quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Dica cinematográfica: "Mind Game" (2004)

a801fa09fcf7391a8c18559421b465ad

Acabei de assistir esse filme e ainda estou processando todas as informações, mas estou extasiado, então preciso escrever isso.

O post de hoje é sobre o filme de animação “Mind Game” de 2004, baseado no mangá de mesmo nome criado por Robin Nishi. É animado pelo mesmo diretor de “Ping Pong” e “Tatami Galaxy”, Masaaki Yuasa, um dos melhores diretores de animação vivos, sem sombra de dúvida. Pelos outros trabalhos do diretor, já dá pra esperar algo, no mínimo, intrigante.

Mas “intrigante” é muito pouco pra descrever essa obra de arte.

O filme acompanha Nishi, um mangaká de 20 anos de idade de Osaka, que está prestes a se mudar para Tóquio numa noite estranha em que ele encontra, por acaso, uma antiga amiga de infância (e sua paixão de sempre) Myon no metrô. Após isso, os dois decidem ir até o restaurante da família dela para jantar. Conhecemos a irmã de Myon e seu pai, além de dois obscuros homens que parecem pertencer a Yakuza. A partir daí a história segue por caminhos diversos e bizarros, envolvendo reencarnação, perseguição de carros, muitos tiros, uma baleia gigante e um ermitão.

Logo na apresentação do filme (o seu prólogo, talvez) percebemos que esse não será um filme convencional. Acompanhamos uma série de pessoas e acontecimentos, alguns envolvendo os personagens do filme, a maioria apenas imagens que mostram a vivacidade do mundo em que vivemos, lembrando um pouco a abertura do filme de Cowboy Bebop. A animação não é muito convencional, optando por esquemas de cores monocromáticos e o uso de ângulos pouco utilizados, inclusive o uso de primeira pessoa. Ainda nos primeiros minutos de filme, vemos a animação dar espaço para diferentes estilos de animação, 2-D, 3-D, rotoscopia... e se você não gosta disso, então não assista esse filme, pois só piora.

Ao longo da película, as diferentes técnicas de animação passam a ser utilizadas para explorar o estado de espírito de seus personagens, reforçando a subjetividade da história, deixando de conta-la de maneira linear, para dar espaço ao espectador de interpretá-la da forma como quiser. A narrativa é dispersa, mas imersiva, pois a animação (fluída e atraente) chama a sua atenção, mudando os pontos de vista da ação, criando situações bizarras e soluções mais bizarras ainda, indo e voltando no tempo, além de jogar na cara do espectador os elementos subjetivos que os personagens estão passando (ao invés de simplesmente nos apresentar o que eles estão pensando com falas de pensamento, o diretor nos mostra com cenas, o que eles estão pensando e isso, eu acho, muito louvável).

Não é um filme fácil, pois ele não te entrega as respostas na sua cara, no entanto, te satisfaz pois é um “exploitation de arte” (ou um art porn, se você preferir). Ele enche os seus olhos e te deixa extasiado com o que te apresenta. Todos os elementos trabalham em conjunto para isso, da animação impecável e diversa a trilha sonora, tão diversa quanto os elementos de animação utilizados, podendo ser classificada, no máximo (forçando bastante mesmo) como um fusion jazz, mas existem canções que fogem ao sub-gênero.

Sendo tão diferente, com uma história tão instigante e ainda assim envolvente, “Mind Game” é uma pérola dos filmes de animação, uma verdadeira obra de arte!

5 pontos

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Dica cinematográfica: "La La Land" (2016)

lalalandposter

“La La Land” é um filme musical lançado no finalzinho do ano passado e o qual eu assisti no final de semana passado, no único cinema da minha cidade que está exibindo ele... lamentável. O filme, dirigido e escrito por Damien Chazelle, a mesma mente criativa por trás do excelente Whiplash é, na minha humilde opinião, um dos 3 melhores musicais que eu já assisti em minha vida!

O filme conta a história de Sebastian e Mia. Ele, um pianista fã de jazz que vai para Los Angeles a fim de criar um bar onde músicos de jazz possam tocar jazz de verdade. Ela, uma aspirante a atriz, muda-se para Los Angeles a fim de conseguir um papel em algum filme ou série importante, enquanto trabalha num café na Warner Studios durante o dia. Acompanhamos a trajetória dos dois, do momento em que se conhecem até o desenvolvimento e amadurecimento do relacionamento dos dois, enquanto músicos, dançarinos e cantores nos apresentam um musical fantástico e exuberante, além de explorarmos um pouco do mundo do jazz com seus personagens.

