quinta-feira, 29 de junho de 2017

Dica musical: "Harry Styles" de Harry Styles (2017)

harry-styles-album-art-2017-billboard-1240

É duro admitir, mas o carinha do One Direction lançou um bom álbum solo.

https://www.youtube.com/watch?v=qN4ooNx77u0

Harry Styles é o nome do carinho e também o nome de seu primeiro álbum solo, pós-One Direction, um boyband que fazia muito sucesso lá no início da década. Pleno século 21 e ainda existia tal barbarismo. Enfim, após muitos enroscos com outros integrantes (outro carinha também saiu do grupo pra seguir carreira solo), Harry nos apresenta esse álbum genuinamente bom.

É bom apontar que esse álbum está longe de ser um clássico ou algo fantástico, é só bom, ou seja, está acima da média, mas ainda não chega a ser digno de entrar no meu celular, porque não é essa coisa toda, não chega a ser um “Goon” da vida, por exemplo. No entanto, é um álbum com peso. Signo of the times, seu primeiro single me parecia ser algo bem fraco na primeira vez que escutei, mas me surpreendeu, lembrando alguns hits do falecido David Bowie (apenas lembrando, ok? Não precisa enlouquecer aí).

Além de “Sign of the times”, o álbum tem canções que apelam mais para um público como o que eu faço parte (roqueiros), como “Kiwi” e “Only Angel”, que ouso dizer, são músicas que o Arctic Monkeys gostaria de ter feito no mediano-pra-ruim “AM”.

https://www.youtube.com/watch?v=iScgCFyQ96A

Mas nem só de acertos vive Harry Styles, afinal, esse é só um bom álbum. Particularmente não curti muito as canções mais voltadas para o folk, apesar de “Ever Since New York” ser uma belezinha. A canção de encerramento do álbum, por exemplo, tem a presença de um coral interessante, com vários instrumentos de corda, mas infelizmente ela acaba na mesma chama fraca que começa, fazendo o álbum se encerrar de forma bem aquém do que poderia.

https://www.youtube.com/watch?v=5bRDGQAUag8

De qualquer forma, é um álbum de estreia e pra um álbum de estreia, isso aqui está ótimo. Nem todo mundo é um Leonard Cohen da vida que lança um clássico eterno já logo no primeiro lançamento. Ainda assim Harry Styles mostra que tem fôlego, talento e, principalmente, muita vontade de construir uma carreira sólida na música.

É um artista a se ficar de olho, ouça sem preconceitos.

3 pontos e meio

terça-feira, 27 de junho de 2017

DBZ não é nem TOP 10

Hoje um post de terça, rapidinho e que surgiu através de uma conversa de zap zap com o pessoal da Locadora TV (onde escrevo e gravo podcasts também), onde um dos integrantes perguntou qual era o melhor anime na nossa opinião e acabou dizendo que acha que DBZ leva fácil.

Éééééé....

hqdefault

Não.

Primeiramente o que é um anime? No sentido literal da palavra é simplesmente animação e as animações são feitas desde o século 19, mas não é nem justo isso aí, porque anime mesmo é “desenho animado japonês”. Só que mesmo assim é inegável, DBZ não é melhor que os filmes do estúdio Ghibli, ou os filmes de Satoshi Kon, ou ainda Akira, Ghost in the Shell e Tekkon Kinkreet, por exemplo. A comparação é até injusta, por que esses filmes contavam com um alto orçamento, liberdade criativa de seus realizadores e muito mais tempo do que uma série de anime feita para ser exibida semanalmente.

filmes

Porém, mesmo se decidirmos restringir ainda mais o alcance dessa pergunta, para séries de anime DBZ ainda perde (e isso é inegável) para animes como Cowboy Bebop, Samurai Champloo, Tokyo Magnitude 8.0, Gurren Lagan e até Black Lagoon (que é um anime que eu nem gosto tanto assim, mas é melhor que DBZ), por, praticamente, os mesmos motivos do caso anterior, são animes mais curtos, portanto contam com um orçamento maior, seus criadores também contam com grande liberdade criativa e isso se deve ao fato desses animes não dependerem de uma fonte inicial (um mangá ou novel).

series

Só que ainda deixando os animes que não tem uma origem anterior, DBZ ainda perde para os excelentes Kaiji, Mushishi, Ping Pong e até a primeira temporada de Durarara!! são exemplos de animes que contam com uma versão anterior em mangá ou novel, mas que são melhores, não apenas pela qualidade técnica da animação, mas também pelos aspectos narrativos. Em Kaiji sentimos na pele o desespero de seus personagens, Mushishi é simplesmente belo em suas mensagens afirmativas de temperança e paciência, os personagens de Ping Pong evoluem em 25 episódios mais do que qualquer personagem de DBZ em 500 episódios e Durarara!!, por mais inferior que seja as outras séries, sua primeira temporada apresenta uma história de suspense pós-modernista mais sólida do que DBZ.

