sexta-feira, 28 de abril de 2017

Dica gourmet: Banana prata

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Mais uma dica gourmet para acalentar o meu espírito de gordo!

Uma das frutas mais consumidas e amados pelos brasileiros (e brasileiras, HUMMMM), a banana é traiçoeira, pois vem de vários tamanhos, estilos e sabores. Eu, fã de bananas desde pequeno, tenho um  vasto conhecimento sobre essa fruta amarela e hoje irei falar da minha favorita: a banana-prata!

A banana-prata passa despercebida na feira, porque seu tamanho não se destaca na multidão, não é pequena, nem grande, é normal e seria confundida com outros tipos não fosse o seu biquinho quadrado característico no final.

Ela também é dona de um formato curioso, pois ela começa grossa e vai afinando no seu final. Sua casca é grossa e tem uma boa consistência interna, sendo também menos doce que as outras bananas disponíveis no mercado, o que muito agrada o meu paladar.

Os nutricionistas e as velhas gordas viciadas em dietas dizem que ela também é um dos tipos menos calóricos e eu, particularmente, acho muito saborosa. Outros, os “criativos culinários” (que eu chamo de “retardados de cozinha”) adoram estraga-la fazendo doces e misturando com outras asneiras, como sorvete, mas todos sabemos que isso é um pecado e uma forma de controle illuminati.

Eu tentei pesquisar sobre a história dela no Brasil e no mundo, mas não achei nada, então o post vai ficar por aqui mesmo.

5 pontos

Dica literária: "O reino de Deus está em vós" de Leon Tolstói (1894)

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Uma dica literária muito importante, um clássico de todas as eras, o livro responsável por inspirar Gandhi a reagir contra o imperialismo britânico de forma pacífica, sem agredir ou violentar alguém para isso (há questionamentos sobre a vida pessoal de Gandhi, mas para tudo deve ser considerado o contexto em que se está inserido e isso vale para pessoas também).

O nome do livro é “O reino de Deus está em vós” de Liev Tolstói e foi publicado originalmente em 1894, na Alemanha, porque foi banido em seu país de origem, a Rússia. É um marco fundamental na história do anarquismo e o livro de origem do chamado Anarco-cristianismo, seja lá o que isso queira dizer (só existem dois tipos de anarquismo, de fato, o anarquismo coletivista – do mal! – e o anarquismo individualista – a solução para todos os problemas da humanidade – ).

Este livro é considerado o Magnum Opus de não-ficção de Tolstói e não é pra menos, ele é o ápice de 30 anos do pensamento anarquista de Tólstoi, que elabora a filosofia da não-agressão (um dos pilares do anarquismo) a partir dos evangelhos cristãos e propõe uma nova organização de sociedade baseada em torno disso, chegando a conclusão de que qualquer forma de agressão é errada e anti-cristã, inclusive a agressão como forma de defesa.

Além disso, o livro não é apenas uma crítica a forma de organização política vigente nos dias de Tolstói ou nos dias de hoje, que permite ao governo coagir, prender, violentar e até matar em nome de uma suposta ordem a qual poucos concordaram em manter; é uma crítica também a religião. Nos tempos de Tolstói, a igreja católica ortodoxa russa (a qual o escrito pertencia) era intimamente ligada ao governo e por esse motivo era cúmplice de sua agressão cometida contra o povo.

Para Tolstói, é dever do cristão se opor a toda forma de agressão, mesmo que ela seja permitida pelo Estado ou pela própria igreja. Sendo assim, o cristão não só pode, mas deve se opor a igreja, em defesa dos princípios cristãos que estão na Bíblia. É dever do cristão conhecer a história, os princípios morais e os preceitos da igreja para que consiga compreender quando os próprios líderes da igreja entram em contradição (como quando é dito que todo comunista é católico, por exemplo) e assim se aproximar dos dizeres de Cristo.

O livro é cheio de análises bíblicas, pedaços de jornais, revistas, diários do próprio escritor, se aprofundando em vários temas e passagens da Bíblia, como o Sermão da Montanha, sendo, além de tudo isso, um livro muito bom de se ler, com uma argumentação sólida e fluida.

