domingo, 31 de janeiro de 2016

Dica musical: "Hymns" do Bloc Party (2016)

bloc-party-hymns-album

Primeira dica musical do ano, começando de forma legalzinha...

Para você que não tem um gosto musical refinado e não conhece a banda, Bloc Party é uma banda britânica de indie rock que lançou em 2005 um ótimo CD chamado "Silent Alarm", seguindo naquela onda de The Strokes que todos gostamos. Seguindo a forma de todas as bandas da era pós-Strokes, dois anos depois eles lançaram "A weekend in the city", que já mostrava uma mudança na sonoridade deles, que acentuou-se com o terceiro CD "Intimacy", mas que foi ao mesmo tempo, uma recuperação dentre os fãs, já que continha umas músicas bem legais. Depois veio um hiato e aí o vocalista, Kele Okerek, pode expor sua face mais pop/eletrônica em um cd solo e em 2012 eles lançaram o excelente "Four", um álbum com uma sonoridade mais "crua", cheia dos riffs de guitarra que fizeram a banda famosa, uma bateria marcante e os vocais menos marcantes e extravagantes.

Enfim, esse ano, voltando com baterista e baixista novos, eles lançam "Hymns" e é um álbum que já nasceu errado, afinal que banda que troca os membros e continua com o mesmo nome e lança um álbum que seja, no mínimo, bom? Depois, o primeiro single usa um riff de guitarra que usa uma distorção estranha de forma que parece uma batida de música pop bem doce a lá Kiary Pamiu Pamiu, então não dava para se esperar algo bom.

No entanto, até pela expectativa baixa, o álbum acaba se sobressaindo, por que as músicas doces e pops desse novo CD são fáceis de se engolir.

Óbviamente não é um álbum para se lembrar, está longe de ser o melhor do ano e, olhando em retrospecto tudo que o Bloc Party lançou é algo lamentável, de verdade, mas também não machuca, não foi criado um hype enorme em torno dele, então você acaba não se sentindo ofendido, como fã. Por essas e outras a nota é

3 pontos

sábado, 30 de janeiro de 2016

Dica cinematográfica: "No espaço não existem sentimentos" (2010)

nao existem sentimentos no espaço

Voltando depois de um período entediado... tá foda aqui...

Enfim, "No espaço não existem sentimentos" é um ótimo filme sueco de comédia com uma pitada de drama de 2010.

O filme conta a história de Simon, um garoto com síndrome de Asperger e que, devido a sua doença deve levar uma vida muito controlada, com cada hora do seu tempo previamente programada. Simon vai morar com o irmão e a namorada dele, mas ela acaba deixando os dois e Sam, seu irmão, fica deprimido. Simon decide buscar uma namorada nova para ele, mas percebe que essa é uma missão muito mais difícil do que o esperado.

Com cenas muito engraçadas, porém de uma sensibilidade incrível, é um filme fácil de assistir e fácil de agradar a qualquer um, primeiro por que passa muito rápido, com uma narrativa leve e meio imediatista, além de personagens carismáticos, uma trilha sonora que combina muito bem com todos os momentos e uma qualidade técnica primorosa.

Enfim, vale a pena assistir.

4 pontos

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Dica cinematográfica: "Os oito odiados" (2015)

panel-de-the-hateful-eight-de-la-sdcci-2015

E eis que em 2015 Tarantino lança mais um filme e dessa vez, é bom de verdade.

Em "Os oito odiados", o carrasco John Ruth está transportando uma criminosa, Daisy Domergue, quando, no meu de uma nevasca, encontram o caçador de recompensas Marquis Warren e o novo xerife da cidade para o qual todos estão indo, Red Rock, Chris Mannix. Como as condições climáticas pioram, são forçados a pararem no Armazém da Minnie, que está vazio, com exceção de seu novo empregado, Bob e três outros desconhecidos que estão fugindo na nevasca, o general Sanford Smithers, o carrasco Oswaldo Mobray e Joe Gage, um cowboy qualquer. Aos poucos, os estranhos começam a conhecer os segredos sangrentos de cada um, levando a um inevitável confronto entre eles.