series boas

O justo seria deixar DBZ apenas para o reino onde ele é o senhor-todo-poderoso-e-influente, o reino dos famigerados Shounen, lar de Naruto, Bleach e Shingeki no Kyojin, ou seja, já não é um bom espaço e ainda assim DBZ perde para animes que são bem menos lembrados do que ele, como Fullmetal Alchemist, Yu Yu Hakusho e Hunter X Hunter. A comparação com o último pode ser injusta por ele sequer ter acabado, mas o que conhecemos de HXH é melhor do que conhecemos de DBZ. Yu Yu Hakusho sofreu dos mesmos problemas que DBZ, não contou com a mesma longevidade, mas apresentou soluções tão boas quanto, um grupo de personagens mais interessantes e um desenvolvimento maior. Fullmetal Alchemist, nem preciso dizer, é um clássico absoluto que supera DBZ em todos os sentidos, tanto técnicos, quanto subjetivos. É uma história mais dramática, mas com a dose certa de  humor, agressividade e conspirações, em matéria de narrativa, a história chega num ponto em que "empaca", mas é nesse momento que a subjetividade dela aumenta e começam a vir os ensinamentos que você vai carregar para a vida, sobre família, amizade, perseverança, enfim... é uma história para a vida.

mais series

No entanto, não quero deixar a impressão de que sou um hater de DBZ, porque isso eu não sou. Eu adoro DBZ, é um dos animes mais divertidos de todos, praticamente construiu a minha infância e se hoje eu estou contente com o que sou como pessoa devo isso também aos guerreiros Z, que foram mais amigos meus que qualquer criança na minha infância, mas quando fazemos uma análise de algo, uma comparação entre obras de arte, não podemos nos levar pelas nossas impressões, pelo que sentimos ou até mesmo pela vida do autor, temos que analisar empiricamente os seus aspectos técnicos, sua produção, a harmonia entre esses elementos, sua história, desenvolvimento de personagens, enfim... há uma série de fatores a se levar em conta além da importância que tal obra teve para você na sua infância.

O que não quer dizer que DBZ não possa ser o seu melhor anime de todos os tempos, mas para o mundo real, você está errado.

akira

E isso também não quer dizer que o valor histórico de DBZ seja diminuído. A série de Akira Toriyama foi um marco na história mundial dos animes, foi a maior porta de entrada do ocidente para o mundo das produções artísticas do oriente, seu mangá foi o responsável por tornar a Jump a maior editora de mangás do Japão e é o responsável por popularizar o seu sistema de publicação que foi seguido por muitas outras editoras na terra do sol nascente (sistema de publicação que se mostrou falho com o passar dos anos, mas isso é outro papo), além de, basicamente, ter criado um gênero, o shounen.

DBZ sequer era pra ter existido, era só Dragon Ball, a fase Z foi nomeada no ocidente para destacar para o público ocidental as mudanças que ocorriam na série em determinado momento e que eram soluções geniais de Akira Toiyama para exigências sem precedentes dentro da indústria. O cara fez milagre com a história que tinha, criou ramificações que ninguém imaginou e teria elaborado uma história transcendental magnífica, se não fosse os seus editores crápulas insistindo no personagem do Son Goku. De qualquer forma, DBZ é, praticamente, a Odisseia dos mangás, é a obra com o maior valor histórico de todas e isso ninguém tira de DBZ, mas ser a melhor de todas, aí já é demais.

Então, reformulando a pergunta: qual o mais importante anime/mangá da história?

dragon-ball-super-anime_t6nn

 

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Logan e um breve ensaio sobre gêneros, masculinidade e super-heróis

Aviso: Spoilers à frente!

logannewposter

Eis que chegou a hora de fazer a dica de um filme que não dava a menor moral, mas acabou entrando no meu TOP 5 de filmes de super-heróis.

Logan é o último filme na série de filmes dos X-Men, encerrando o universo criado com X-Men, de 2000. Nele, situado em 2029, num EUA devastado, xenofóbico e quase sem mutantes, Logan, o Wolverine, é um motorista de Uber, que junta uns trocados pra comprar remédios para Xavier, que está doente e é mantido seguro num esconderijo no meio do deserto, além de remédios para ele mesmo, pois o Adamantium está, aos poucos, matando-o. Uma noite, uma mulher (Gabriela) e sua filha (Laura) pede um favor a ele, que as leve para o norte dos EUA, onde, supostamente, existe um refúgio para os mutantes, mas Logan o nega, até que não pode negar mais, já que a empresa biotecnológica que está atrás da Gabriela passa a usar de métodos sujos e Logan não consegue mais fugir de suas obrigações.

Não posso enrolar muito na história, porque há muito que se falar desse filme, mas eu vou me centrar em 3 pontos principais. O primeiro sendo o gênero desse filme; Logan não é um típico filme de super-heróis e há quem diga que ele sequer é um filme de super-heróis, no entanto, eu gostaria de saber, o que é, afinal, um filme de super-heróis? Esse gênero existe de fato? Tomemos como exemplo os filmes do Super-Homem de 1978, é uma história de aventura e familiar e tirando detalhes óbvios, não há nada que o diferencie de outros filmes de aventura familiares, como Piratas do Caribe, por exemplo. Ainda assim, de fato, Homem-Aranha, de 2002, está muito mais próximo de Super-Homem (1978) do que Logan e aí eu dou meu braço a torcer, mas vamos fazer outro exercício. Imaginemos o filme “Fogo contra fogo” (1995) de Michael Mann, é um filme policial, no entanto foi realizado como um faroeste clássico e ainda assim ninguém o nega o título de filme policial. O inverso também pode ser feito, “Kick Ass” (2010) não tem as características de um filme de super-herói, mas nunca vi ninguém negá-lo esse título.

