quarta-feira, 24 de junho de 2020

Links sortidos de quarta #45

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Continuamos lembrando que imposto é roubo.

A pandemia é uma farsa.

Por culpa dos criminosos de toga, o Brasil afunda cada vez mais no obscurantismo, mas não podemos nos esquecer de que isso já foi escrito e há um ano, Weimtraub, o maior guerreiro que o governo Bozo já viu, nos alertava disso.

Mesmo com o Novo traindo o povo brasileiro com princípios puramente econômicos, continuo confiando no partido, que tem membros muito decentes, o maior deles, talvez, sendo Marcel van Hattem.

Porque todo homem deve ser forte?

Na raba, toma buttercup!

segunda-feira, 22 de junho de 2020

A internet brasileira caminhou quilômetros para frente na semana passada

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Há uma sensação egotística de acreditar que vivenciamos momentos especiais e únicos na história, provindo da nossa necessidade de afirmação. Conforme essas sensações se tornaram banais e altamente divulgadas nos anos logo após o surgimento e popularização da internet, a forma de se abordar esse tipo de situação passou a ser a irônica. No entanto, há momentos que são realmente históricos e nós podemos entendê-los logo após vivê-los pelo impacto silencioso que eles nos causam.

Foi assim quando o Pânico, aos poucos, foi crescendo e se tornando o veículo de mídia principal para se obter conhecimento das ideias políticas atuais do país, foi assim ao vivermos a calmaria pós-2013, foi assim quando houve um crescimento de ideias conservadoras na internet por volta de 2010... O impacto é silencioso, ou seja, sentimos que algo foi feito de impactante, mas não podemos colocar em palavras o que é que sentimos e apenas tempos, meses ou anos, depois é que conseguimos entender.

Semana passada, dois momentos geraram esse impacto silencioso: a conversa do Flow Podcast com o XBox Mil Grau no meio da semana e a conversa de Maicon Küster com Gambit.

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Já falei do quão importante foi a conversa com o Xbox Mil Grau no Flow aqui, mas nunca falei dessa "polêmica" que o Maicon criou. O caso é o seguinte: o Maicon, junto com o Orochi e o LubaTV reagiram a um vídeo de um pick-up artist (talvez um termo pejorativo?), onde ele se filmou chegando do nada numa mulher e ia parando o vídeo para comentar. O vídeo, polêmico em seu conteúdo por envolver situações que ofendem as sensibilidades atuais da sociedade, fazia parte de um curso para melhorar a auto-estima de homens e mostrava como o cara mais desajeito e estranho poderia se dar bem com uma mulher do nada, no meio da Paulista, num domingão de sol.

E deu certo... no final, o cara beija a menina, mas o vídeo é todo cortado e não mostra como o Gambit (o tal pick-up artist) chegou até aquele ponto, qual o intuito daquilo e quais as consequências. Ou seja, aquele vídeo era um chamariz, colocado no Youtube para chamar a atenção mesmo e vender um produto, que aparentemente dá certo, pois no site oficial do cara encontramos depoimentos de ex-clientes.

O vídeo de reação explora bem as sensibilidades atuais da sociedade, com piadas e do jeito irônico que lastimavelmente os youtubers atuais escolheram usar. A reação em si não acrescenta nada ao debate, fora um ou outro comentário do LubaTV.

Porém, o Maicon lançou um outro vídeo na sexta-feira da semana passada, conversando com o Gambit e o resultado foi realmente construtivo. Lá o Maicon não esconde as suas críticas, honestas e até pesadas, mas também ele se esforçou para ouvir e entender o outro lado e o Gambit tem uma puta oportunidade de explicar o seu trabalho, contextualizar o vídeo e, de certa forma, limpar a sua imagem.

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A real é que ele não é um simples pick-up artist, mas um especialista em interação social, com um curso para melhorar a comunicação dos homens na hora da sedução, mas com um trabalho voltado a melhorar a comunicação de homens de uma maneira geral. Sabe os caras excluídos que não saem de casa, não tem amigos e estão a todo momento minando a própria auto estima? Pois é, ele ajuda esses caras e, de certa forma, faz mais pela sociedade do que qualquer jornalista ou justiceiro social de Twitter.

