" não tem quase ou nenhum valor, mas eu gostei do que li, achei interessante e gostaria que o autor fizesse uma série, talvez até ganhasse valor, mas seu potencial ficou perdido na mídia a qual ela pertence, um one-shot ordinário.

3 pontos e meio

domingo, 22 de maio de 2016

Dica musical: "Things Will Matter" de Lonely The Brave (2016)

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Lonely The Brave é uma banda de rock alternativo do Reino Unido, com uma sonoridade bem única e específica, que só pode ser definida como "música para estádios". Esse ano, eles lançaram este ótimo álbum e não se engane pela arte hipster, ele vale muito a pena.

O "música para estádios" que cabe bem neles, sendo utilizado desde os anos 80 para músicos como Bruce Springteen e Foo Fighter, por exemplo, descrevendo aquele som potente, alto e imponente, claro e focado, enfim, um rock para massas, mas sem se apegar a elementos pop's demais. E esse é bem o caso de Lonely The Brave. Em "Things Will Matter" ouvimos um som potente e imponente, com guitarras distorcidas, porém claras, geralmente num ritmo não muito acelerado, porém não lento, com um vocalista muito bom, transmitindo uma energia muito forte para as canções.

O álbum é muito bem construído, tem canções mais melancólicas e canções mais pesadas, feito para agradar a todos os gostos e embora isso possa se mostrar um empecilho no futuro, atualmente funciona muito bem. Mais de uma canção, nota-se a influência de Kings of Leon (em sua fase mais expansiva, entre o terceiro e o quarto CD), seja nos vocais ou na melodia das canções, mas não fica por aí, há mais influências, que variam de bandas clássicas até outros gêneros musicais, como as trilhas sonoras de Ennio Moricone.

As letras também são boas, mas são meio gerais, não chegam a contar uma história, nem chegam a ser muito pessoais, o que deixa elas meio genéricas, não que isso prejudique o álbum como um todo, que contém melodias tão boas que chegam até a arrepiar.

Enfim, "Things will matter" é um ótimo álbum, com canções expansivas e imponentes, cobrindo uma lacuna que este ano ainda não foi preenchida por nenhuma das bandas mais famosas.

4 pontos

sábado, 21 de maio de 2016

Dica musical: "Teens of Denial" do Car Seat Headrest (2016)

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Car Seat Headrest é uma banda de pós-punk que pega elementos de gêneros bem óbvios como o emo e o indie-rock para criar um som bem ordinário.

Mas nesse CD "Teens of Denial" a banda conseguiu dar uma inovada no som deles, crédito da produção do álbum, que está muito boa. É notável isso nas músicas "Vincent" e "1937 State Park", onde as guitarras melancólicas e a letra deprimente das canções abre espaço para pianos ou trompetes, muito bem executados, dando uma explosão de energia às canções. Algo que a banda ainda não tinha explorado até então.

Apesar de ser uma banda formada na mesma época que um monte de outras bandas do norte dos EUA, com influências no grunge, no hardcore e no puk, insatisfeitos com o destino da música indie, que se tornou banal ao extremo nos últimos anos, eles acabam tendo aquele som bem característico, um som explosivo e energético, mas melodioso e harmonioso, ao mesmo tempo. No entanto, em "Teens of Denial", eles abandonam um pouco essa vertente mais "suja" para adotar um som marcado por guitarras mais suaves, tendo uma pegada mais indie mesmo, lembrando às origens do gênero com bandas como Bloc Party, The Strokes e Franz Ferdinand.

Uma das coisas que mais me incomoda e continua me incomodando na banda é o vocalista. Sua voz é, simplesmente, muito chata para as canções da banda, ele muitas vezes não acompanha o ritmo das canções e sua voz é pesada, lenta, desanimada, passando uma sensação horrorosa de morosidade.

Já li que esse contraste entre o vocal e o instrumental é um dos pontos positivos da banda, mas eu não me convenci, continuando achando ruim mesmo.