Enfim, “O reino de Deus está em vós”, leitura obrigatória para todo anarquista, cristão ou pessoas de bom senso.

5 pontos

Dica televisiva: "Hora do Rush" (2016)

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Hoje irei indicar o que foi, para mim, a melhor série do ano passado, mas falhei miseravelmente em inclui-la na minha lista de melhores do ano de 2016.

“Hora do Rush” reconta a história da melhor trilogia de comédia de ação que já existiu, “A hora do Rush” com os mestres Jackie Chan e Chris Tucker estralando-a. Nela, um policial de Hong Kong vai para os EUA numa missão e acaba conhecendo um policial da Polícia de Los Angeles e juntos solucionam um caso delicado de diplomacia. Isso é a premissa do primeiro filme, mas na série torna-se o primeiro episódio e logo após isso, acompanhamos Lee e o agente Carter trabalhando juntos em Los Angeles, enfrentando um inimigo diferente a cada episódio, mas com uma organização criminosa chinesa por trás de vários acontecimentos da série, além de um drama familiar envolvendo o Lee.

Como o primeiro episódio é, basicamente, o primeiro filme contado em 50 minutos é de se imaginar que a série parece, num primeiro momento, apressada e rasa, de fato, acaba sendo, pois os personagens denotam uma profundidade muito grande para ser explorada em tão pouco tempo. Isso é uma falha tremenda e deve ter sido o motivo principal para afastar os espectadores da série logo de início.

No entanto, os episódios seguintes consertam isso. Infelizmente não há mais espaço para um aprofundamento sério do passado dos personagens nos episódios posteriores da série, mas há espaço para a inclusão de novos personagens, como o primo do agente Carter e a cientista do laboratório de análises criminais da polícia de Los Angeles.

Com isso, a série foi criando um universo rico de personagens, personalidade e estilo que fez compensar o primeiro episódio, que, vale salientar, não é ruim, mas deixa a desejar na questão de ritmo.

Outro problema da série são os efeitos especiais, mas isso é normal. Acontece que os filmes “A Hora do Rush” são excelentes na questão de efeitos práticos, as cenas de luta são magistrais, os tiros são incríveis e as explosões tiram o fôlego, enquanto que a série se baseia muito nos efeitos especiais de computador mesmo.

Pra compensar, o ritmo da série foi melhorando conforme os episódios foram passando, provavelmente por que os atores foram ganhando mais entrosamento. A ambientação ficou fantástica, a trilha sonora é deliciosa e as piadas são hilárias.

Infelizmente,  “A Hora do Rush” (a série) foi cancelada, mas os poucos episódios que sobraram pra contar história estão eternizados na internet (e no meu HD), prontos para fazer dessa série um cult eterno, cheio de falhas, sim, mas legal ainda assim.

3 pontos e meio

Dica musical: "DAMN." de Kendrick Lamar (2017)

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E Kendrick lançou, finalmente, o sucessor de “To Pimp a Butterfly”, num momento oportuno, após lançar algumas canções, um EP/mixtape de canções que “sobraram” de seu Magnum opus e apresenta um trabalho conciso, abaixo do esperado, porém interessante e louvável como todos os seus trabalhos devem ser.

“DAMN.” é um álbum difícil de ser explorado, ele é muito mais conciso, pessoal, introvertido e obscuro do que os outros trabalhos de Kendrick. Suas letras são bem pesadas, recheadas de questionamentos, respostas agressivas às diversas polêmicas que envolveram seu nome no passado (como o infame caso da Fox News que usou uma apresentação sua para dar fôlego a um discurso todo errado sobre racismo e a influência do rap na cultura jovem estadunidense) e negatividade, mas não no sentido puro da palavra. Como tudo que Kendrick faz, aqui também há uma ambiguidade gigantesca e, ouvindo por cima, o ouvinte não capta todo o peso e negatividade que está inserida nesse álbum, apesar de a própria capa já indicar isso, ao apresentar Kendrick cabisbaixo, com um olhar desolado e sua primeira canção apresentar a história que irá conectar todas as músicas do álbum e já começa com ele morrendo.