É um filme sem igual.

Não sou um grande entendido de musicais e tinha um enorme preconceito com o gênero até os meus 18 anos, quando só tinha assistido “Mary Poppins”, “High School Musical” e “O fantasma da Opera”, então assisti a “Cantando na Chuva” e desde então mantenho meus olhos e ouvidos atentos a qualquer filme do gênero. A maioria são grandes porcarias, principalmente porque recebemos mais filmes hollywoodianos, que só sabem fazer grandes dramalhões como “Os miseráveis” e “Quem quer ser um milionário” e eu, confesso, nunca assisti um musical de Bollywood (sim, eu sei, estou devendo). De vez em quando, aparece uma pérola como “Tokyo Tribe”, mas o que me faz considerar um musical bom são 3 coisas. A primeira é o distanciamento da realidade, o musical é um gênero teatral e como tal, não deve ser muito crível. Nas telonas, ele deve servir como uma forma de quebrar as barreiras entre filme e teatro ou realidade (do filme) e fantasia, por isso é muito importante os elementos fantásticos. A segunda são as músicas boas, não tem como um musical me agradar se tocar música sertaneja universitária nele e a terceira coisa é a história, não adianta ser um filme super bem trabalhado se a história for um dramalhão chato, irritante e/ou meloso pra caramba. Mesmo nas competições cinematográficas, o gênero divide espaço com a comédia. Deve ser bem-humorado, no mínimo.

E “La La Land” contém os 3 elementos. Pra começar, a ambientação é fantástica, há muitas luzes de neon, as sequências são longas e a câmera se movimenta livremente. As roupas dos personagens são exuberantes, é um filme colorido, mas tudo é bem equilibrado, nada irrita os seus olhos, não é um filme alegre demais, acontece que há um equilíbrio fantástico no uso das cores nesse filme. Pense num filme do Wes Anderson, onde todos os elementos trabalham em conjunto, mesmo os detalhes, tudo contribui para que o filme nos transmita uma sensação agradável. Além disso, a edição é incrível, a iluminação é tão importante para a narrativa quanto os diálogos, a música e os personagens. E todo esse perfeccionismo te afasta da realidade em que os personagens estão inseridos, visualmente falando. Os momentos musicais surgem na obra como elementos subjetivos, não é parte da realidade em que os personagens estão, mas é algo que situa-se fora dessa realidade e isso fica subentendido no filme, através dos elementos visuais, na forma como a narrativa é guiada e mesmo nos elementos musicais (ninguém canta à toa nessa filme).

Além disso, a história é legal, ganhando tons meio negativos lá pro final, mas são, na verdade, realistas. É incrível como um filme com elementos tão fantástico e que explicitamente te entrega que são elementos fantásticos, fora da realidade em que os personagens estão inseridos, ele acabe te entregando uma história puramente realista, com uma moral implícita tão bela.

E pra terminar, é um filme bem humorado. Atente-se: ele não é engraçado (como “Cantando na Chuva”), mas você vai rir em muito momentos, porque é assim que o filme é, bem humorado!

Damien Chazelle é um fã de jazz e tem algumas opiniões bem fortes sobre o gênero e esse filme serve, mais ainda do que Whiplash, como uma válvula de escape para ele expor o que pensa. E ele pensa demais e tem muito a dizer e é muito interessante o que o filme nos ensina sobre o gênero, principalmente em relação ao “revival” que o jazz tem sofrido nos últimos anos.

Agora quanto aos atores, eu sempre me pergunto se eles cantam de verdade e se realmente levam jeito pra coisa e muitos filmes colocam rostos bonitos lá na frente e algum cantor talentoso no fundo, mas parece que nesse filme os atores realmente cantam. Não sei quanto a Emma Stone, mas Ryan Gosling canta de verdade (de fato, quase sussurra) e mostra que ainda tem jeito pra coisa (pouca gente lembra, mas em 2009 ele lançou um projeto musical com um amigo chamado Dead Man’s Bones), surpreendendo a audiência.

Quanto às canções, ela é um show à parte, passeando e honrando diversos gêneros de jazz, então, pra quem gosta, vai ser um deleite.