As letras são pesadas e algumas são bem deprimentes, são muito pessoais, mas contém uma suave dose de ironia para aliviar a atmosfera que se forma em torno delas, facilitando a identificação do ouvinte. Eu, particularmente, acabei ficando com uma sensação meio agridoce quando ouvi o disco, por que gostei e ao mesmo tempo não gostei das letras. Há momentos em que eu acho que já superei meus momentos deprimidos, que isso já é passado e hoje minha vida é só alegria, mas álbuns como esse me fazem lembrar que não, eu ainda me sinto triste e perdido, nem tanto a maior parte do tempo, mas por uma parte boa.

E se tem algo de bom nesse álbum, no som que esses caras criam, é que coisas assim te fazem aceitar essas inevitabilidades da vida, nem tudo são flores, nem tudo são tempestades, a maior parte do tempo vivemos num limbo emocional, onde não sentimos nada de destaque, nada de especial e isso é normal. Além disso, há beleza em tudo, inclusive na melancolia.

3 pontos e meio

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Dica musical: "Tired of Tomorrow" de Nothing (2016)

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Nothing é uma banda de rock, da Filadélfia e como 90% das excelentes bandas de lá, eles têm uma pegada mais voltada ao post-hardcore, com influências do emo, do punk e do pop-punk, enfim... aquele som lá.

"Tired of Tomorrow" é o mais novo álbum dos caras que iniciaram a banda em 2011, ou seja, são novinhos ainda. Como o próprio nome do álbum já diz, eles estão cansados do amanhã e suas músicas, com letras introspectivas e meio deprimentes, com melodias ais letárgicas, acordes leves, um vocal cansado e agudo fazem questão de provar sua canseira.

Mas o álbum não é de todo ruim e vale a pena escutar, nem que seja só uma vez, de preferência naquela tarde chuvosa e fria, depois do seu time ter saído da Libertadores ou daquela garota bonita da escola ter te dado um pé na bunda.

Há influências bem claras, como o Deftones, o próprio Title Fight e sua pegada mais shoegaze de "Hyperview" e outras bandas mais famosas, porém mais estereotipadas e que não vale a pena comentar aqui, mesclando seu som mais letárgico e sentimental com uma pegada mais violenta e pesada.

Enfim, "Tired of Tomorrow" não é nenhuma obra-prima, mas é um álbum gostoso, que pode se encaixar perfeitamente em alguns momentos muito específicos da sua vida. Vale a pena escutar várias vezes "Vertigo Flowers" e "ACD".

3 pontos

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Dica musical: "99.9%" do Kaytranada (2016)

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Kaytranada é um beatmaker canadense e este é o seu primeiro álbum de estúdio.

Conheci o cara através da primeira música que ele liberou, chamada Bus Ride, uma música recheada de instrumentais, com uma pegada meio onírica, variando o ritmo e puxando muito para o jazz, do jeito que eu gosto.

No entanto, o álbum inteiro acaba decepcionando por um fator muito simples e que, me parece, que quase ninguém entende (ou fala sobre isso), que são as participações especiais. As batidas, os instrumentais, são muito bons, mas as participações especiais, em especial os vocais, que, para mim, apenas atrapalham as batidas que o Kaytranada cria.

Enfim, o álbum de estreia de Kaytranada é 99% podre, mas aquele 1%...

3 pontos

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Dica cinematográfica: "Capeitão Iracema: Treta Civil"

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Depois de Batman vs. Superman: A origem do fiasco, alguns ficaram ainda mais animados para Treta Civil e outros simplesmente não se importavam mais, como eu. Mas o filme surpreende, de várias maneiras.