A questão que eu estou querendo chegar é a de que esse álbum pode divertir, superficialmente, pra quem curte rap em suas formar mais tradicionais. Não que a sonoridade do álbum seja tradicional ou “pra cima”, mas ela é cheia de experimentalismos e certos maneirismos típicos do rap que um amante do estilo musical vai facilmente gostar e sacudir a cabeça ao som das batidas.

Nesse álbum, infelizmente, Kendrick abandona todo o estilo jazzístico que existia em seu álbum anterior, não há uma banda por trás dele, com músicos virtuosos, criando melodias arrasadoras, mas isso não é de todo mal, porque os experimentalismos que Kendrick faz, utilizando elementos mais contemporâneos, como as batidas graves distorcidas que fazem o nome do Death Grips, aliados a elementos bem mais “clássicos” (dentro do rap), como os scratches de discos, dão um ar fresco ao álbum, como se houvesse algo de novo ali, apesar de não existir. É só que eles estão organizados de forma tal que a harmonia que se cria soa nova.

Além disso, o conceito que une todas as músicas é surpreendente e é algo que só é compreendido quando se chega ao final do álbum. É incrível como Kendrick Lamar consegue fazer tanto sucesso comercial navegando contra a corrente mais comum do mundo da música de hoje, que é a de dar valor total ao álbum como um todo. Não são apenas músicas que entretêm, é um álbum todo criando um conceito e tentando transmitir uma mensagem, ou melhor, expor os questionamentos de seu criador.

Infelizmente, isso tudo, apesar de ser muito louvável, não consegue segurar o álbum, porque não tem tanta harmonia, nem uma mensagem tão concisa, nem técnica aprazível ou um conceito que já não foi explorado um bilhão de vezes em todas as mídias possíveis, ficando, assim, muito aquém do esperado para ser o sucessor de “To Pimp a Butterfly”, que é, provavelmente, o melhor álbum de rap da década.

2 pontos e meio

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Dica musical: "História do Brasil" por Vitor Bauer (2017)

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E assim como o Galvão na última faixa do disco, eu sou forçado a gritar: “E ACABOU!!! E ACABOU!!!” o longo e ousado projeto de Vitor Bauer, “História do Brasil”.

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Pra quem não conhece, vale uma apresentação, Vitor Bauer é o vocalista da banda que precisa voltar, Lupe de Lupe e um dos membros mais prolíficos do coletivo de artistas “Geração Perdida de Minas Gerais”. Como o próprio nome diz é uma galerinha bem triste e  pretensiosa de Minas Gerais, mas eles têm alguns caras bem legais, como o Fábio de Carvalho, a Lupe de Lupe e o próprio Vitor Bauer, que já apresentou outros álbuns em carreira solo, todos bem abaixo do que o Lupe de Lupe apresentou, mas com seu valor. “História do Brasil” foi criado com o apoio de fãs através de uma plataforma de financiamento coletivo, o disco constitui-se de 52 covers de diversas bandas brasileiras, lançado entre 2016 e 2017.

São covers simples, todos tocados no violão e alguns contam com outros elementos, como guitarra e piano, mas é só pra dar o tom à atmosfera que a música intencionava criar ou para tornar mais fácil o reconhecimento pelo ouvinte. A simplicidade de sua produção carrega o álbum de uma atmosfera mais intimista e aproxima o ouvinte do criador, que planeja transmitir através de cada uma das canções escolhidas para o projeto uma mensagem, mensagem esta que vai contra os dizeres populares dos tempos atuais.

Todos os 3 lançamentos que compõem o álbum todo e algumas músicas (que poderiam ser consideradas os singles) foram apresentados com uma espécie de “press-release”, apresentando a ideia por trás da escolha e o que o lançamento queria significar, porque as músicas foram escolhidas naquela ordem e lançadas naquele momento e não antes ou depois. E a mensagem mais interessante e que acaba unindo os 3 lançamentos como o todo é a necessidade da sinceridade que enfrentamos hoje em dia.

