terça-feira, 29 de abril de 2014

Dica literária: "Coraline" de Neil Gaiman

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Terminei ontem de ler "Coraline", o livro que inspirou o filme homônimo do estúdio Laika.

Não é segredo que eu sou fã do filme, mas ainda não havia lido o livro, que acabou me surpreendendo. Grande parte da surpresa veio do fato do livro ter muitas diferenças em relação ao filme, como ausência de personagens no livro, descrições completamente diferentes do que foi apresentado no filme e o curso da história também é diferente, um pouco mais lenta, no entanto, igualmente interessante e surpreendente.

A história é basicamente a mesma. Num verão nublado, Coraline Jones, uma menina grandinha, mas não tão grande para deixar de ser chamada de criança, muda-se com os pais para um apartamento, que é dividido com outros moradores, mais velhos e estranhos do que seus pais, com conversas confusas e mirabolantes. No entanto, dentro do apartamento há uma porta grande, velha e misteriosa, que aparentemente leva ao apartamento abandonado do lado, mas na verdade, esconde um mundo completamente diferente, dominado pela sua outra mãe, que têm botões negros no lugar dos olhos.

O livro têm aquele mesmo tom de terror e suspense que o filme, cheia de influências á clássicos da literatura do horror  e fantasia fantástica como, por exemplo, Stephen King e C.S.Lewis. Em alguns momentos, especialmente no final do livro, você chega a se assustar, se tiver uma grande imaginação e estiver fazendo sua leitura no meio da madrugada.

Neil Gaiman também é um gênio, conseguindo guiar a narrativa por caminhos impensáveis, elaborando frases enroladas, mas cheias de sinais simbólicos do que vai acontecer na aventura, criando palavras e descrições completas, porém curtas, perfeitas para fazer você mergulhar de cabeça no mundo secreto de Coraline.

black hole

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Dica musical: "Everyday Robots" de Damon Albarn

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E Damon Albarn volta em mais uma empreitada musical.

Um CD solo bem melódico e intimista, com várias referências musicais, uma marca sua, consagrada.

Em "Everyday Robots", Albarn continua seus sons melódicos visto em seus trabalhos mais recentes, cheias de pianos, sintetizadores e dedilhados de violões ou guitarras, contando com alguns instrumentos mais interessantes, sempre com sons agudos e bem arranjados.

As letras contém um certo ar crítico, mas sem pegar muito pesado. Na verdade são bem sutis, leves e até repetitivas, mas sempre com algum sentido, quase um chamado à algo maior.

No entanto, eu não sou muito fã do Damon Albarn exatamente por esse lado meio melancólico dele. As músicas são extremamente bonitas e bem arranjadas, mas em alguns momentos chegam a ser chatas e entediantes. Mesmo assim, são belas.

Em suma, é um bom CD, com bastante conteúdo, mas peca pela sensibilidade, que chega a irritar.

3 pontos

domingo, 27 de abril de 2014

Dica cinematográfica: Hexalogia Star Wars

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Nunca havia assistido Star Wars antes. Não, essa série de filmes não fez parte da minha infância, graças a Deus, já fui zoado demais por gostar de DBZ e Pokémon quando moleque.

Mas decidi assistir esse ano, por causa dos novos filmes que vão sair e nesse final de semana terminei de assistir os 6 filmes, na ordem da história, ou seja, assisti os mais recentes primeiro e depois os mais antigos.

Com eu sou curto e grosso, já vou dizendo: É uma série foda! Gostei de Star Wars. Têm personagens muito carismáticos, uma narrativa interessante, reviravoltas surpreendentes e batalhas empolgantes, além de se passar em um universo complexo, cheio de simbolismos intrigantes, que só ajudam a tornar a história mais empolgante.

No entanto, não me tornei fã, como muitos outros caras mais velhos do que eu, ou até mais novos, até por que não cresci assistindo a série e sendo mais fã a cada 3 anos. Sem contar que o modo como cada filme acaba e começa, sem muita ligação com o anterior, iniciando um outro "arco" da história não me pareceu tão interessante e aquele papo do George Lucas de ter esperado para fazer os filmes mais recentes por que queria uma tecnologia melhor em pareceu papo furado para justificar uma tentativa (bem sucedida devo admitir) de abocanhar mais dinheiro com uma boa série de filmes. Aproveitando para aumentar a empatia pelo vilão mais emblemático do cinema (a trajetória do Darth Vader é incrível).