A sinopse é aquela lá da HQ mesmo, com algumas adaptações. Após todas as destruições que os Vingadores causaram no mundo, mais de 150 países ao redor do mundo assinam o Tratado de Sekóvia, que estipula leis que os heróis devem seguir, se submetendo às vontades de um setor novo especial na ONU. O Capeitão fica contra, o Homem de ferro a favor e no dia em que todos os heróis iriam se reunir para discutir o tratado numa cidade europeia que eu esqueci qual é, uma bomba explode no local, matando um monte de civis e políticos importantes, entre eles o rei de Wakanda, país da África e principal argumentador a favor do Tratado de Sekóvia. O culpado, pensa-se ser, a princípio, Bucky Barnes, o Soldado Invernal e é aí que temos a primeira agradável surpresa; pois o Capeitão deixa de lado sua discussão política com Tony Stark para correr atrás do amigo de longa data e salvá-lo de seu tormento mental, iniciando assim a Treta Civil.

Como dá pra notar é um filme bem complexo, com vários ramos que vão criando mais ramos ao longo do filme, mas, ao final, consegue fechar tudo, te decepcionando um pouco a princípio, mas logo te animando no finalzinho, só pra te decepcionar de novo na cena pós-crédito (se você for fã do Bucky, claro e não se importar muito com o Pantera Negra).

O filme, como era de se esperar, é cheio de altos e baixos, a Viúva Negra continua sendo uma personagem completamente inútil para a narrativa do filme, servindo só como meio de fanservice mesmo, pois sua personalidade nunca é desenvolvida de verdade. As piadas fora de hora continuam ali, invadindo as cenas, quebrando toda a construção da tensão que as cenas mais épicas causam. Além disso, a "guerra civil" pode ser uma batalha muito intensa e bem feita, mas foi confirmada que não se trata de uma "treta civil" mesmo. Também conseguiram, assim como nos quadrinhos, tirar uns personagens que iriam desequilibrar pra caramba a batalha, no caso o Thor e o Hulk, mas o Visão, que é o Ajax da Marvel continua lá, todo fodão e a Feiticeira Escarlate também, gerando vários momentos deus ex-machina que ninguém fala, claro, por que o filme é perfeito. O vilão, uma versão genérica do Barão Zemo é um tremendo emo mesmo e eu acho um crime chamar um ator tão bom quanto o Daniel Brühl pra fazer aquele papelzinho meia boca. A aparição do Homem-Aranha, o melhor super-herói de todos, ficou muito legal, mas é um pouco além de exagero dizer que esse Aranha é melhor que o Aranha do Tobey Maguire com o Sam Reimi na direção (Homem-Aranha 2 ainda é o melhor filme de super-heróis que existe, com certeza), mas vamos ver seus próximos filmes solo, já começou errado com uma Tia May que não tem cabelo branco, mas quem sabe os roteiristas consigam suprir esse erro grave com uma boa história, aliado a uma direção no mínimo competente. Ainda tem os diálogos clichês e chatolinos, mas isso não convém comentar profundamente.

Mas as coisas boas se sobressaem neste filme (ao contrário de BvS) e se você não procurar com atenção, acaba achando "Treta Civil" um filme perfeito mesmo, se você tiver menos de 14 anos vai achar ele perfeito não importe quantas vezes o assista. As cenas de ação são muito boas, as chaves de b*ceta que a Viúva Negra dá em todo mundo são as únicas boas que fazem a personagem boa, a treta civil é muito bem trabalhada, sendo caótica e passando um sentimento de exaustão legítimo a quem assiste, não só pelo fato de ser longa, mas pelo fato de acabar com os personagens mesmo, você sente o cansaço deles na pele, tudo isso, por que é tudo muito bem dirigido. Créditos aos irmãos diretores mesmo, que ainda deram uma estilizada legal no filme, as letras gigantes indicando a localização das cenas remete aos filmes de espião mesmo, por sua vez, criando uma espécie de estilo cinematográfico que o filme do Capeitão deve seguir.

Enfim, "Treta Civil" é mais um filminho da Marvel, um filme que se destaca no meio dos outros, conseguindo ser, assim como "Homem de Ferro", "Soldado Invernal" e "Guardiões da Galáxia" um filme acima de medíocre, impressionando em alguns momentos, podendo ser colocado ao lado de filmes de ação bons mesmo. Nunca será um clássico além do seu sub-gênero (filmes de super-heróis), mas vale a pena assistir pra passar o tempo, isso se você tiver paciência pra acompanhar esse Universo Cinematográfico por completo e tiver um certo conhecimento prévio do mundo das hq's Marvel.

