sábado, 29 de março de 2014

Dica televisiva: "Black Mirror" 2ª temporada (2013)

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Já havia indicado a primeira temporada dessa maravilhosa série no meu antigo blog, isso foi há uns 2 anos. Ano passado, a segunda temporada foi lançada, mas eu nem fiquei sabendo e só assisti ela ao longo dessa semana.

O formato e a premissa é o mesmo que a primeira temporada. Em três episódios, cada um contando uma história diferente, a série mostra o impacto da tecnologia nas nossas vidas.

Nessa temporada, percebo que a série ficou menos centrada em mostrar tecnologias futuras, mostrando acontecimentos que poderiam acontecer nesse ano mesmo ou em um futuro muito próximo.

O primeiro episódio, que pode ter inspirado o filme "Her" conta a história de uma mulher, que ao perder o marido, entra em um programa que reconstitui a voz dele para que ela possa superar o fato de que ele morreu. Assim como em "Her", as complicações aparecem quando seu relacionamento com o programa de computador vira parte essencial de sua vida.

No segundo episódio, somos apresentados à um futuro onde seres humanos foram controlados por um sinal de TV misterioso e agora se dividem nos telespectadores, que ficam sempre filmando, nos caçadores e nos fugitivos. No entanto, nada é o que parece ser.

E no terceiro episódio somos apresentados ao desolador futuro próximo, onde um desenho animado consegue influência política o suficiente para concorrer à um lugar no parlamento inglês, com horríveis ideias niilistas.

Você pode notar um forte apelo político nessa temporada também, talvez pelo momento que o Reino Unido estava passando quando essa temporada foi feita.

Enfim, é uma ótima série, que merece ser assistida e irá fazer você pensar duas vezes antes de glorificar uma nova tecnologia.

Do ano passado pra cá muita coisa aconteceu, inclusive sobre esse tema obscuro que é a tecnologia atual e boatos dizem que  a terceira temporada será ainda melhor.

Só nos resta aguardar.

4 pontos

sábado, 22 de março de 2014

Dica cinematográfica: "O gigante egoísta" (2013)

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"O gigante egoísta" é uma delicada e complexa crônica  sobre o entendimento do nosso mundo atual.

Como toda obra de arte complexa, cada um têm sua própria compreensão sobre o que é mostrado e a minha foi uma suave crítica ao sistema capitalista e sua mediocridade, selvageria e desrespeito com os seres humanos.

Neste filme somos apresentados a dois amigos vindos de famílias pobres e problemáticas. Um deles com problemas mentais e o outro, mais velho e responsável, tem sérios problemas quanto à sua atitude.

Nesse delicioso filme acompanha os dramas vividos pelos dois, a corrida desesperada por dinheiro, com esperanças de que suas famílias melhores e o horrível e pesado encontro com uma verdade que ninguém está preparado para ouvir, ou sentir.

O filme passa rápido, abordando suas críticas de forma inteligente e muito sútil, quase que despercebido, sendo contida em poucas palavras, pronunciadas em segundos pelos personagens.

A parte técnica também está de parabéns e a ausência de uma trilha sonora só faz aumentar a ambientação desolada e melancólica do filme, contribuindo para a obra se tornar um espetáculo, tanto de narrativa, quanto em produção e crítica social.

No final, somos levados à um acontecimento trágico, que muda a vida de todos, sem perdoar ninguém, levando a conclusão de que no mundo em que vivemos, no ritmo em que andamos, não chegaremos à lugar algum.

4 pontos

terça-feira, 18 de março de 2014

Dica musical: "Rooms of The House" (2014)

La-Dispute-Rooms"Maturidade é uma palavra estranha".

Assim começa o review do novo cd da banda La Dispute: "Rooms of The House"; no site da AltPress.

E continua dizendo que muitos artistas usam essa palavra para descrever seus novos lançamentos, como uma forma de fazer seu álbum vender mais, apenas para que as pessoas descubram que eles não soam nada diferente dos artistas que eles ouvem todos os dias.

Na verdade, maturidade não é algo que se proclama, é algo que se percebe, nos outros e nunca em nós mesmos.

La Dispute é um exemplo. Seu primeiro CD soava como um revival do screamo das últimas décadas que havia perdido forças naquela época, uma época onde outras tantas bandas seguiram por esse caminho. O segundo CD, "Wildlife", tornou-se um clássico moderno, com uma centena de fãs quietos, ouvindo suas músicas em seus quartos, assistindo a chuva cair, desenhando, escrevendo, entretendo-se com uma dezena de músicas com ótimas letras e uma sonoridade mais agressiva e consistente que o primeiro CD.

Em "Rooms of The House", a banda encontrou um meio termo entre os dois, com melodias  perfeitamente encaixadas com os vocais de Jordan Dreyer, ou seria melhor dizer a mudança de vocais do vocalista?

Em relação as letras, você pode perceber como a maturidade é, de verdade, além dos melodias bem feitas, consistentes em sua proposta inicial, sem sofrer alterações por grandes influências externas ou algo assim, encontramos um CD com letras bem elaboradas, feitas à partir de uma perspectiva onisciente, o que faz de La Dispute uma das bandas mais corajosas do mundo da música atual, contando histórias no meio de suas músicas, guiando-nos pelo mundo perturbado dos personagens criados por Dreyer, fazendo-nos sentir suas angústias, medos e sentimentos, com analogias e jogos de palavras que artistas com o dobro da idade deles mal conseguem imaginar.