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Com o lançamento de “Pense em mim”, cover de Leandro e Leonardo (que por si só já se trata de uma espécie de cover), Vitor Bauer explora uma ideia que já havia sido delineada por um cara que gosto muito chamado David Foster Wallace em “E Unibus Pluram”, um ensaio sobre a ficção numa era pós-TV e pós pós-moderna. Vitor Bauer nos relata como ele está cansado da ironia pós-moderna que permeia todos os nossos relacionamentos, das pessoas que vão em shows apenas para rir de quem está no palco e para isso utiliza um cover que estaria perdido nessa coleção, não fosse o fato dele realmente gostar dessa música. Assim como eu, ele cresceu ouvindo essa música em reuniões familiares (final de ano, páscoa, aniversários...) e sua letra acabou se enraizando na sua mente e sua mensagem ganhando mais corpo, conforme ele passava por experiências que poderiam ser exemplificadas em sua letra. Não é uma música criada para ser um “produto”, mas acabou se tornando um produto e foi sendo ironizada conforme a sociedade crescia mais cínica e blasé em torno dela, inclusive por seus próprios “criadores”.

Mas Vitor Bauer é sincero ao gostar dela e é sincero ao incluí-la em “História do Brasil” e é disse que o álbum se trata: sinceridade. Vitor Bauer gosta realmente de todas as músicas e é por isso que faz um cover delas, afinal, quem não aprendeu a tocar violão com sua música preferida?

A opção por fazer covers apenas de músicas nacionais (por mais que algumas sejam cantadas em inglês, seus criadores são brasileiros ou, ao menos, enraizaram-se no Brasil) pode ter sido um fator limitador, mas se não fosse por isso, talvez o álbum não apresentasse essa unidade concisa toda e suas músicas poderiam ficar meio dispersas. Essa opção acabou dando uma identidade bem particular ao projeto de Vitor Bauer.

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E sendo assim, “História do Brasil” encerra mais um ciclo na vida do artista, que partirá para novos ares, eu já confirmei presença num de seus shows da turnê que fará com Jonathan Tadeu, “Sem sair na Rolling Stones 1.5” e aguardarei paciente suas próximas empreitadas musicais.

5 pontos

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Dica Hidráulica: Conexões Krona

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Hoje a dica está hidráulica!

Krona é uma marca de tubos e conexões fundada em 1994, ou seja, tem a mesma idade que este que vos fala, mas obteve muito mais êxito em sua curta vida, contando com mais de 700 produtos fabricados de acordo com as normas ABNT (que só servem pra encher o saco) e umas das 1000 maiores empresas do Brasil de acordo com a revista Valor Econômico.

Fui conhecer essa marca quando trabalhei junto de meu pai na loja de materiais de construção que ele gerencia. Como todo bom civil, eu só conhecia a Tigre (supostamente a melhor marca de tubos e conexões) a a A-sem-perna (ou Amanco, para os não íntimos), mas ao entrar em contato com as conexões Krona foi amor à primeira vista.

A começar pela embalagem na qual elas vêm, lacradas a vácuo, as peças saem dos pacotes brilhando de tão limpas, imaculadas como uma virgem. Você sente na textura delas a firmeza e a segurança que nenhuma Tigre ou Amanco pode fornecer. As peças são brutas, mas ao mesmo tempo belas. Dá gosto empilhar um conjunto de T’s da Krona em cima do balcão.

Quanto ao preço, é muito mais barato que as peças dos concorrentes, mas nunca recebi reclamações delas. Todos os clientes terminam satisfeitos com as conexões hidráulicas Krona.

4 pontos e meio

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Dica musical: "Sick Scenes" do Los Campesinos (2017)

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Hoje a dica além de musical, é nostálgica, não por se tratar de uma banda antiga, mas por que seu som traz boas lembranças...