O duro só vai ser continuar aguentando os Marvetes e seus eternos "CHUPA DC"'s.

3 pontos e meio

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Dica musical: "Nonagon Infinity" de King Gizzard & The Wizard Lizard

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Não conhecia essa banda de Melbourne, confesso, mas acabei conhecendo o álbum deles por causa de um review do Anthony Fantano e decidi ouvir o álbum, que está disponível na íntegra no Bandcamp deles.

O som de "Nonagon Infinity" é um rock de garagem meio psicodélico com uma pitada de noise e lo-fi, gerando uma mistura muito estranha, mas ao mesmo bastante interessante de se ouvir. As guitarras distorcidas apresentam aquele som rasgado tão comum às bandas de garage-rock e de lo-fi. Alia-se a isso uma bateria forte, marcante e bem ritmada, dando um som explosivo ao conjunto.

Suas melodias são bem pesadas, mas há momentos de leveza ao longo das músicas, geralmente os momentos mais psicodélicos, com uma presença marcante de sintetizadores, agregando uma pegada bem contemporânea para todo o álbum, é notável a influência das novas bandas de rock psicodélico, já não tão novas assim.

No entanto, "Nonagon Infinity" é um álbum primariamente de rock e rock pesado, são notáveis também as influências de bandas como Pink Floyd, Led Zeppelin e Black Sabbath, por exemplo e ainda assim o som deles não soa "preso no tempo", como seria de se esperar de uma banda que deixa suas influências se sobressaírem tão claramente num trabalho de estúdio.

Há também uma certa influência do surf-rock.

Devido a adição de elementos contemporâneos às suas canções, "Nonagon Infinity" realmente se apresenta como algo novo.

As letras apresentam um certo grau de mistério, aumentando a atmosfera obscura e pesada que o álbum tem, ao mesmo tempo, que sua sonoridade apresenta momentos de leveza e explosão total, com muita energia e barulho.

Enfim, um álbum de rock puro, simplesmente, puxando uma porrada de influências e criando algo único, divertido, agitado, dançante, obscuro e enigmático.

Vale a pena escutar.

4 pontos

 

terça-feira, 3 de maio de 2016

Dica literária: "House of Leaves" de Mark Z. Danielewski (2000)

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"House of Leaves" é um livro que eu queria ler há muito tempo, acho que desde 2009, sempre na esperança de que alguma editora fosse publicá-lo por aqui, mas isso nunca aconteceu. Este ano, tive a oportunidade de comprá-lo e desde que ele chegou ficava me assombrando da escrivaninha. Quando terminei de ler "Kafka à beira-mar", passei por cima de todos os livros que tinha empilhados para ler e comecei a me aventurar por "House of Leaves".

O livro é uma história dentro de uma história dentro de outra história. Conta a trajetória de Johnny Truant, um jovem a procura de um apartamento, que recebe uma dica de seu amigo Lude de um apartamento perto de um velho meio caduco chamado Zampanò. Após a morte do velho, Johnny descobre no apartamento dele um manuscrito que é, na verdade, um estudo acadêmico de um documentário chamado "The Navidson Record". A história, sendo tão interessante, chama a atenção do rapaz, apesar dele nunca ter achado evidência de sua existência. O tal "The Navidson Record" é um documentário feito por Will Navidson, um fotojornalista que se muda de Nova Iorque para Virgínia, com sua esposa Karen e seus filhos, Chad e Daisy. Inicialmente, Will espalha câmeras pela casa para documentar sua mudança e como sua família se adaptaria na nova casa, também para não se afastar demais de seu trabalho. No entanto, as coisas começam a ficar estranhas quando ele descobre que o espaço interno da casa é maior que o espaço externo, portas começam a surgir nos corredores e um corredor infinito surge, levando para lugar nenhum, a não ser um labirinto onde nenhuma luz atravessa.

