quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Dica cinematográfica: "Everybody Wants Some!!!" (2013)

281163

Mais um filme do Richard Linklater lançado ano passado para noooooooooossa alegria AIN FELIPE, SÓ VOCÊ LEMBRA DESSAS MERDAS DESSES MEMES ANTIGOS, VAI SE FUDÊ e dessa vez, de acordo com o próprio diretor, a continuação espiritual de “Jovens, Loucos e Rebeldes”.

Na filme, acompanhamos Jake há 3 dias de começar as aulas da faculdade, se mudando para a república do time de beisebol da universidade. O menino, mais quieto e sensível que seus colegas de time (e república) passa um final de semana festejando, pegando muitas mulheres, zoando e bebendo pra caralho, enquanto nos oferece uma visão imparcial e amistosa dos outros jogadores do time e, por consequência, do sistema em que eles estão inseridos.

Se você, assim como eu, é fã de “Jovens, Loucos e Rebeldes”, vale o adendo: este não é um “Jovens, Loucos e Rebeldes”, nem tem como ser. Apesar da história se passar nos anos 80, ele sofre todas as implicações que qualquer filme sofre nos dias atuais, assim como “Jovens, Loucos e Rebeldes” também sofreu quando saiu, apesar de se passar numa época mais antiga. Aviso dado, vamos à resenha/crítica.

O filme nos apresente um time de beisebol e com ele todas as implicações já esperadas pelo espectador comum. Já é esperado um time cheio de burros, machistas e preconceituosos. No entanto, este é um filme do R. Linklater e ele irá te surpreender e te mostrar o quanto essa visão dos esportistas, apesar de não mentirosa, é limitada pra caramba. Eles não são só burros, machistas e preconceituosos, mas o são por reconhecerem o sistema em que estão inseridos e decidirem aproveitar o máximo que podem disso. Eles leem livros, escutam boa música, assistem bons filmes e colecionam boas séries, mas compreendem que nada disso irá lhes dar felicidade plena, então mantém isso na sua vida privada e acabam deixando transparecer o seu lado babaca, para poder ficar acima dos mais fracos e pegar todas as mulheres. Inclusive todas as mulheres, é todas mesmo, usando todo o conhecimento de mundo que eles têm pra pegar as mais difíceis.

Ser babaca é praticamente uma escolha consciente e não há problema nenhum isso. Eles não estão machucando ninguém, não estão causando prejuízo financeiro, nem físico (agora se você quiser discutir o lado emocional, esteja avisado que isso é problema seu e só seu, já diz o novo ditado, se você se sentiu ofendido o problema é inteiramente seu) aos seus semelhantes.

Além dessa questão o filme levanta outras, de forma igualmente inconspícua, por exemplo: como manter-se fiel a quem você é na faculdade e não perder sua identidade? Como não virar um joguete nas mãos dos professores, colegas e palestrantes? É algo que todo mundo passa e continua sendo extremamente atual, principalmente no nosso país, na situação em que se encontra, reforçando a importância do grupo, de fechar-se para si, mas reconhecer aqueles em quem confiar e, ao identifica-los, mantê-los próximos, pois serão aqueles que você mais vai precisar.

Temos ainda a questão do esforço, o esforço de uma maneira geral, aquelas atividades que fazemos no dia-a-dia pra poder sobreviver e, enfim, a questão da competição, perpetuada em todo o filme e posta em cheque de forma objetiva e literal em um ou dois momentos da obra.

Tudo isso é abordado de forma subjetiva e fica a critério do espectador compreendê-la ou não. Com exceção da questão do esforço, jogada de forma clara, óbvia e bem clichê no final do filme, diminuindo um pouco o peso filosófico do filme.

Aliás, o peso filosófico deste filme é bem menor do que “Jovens, Loucos e Rebeldes”. Os diálogos muitas vezes não levam a lugar algum e mesmo as soluções para as questões são tão rápidas que não sentimos seu peso. Também não as vemos em prática. Mas, mesmo isso, tem sua importância, pois ao contrário de “Jovens, Loucos e Rebeldes”, aqui não são apresentadas apenas questões, mas soluções também, afinal, eles estão na faculdade, é a época de descobrir as respostas para aquilo que te deixava acordado de noite quando você era um adolescente. E essa intenção é muito legal!

Voltando aos diálogos, apesar de muitos não levarem a lugar algum, a maioria são engraçados! E essa é a maior surpresa do filme, este é um filme engraçado de verdade. Eu o assisti com um sorriso do início ao fim e me diverti muito, não só com os diálogos, mas as ações dos personagens também. É debochado, o filme simplesmente não se leva a série e não fica pastelão (como um episódio d’A Praça é Nossa), nem forçado (como um filme da Marvel), é natural e é leve. As transições são leves e o filme, que tem quase 2 horas de duração, passa como se tivesse 1 hora e 20.

Vale destacar ainda a trilha sonora, regrada a rock n’ roll oitentista, rapp de vanguarda e muita música disco. E claro, os visuais; o filme usou muitas locações de “Jovens, Loucos e Rebeldes”, então dá uma nostalgia gostosa em muitos pontos da película.

Cheio de altos e baixos, “Jovens, Loucos e Mais Rebeldes” é mais um daqueles filmes que você sabe que não é perfeito, mas gosta dele como se fosse perfeito, releva os defeitos e assiste várias e várias vezes, cada vez descobrindo novos detalhes, rindo mais e com um sorriso ainda maior. É um daqueles filmes que te deixa com vontade de sair de casa para viver.

4 pontos e meio