Então, o que é Logan? Bem, é um filme de super-herói, mas ele também é um faroeste, pois contém todas as características de um. É praticamente um “Fogo contra Fogo” na era de super-heróis. Assim como os filmes policiais estavam em voga entre os anos 80 e 90, a década passada viu o crescimento e fortalecimento de filmes de super-heróis e agora “Logan” aparece, como uma resposta a isso. “Logan” é um faroeste, em sua essência. Para isso, busquemos uma afirmação em John G. Gawelti e seu ensaio “Chinatown e a transformação de gêneros em filmes recentes”, um ensaio que categoriza a organização de gêneros cinematográficos em 4, quando os filmes começam a ficar enfadonhos demais para a audiência. Chinatown é usado como exemplo de um filme que responde a uma demanda da audiência por novidades no gênero de filmes policiais/noir típicos da época. Isso é explicado melhor nesse vídeo, que eu recomendo assistir, enquanto eu passo para as conclusões.

https://www.youtube.com/watch?v=pT75YHqlD9k

Logan é uma reafirmação do mito. Gêneros de super-heróis se tornaram enfadonhos, apenas Homem de Ferro 1 presta, os filmes do Homem-Aranha com o Andrew Garfield são péssimos, se existir um terceiro Vingadores nos moldes dos dois primeiros só crianças de 10 anos irão curtir e eu nem preciso falar de “Batman v Superman”, não é? Esse é um gênero que precisa de renovação, qualquer cinéfilo que assistiu “Spiderman” do Sam Reimi e “Homem de Ferro” sabe que já assistiu tudo que filmes de super-heróis podem oferecer e ainda assim Hollywood passou quase duas décadas produzindo filmes nos mesmos moldes.

E assim como os western spaghettis na segunda metade do século XX, que apareceram para reafirmar o mito do “Herói Masculino Ideal” (aqui vale uma digressão; muitos dizem que faroestes spaghetti são um anti-western, filmes pós-modernistas do gênero faroeste, mas eles são de fato realistas, com uma boa dose de romantismo acrescido. Tome por exemplo o clássico “The Good, The Bad and The Ugly”, o final dele não tem nada de niilista ou pós-moderno, muito pelo contrário é uma pegada bem humorado do idealismo construído por décadas de filmes western clássicos, o Bom mata o Mau, salva o Feio e termina com as glórias, o mito do “Herói Masculino Ideal” não é apenas reafirmado, como se ajusta aos parâmetros modernos), “Logan” é uma reafirmação do mito dos super-heróis. Ele passa a jornada inteira negando o seu passado, briga com isso, mas no final assume o papel máximo de herói ao ponto de se sacrificar por uma causa nobre, num último ato de heroísmo, deixando ainda o exemplo para as próximas gerações. Isto é uma metáfora cristã muito maior do que qualquer filme que o Snyder possa fazer com Superman.

Untitled-1

Tá certo, no final, quem vence o vilão final é Laura, com uma pistola e uma bala de adamantium (vejam só, faroeste de novo!), mas isso tem a ver com o segundo ponto que eu vou falar e é mais um tema típico de “Logan”; masculinidade. Para isso, vou recorrer ao excelente Robert Bly e seu livro “João de Ferro”, que fala basicamente de ritos de passagem, mas também explora pontos da natureza masculina e, principalmente, do “Homem Selvagem”, que representa a natureza agressiva do homem, algo contido pela sociedade moderna e tema recorrente nos personagens masculinos do filme. É óbvio a relação do “Homem Selvagem” com Logan, Wolverine nega a sua natureza a todo momento, o que leva a frustração, arrependimento e um sentimento inerente de inutilidade. No final, ele aceita o seu lado selvagem e salva o dia, mas talvez a demonstração do “Homem Selvagem” seja mais interessante nos outros dois personagens masculinos principais, o professor Xavier e Caliban, o mutante albino rastreador que ajuda Logan e Xavier no começo do filme, até ser capturado e se render aos membros da corporação Alkali-Transigen.

