domingo, 17 de abril de 2016

Dica literária: "The Tipping Point" por vários artistas (2016)

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Fabrice Giger, desde criança, foi um fã de quadrinhos, no entanto, em 1974, enquanto acompanhava sua mãe fazia as compras, viu na prateleira de livros "Delirius" de Phillipe Druillets (perdoe-me se o nome estiver errado) e sua mente explodia com as elaboradas cenas de batalha e seu toque futurista. Sua mãe não comprou o livro para ele, dizendo que ele era muito novo para essas coisas (talvez até fosse mesmo), mas, como ele mesmo diz no prefácia de "The Tipping Point", a semente já estava plantada. À partir daí ele se tornou fã de artistas como Moebius e Dionnet, além de revistas como "Heavy Metal", voltando sua atenção sempre para artistas que procuram construir suas carreiras num campo de trabalho que não seja regido por grandes editoras buscando dinheiro em gêneros pré-estabelecidos, trabalhando com mais liberdade e, se der, quebrando paradigmas, misturando gêneros e até criando algo inédito, de vez em quando. Aquele dia em 1974 foi o seu momento crítico (seu tipping point). Para celebrar os 40 anos da editora Humanoids, 14 artistas diferentes do mundo inteiro foram convidados para explorar, através de histórias curtas, momentos críticos, pessoais ou não, da maneira como quisessem.

O livro conta com a participação de nomes de peso como Taiyo Matsumoto, Atsushi Kaneko, John Cassaday e Paul Pope, só para citar aqueles cujo trabalho eu já conhecia e admirava. Outros nomes não conhecia, mas chamaram a minha atenção, como Keiichi Koike, Naoki Urasawa e Emmanuel Lepage.

Alguns como Emmanuel Lepage, exploram momentos críticos de suas vidas pessoais (no caso, a descoberta de sua sexualidade), outros como Atsushi Kaneko e Keiichi Koike criam momentos críticos para os seus personagens explorados nessas curtas histórias e outros, como Taiyo Matsumoto criam momentos críticos metalinguísticos para levar o leitor a sentir, ao menos uma fração, aquilo que eles sentiram quando passaram pelo momento crítico de suas vidas.

O livro é uma verdadeira obra de arte contendo desde a arte minimalista (presente na história de Eddie Campbel) à artes mais elaboradas e detalhistas (como a Keiichi Koike e Bob Fingerman). É um compêndio excelente e impressionante apenas pela arte, mas seus artistas são realmente talentosos, criando momentos críticos que variam do drama mais profundo, passando por reflexões intensas, outras mais singelas até o humor, às vezes ácido, às vezes pastelão.

"The Tipping Point" acabou de ser lançado e pode ser adquirido em formato digital pelo site oficial e outras empresas menos legais por aí, valendo muito a pena. Eu não consegui achá-lo de forma "ilegal", mas acho que é por que é algo muito recente, realmente, mas logo logo deve figurar nas prateleiras do livro do ultra.

Enfim, leiam "The Tipping Point", uma experiência única.

5 pontos