quinta-feira, 23 de abril de 2020

Coronga 10: A justiça é cega

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Há duas semanas tive uma discussão com minha namorada, que é advogada, sobre a soltura de presos da cadeia.

Entre diferentes argumentos, chegamos a conclusão de que as prisões não devem simplesmente soltar os seus presos, mas reforçar a segurança e montar um esquema que proteja ao máximo e de maneira muito cuidadosa a saúde das pessoas que ali estão, pagando pelos seus crimes terrenos.

No entanto, estamos no Brasil, o país da bandidolatria, onde nossos Ulisses é um anti-herói que acorda com preguiça, corrupto vive em prisão domiciliar numa mansão paga com dinheiro público, presidente impeachmada viaja às custas de imposto e fascistas defendem a liberdade de todos. Vivemos no hemisfério sul e, talvez por isso, nossos valores existem de ponta-cabeça, porque só isso pra explicar a notícia que vi hoje de manhã:

Beneficiado por regra do coronavírus, líder do PCC no Paraná rompe tornozeleira e some


Sim, é exatamente isso que você viu. O líder do PCC foi beneficiado com a medida que permitiu a soltura de presos devido ao Coronga e agora o cara está à solta nas ruas... é brincadeira, bicho!

O maior erro dos defensores da justiça é acreditar que ela é imaculada. Infelizmente, aqui no Brasil, todos os setores da sociedade estão manchados pelo crime e qualquer medida pra proteger o elo mais fraco (ladrões de galinha, por exemplo, que não merecem morrer de coronavírus numa prisão), irá acabar ricocheteando no elo mais forte (líder do PCC) e a desordem continua.

E o processo é o mesmo pra justiça poder agir numa primeira instância. Pra quebrarmos o elo mais forte do crime, temos que quebrar o elo mais fraco. Sem perdão. Infelizmente no Brasil, a justiça tem que ter mãos de ferro, porque se não, já era.