Xavier precisa de remédios para conter seus poderes, porque se não eles saem do controle, fazendo uma espécie de parada no tempo. Já Caliban tem um problema de pele e não consegue usar seus poderes fora do esconderijo que mantém com Logan.

logan-final-trailer-professor-xavier

Se seus poderes são uma metáfora para o “Homem Selvagem”, inerente a qualquer ser humano do sexo masculino, Caliban é o cara que nunca entrou em contato com o seu “Homem Selvagem”, de verdade, ele só usa os seus poderes dentro de um esconderijo, mais para frente no filme, ele é literalmente mantido enjaulado. Ele esconde o seu lado selvagem, o mantém preso e longe do alcance de todos, não podendo utilizar isso para o bem. No mundo real, ele seria aquele típico cara que é o maioral entre a sua turma, mas não sabe matar uma barata, trocar uma lâmpada ou cozinhar um bife. Logan é diferente, ele nega o seu lado selvagem, apesar dele transparecer a todo momento e todos conhecerem o seu lado selvagem. No mundo real, seria o cara que tem medo de assumir compromissos, ele sabe as respostas para os problemas, mas não põem suas ideias em prática, ele fica no seu canto e faz as coisas sozinho, não sabe pedir ajuda e principalmente, não reconhece suas fraquezas. Ele não aprendeu com seus erros. E Xavier, por fim, é a masculinidade que deu certo. Por uma questão narrativa, ele toma remédios para controlar os seus poderes. Quando seu lado selvagem aflora, ele prejudica os outros, os machuca e se arrepende, mas note que ele nunca deixa de usar os seus poderes, afinal é através deles que ele tem os primeiros contatos com a Laura. Isso diz muito sobre a natureza masculina, que é agressiva, violenta e áspera, nós, homens, somos naturalmente brutos, podemos machucar e prejudicar os outros por causa disso, mas é também isso que nos mantém seguros. No mundo real é o cara que deixa uma marca no braço da namorada quando a segura numa discussão, mas é também o cara que a protege de um babaca no meio da rua, é um pai que dá um tapa no filho quando ele quebra sua coleção de discos de vinil, mas é também o pai que o abraça na cama quando ele tem pesadelo. Ele é bravo e forte, mas é também paciente e prestativo. Na cena do hotel, Xavier derruba todo mundo quando seus poderes saem do controle, pede desculpas e se arrepende profundamente, mas não deixa de usar seus poderes. A natureza masculina é tempestade, mas é também nutriente para a Terra.

Para mim, isso é claro no filme e acaba sendo a resposta para a interpretação do final. É Laura quem salva Logan, mas só depois que ele aceita o “Homem Selvagem”. É só através desse momento de aceitação que ele consegue se comunicar com Laura, sua filha. Paternidade também tem a ver com agressividade, porque isso é inerente a natureza masculina e, apesar de R. Bly não explorar o feminino, elas também têm o seu lado selvagem. Na vida real, isso vem quando a garota menstrua, ali é o seu rito de passagem que lhe revela a natureza feminina, mas para o mundo além, o mundo cão, é necessário algo além. R. Bly nos diz que o baile de debutantes é esse momento, o pai dança com a filha e simbolicamente a entrega ao mundo dos adultos. Em “Logan” tudo funciona de maneira mais imediata, mas após a aceitação de seu lado selvagem, Laura se aproxima do pai e ele a entrega para o mundo adulto no final. É tudo simbólico, mas está lá.

E para terminar a grandiosidade deste filme, ainda temos uma metanarrativa fantástica rolando a todo momento. Logan olha as revistas em quadrinhos e se revolta com aquilo, é tudo baboseira, nada daquilo é verdade, é tudo coisa do passado e isso pode ser transposto para a relação dos filmes de super-heróis. Foi X-Men em 2000 quem iniciou essa onda de filmes de super-heróis e Spiderman (2002) continuou o legado. Deu tempo ainda desses filmes crescerem, melhorarem e entrarem em decadência antes da Marvel lançar o já clássico “Homem de Ferro” em 2008 e pavimentar de vez o caminho que filmes de super-heróis deveriam seguir, mas todo mundo sabia que isso não ia durar e “Vingadores: A era de Ultron” chegou para mostrar isso, mas o contrário não é a resposta. “Batman V Superman” não é a resposta. Supostamente, “Deadpool” e “Logan” são, mas, embora um filme como “Deadpool” tenha fôlego para uma continuação, “Logan” não tem e não é isso que ele representa. A morte de Logan no final não é apenas o fim de Wolverine, é o final de uma era de filmes iniciada lá em 2000 com “X-Men” e talvez seja a hora de outros assumirem a dianteira nisso.

logan-x-men-comics-001-1280x535

Tá legal, nessa terceira parte eu forcei a barra, mas o filme merece um textão desse tamanho. Ele, obviamente tem seu defeitos. Apesar de violento pra caramba e ser um filme para maiores (ao menos nos EUA), “Logan” sofre do mesmo defeito que todos os filmes e Hollywood. As cenas de luta são amplamente censuradas, cortadas e mascaradas. Alguns momentos são mostrados e são feitos pra chocar mesmo, porém veja a primeira cena, de noite, tudo escuro, mal vemos o braço ser cortado. Na primeira cena de luta da Laura, ela joga a cabeça de um cara no chão, mas quantas vezes a câmera foca em seu rosto, ao invés de focar na ação de verdade. Apenas nas últimas duas cenas de ação, a câmera se afasta para mostrar a ação em toda a sua grandiosidade, mas ainda assim, o choque é mascarado. Pense bem, existem filmes asiáticos que provocam o mesmo nível de choque com muito menos produção, filmes antigos também faziam isso. “Meu ódio será a tua herança” (1969) é até hoje violento e tem muito menos firulas. Hollywood não sabe mais fazer ação de verdade.

https://www.youtube.com/watch?v=Z1PCtIaM_GQ

Não quero deixar esse defeito como uma exigência pseudo-crítica, algo para satisfazer meu ego ou coisa do tipo. É só que isso, de fato, me incomodou e é algo que eu noto muito em filmes, o que não diminui, de forma alguma, a grandiosidade de “Logan”.