Enfim, já falei demais do filme, elogiei pra caramba, mas tenho que falar os seus defeitos (são poucos e quase imperceptíveis): A duração e a falta de comédia. O filme é, de fato, muito longo, são mais de 2 horas e isso acaba cansando na sala de cinema e, apesar dele ser bem humorado, como eu disse, não é um filme engraçado e nos momentos mais dramáticos, essa falta de comédia acaba fazendo falta, pois as partes dramáticas cansam bastante.

Esses defeitos não diminuem o valor do filme, que é fantástico e faço minhas as palavras de algum crítico qualquer que tem a opinião exposta num dos cartazes do filme: “Não se fazem mais filmes como esse” e não se fazem mesmo.

4 pontos

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Dica cinematográfica: "Everybody Wants Some!!!" (2013)

281163

Mais um filme do Richard Linklater lançado ano passado para noooooooooossa alegria AIN FELIPE, SÓ VOCÊ LEMBRA DESSAS MERDAS DESSES MEMES ANTIGOS, VAI SE FUDÊ e dessa vez, de acordo com o próprio diretor, a continuação espiritual de “Jovens, Loucos e Rebeldes”.

Na filme, acompanhamos Jake há 3 dias de começar as aulas da faculdade, se mudando para a república do time de beisebol da universidade. O menino, mais quieto e sensível que seus colegas de time (e república) passa um final de semana festejando, pegando muitas mulheres, zoando e bebendo pra caralho, enquanto nos oferece uma visão imparcial e amistosa dos outros jogadores do time e, por consequência, do sistema em que eles estão inseridos.

Se você, assim como eu, é fã de “Jovens, Loucos e Rebeldes”, vale o adendo: este não é um “Jovens, Loucos e Rebeldes”, nem tem como ser. Apesar da história se passar nos anos 80, ele sofre todas as implicações que qualquer filme sofre nos dias atuais, assim como “Jovens, Loucos e Rebeldes” também sofreu quando saiu, apesar de se passar numa época mais antiga. Aviso dado, vamos à resenha/crítica.

O filme nos apresente um time de beisebol e com ele todas as implicações já esperadas pelo espectador comum. Já é esperado um time cheio de burros, machistas e preconceituosos. No entanto, este é um filme do R. Linklater e ele irá te surpreender e te mostrar o quanto essa visão dos esportistas, apesar de não mentirosa, é limitada pra caramba. Eles não são só burros, machistas e preconceituosos, mas o são por reconhecerem o sistema em que estão inseridos e decidirem aproveitar o máximo que podem disso. Eles leem livros, escutam boa música, assistem bons filmes e colecionam boas séries, mas compreendem que nada disso irá lhes dar felicidade plena, então mantém isso na sua vida privada e acabam deixando transparecer o seu lado babaca, para poder ficar acima dos mais fracos e pegar todas as mulheres. Inclusive todas as mulheres, é todas mesmo, usando todo o conhecimento de mundo que eles têm pra pegar as mais difíceis.

Ser babaca é praticamente uma escolha consciente e não há problema nenhum isso. Eles não estão machucando ninguém, não estão causando prejuízo financeiro, nem físico (agora se você quiser discutir o lado emocional, esteja avisado que isso é problema seu e só seu, já diz o novo ditado, se você se sentiu ofendido o problema é inteiramente seu) aos seus semelhantes.

Além dessa questão o filme levanta outras, de forma igualmente inconspícua, por exemplo: como manter-se fiel a quem você é na faculdade e não perder sua identidade? Como não virar um joguete nas mãos dos professores, colegas e palestrantes? É algo que todo mundo passa e continua sendo extremamente atual, principalmente no nosso país, na situação em que se encontra, reforçando a importância do grupo, de fechar-se para si, mas reconhecer aqueles em quem confiar e, ao identifica-los, mantê-los próximos, pois serão aqueles que você mais vai precisar.

Temos ainda a questão do esforço, o esforço de uma maneira geral, aquelas atividades que fazemos no dia-a-dia pra poder sobreviver e, enfim, a questão da competição, perpetuada em todo o filme e posta em cheque de forma objetiva e literal em um ou dois momentos da obra.

Tudo isso é abordado de forma subjetiva e fica a critério do espectador compreendê-la ou não. Com exceção da questão do esforço, jogada de forma clara, óbvia e bem clichê no final do filme, diminuindo um pouco o peso filosófico do filme.

