domingo, 12 de abril de 2015

Velozes e Furiosos 7 e uma senhora lição, ao cinema, de como fazer uma homenagem póstuma.

velozes7cartaz



Não dá para submeter "Velozes e Furiosos" à uma crítica séria. Os filmes da série, principalmente os últimos, entram naquela mesma categoria da qual fazem parte os filmes da Marvel, a série de filmes do Harry Potter, Jogos Vorazes, os Mercenários, ou seja, são filmes, tecnicamente, ruins (ou melhor, medianos, feijão com arroz, de fácil digestão, o famoso PG-13), mas que é impossível não gostar e a diversão (Clichê-mode: on) é garantida.


No entanto, este filme tem um ponto que se destaca, inclusive entre os filmes sérios, que é o seu final, a homenagem póstuma feita a Paul Walker, que não é só bem elaborada visualmente, é carregada com elementos metalinguísticos, que dão forma para os rumos que a série vai seguir daqui pra frente.


Só para constar, um momento de digressão válida, esse filme conta a história de Deckard Shaw, em busca de vingança após os acontecimentos do sexto filme. Para se colocar em pé de igualdade com o vilão, Dominic Torretto aceita a ajuda de Frank Petty, um misterioso milionário que promete ajudar Toretto em troca de um favor; recuperar um software de rastreamento digital elaborado por uma hacker, que está nas mãos de terroristas.


O filme é cheio de cenas de ação impossíveis, muita porradaria no estilo brucutu e plot twists extremamente previsíveis, sendo, na minha opinião, o filme mais "meh" da série, mas isso talvez por que eu estou ficando velho (e chato) demais para esse tipo de filme.


No entanto, o final do filme, aliado à história por trás dele, fazem essa película valer a pena.


A começar do fato do Paul Walker ter morrido. Tá certo que ele já havia gravado metade do filme quando morreu, mas ele teve que ser substituído pelos seus dois irmãos e uma ajudinha do CGI para reconstruir o seu rosto. Só que você não percebe isso em nenhum momento do filme. Além do jogo de câmeras, que esconde um pouco seu rosto, a tecnologia usada para recriar digitalmente seu rosto deve ter sido muito boa (cara) e ter dado um trabalhão para os editores. Apenas no final, fica claro que é CGI, mas só um olho mais atento percebe, por causa do brilho excessivo e tal. Um espectador menos atento não notaria isso, até por que toda a cena final é meio "fantasiosa" demais.


Por falar nela, vamos ao que faz todo o filme valer a pena. Apesar do diálogo clichê de Toretto, com frases sobre amizade, família e eternidade, vemos o carro de Dominic Toretto parar num cruzamento, diant de uma placa de PARE para deixar um outro carro tunado passar. Isso não é à toa. Uma das frases marcantes do filme é: "Agora não se trata mais de ser veloz". O nome oficial do filme em inglês ficou "Furious 7". Fica claro que esse é o fim da série "Velozes e Furiosos" nesta cena final. É a despedida oficial de Dominc Toretto não só para Paul Walker, mas também para os fãs da série.


Revisitando os filmes antigos da série, percebe-se a mudança extrema que a série mudou, desde os pontos mais notáveis, como gênero, até os pontos mais sutis de um filme, como a forma como a narrativa é guiada. O primeiro filme tratava-se de um filme perdido um limbo entre os filmes policiais, de suspense e corrida, contando com uma história até que complexa, mas que é bem "redondinho". O segundo filme também é um filme meio policial, meio corrida, mas que também é bem redondinho, na minha opinião o melhor da série. O terceiro também é bem redondinho, até o personagem do Han voltar mais tarde na série e confundir os fãs da série que não sabiam o que era um retcon, muito estiloso, com a melhor trilha sonora, mas muita gente não gostou no lançamento, por que era deslocado dos filmes da franquia (e a bem da verdade, ainda é deslocado, por que o sétimo filme volta à Tóquio por uns 2 minutos, só #xatiado). Daí pra frente, a série abraçou mesmo o termo "série", começaram a usar e abusar da ação, talvez pela influência que os filmes de super-herói e o próprio gênero "ação" está exercendo hoje em dia. Agora, nem vemos mais corridas, apenas carros velozes que servem e gancho para as cenas de ação, cada vez mais impossíveis. As diferenças são acertadas na base da porrada e não nos rachas ou drifts, enfim, adeus corridas, adeus "velozes".


Após a parada de Toretto, Brian aparece do seu lado, com seu carro tunado, algumas frases clichês, mas que funcionam se seguem e os carros acabam se dividindo, seguindo estradas diferentes, enquanto a tela vai ficando branca e a seguinte mensagem aparece: "Para Paul".


Simplesmente brilhante.


Eles poderiam ter terminado com uma voz em off dizendo que o filme era dedicado à memória de Paul Walker, com uma foto sua criança em preto em branco e as imagens de seus amigos no funeral, mas não. Eles terminaram de forma simples, singela e brilhante.


Sinceramente, eu não sei se aguento mais um filme de "Velozes e Furiosos", ou só "Furiosos", mas acabei saindo do cinema contente, satisfeito com o final que a série recebeu. Os personagens podem continuar, a tradução brasileira vai continuar sendo "velozes e furiosos", mas os fãs sabem que a série acabou, brilhantemente, com esse filme.