Há alguma comparações rolando entre este filme e Cães de Aluguel, mas este filme é muito melhor, devo dizer de antemão. Primeiro, por que não há muito a ver não, na verdade, acredito muito na palavra do Tarantino, quando ele diz que foi uma coincidência o fato dos dois filmes serem parecidos. Depois, este filme é muito mais profundo que Cães de Aluguel, que é só mais um filme de gangsters e por último, mas não menos importante, Cães de Aluguel é um plágio de "City on Fire" de Ringo Lam (um filme muito mais legal do que o plágio de Tarantino) e "Os oito odiados" é uma das obras mais originais do diretor, ficando pau a pau com "Bastardos Inglórios".

Neste filme há uma presença muito forte dos diálogos, que são muito bem construídos de um ponto de vista literário, prendendo a atenção do espectador, contando histórias, forçando a imaginação e guiando toda a narrativa do filme, que conta em poucos momentos com o apoio visual para ser interessante. Além disso, muitos diálogos exploram questões de poder, abuso e a velha questão racial, que as pessoas não se cansam de debater.

Nesse sentido há algo a ser dito sobre este filme: há a cena do flashback de Marquis, que acaba resultando na morte do coronel Sandford e isso pode parecer um spoiler, mas não é, por que o ponto de toda este cena não era este, o ponto de toda esta cena era mostrar que não há mocinhos ali, dentro do armazém e, na vida real, também não há mocinhos, todos temos um pouco de vilões dentro de nós, inclusive os líderes que tanto prestigiamos também não são mocinhos, apesar de defenderem causas muito corretas. Esta é a cena mais forte onde o filme explora a questão racial, mas muitas pessoas estão entendendo ela de forma errada, como se o Marquis estivesse correto ali. Ele não está, tampouco está o general Sandford, mas a questão não era nem quem estava certo ali, o filme quer simplesmente mostrar que não há mocinhos, nem vilões, a vida não é preto no branco e você não deve generalizar atitudes, nem fazer coisas erradas em prol de uma causa nobre. O final funciona como uma tremenda resposta, mostrando que não devemos nos separar, porém nos unir, se você buscar um pouco mais a fundo por baixo das camadas do filme.

Aliás, se você procurar algo mais além da superfície, irá encontrar um filme completamente diferente. Um western (aos moldes dos clássicos spaghetti), mas que toca em questões muito atuais e não é nem um pouco niilista ao ponto que ele finge ser, muito pelo contrário.

Mas vamos aos fatos, o filme está com uma qualidade ótima, os 70 mm (que infelizmente, quem mora no Brasil não poderá ver em sua gloriosidade completa) ajudam muito a criar a atmosfera do filme todo, expandindo o campo de visão e excluindo o ar claustrofóbico que o filme teria, provendo nuances sobre o cenário que de outra forma não seriam notados. No entanto, esse crédito não vai apenas para a tecnologia, mas também para o diretor, que sabe criar cenas que parecem pinturas como poucos atualmente.

A trilha sonora é um show a parte, já que conta com músicas originais do mestre Ennio Morricone, além de algumas releituras de alguns clássicos, que ajudam a intensificar a atmosfera de suspense do filme, prendendo ainda mais a atenção do espectador.

Como filme do Tarantino (e como um filme mais voltado para o lado "literário" do diretor) é cheio de diálogos e aqui eles estão tão bons quanto em Pulp Fiction e Bastardos Inglórios, sendo o grande trunfo do diretor para este filme, algo que nas mãos de qualquer outro transformaria num fardo e deixaria o filme chato, aqui se revela algo surpreendente e forte para manter o ritmo da trama e não quebrá-lo.

Enfim, não dá para ser muito conclusivo em relação ao filme sem entregar muito dos acontecimentos dele, mas tudo que você precisa saber é: este é um filmaço e é o primeiro post nota 5 do ano de 2016 aqui no blog.