A direção do filme é fantástico, as escolhas para a posição de câmeras, o uso de metanarrativa, tudo é muito bem feito e densamente elaborado. Nada está ali por acaso e isso só mostra que poder o diretor tem.

“Logan” é o filme que mais me surpreendeu este ano e olha que este ano eu assisti excelente filmes, mas desse eu não esperava nada e, por isso, me surpreendeu tanto. Merece ser assistido, analisado e preservado para as futuras gerações.

4 pontos e meio

p.s.: Se você quer saber qual o meu TOP 5 de filmes de super-heróis, aí vai:

1 – Megamente

2 – Batman: O cavaleiro das trevas

3 – Logan

4 – Homem-Aranha 2 (2004)

5 – Os incríveis

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Dica literária: "João de Ferro" de Robert Bly (1990)

9780712610704

Eis que eu reli um dos livros mais importantes já publicados no século passado e que experiência fantástica foi.

“João de Ferro” é um livro publicado inicialmente em 1990, escrito por Robert Bly, um poeta, ensaísta e líder do movimento masculinista mitopoético. Se você leu meu post sobre “The Red Pill” já sabe minhas opiniões acerca do movimento e seus extensos braços. Este livro parte de uma premissa simples, qual a importância da masculinidade para o mundo atual, no caso, o final do século XX e o seu futuro, no caso, essa época confusa em que estamos?

Os parâmetros de masculinidade que seguíamos em épocas passadas estão obsoletos, ninguém nega isso, mas as imagens atuais que temos de homens também não servem, por um lado temos homens cada vez mais egocêntricos, do outro temos homens fracos e no meio uma massa confusa que não sabe que caminho seguir e acaba se afundando num mar de impessoalidade. Robert Bly tenta entender o que aconteceu, como chegamos a esse ponto e o que devemos fazer.

yrfl4g9y

Para isso, ele começa o livro com uma pequena contextualização histórica, apontando os problemas que vieram com a Revolução Industrial, que acabou com o trabalho manual tradicional, passado de pai pra filho, de mestre pra aprendiz e levou os pais a se fecharem em fábricas e cubículos por quase metade de um dia (perceba que isso nada tem a ver com capitalismo, seu esquerdalha nojento!), depois, com a vinda de duas guerras mundiais, o número de homens abaixou drasticamente e com isso, as sociedades, como um todo, enfraqueceram. Isso foi importante para os movimentos feministas, mas o que ninguém contava era que essa negligência aos homens, em especial, aqueles que nasciam nessa época, acabaria gerando um efeito cascata devastador na sociedade como um todo.

E a partir daí, qual é a resposta que ele nos dá? Restaurar os ritos de passagem, porque a masculinidade não pode ser compreendida através de teoria, mas apenas de prática e exemplo, para tanto, precisamos de ritos de passagem. Robert Bly expõe sua importância através de exemplos de tribos, que realizam ritos de passagem até hoje, demonstrando o seu significado e simbolismo, indicando o peso que isso tem para os jovens que estão passando por tal momento.

E aí entra a história de “João de Ferro”, um conto de um ser que vive num lago, o João de Ferro, que é capturado por um caçador e mantido preso por um rei. Seu filho, o príncipe acaba libertando João de Ferro, após conseguir a chave de sua prisão, escondida embaixo do travesseiro da rainha e João de Ferro o leva para a floresta. Lá, o príncipe passa por provações, falha e é enxotado para fora da guarda de João de Ferro, mas não sem antes receber o seu respeito e garantia de proteção futura. O jovem começa a trabalhar como padeiro, depois passa a trabalhar como jardineiro do castelo do rei e lá cai nas graças da princesa. Quando o rei realiza um torneio para encontrar alguém que seja digno de se casar com sua filha, o jovem pede ajuda a João de Ferro, durante três dias, ele aparece sob três armaduras diferentes e com três cavalos diferentes (um pra cada dia) e enfim revela ser um príncipe e consegue a mão da princesa.

maxresdefault

Isso é um resumo bem pobre da história, que é cheio de detalhes complexos e cada um desses detalhes é importante para a análise de Robert Bly sobre a masculinidade. A começar pela descoberta de “João de Ferro” ou o “Homem Selvagem” como Robert Bly chama e a saída do lar familiar.

O primeiro passo para um garoto se tornar um homem é conhecer o “Homem Selvagem” dentro de si, conhecer o seu lado selvagem, bruto, agressivo, tão escondido e aprisionado pela sociedade moderna e que só pode ser conhecido, de verdade, com a ajuda de um mentor. Eis a necessidade do rito de passagem.