Los Campesinos é uma banda formada em Cardiff, País de Gales, em 2006 e passou por baixo do meu radar todos esses anos. “Sick Scenes” é o seu sexto álbum de estúdio e representa diversos marcos para a banda. A começar, é o primeiro álbum totalmente independente deles, em 2013, após o lançamento do quinto álbum,  “No Blues”, a banda entrou num hiato indefinido (como muitas outras bandas boas dessa geração) e cada membro decidiu seguir uma vida normal, com trabalhos ordinários e afazeres cotidianos e só voltaram a se reunir em 2016 para a gravação desse álbum. Outro marco é o aniversário de 10 anos da banda, que inspirou a união dos 7 amigos que formam a banda e mais 8 amigos da banda na produção do álbum como um todo, dos instrumentos a mais, a produção e a elaboração da arte da capa (muito bonita por sinal). E por fim, o álbum foi gravado ao longo de 4 semanas e meia em Fridão, Portugal.

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E então, vamos a parte que interessa: por que esse álbum merece uma dica?

Porque esse álbum é um legítimo álbum indie, honrando a tradição criada pelos músicos de Nova Iorque, iniciando lá no começo dos anos 2000 com The Strokes, passando por Yeah Yeah Yeahs, Vampire Weekend, Yeasayer, Beach Fossils e claro, Clap Your Hands, Say Yeah!. Essa banda não é de Nova Iorque, mas o som que eles criam poderia se enquadrar em qualquer filme indie de romance que se passe na cidade de Nova Iorque, filmado entre 2008 e 2012, é um ode a essa geração tão gostosa e acalentadora e que, infelizmente, não voltará mais.

Numa análise mais fria, o som é ordinário, se não medíocre, é um indie pop comum e nada mais, porém, não se fazem mais músicas assim hoje em dia e isso não é papo de velho, basta você procurar os artistas de indie hoje em dia, as bandas não tocam mais rock, os grupos de indie pop não ligam mais pra guitarras e o som está cada vez mais alienado das bases criadas lá no meio pro final dos anos 2000.

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E “Sick Scenes” junta todos esses elementos musicais ao longo de suas 11 canções, com letras românticas, irônicas, bem humoradas ou simplesmente encatadoras. Não há nada de mais aqui, mas às vezes não precisamos de algo a mais, bastam umas três ou quatro notas tocadas num teclado bem afinado, com os vocais no lugar certo, a guitarra distorcida na medida ideal e um baixo e uma bateria fazendo a sua parte pra manter o ritmo e pronto, lembramos daquelas tardes frias de inverno com nossos amigos no intervalo do colegial, na escadaria da Igreja Matriz, comendo e observando uma gostosa de salto alto passar do outro lado da rua e todo mundo babar em cima dela. Mude a melodia, insira umas palmas, com um ritmo mais dançante na outra canção e pronto, lembramos daquela festa em que estava tocando Franz Ferdinand e aquela loira gordinha da sala de repente parecia a menina mais bonita e você a beijou como nunca havia beijado ninguém. Rasgue a guitarra na canção e voilá, as memórias de quando seu amigo idiota tocava a campainha de uma casa qualquer e vocês tinham que sair correndo feito loucos pela rua num calor insuportável. É o tipo de música que te faz ter vontade de usar um Adidas Superstar, com calça jeans apertada e uma camiseta gola V listrada.

Como um álbum, “Sick Scenes” nem sólido é, pois não há algo que una todas as músicas em torno do álbum, como um tema ou uma história, porém esse desprendimento, que faz cada música ser um fim em si mesma, por si só, já respeita e honra essa entidade que é a música indie. Enfim, se me dissessem que esse álbum é de 2007 ou 2010 ou mesmo 2012 eu acreditaria, apesar dele conter alguns elementos que só viriam a ser explorados na música “mainstream” anos depois, como os trompetes e a percussão, por exemplo, mas é um álbum que nos remete a essa época.

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E essa deve ter sido a intenção da banda, ao criar um álbum que celebrasse seus 10 anos, nada melhor do que um álbum que os lembrasse do passado, desses 10 anos de estrada que tiveram tanta influência em seu som e, provavelmente, importância pessoal para cada um deles. Portanto, é um álbum que alcança sucesso no que busca e por essas e outras vale a pena escutar.

3 pontos e meio