5 pontos

 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Dica literária: "Planetes" vol. 4

planetes_4

Com a edição de número 4, Planetes chega a sua conclusão de forma gradual e reflexiva, definindo-se como um dos melhores mangás de ficção científica já publicado em terras tupiniquins (não que a concorrência seja muito grande também).

Nesta edição Hachi é deixado um pouco de lado e conhecemos mais sobre a Fee, a capitã da nave recolhedora de detritos espaciais. Conhecemos sua família na Terra, que consiste de um filho e seu marido, além de seu passado e seu histórico familiar de relacionamentos complicados, que acaba se refletindo no seu relacionamento atual com seu filho e, por fim, na sua atitude rebelde em relação a uma guerra espacial que quase acabou com o sonho espacial dos habitantes da Terra. Também nos é relevado o destino de Hachi em sua viagem para Júpiter. Também acompanhamos um pouco a vida de Locksmith, o CEO da empresa de viagens espaciais, após o acidente que dizimou uma enorme equipe de pesquisadores espaciais e as consequências desse acidente para ele.

A edição final de Planetes não é estrondosa, como foi o seu início, na verdade as hitórias se arrastam num ritmo meio vagaroso, sendo usadas como metáforas para alguns ensinamentos que deveríamos levar para nossas vidas. Alguns desses ensinamentos mostram um ponto de vista infantil e, na minha opinião, não são passíveis de crédito, mas outros funcionam para abrir os olhos dos leitores para inovações tecnológicas e líderes de empresas, que hoje, são venerados como líderes religiosos por alguns. Locksmith é o melhor exemplo disso, sendo uma espécie de Elon Musk sem a máscara de bom moço cobrindo seu rosto desumano e pragmático.

Isso pode soar um pouco decepcionante (e é, num primeiro momento), mas faz sentido dentro do contexto de tudo que acompanhamos nas 3 edições anteriores da série.

Ainda assim, o autor consegue encaixar espaço para sua primorosa narrativa gráfica, perdendo páginas inteiras para mostrar os personagens em momentos contemplativos ou o resultado de alguma explosão no espaço e seus detritos. Ponto para Makoto Yukimura, apesar de não haver uma mudança significativa em seu traço, que continua meio simplista para os seres humanos, mas magistralmente realista e detalhista para as naves e cenários espaciais.

Enfim, "Planetes" chega a sua conclusão, com um final digno, deixando o leitor satisfeito e contente por ter acompanhado por tanto tempo a série, aqui no Brasil ainda mais, já que o lançamento era bimestral, mas a qualidade que a Panini deu a série fez valer a pena.

4 pontos

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Dica cinematográfica: "A colecionadora" (1967)

la-collectionneuse-balcon

Primeiro filme do ano e já começando bem.

"La Collectionneuse" é um filme de 1967, dirigido por Eric Rohmer do gênero drama, com uma boa pitada de slice-of-life gostoso e é o quarto filme da série "Seis contos morais".

O filme conta a história de Adrian, um jovem rapaz que antes de abrir uma galeria decide tirar férias com seu amigo, Daniel numa casa de praia em Saint-Tropez, pertencente a um amigo mútuo dos dois chamado Rodolphe. Quando chegam lá, descobrem que uma amiga de Rodolphe já está por lá, uma jovem moça chamada Haydée, que leva uma vida bem hedonista. Com o passar do tempo, os três começam a se envolver, de forma cada vez mais confusa até que ninguém mais sabe quem está realmente no controle desse jogo de "colecionar" relacionamentos.

Contando com uma magistral fotografia, o filme, de baixo orçamento, é, além de uma lição de cinema (usando luz natural o máximo possível, economizando em rolos de filmes, além de tomadas sensacionais), um filme muito belo, abusando da paisagem bucólica que cerca os personagens, sem deixar o espectador enjoar do que está acontecendo, pois cada tomada parece uma verdadeira pintura.

Enfim, primeira dica do ano, estou cansado de escrever e apenas posso dizer que gostei muito do filme, portanto assista-o.

4 pontos