A verdade é que ele é uma boa pessoa e faz um trabalho muito interessante. No final, o Maicon deixa ainda suas críticas e é complicado mesmo defender algumas coisas que estão no vídeo, mas o Gambit mesmo assume que aprendeu muito e esperamos que ele mude algumas atitudes. Porém, o seu trabalho de melhorar a auto estima de homens, suas abordagens sociais e mesmo a sua vivência pessoal deve continuar.

O que esse evento e a conversa com o Xbox Mil Grau têm em comum?

Têm em comum que eles não seriam coisas que aconteceriam há um ou dois anos atrás, num Brasil extremamente dividido, onde não havia espaço para o diálogo e a honestidade intelectual. O fato de eventos como esse existirem e os dois na mesma semana são indicativos de uma melhora no clima social do país, avanços foram feitos em direção a união do país. Não há mais espaço para direita contra esquerda, mas há amplo espaço para o diálogo e quem não adotar isso, sofrerá muito.

Semana passada escrevi um post dizendo que o Flow iria sofrer muito ainda. Hoje já não sei mais se mantenho essa opinião, pois o vídeo do Maicon me fez retomar a esperança de que caminhamos para um lugar melhor nos discursos sociais brasileiros.

E que melhore!

sexta-feira, 19 de junho de 2020

O que o Flow, Joe Rogan e Pânico na Rádio têm em comum?

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Essa semana foi conturbada na internet... os politicamente corretos ficaram todos doídos porque o Flow foi receber os novos racistas do momento: a dupla por trás do Xbox Mil Grau.

Não importa o que pensamos sobre os caras do canal, até porque o canal já foi parar no limbo da internet, mas o interessante é que o Flow abriu espaço para bater um papo honesto com a dupla e isso deixou muita gente inconformada. De "passar pano pra racista" até "fazer tudo por view", a internet virou, novamente, um poço de santidade, sem espaço para fazer coisas por dinheiro ou assumir a inocência de um qualquer.

No entanto, é exatamente esse o projeto do Flow e é essa a razão de eu ter achado muito foda o projeto, mas também ter achado que ele não viveria muito tempo. E, de fato, agora já temos aí mais de um ano de Flow e eles enfrentam banimentos no Twitter e tentativas de "cancelamento" no Twitter.

A vida não é fácil para alguém que se dispõe a discutir, honestamente, ideias e acontecimentos na Terra de Santa Cruz.

Sim, discutir, honestamente. Foi apenas isso que Igor e Monark, os responsáveis do Flwo fizeram no podcast em que entrevistaram o Xbox Mil Grau. Pra quem nunca viu ou ouviu falar, o Flow é um podcast apresentado por dois caras, que, em momento algum, se assumem donos da verdade e por essa humildade, eles realizam um programa de entrevista, completamente espelhado no Joe Rogan Experience. Até mesmo a estrutura é a mesma, com um técnico atrás das câmeras, que ficam viradas para uma mesa de madeira, onde os apresentados e convidado sentam para bater um papo. A abertura é total e nunca dá pra saber o que eles irão falar e disso sai Davy Jones e Venom Extreme batendo um papo sobre religião, Kim Kataguiri falando de Jojo's Bizarre Adventura, Benê Barbosa conversando sobre Zelda e Rato Borrachudo explicando o grafeno. É uma loucura, assim como o Joe Rogan Experience.

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No entanto, o Joe Rogan Experience é um podcast gravado nos EUA e lá há diferenças substancias com a cultura brasileira, uma delas é a relação dos cidadãos com princípios fundamentais garantidos na Constituição e um deles é o da liberdade de expressão, a qual é adotada a níveis extremos por lá. No entanto, é essa mesma liberdade ao extremo que garante aos habitantes daquele país uma compreensão maior de suas responsabilidades individuais, o que escapa da mente do brasileiro médio.

Para o brasileiro médio só existem dois meios de se falar de algo: o sério e o cômico. Ou você é um especialista ou você é um brincalhão. Não existe o meio termo e é uma vergonha admitir a falta de conhecimento e se curvar diante de quem possui o conhecimento necessário para te instruir. Talvez até mesmo por isso seja tão difícil ser professor no Brasil, afinal, por aqui o professor não ensina nada ao aluno, ele aprende com o aluno.

