quinta-feira, 11 de maio de 2017

Dica musical: “in•ter a•li•a” do At The Drive-In (2017)

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Uma das bandas mais influentes e mais importantes para a história do rock contemporânea volta após 17 anos, criando altas expectativas e cumprindo-as brilhantemente, mas antes da dica em si, vale a pena uma pequena contextualização dessas lendas vivas do rock.

At The Drive-In é um banda estadunidense formada em 1994, lançaram 3 álbuns antes de se separar e dela surgirem outras bandas, a mais notável, The Mars Volta, uma ambiciosa banda de rock progressivo que fez muito sucesso na cena mainstream com seus CD’s conceituais. O som complexo da banda acabou popularizando e expandindo o termo post-hardcore, que acabou se solidificando com o lançamento de “Relationship of Command”, seu álbum de maior sucesso e influente em uma porrada de bandas que vieram depois, de Franz Ferdinand e Bloc Party a La Dispute e Touché Amoré.

É uma banda de peso.

Seu retorno é mais do que ansiosamente esperado, é até visto como a salvação do rock por sites mais exagerados. Salvação do rock é demais, porém o álbum apresenta uma série de canções concisas e que mantém o espírito definido em “Realtionship of Command”, ou seja, um excelente retorno.

As letras são unidas por um tema, de acordo com a própria banda, mas é difícil achar qual tema é esse. Não porque as músicas são mal escritas, mas é porque uma marca das bandas é o extenso jogo de palavras feitas em suas letras, que acabam confundindo o ouvinte/leitor numa profusão de termos, aglutinações, rimas, substantivos e adjetivos. Isso torna as canções muito ricas em conteúdo, mas dá um certo trabalho extrair o pleno significado delas, apesar de ser impossível extrair todo o significado de todas as canções.

Só para deixar claro, o álbum é sobre abuso sexual e finalmente estar hábil a falar sobre isso, no entanto, há muito mais nas entrelinhas de todas as canções, com muitas críticas sócio-políticas, de uma forma que só uma banda de latinos nerds nascidos no sul dos EUA poderiam fazer.

Já as harmonias são complexas, há riffs pesados de guitarras, dedilhados extremamente bem elaborados e saltos intensos no tempo das canções, guiados pela bateria e o baixo, além dos vocais magníficos de Cedric Bixler, que numa hora está cantando calmamente e na outra está gritando tão forte que dá pra sentir o seu pulmão quase explodindo, mas sem perder o ritmo.

É, de fato, uma amálgama de tudo o que o rock deve e pode ser nos anos mais recentes.

Além disso, há uma forte presença de experimentações, com suaves melodias eletrônicas que guiam a atmosfera de cada canção e servem como pequenos interlúdios entre determinadas partes do CD.

Enfim, At The Drive-in volta com fôlego total, mostrando que esse gênero musical que tanto amamos não é lugar pra peixe pequeno. Talvez, de novo, seja necessário muita coragem, culhões, suor e paixão pra brilhar nesse campo.

4 pontos