quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Por que bandas não devem mudar?

Ou melhor, por que bandas não deveriam mudar tanto? Musicalmente falando claro.
Para ilustrar esse post nada melhor do que a banda que mais muda seu estilo musical da atualidade, os malditos Arctic Monkeys.
Tudo começou quando essa banda começou a tocar seu rock sujo, desapegado e post-punk lá nos subúrbios de Sheffield, Inglaterra.
Em poucos meses viraram uma sensação entre os jovens do mundo inteiro que cantavam "Fluorescent Adolescent" com seus amigos em festas ou "When the sun goes down" enquanto andavam de bicicleta, assistindo a um belíssimo pôr-do-sol.
Mas, anos depois, eles decidem lançar Humbug, um CD difícil de ouvir, com uma mudança drástica não só no visual da banda, mas nas músicas também.
Muitos fãs deixaram de ser fãs dessa banda e outros começaram a gritar aos quatro cantos do mundo: "Eles cresceram, amadureceram e mudaram! É isso que as pessoas fazem!"
Se só isso não bastasse, a mídia especializada também adotou o mesmo bordão e não bastou muito tempo para que todas as bandas do mundo começassem a pensar assim e decidirem mudar drasticamente seus estilos musicais, entrando numa odiável onda de experimentalismo barato de onde saem algumas coisas boas, mas quando você está começando a curtir o novo som da banda, eles mudam de novo e de novo e de novo e assim sucessivamente.
Falo isso por que essa semana saiu um novo CD do Best Coast, um EP com 7 músicas. Para quem não conhece, o Best Coast é uma dupla californiana que tinha uma sonoridade rock com uma pegada mais noise e junto com bandas como Wavves eles criaram uma onda de noise-rock muito legal.
No entanto, o segundo CD da banda já não era assim, não tinha mais aquela pegada noise, com aparelhos lo-fi, eles conseguiram arcar com uma produção melhor e lançaram um CD totalmente diferente do primeiro, com uma levada mais nostálgica e melódica. O interessante é que isso funcionou! O som ficou legal e divertido de ouvir.
Mas com esse novo EP, eles chegaram a um meio termo ruim entre o primeiro e o segundo, com músicas longas, cansativas, partes lo-fi, partes hi-fi, partes nostálgicas, partes dançantes non-sense. Enfim, uma bagunça chata de se escutar.
Com isso eles levantaram uma pergunta que todos se perguntam: "Por que bandas devem mudar?"
O consenso atual é de que bandas devem mudar, por que seus integrantes amadurecem e mudam. Sim, as pessoas mudam, não há problema nisso, no entanto, por que mudar tão radicalmente o estilo musical?
Por que mudar de noise-rock/lo fi music para pop-rock melódico e cansativo? Ou um indie-rock sentimental?
Bandas como The Black Keys sempre foram blues-rock e ninguém nunca se enjoou deles, muito pelo contrário, apenas gostam ainda mais deles.
Claro que há uma enorme diferença entre o primeiro e o último CD da banda, mas essa diferença está apenas na qualidade das músicas.
E aliás, é muito mais chato e ruim para a própria banda mudar do que se comprometer com um estilo musical, por que as bandas caem no experimentalismo barato, beirando a falta de criatividade, com letras e músicas cada vez mais simples, como é o caso de muitas bandas.
O problema não é na mudança da banda, mas na radicalidade adotada nessas bandas, aliás muitas deles mudam, mas continuam boas, como o Cage The Elephant, mas não é uma mudança radical, eu diria que nem é uma mudança, é uma melhora.
Melhora nas influências, na qualidade sonora, nas letras, mas sem nunca abandonar o estilo que eles se comprometem a tocar desde o primeiro CD, por que nenhuma banda começa do nada, simplesmente. Uma banda começa quando um grupo de amigos se reúne e decide tocar rock n' roll e eles deveriam tocar rock n' roll eternamente.
Por que rock n' roll é vida.
O que essas bandas que mudam drasticamente o estilo musical é negar a própria vida.