Aliás, toda a narrativa do filme, acompanhando 2 gerações de uma família é extremamente bem construída e interessante.

Já os efeitos especiais variam muito de filme para filme, mas eu achei os efeitos dos filmes antigos melhores, talvez por que eu goste mais de ver robôs e bonecos animatrônicos no lugar de CG.

Enfim, vale a pena assistir essa brilhante hexalogia.

black hole

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Dica cinematográfica: "O guia pervertido da ideologia" (2012)

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"O guia pervertido da ideologia" é uma continuação de um filme que eu não assisti chamada "O guia pervertido do cinema", realizado em 2012, dirigido por Sophia Fiennes e estrelado por Slavoj Zizek (lê-se Slavói Tchitchéqui).

Este não é um filme fácil de ser classificado, pois não parece ser bem um documentário, nem mesmo um filme clássico, seguindo alguma história. Parece mais um estudo, a defesa de uma tese, que busca encontrar significados escondidos no cinema que seguem a "ideologia": Os sonhos que formam nossas convicções e costumes coletivos.

No filme, Slavoj disseca alguns filmes, mostrando que o conteúdo deles nos dá uma lição de vida, nos serve como um guia para o que fazer quando se quer escapar da "ideologia", o que incluiria a lavagem cerebral realizada por instituições religiosas, instituições laicas, ideologias políticas, econômicas ou sociais, etc... Dizendo que a verdade é difícil de ser encarada e não pode ser encontrada pela vontade única do indivíduo, mas por um catalisador externo; há um elemento crucial em todas as ideologias que é o "Grande Outro", a encarnação de todas as ideias contrárias à ideologia central, mas esse "Grande Outro" não existe de verdade, concluindo que nem tudo na vida têm sentido; e ainda há uma brilhante defesa da ideia que os indivíduos devem estar dentro da ideologia, é muito difícil escapar delas, mas devemos manter uma distância cínica saudável, fazermos piadas delas e não nos deixar infectar com elas.

Slavoj fala todo o filme, defendendo sua tese infindável por mais de 2 horas, sendo colocado nos cenários dos filmes ao qual está falando, o que eu achei uma estratégia muito interessante para não cansar a quem está assistindo.

Enfim, "O guia pervertido da ideologia" é um ótimo filme, com muito conteúdo, extremamente esclarecedor e que irá explodir sua cabeça.

5 pontos

domingo, 20 de abril de 2014

Dica cinematográfica: "Genius Party" (2007)

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O nome já diz tudo.

Esse filme é uma festa de gênios, elaborada, idealizada, organizada por gênios.

Tudo começa em 2006, com um ideia provindo do estúdio de animação japonês 4ºC: Produzir uma antologia com grandes gênios do mundo da animação mundial, com liberdade total para fazer o que quisessem desde que o tema central girasse em torno dos "limites da imaginação". 22 foram convidados, 14 aceitaram, 7 foram compilados em "Genius Party", 5 foram compilados em "Genius Party: Beyond" e 2 não foram finalizados.

Como uma antologia, são contadas 7 histórias, cada uma sem ligação com a outra, o que aumenta a diversão. A primeira, "Genius Party" é apenas uma apresentação do que se pode esperar; uma história completamente non-sense, mas com uma certa profundidade ao ser melhor analisada, cheia de simbolismos, acompanhada de uma animação estonteante e emocionante.

Logo após somos apresentados a diversos mundos, cheios de elementos de sci-fi, monstros convivendo em uma realidade alternativa onde todos são monstros, a sombria história de um rapaz que encontra seu doppelgänger, o monólogo filosófico de um mero ser humano com várias convicções religiosas e morais a nos apresentar, recheado de imagens surreais e psicodélicas como num sonho nutrido a LSD, a trajetória bizarra da raça humana um mundo pós-apocalíptico, distópico e lindo, finalizando com uma belíssima crônica no melhor estilo coming-of-age, sobre dois adolescentes que se separam, após anos de convivência.

