segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Dica literária: "Planetes" vol. 4

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Com a edição de número 4, Planetes chega a sua conclusão de forma gradual e reflexiva, definindo-se como um dos melhores mangás de ficção científica já publicado em terras tupiniquins (não que a concorrência seja muito grande também).

Nesta edição Hachi é deixado um pouco de lado e conhecemos mais sobre a Fee, a capitã da nave recolhedora de detritos espaciais. Conhecemos sua família na Terra, que consiste de um filho e seu marido, além de seu passado e seu histórico familiar de relacionamentos complicados, que acaba se refletindo no seu relacionamento atual com seu filho e, por fim, na sua atitude rebelde em relação a uma guerra espacial que quase acabou com o sonho espacial dos habitantes da Terra. Também nos é relevado o destino de Hachi em sua viagem para Júpiter. Também acompanhamos um pouco a vida de Locksmith, o CEO da empresa de viagens espaciais, após o acidente que dizimou uma enorme equipe de pesquisadores espaciais e as consequências desse acidente para ele.

A edição final de Planetes não é estrondosa, como foi o seu início, na verdade as hitórias se arrastam num ritmo meio vagaroso, sendo usadas como metáforas para alguns ensinamentos que deveríamos levar para nossas vidas. Alguns desses ensinamentos mostram um ponto de vista infantil e, na minha opinião, não são passíveis de crédito, mas outros funcionam para abrir os olhos dos leitores para inovações tecnológicas e líderes de empresas, que hoje, são venerados como líderes religiosos por alguns. Locksmith é o melhor exemplo disso, sendo uma espécie de Elon Musk sem a máscara de bom moço cobrindo seu rosto desumano e pragmático.

Isso pode soar um pouco decepcionante (e é, num primeiro momento), mas faz sentido dentro do contexto de tudo que acompanhamos nas 3 edições anteriores da série.

Ainda assim, o autor consegue encaixar espaço para sua primorosa narrativa gráfica, perdendo páginas inteiras para mostrar os personagens em momentos contemplativos ou o resultado de alguma explosão no espaço e seus detritos. Ponto para Makoto Yukimura, apesar de não haver uma mudança significativa em seu traço, que continua meio simplista para os seres humanos, mas magistralmente realista e detalhista para as naves e cenários espaciais.

Enfim, "Planetes" chega a sua conclusão, com um final digno, deixando o leitor satisfeito e contente por ter acompanhado por tanto tempo a série, aqui no Brasil ainda mais, já que o lançamento era bimestral, mas a qualidade que a Panini deu a série fez valer a pena.

4 pontos