Mas não termina por aí, porque a vida de um homem não é só selvageria, embora esse seja um fator de extrema importância. Robert Bly defende a tese de arquétipos de masculinidade, o Selvagem sendo apenas uma delas, a mais antiga, sim, mas apenas uma. Em seu livro ele ainda explora o rei e o guerreiro, deixando, infelizmente, de lado, o amante, que não se encaixa na história de “João de Ferro”, no entanto, devemos lembrar que essa é uma história sobre iniciação.

kwmlheader

Para a alegria dos leitores, R. Bly ainda dá dicas de como exercer de forma prática essa iniciação na masculinidade, mostrando como isso pode ser simples (um final de semana entre pai e filho pode ser o suficiente) e reforçando a importância das mulheres nesse processo.

Mas ao longo de suas mais de 200 páginas, conforme o livro vai se afastando do “Homem Selvagem” para explorar outros arquétipos, ele se torna mais subjetivo, o que pode ser um defeito, mas é passageiro.

Enfim, “João de Ferro” é um clássico que serviu como base para muitos estudos sérios sobre os homens. É um livro essencial tanto para homens, quanto para mulheres; é um livro que expande horizontes e nesta segunda lida do livro, ele representou um grande marco para mim, pois me fez entender o caminho que trilhei até aqui e o que deve fazer em seguida.

Extremamente recomendado!

4 pontos e meio

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Salinger como experiência religiosa.

01b4xkofulokbb7d9efg1gleg

Recentemente recomecei a leitura de “Franny & Zooey” de Salinger, um livro que reúne duas novelas escritas nos anos 50 pelo autor de “O Apanhador no campo de centeio” e, enquanto lia a primeira novela, que retrata um almoço frustrado entre a filha mais nova da família Glass, de 20 anos e seu namorado, me veio a necessidade latente de escrever um texto sobre este autor que tanto respeito chamado Jerome David Salinger.

Mais conhecido por “O Apanhador no Campo de Centeio”, Salinger não é um escritor para todos, ele não é um gênio da literatura mundial nos moldes de Tolstói, Dostoiévski, Poe, Kafka ou Agatha Christie. Lhe faltava o ímpeto de concluir uma narrativa de forma coesa, desenhar um círculo com suas histórias e abraçar a humanidade. Ao contrário dos maiores autores que você consegue imaginar no panteão de melhores escritores de todos os tempos, as obras de Salinger não falam com todos e essa nem era a sua intenção. “O Apanhador no Campo de Centeio”, sua história mais conhecida é um livro feito para um grupo muito seleto de seres humanos: homens, mais especificamente, garotos. É um livro para colegiais e por esse motivo eu aceito as críticas que escuto acerca deste, que é o meu livro favorito.

É a história de um garoto rico, que após ser expulso de seu colégio para garotos ricos, passa alguns dias vagando por Nova Iorque para não ter que encarar seus pais, expondo para nós, os leitores, sua visão de mundo existencialista, julgando as pessoas que não gostava, fazendo idiotices, desperdiçando tempo e dinheiro numa jornada sem rumo, porém honesta e é por isso que esse livro fala tanto com garotos colegiais. Por que apesar de Holden ser um garoto superficial, ele busca um sentido e, para ele, aquilo tudo que ele sente, superficial ou não, é real e quando somos adolescentes, tudo que sentimos, por mais superficial, negativo e infantil que seja, é real também e Salinger captou isso e o expôs de forma honesta, livre de julgamentos e impressões moralistas.

O caminho que Holden segue é linear e natural, você não segue simplesmente o personagem, você vive as experiências com ele e isso não é resultado apenas de um talento natural que o autor tinha para escrita, ele, com certeza tinha muito talento, mas também é resultado de um trabalho de conhecimento profundo de literatura e escrita e isso é algo que é notável em todos os seus trabalhos, principalmente em “Franny & Zooey”.

Salinger era muito mais leitor que escritor. Veja o número de trabalhos publicados por ele, apenas um romance, duas compilações de novelas, uma compilação de contos e outros tantos contos não compilados. É pouca coisa e apesar dele ter sido um recluso pela maior parte do seu tempo, temos que considerar apenas aquilo que foi publicado em sua vida, pois não dá pra ter certeza se ele escreveu coisas enquanto recluso ou não (apesar de tudo indicar que sim!). Ele consumia diversos autores, a maioria de ficção e narrativas, dos clássicos russos aos seus contemporâneos. Ele fez faculdade e quando serviu ao exército dos EUA durante a II Guerra Mundial não foi para a linha de batalha, servindo junto a contrainteligência do exército estadunidense pelo seu conhecimento em francês e alemão. Ele sempre fora um homem das letras e, apesar disso, seus primeiros trabalhos foram rejeitados e um de seus editores, William Shawn, comentou que sua escrita precisou ser refinada a fim de ser publicada nos moldes da The New Yorker, pois era muito formalizada e sentimental.