Todas essas histórias são apresentadas sem uma ordem exata, sendo um pouco chocante você sair de um mundo perturbador e ir para um mundo sincero e infantil, ou vice-versa; mas isso não estraga a diversão do filme.

A parte técnica é belíssima. A trilha sonora de todos os filmes é ótima, as animaçõpes também, sendo leves, fluindo naturalmente na frente dos seus olhos, te encantando a cada momento.

"Genius Party" é um clássico moderno. Um perfeito exemplo do que o mundo da animação têm a nos mostrar. Um "must-see" para todos aqueles que se dizem amantes dessa arte, que serve para todas as idades.

black hole

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Dica gamística: The Legend of Zelda: A link between worlds

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Nunca havia jogado um jogo de Zelda antes... Talvez feito uma partida ou outra com uns amigos no GameCube ou no Nintendo 64, enfim... Nunca tinha jogado decentemente "The Legend of Zelda".

Agora com um 3DS em mãos e com um todo mundo falando bem do jogo, decidi comprá-lo, depois de muita hesitação e digo que superou minhas expectativas.

O jogo é a continuação direta de "A link to the past" e dessa vez Link deve viajar entre o mundo de Hyrule e Lorule, afim de derrotar o vilão Yuga, que transformou todos os 7 sábios em pintura, além da princesa Zelda.

Como todo jogo da Nintendo, o enredo é bem simples, mas o jogo surpreende muito! Primeiro pela jogabilidade. O jogo têm pontos específicos para salvar a trajetória, o que significa que se morrer dentro de uma dungeon após uns 30 minutos, você vai ter que refazer todos os 30 minutos, além de perder seu equipamento. Mas isso não é desesperador. Ao contrário de outros jogos, esse Zelda usa de um sistema (?) que faz com que o jogador aprenda ao longo da aventura. Então se você morre com 30 minutos de jogo em uma dungeon, irá demorar só 20 para chegar ao ponto onde morreu. Na verdade menos, o jogo não é tão difícil.

E isso também me surpreendeu, o jogo não é complicado ou difícil como eu esperava que fosse. Tinha medo que o jogo fosse complicado e me deixasse com raiva o tempo todo, mas não é assim. A maior parte do jogo você passa batendo em vilões e caras mal encarados pelos 2 mundos e os poucos quebra-cabeças espalhados pelos cenários são fáceis de resolver ou, no máximo, te farão pensar por um bom tempo, mas não é nada impossível de ser resolvido sem um detonado ou algo assim.

A dinâmica do jogo também surpreende. "A link between worlds" é cheio de ação,  com vários itens e armas que ajudam em todos os momentos da jogatina.

Outra coisa que surpreende é a parte gráfica. "A link between worlds" é um jogo lindo de se ver, algumas cenas, cenários e personagens são tão bem feitos que dá vontade de ficar olhando para eles o tempo todo, sem derrotá-los ou prosseguir com a história.

O desfecho do jogo também é belíssimo, afinal é quando a parte gráfica alcança seu auge e a história termina de forma singela, digna de um jogo de primeira.

Enfim, nota máxima pra esse jogo brilhante.

5 pontos

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Dica musical: "Supermodel" do Foster The People

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Há muita coisa a se falar desse CD, afinal é o tão esperado segundo CD de uma das bandas mais geniais que tocaram nas rádios do mundo todo nos últimos (sei lá) 10 anos? Talvez desde Gorillaz, uma banda tão genial não domina o meio mainstream musical.

Foster The People, pra você que não estava na Terra em 2011/2012 fez um sucesso viral com a música "Pumped Up Kicks", que foi a mais tocada nos EUA, Canadá, Europa, Ásia, América Latina e Oceania por um bom tempo e, pasmem, a letra fala sobre tiroteios escolares, tipo o de Columbine. Como o Foster The People conseguiu isso? Ninguém sabe. Talvez eles fossem a imagem e semelhança do garotos legais, hipsters, independentes daquele ano. Talvez eles fossem caras inteligentes, afinal o vocalista trabalha como criador de jingles para comerciais de TV.

