sábado, 21 de maio de 2016

Dica musical: "Teens of Denial" do Car Seat Headrest (2016)

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Car Seat Headrest é uma banda de pós-punk que pega elementos de gêneros bem óbvios como o emo e o indie-rock para criar um som bem ordinário.

Mas nesse CD "Teens of Denial" a banda conseguiu dar uma inovada no som deles, crédito da produção do álbum, que está muito boa. É notável isso nas músicas "Vincent" e "1937 State Park", onde as guitarras melancólicas e a letra deprimente das canções abre espaço para pianos ou trompetes, muito bem executados, dando uma explosão de energia às canções. Algo que a banda ainda não tinha explorado até então.

Apesar de ser uma banda formada na mesma época que um monte de outras bandas do norte dos EUA, com influências no grunge, no hardcore e no puk, insatisfeitos com o destino da música indie, que se tornou banal ao extremo nos últimos anos, eles acabam tendo aquele som bem característico, um som explosivo e energético, mas melodioso e harmonioso, ao mesmo tempo. No entanto, em "Teens of Denial", eles abandonam um pouco essa vertente mais "suja" para adotar um som marcado por guitarras mais suaves, tendo uma pegada mais indie mesmo, lembrando às origens do gênero com bandas como Bloc Party, The Strokes e Franz Ferdinand.

Uma das coisas que mais me incomoda e continua me incomodando na banda é o vocalista. Sua voz é, simplesmente, muito chata para as canções da banda, ele muitas vezes não acompanha o ritmo das canções e sua voz é pesada, lenta, desanimada, passando uma sensação horrorosa de morosidade.

Já li que esse contraste entre o vocal e o instrumental é um dos pontos positivos da banda, mas eu não me convenci, continuando achando ruim mesmo.

As letras são pesadas e algumas são bem deprimentes, são muito pessoais, mas contém uma suave dose de ironia para aliviar a atmosfera que se forma em torno delas, facilitando a identificação do ouvinte. Eu, particularmente, acabei ficando com uma sensação meio agridoce quando ouvi o disco, por que gostei e ao mesmo tempo não gostei das letras. Há momentos em que eu acho que já superei meus momentos deprimidos, que isso já é passado e hoje minha vida é só alegria, mas álbuns como esse me fazem lembrar que não, eu ainda me sinto triste e perdido, nem tanto a maior parte do tempo, mas por uma parte boa.

E se tem algo de bom nesse álbum, no som que esses caras criam, é que coisas assim te fazem aceitar essas inevitabilidades da vida, nem tudo são flores, nem tudo são tempestades, a maior parte do tempo vivemos num limbo emocional, onde não sentimos nada de destaque, nada de especial e isso é normal. Além disso, há beleza em tudo, inclusive na melancolia.

3 pontos e meio