jd-salinger

Ele trabalhou para chegar onde chegou, literariamente falando, do contrário, não poderia ter sido elaborada uma passagem como essa:
“Ainda que brilhantemente ensolarada, essa manhã de sábado exigia um sobretudo e não apenas um casaco; a semana decorrera toda amena, e todo mundo esperava que se mantivesse assim para o grande fim de semana... o fim de semana do jogo com Yale. Dos vinte e poucos rapazes que aguardavam na estação a chegada de suas namoradinhas pelo trem das dez e cinquenta e dois, não mais do que seis ou sete se atreveram a ficar na plataforma fria e desabrigada. Os outros, em grupos de dois, três ou quatro, de cabeça descoberta e fumando, passeavam pela sala de espera e falavam numa voz que, quase sem exceção, soava academicamente dogmática, como se cada um dos moços, em sua estridente intervenção, estivesse resolvendo de uma vez para sempre alguma questão sumamente controvertida, uma daquelas em que o mundo não-universitário andara durante séculos metendo os pés pelas mãos, sem encontrar uma resposta – excitante ou não.”

Este é o primeiro parágrafo de “Franny”, a primeira história do livro supracitado que estou relendo e isto é um apurado exemplo de como se iniciar uma história ideal. Não temos apenas a ambientação física da história (estação de trem), como também temporal (manhã do final de semana do jogo de Yale), além do essencial dos personagens principais, já sabemos, por aí, que tipos eles são. Homens ricos, universitários, que vivem debatendo de forma infrutífera questões que assolam a humanidade desde sempre... É o típico tipo de personagem com o qual Salinger (e seus leitores) se identificavam.

No entanto, a história se centra em Franny, uma mulher universitária de 20 anos que se encontra numa crise existencial com raízes religiosas, mas isso só será debatido a fundo na segunda história do livro. Esse primeiro parágrafo é feito apenas para segurar a atenção do leitor mesmo e como isso é bem feito!

No parágrafo seguinte temos a descrição de Lane, o namorado de Franny, depois a íntegra de uma carta que a menina escrevera a ele, notamos que ele é apaixonado de verdade pela moça, conhecemos um pouco mais de sua personalidade impassível ao lermos um diálogo dele com um colega de faculdade e na quinta página do conto conhecemos Franny, finalmente. A partir daí, seria natural uma quebra de ritmo, mas a história continua, como se fosse escrita num fôlego só, com passagens brilhantes como:
“Lane localizou-a imediatamente e, apesar de tudo o que estava tentando fazer com a fisionomia, o braço que ele esticou para o alto continha toda a verdade.”

e
“Outra vez cheia de remorsos, apertou na sua mão a mão de Lane, entrelaçando carinhosamente seus dedos com os dele.”

Após isso há ainda uma transição sútil, porém notável que dá um salto de quase uma hora no tempo da história e, em seguida, uma cena fantástica, que se estende por dúzias de páginas, com diálogos e descrições de acontecimentos cotidianos, deixando implícita uma atmosfera sombria, tensa, com um crescimento exponencial de suspense até culminar na “tragédia” final e uma conclusão pra lá de ambígua.

E o mais surpreendente é que tudo isso é feito num núcleo bem seleto de personagens, ele faz problemas simples, cotidianos até, algo grande. Isso aproxima os leitores de seus personagens. Ainda que não fale com todos, é algo puramente humano, exatamente por isso. Por não falar com todos.

salinger-010

Um terceiro ponto para tornar a leitura de Salinger tão prazerosa é a compreensão dos caminhos de sua carreira. Ao longo dos anos, Salinger foi perdendo o ímpeto revoltado, a urgência em contar histórias e os diálogos se tornaram mais esparsos, expondo filosofias e se aproximando dos romances religiosos tão referenciados em suas últimas histórias. É quase como se fossem as obras de maturidade do autor. Te fazem pensar aonde ele chegaria (ou chegou, se os boatos de que ele continuou escrevendo forem reais) com a família de crianças superdotadas que ele havia criado. Em “O Apanhador no Campo de Centeio” Holden nos diz que um autor bom de verdade é aquele que te faz ter vontade de ligar pra ele assim que você termina de ler seu livro. Salinger não te deixa apenas com vontade de ligar pra ele e conversar um pouco, mas te faz ter vontade de encontrar ele, inspira amizade e talvez, por isso, tenha tido tantos fãs obscessivos.

Ao mesmo tempo, ainda que os personagens não tenham a maturidade necessária para que o mundo real exige, eles, ou estão no caminho até lá, reconhecendo essa falha e/ou existe uma razão para eles serem assim, no caso da família Glass, seus personagens nunca superaram a morte do irmão mais velho, Seymour.

As histórias não são apenas extremamente bem escritas, narrativas de conteúdo simples, porém guiadas com tal maestria que fazem da sua leitura algo simples, porém recheada de conteúdo, algo conciso. As histórias são ainda sobre seres humanos, suas crises e seus dramas, por mais infrutíferos ou infantis que sejam, são reais para seus personagens, assim como coisas infrutíferas e infantis foram reais para nós um dia.