Enfim, o primeiro CD deixou um gosto duvidoso na boca, por que ninguém entendia como eles chegaram lá no topo tão rápido, com músicas que, se você ouvir atentamente, revelam um lado sombrio e obscuro muito inteligente. Bom demais para as rádios.

Nesse segundo CD, o Foster The People basicamente repetiu a fórmula, no entanto com muito mais maturidade do que seu primeiro trabalho.

Pra começo de conversa, é um CD muito menos eletrônico, apesar de estar cheio de guitarras distorcidas  e sintetizadores, as músicas são carregadas de violões, dedilhados que remetem a bossa nova, instrumentos musicais metálicos como trombones e trompetes, além de uma deliciosa influência africana, com tambores e outros instrumentos típicos de lá, mas que eu, infelizmente não sei o nome.

Depois, as letras da banda estão muito mais carregadas com seus temas densos e pesados, apesar deles se ocultarem entre tantos sons unisilábicos ("uuuhhh" e "ahahahah").

Então, era pra ser um ótimo CD, mas eu não consigo gostar tanto dele quanto o primeiro. O motivo mais óbvio é que eu gosto de um pouco de mistério e obscuridade nas letras. As canções desse CD entregam de bandeja as críticas e não há muita dúvida sobre o que eles estão falando. Levou mais de dois anos para que fosse levado à tona que o tema de "Pumped Up Kicks" era um massacre escolar e não um garoto com muita imaginação.

Depois, as músicas não estão mais tão animadas e alguns temas ajudam a entender porque. Provavelmente a banda não esperava sair de Los Angeles, não esperava que viajar pelo mundo fosse tão cansativo e não esperava encontrar um mundo tão cruel e sem coração como o que vivemos.

Viajar pelo mundo esperando encontrar templos antigos, ruas estilosas, climas quentes e úmidos e povos sorridentes, mas acabar encontrando favelas, pessoas pobres tomando banhos em rios imundos e mendigos em ruas estilosas é um choque para qualquer um. Basta ver a inspiração de artistas mais "cabeça" como a banda Cage The Elephant que você vai entender o que eu estou dizendo.

O Foster The People está cansado. Eles encontraram algo que não esperavam e isso se reflete em suas músicas. Esse é um CD muito mais melancólico que o primeiro.

Não há toa muitos críticos dizem que é um CD intimista, e realmente é; mas isso não é exatamente ruim. É também um CD muito mais completo, mais sofisticado e difícil de escutar.

Enfim, "Supermodel" é um CD complexo. Eu vejo como a imposição do que o Foster The People é, o que é interessante demais, mas poderia ser feito de forma diferente. Como? Eu não sei.

Talvez essa "falta de alguma coisa" que se sente no CD seja causada pela grandiosidade que foi o primeiro CD, que foi um dos melhores no seu ano de lançamento.

3 pontos

domingo, 13 de abril de 2014

Dica cinematográfica: "Grand Piano" (2013)

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"Grand Piano" é um filme de suspense, meio estadunidense, meio espanhol de 2013.

O filme conta a história da apresentação de um concerto de um famoso pianista, longe dos palcos por 5 anos, devido à uma apresentação desastrosa à qual ele realizou. Muito nervoso e inseguro em relação à apresentação, esse pianista se vê numa delicada situação de vida ou morte quando é feito de vítima por um suposto assassino em cima do palco.

Esse filme é muito bem construído. Tudo auxilia no desenrolar da trama, desde os elementos mais óbvios, como a atuação dos atores e a construção da narrativa, até elementos mais "ocultos" como a trilha sonora e a iluminação.

Esses elementos fazem o suspense crescer e a história se desenrolar de forma rápida, não sendo um filme cansativo, muito pelo contrário, é um dos filmes mais divertidos que eu já tive o prazer de assistir.

O desfecho, assim como todo filme de suspense também surpreende, deixando um gostinho de quero mais no final, mas isso não estraga a diversão.

Enfim, "Grand Piano" (que teve uma tradução nada a ver no Brasil) é um ótimo filme, que merece muito mais reconhecimento do que recebeu.

4 pontos