Aliás, o peso filosófico deste filme é bem menor do que “Jovens, Loucos e Rebeldes”. Os diálogos muitas vezes não levam a lugar algum e mesmo as soluções para as questões são tão rápidas que não sentimos seu peso. Também não as vemos em prática. Mas, mesmo isso, tem sua importância, pois ao contrário de “Jovens, Loucos e Rebeldes”, aqui não são apresentadas apenas questões, mas soluções também, afinal, eles estão na faculdade, é a época de descobrir as respostas para aquilo que te deixava acordado de noite quando você era um adolescente. E essa intenção é muito legal!

Voltando aos diálogos, apesar de muitos não levarem a lugar algum, a maioria são engraçados! E essa é a maior surpresa do filme, este é um filme engraçado de verdade. Eu o assisti com um sorriso do início ao fim e me diverti muito, não só com os diálogos, mas as ações dos personagens também. É debochado, o filme simplesmente não se leva a série e não fica pastelão (como um episódio d’A Praça é Nossa), nem forçado (como um filme da Marvel), é natural e é leve. As transições são leves e o filme, que tem quase 2 horas de duração, passa como se tivesse 1 hora e 20.

Vale destacar ainda a trilha sonora, regrada a rock n’ roll oitentista, rapp de vanguarda e muita música disco. E claro, os visuais; o filme usou muitas locações de “Jovens, Loucos e Rebeldes”, então dá uma nostalgia gostosa em muitos pontos da película.

Cheio de altos e baixos, “Jovens, Loucos e Mais Rebeldes” é mais um daqueles filmes que você sabe que não é perfeito, mas gosta dele como se fosse perfeito, releva os defeitos e assiste várias e várias vezes, cada vez descobrindo novos detalhes, rindo mais e com um sorriso ainda maior. É um daqueles filmes que te deixa com vontade de sair de casa para viver.

4 pontos e meio

 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Diga gourmet: Suco Aurora

53c6b5f69c08dsuco_tinto

Novo ano, vida nova, decidi honrar o nome do meu blog e virar um legítimo Sommelier de Tudo, seguindo a minha regra de só trazer pro blog coisas boas, coisas que eu gosto, aprovo e recomendo, e nada melhor do que começar essa nova fase do blog com um post non-sense sobre algo que eu amo muito: o suco de uva Aurora!

Aurora é o nome de uma vinícola fundada em 1931 por imigrantes italianos vindos do norte de Itália AIN, ESSA TERRA DE RIQUINHOS! e estabelecida, hoje, em Bento Gonçalves – RS só viado!, contando com um catálogo imenso de produtos derivados da uva, mas hoje, aqui, eu falarei do produto que eu mais consumo deles: o suco de uva tinto integral.

De acordo com a embalagem esse produto não contém a adição de água, açúcar ou corantes e pede para que seja consumido em até 7 dias após aberto, mas você o consumirá em muito menos tempo, por que ele é muito gostoso. Sou forçado a acreditar no que a embalagem promete, porque não sobram resíduos na embalagem, nem no copo, quando você termina de tomar. Sabe aquele pó que sobra quando você termina um suco de caixinha? Pois é, não sobra aqui.

Além disso, o aroma é viciante, bem da fruta mesmo e lembra muito o aroma de vinho tinto, enganando os desavisados menos treinados, que podem se surpreender quando tomarem o suco e não sentirem a garganta queimar. Por se tratar de um produto integral, ele é mais encorpado, ou seja, te satisfaz mais rápido e em menor quantidade, então com um copo, você já se sente satisfeito e reidratado.

Pesquisei e não achei nenhum produto Aurora sendo vendido em embalagens de plástico, o que é uma escolha muito feliz da parte deles, já que a embalagem de vidro demora anos para entrar em contato com o produto, mostrando que a empresa tem um cuidado em manter seu produto puro para o consumidor e nós agradecemos. Fora isso, há a história de que embalagens de vidro esfriam o conteúdo mais rápido, o que é ótimo para quem mora num lugar quente pra caramba, de qualquer forma, a embalagem mais comum que eu encontro aqui onde moro é a de 1,5L, ótima para guardar água depois AIN, QUE POBRE!.

Enfim, este é um suco gostoso, natural, puro, saudável e de sabor marcante, com um aroma agradável, portanto beba Aurora!

5 pontos