Como dá pra notar, o livro não segue uma estrutura comum, com um layout totalmente não convencional, sendo descrito na wikipédia como um exemplo primoroso de "literatura ergódica" (seja lá o que isso quer dizer). Assim como "Graça Infinita""Graça Infinita", suas notas de rodapé, contém outras notas de rodapé, que podem levar também para os Apêndices, com suas próprias histórias e narrativas que elucidam pequenos detalhes que podem ou não auxiliar a trama principal. Além disso, o texto principal (o estudo acadêmico de Zampanò) é é recheado de citações para filmes, livros, músicas e peças de teatro que, em sua maior parte, sequer existem. Algumas páginas contém apenas algumas palavras organizadas ao longo da página para acompanhar os eventos que acontecem na história (por exemplo, uma palavra se localizar em cima da outra como uma escada ascendente).

Sendo escrito como um estudo acadêmico, ele explora uma faceta meio obscura da personalidade dos leitores de hoje em dia, que é a de achar a resenha ou o review da obra mais importante que a obra em si, o que é um puta soco no estômago e nos faz pensar no modo como lemos e consumimos literatura, no entanto, é também o principal recurso para engrandecer a obra.

É um livro que dá certo trabalho para ler e requer perseverança do leitor (talvez essa seja a maior característica da literatura ergódica), mas ao final, vale muito a pena. O que começa como uma história de horror com um nível Pinchoniano de paranoia se torna uma lição sobre sobre amor, perseverança e paixão, me arrepiando só de pensar, fazendo as horas de esforço para compreender e entender a leitura valerem muito no final.

Concordo com muitos que dizem que este é um livro muito difícil de ser adaptado para os cinemas, mas não impossível, só daria muito trabalho para quem fosse se atrever a fazer isso e a adaptação perderia um pouco do poder que o livro tem. Também acho muito difícil que uma editora traga ele para o Brasil, pois ele contém fotos coloridas no meio dele, a palavra "casa" é sempre azul e quando algum trecho faz menção ou se relaciona com o imaginário de um labirinto, todo esse trecho é vermelho e tudo isso poderia ser excluído da versão final, mas deixaria uma lacuna grandiosa e essencial para o entendimento da obra ao final.

Enfim, "House of Leaves" é um livro complicado, complicado de ler, de entender e de achar no Brasil, mas deixe ele na sua lista de comprar futuras para quando tiver a oportunidade de comprá-lo, por que eu tenho certeza que você não irá se arrepender de lê-lo.

5 pontos

domingo, 1 de maio de 2016

Dica musical: "White Hot Moon" de Pity Sex (2016)

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Pity Sex é uma banda de Michigan de rock com uma pegada meio noise e uns acordes melódicos, que confundem a cabeça de qualquer um que queira enquadrá-los em algum gênero. Pra piorar a banda tem dois vocalistas que também são guitarristas, um homem e uma mulher, que dividem os vocais em quase todas as músicas.

"White Hot Moon" é o segundo álbum de estúdio deles, seguindo na mesma pegada do primeiro CD, um som mais melódico, porém com uma pegada meio noise, vocais divididos e letras bem pessoais.

Aqui, as letras fazem, diversas vezes menção a lua, relacionando isso com um relacionamento amoroso. Tudo muito romântico, tão romântico que dá vontade de vomitar arco-íris. As letras acabam sendo um pouco piegas, mas o legal da banda é que eles sabem disso, até ironizando todo esse romantismo em versos aqui e ali ao longo do álbum.

Musicalmente, eu sempre considerei esse estilo musical meio limitado e o Pity Sex não é exceção à regra, não há grandes variações rítmica ao longo do álbum, no entanto "White Hot Moon" ainda é o álbum com a maior variação rítmica da curta carreira da banda, mostrando que eles estão, sim, crescendo e evoluindo, o que é um ponto muito positivo.

Enfim, "White Hot Moon" não é um álbum fantástico, mas é muito legal de se ouvir, as letras são boas e eles estão conseguindo evoluir o estilo musical deles, valendo a escutada.

3 pontos