A estrutura hierárquica da qual se extrai todos os direitos ao mesmo tempo em que se toma compreensão dos seus deveres é ausente na mentalidade do brasileiro médio e além das óbvias consequências políticas e econômicas, temos ainda consequências não-tão óbvias socialmente falando, como, por exemplo, a impossibilidade de se trabalhar com os extremos.

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Não é a toa que um programa de comédia ganhou tanta relevância em anos recentes. O Pânico na Rádio, que nunca se considerou um programa sério, se tornou o principal veículo para conhecermos as ideias dos candidatos a presidência em 2018, colocou em destaque figuras polêmicas em momentos cruciais da história recente do país e assumiu a dianteira como veículo de informação.

Apesar de seus integrantes insistirem na chacota e chamar o programa de "desserviço para a família brasileira", ele se tornou, sim, um dos principais veículos de informação do Brasil.

Assim como o Flow.

Aliás, isso já havia sido salientado por Rogério Skylab na sua entrevista, mas assim como o brasileiro médio, Skylab assumia que o Flow deveria cortar certos comentários de seus entrevistados para que os assuntos abordados não saíssem do controle e entrassem na "desinformação".

A verdade é que um podcast como o Flow está anos-luz há frente da mentalidade média brasileira. É um programa que não perdoa e no podcast com o Xbox Mil Grau pegaram pesado com eles, insistindo muito em temas que os cancelados estavam errados, ainda que irredutíveis e, ao final, não chegaram num acordo de paz ou mesmo numa resposta que fosse pacificadora. Ao contrário, apenas solidificou as opiniões já existentes sobre o Xbox Mil Grau, sejam favoráveis ou desfavoráveis.

É o ápice da imparcialidade, que perceba, não é ausência de opinião. Os integrantes deixam claro a sua opinião, mas se esforçam para apresentar as informações de maneira objetiva e deixar seus convidados a vontade para falar o que quiserem. É uma aula de jornalismo que muitas faculdades não têm.

Depois de toda essa polêmica, a imagem do Flow deve sair ainda mais consolidada, embora provocando figuras fortes da internet, como a própria patrocinadora do podcast, Twitch e isso apenas expõe a hipocrisia de figuras importantes dentro do mundo digital, além de colocar em evidência a importância do apoio individual a cada um dos projetos que gostamos.

A vida de Monark e Igor deve se tornar ainda mais difícil, mas isso faz parte do jogo, assim como a vida de Emílio e cia não é fácil, mas eles têm seus meios de fugirem dela.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Dica musical: "Goons Be Gone" do No Age (2020)

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Quinze anos de carreira fizeram do No Age uma sólida banda de rock enraizada no noise, mas buscando altos patamares. Há anos que o No Age deixou suas raízes noise/punk/rock de garagem para buscar sons diversos, algumas vezes mais lentos, outras mais melódicos, talvez chatos, mas nunca deixando de ser interessante.

Mas o que mais sobraria para uma dupla de rock? Afinal, não podemos esquecer que a banda é, na verdade, uma dupla. Uma banda de dois, por assim dizer e isso acarreta diversas limitações. Fazer um som barulhento pode ser ainda mais entediante e se aventurar no campo do som experimental, buscando alternativas para o som que produziram nos quase primeiros dez anos de carreira fez muito bem para o No Age entender o seu lugar dentro do mundo da música.

E seu lugar é como uma sólida banda de rock agitado, enérgico e barulhente. Em Goons Be Gone eles voltam assumindo de vez uma postura barulhenta, explosiva e cheia de energia, mas com pitadas de experimentalismo que quebram a monotonia do que uma barulheira danada pode causar. O resultado é um excelente álbum de noise, com um pé no punk e digno de figurar entre os grandes nomes do gênero, como as lendas japonesas, Boris e Melt Banana.