Ler Salinger é uma experiência religiosa, porque é, de fato, uma leitura que evolui com você. Não é como ler Dostoiévski, que exige que você cresça para que mais coisas sejam reveladas, para que você consiga entende-lo. Ainda assim, ela é exigente, pois tem um início marcado, é naquela fase estranha da adolescência em que você não se encaixa em lugar nenhum e tem raiva do mundo. Também é voltado para um público bem especifico, se você não tiver nascido com um par de bolas e um pênis dificilmente irá entender suas histórias (e mesmo que entender, não será por completo), então ela evolui contigo. Depois de “O apanhador no campo de centeio” e suas primeiras histórias, você passa para os contos e novelas posteriores, conhece a mão de Deus e a busca de sentido na vida se torna menos objetiva. Por fim, você se pega relendo “O apanhador no campo de centeio” com a mesma intensidade e paixão de quando tinha 15 anos, porém não é mais com a mesma identificação e sim como um colega mais novo, quem sabe o seu irmão ou ainda um “mentorado”? Você o entende, mas não concorda, ainda assim, sente uma intensa simpatia por ele, afinal, você passou a conviver com ele.

bbe8hkaqhqxamupttc48fuhmc

Então, faça um favor a si mesmo e vá ler Salinger, infeliz criatura!

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Dica Audiófila: Edifier H840

headphone-edifier-h840

Inicio hoje um novo estilo de dica, a dica audiófila. Sendo algo novo no blog, vale a pena uma introdução ao contexto temático da dica.

Audiofilia refere-se ao ato de gostar de som, ou seja, músicas e uma busca pela alta fidelidade da reprodução de músicas. Audiófilos são as pessoas que gostam de curtir um bom som, através de equipamentos de alta qualidade, promovendo constantes adaptações, regulações e trocas de seus aparelhos de som.

Entrei nesse hobby há quase 2 anos, quando estava com dinheiro sobrando e meu fone de ouvido na época quebrou. Acabei entrando em contato com o site Mind The Headphone (voltado para o mundo audiófilo), comecei a pesquisar mais sobre o assunto e acabei adquirindo esse fone de ouvido, o Edifier H840 e já adianto, foi uma das melhores compras que fiz na vida!

O fone é classificado como tendo uma ótima relação custo x benefício, pois tem uma alta qualidade sonora por um preço bem baixo, em comparação com outros equipamentos audiófilos. É difícil achar fone na faixa dos R$100-200 e o Edifier H840 é o mais barato dentre eles. Hoje, por causa da crise econômica desastrosa que o PT deixou nesse país, o fone está beirando os R$180,00 em todos os sites que o vendem, mas na época, eu acabei comprando por R$120, 00, aproveitando uma promoção bem louca num site que não lembro o nome.

O fone é classificado como um fone de ouvido “equilibrado”, pois não puxa nem para os graves nem para os agudos, preferindo um equilíbrio entre os dois lados do espectro. Isso é uma característica dependendo de que tipo de audiófilo você seja. A maioria das pessoas prefere um fone que puxa mais para os graves, porque os sons graves são mais atraentes ao ouvido humano, enquanto os agudos incomodam mais, chegando a dar até dor de cabeça (não é à toa que as músicas pop usam e abusam dos graves, atualmente). No entanto, há quem prefira um equilíbrio maior, em parte por buscar uma maior fidelidade na reprodução das músicas, quando um fone contém um equilíbrio maior, a reprodução de todos os instrumentos acaba sendo mais fiel (o que não é um argumento muito válido se você só escuta música eletrônica, não vai fazer muita diferença) e em parte para salientar todos os instrumentos na hora de reproduzir uma canção, estilos musicais como o rock e o jazz exigem esse equilíbrio.

Em matéria de equilíbrio sonoro esse fone é 100%.

E é também muito confortável, suas conchas são espaçosas, cobrindo grande parte da orelha, mas isso tem o seu lado negativo no calor, pois suas orelhas irão suar e o couro que protege as conchas vai descascar muito rápido. Quando mudei para a casa nova não tinha ar condicionado, aí o couro estragou rapidamente com poucos meses de uso, no entanto, também já tinha esse fone há um ano quando mudei de casa. Além do conforto, as conchas ainda são dobráveis, o que aumenta a versatilidade do fone, sendo fácil de levar para viagens e afins.

Ainda que seja muito bom e confortável, o fone apresenta o problema de que seu cabo não é removível, uma falha para fones audiófilos, pois a maioria podem ser trocados (se bem que a maioria não se encontra na mesma faixa de preço que o Edifier H840) e é no cabo que o fone apresenta os maiores problemas. Eu mesmo, só tive que trocar o meu, porque o cabo começou a apresentar problemas, mas ele aguentou por nobres 2 anos e eu fiquei muito satisfeito com o produto.

Hoje em dia, o Edifier H840 está cada vez mais difícil de se encontrar e o preço aumentou muito, me levando a adquirir outro fone, de outra marca, que logo irá ser alvo de uma dica por aqui, mas eu recomendo fortemente este excelente fone.

4 pontos e meio