Porém, o álbum também engana, afinal para o ouvinte descuidado pode achar que essa é a mais nova banda de punk do momento e ao ouvir o resto das músicas irá se espantar. Não se espante, apenas deixe-se levar pelo barulho de guitarras distorcidas e batidas repetitivas de bateria, sem se importar com os resultados que isso pode trazer para a sua audição.

Vale muito a pena.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Old Black Block

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- Filho, eu descobri essas coisas no seu armário...

- Qual é o problema de ter uma máscara do Anonymus e um taco de Baseball?

- Você usa isso?

- Não... quer dizer, às vezes.

- É que estou precisando, será que você me empresta?

- Precisando..? Pra quê?

- É que eu li as coisas que você andou escrevendo na internet...

- Você andou lendo meu Face?

- Qual é o problema, não é publico?

- É, mas...

- Pois é, eu li o que você escreveu, e...

- Pai, eu sei que você não gostou do que eu escrevi lá, mas eu não vou discutir, são as minhas idéias... Eu tenho 27 anos! Sou anarquista, e...

- Não! Eu achei legal! Você me convenceu!

- Convenci o Senhor? Do quê?

- Tá tudo errado mesmo! Você faz bem em nunca ter trabalhado. Eu li o que você escreveu e concordo. Agora eu sou anarquista também, que nem você!

- Você o quê??? Pai, que história é essa?! Você está maluco??

- É, você fez a minha cabeça! Tem que quebrar tudo mesmo! Agora eu sou Old Black Block!!!

- Pai, você não pode!! Você é diretor de uma empresa enorme! E...

- Não sou mais não, larguei meu emprego, e mandei meu chefe tomar no ... Mandei todo mundo lá tomar no ...

- Pai, você não pode largar o seu emprego, você está lá há 30 anos! Isso é um absurdo!

- Posso sim, aliás já tô juntando uma galera pra ir lá e quebrar tudo!

- Quebrar tudo, onde??

- No meu trabalho, vamos quebrar TUDO! Abaixo a opressão! Abaixo tudo! Sou contra TUDO!!

- Você não pode fazer isso Pai!

- Posso sim! É só você me emprestar a máscara e o taco de Baseball. Você vem comigo?

- Não, acho melhor não...

- É melhor você vir junto, porque agora que eu larguei tudo, a gente vai ter que sair deste apartamento.

- Sair daqui? E a gente vai morar onde??

- Sei lá! Vamos acampar em frente a uma empresa Capitalista qualquer e exigir o fim do Capitalismo!

- Pai, você não pode fazer isso, não pode abandonar tudo!

- Tô indo, fui!

- Peraí Pai! Paai! E minha mesada, e meu carro? Onde eu vou morar?? E as minhas férias em Floripa? E meu computador? E minha internet de fibra ótica? Volta aqui!Volta aqui, Pai! Voooooltaaaaaaa!!!

Como dizia Margaret Thatcher: O socialismo é muito bom, mas só enquanto durar o dinheiro... dos outros.

Autor Anônimo

terça-feira, 9 de junho de 2020

Dica musical: "Songs from Northern Torrance" de Joyce Manor (2020)

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Reunindo raros registros dos primórdios da banda, esse CD se destaca na discografia recente de Joyce Manor, pois contém algumas das mais brutais, enérgicas e sensíveis canções que eles já produziram.

Gravas entre os anos de 2008 e 2010, ou seja, há mais de uma década, as dez canções de Songs from Northern Torrance são demos, mas também registros musicais do início da carreira dos músicos californianos de uma era há muito esquecida, a de quando eram apenas um duo acústico. No entanto, apesar da falta de distorções e baterias, eles já carregavam toda a energia que consagrou o nome deles na história recente da música punk.

Agitadas, fortes e rápidas, o álbum todo não acumula mais que 20 minutos, mas são um belo conjunto de canções prontas para habitarem as playlists de qualquer fã da música punk. É uma explosão de energia atrás de outra e tão rápido ela chega, ela vai e some e você fica com aquele gosto de quero mais nos ouvidos.

No entanto, é necessário discrição, pois você irá se pegar cantando alto essas músicas na rua, balançando a cabeça e em tempos de pandemia pode muito bem ser preso por isso. Outro aviso: tenha dó dos seus vizinhos que não foram abençoados com o seu gosto musical.