Tudo isso no meio de uma cena musical onde quanto mais você fala de si, esforça-se para aparecer, colocar sua cara nos jornais e TV's, sendo o mais sincero possível em relação ao que você sente e suas relações de uma noite com pessoas que você mal sabe o nome, faz com que as pessoas te amem cada vez (Vide qualquer música de uma das bandas que fazem sucesso hoje em dia).

Em meio a uma produção extremamente original, ainda somos agraciados com dois momentos de nostalgia, quando riffs de um dos clássicos de "Wildlife" iniciam duas músicas diferentes no meio do álbum todo.

Enfim, "Rooms of the House" uma obra-prima, testemunha de um crescimento exponencial tanto melodicamente, quanto liricamente de uma das bandas mais criativas e interessantes do nosso século, no entanto ainda resta a velha dúvida se esse durará como seu antecessor, que ainda respira vivamente nas prateleiras de quem comprou o CD ou nas bibliotecas virtuais de quem o baixou.

5 pontos

domingo, 9 de março de 2014

Dica televisiva: Ergo Proxy

ergopr13Ergo Proxy é um anime de 2006, com um nível de experimentalismo muito forte, envolvendo filosofias diversas em uma história de suspense e ficção científica, além de misturar CG, com animação tradicional 2-D e alguns efeitos especiais computadorizados muito utilizados em filmes de ação.

A história de Ergo Proxy se passa em um futuro distante, num mundo pós-apocalíptico, onde as pessoas vivem numa hipo-utopia, uma era após a utopia ou a distopia, onde não há mais futuro, eles são o futuro e não há mais para onde ir, seja pelos avanços científicos, o controle social ou simplesmente pelo tédio, a ideia de não ter mais o que fazer.

Na cidade de Romdo, uma redoma protegida do mundo exterior infectado e destruído, os seres humanos convivem junto com autoreivs, andróides com a função de proteger seus donos ou de fazer companhia, depende da função. No entanto, esse equilíbrio começa a ser ameaçado ao acontecer assassinatos e outros acidentes envolvendo autoreivs infectados com Cogito, um vírus que os faz adquirir consciência e querer partir em alguma jornada existencial para descobrir se sua consciência sempre existiu e só então foi despertada ou se sua consciência é um fruto das experiências que viverão.

Para deter o vírus, o governo central de Romdo começa a fazer testes com criaturas chamadas Proxys, seres tidos como imortais e onipotentes, uma espécie de deus, mas um deles sai do controle, ameaçando a ordem natural regida na cidade, envolvendo cidadãos ideais como Vincent Law, um imigrante e Raul Creed, chefe do escritório de segurança da cidade.

Um resumo da história é muito difícil de ser feito, pois envolve ainda outros personagens, como Re-I Mayer, neta do regente de Romdo e que trabalha na companhia de inteligência da cidade, investigando os crimes cometidos por autoreivs e Pino, uma autoreiv infectada que se aproxima de Vincent na sua busca existencial. A história também foca muito no desenvolvimento dos sentimentos e pensamentos dos personagens, sendo maçante em muitos momentos.

De fato, eu achei que Ergo Proxy seria muito bem contado em 12 episódios e se fosse criado nos dias de hoje, seria assim.

Esse é o seu ponto baixo, além da animação, que, talvez pela época em que foi feita, não seja surpreendente, apesar de usar CG e efeitos de computador, afinal, é um anime experimental, tanto na qualidade da animação, quanto na história.

E também é experimental na trilha sonora, fazendo você pensar que é uma série estadunidense, com os típicos ritmos de pressão e suspense, além da abertura e encerramento, ótimos, porém cantados em inglês.

Enfim, Ergo Proxy não é anime para qualquer um, muito pelo contrário, é um anime difícil de ser compreendido, cansativo, mas que tem seus pontos positivos e um final satisfatório, fechando todos os mistérios colocados durante seus mais de 20 episódios.

4 pontos

sábado, 8 de março de 2014

Dica literária: "The Circle" de Dave Eggers

The-Circle-by-Dave-EggersSó destruí dois livros na vida por que suas histórias são tão raivosas, tão enervantes, tão irritantes que me fizeram ter vontade de rasgá-los ao meio, partir a cara do escritor que os escreveu e fazer esses livros serem esquecidos no limbo literário que tantos autores ficaram presos.

O primeiro foi "O cortiço", que eu detonei após ler o capítulo final no  banheiro da minha casa, rasgando e ateando fogo nele e jogando o que restou na privada.

O segundo foi "The Circle". No entanto, esse livro ainda assim mereceu uma dica.

The Circle conta a história de Mae, que acaba de entrar na empresa de tecnologia mais badalada do momento, o Circle, num momento onde a empresa decide adotar diversas tecnologias novas para melhorar a vida das pessoas, vigiando-as, compartilhando todas as suas informações através de micro-câmeras, nanobots instalados em seus corpos e outros meios, enviando todos esses dados para a nuvem que a empresa criou. Empresa que domina 80% por cento do mercado de tecnologia, desde sistemas operacionais até tecnologias militares.

É uma ótima distopia e assim como "1984" e "Admirável Mundo Novo", esse livro te deixa com muita raiva, mas ao contrário dos 2 clássicos do gênero, não é o governo quem dá as ordens por aqui, é uma empresa de tecnologia, algo muito mais fácil de ser aplicado à vida do cidadão comum, próximo dos jovens  e elevado a um status de grandeza que as faz estarem sempre certas (Jovens se adaptam fácil às novas tecnologias e os velhos tem que se acostumar com isso).

Não há força bruta aqui, não há uma figura central, há apenas uma empresa, comandada por 3 figurões ricaços e o discurso do compartilhamento.

Em determinado momento do livro, no final da primeira parte, a protagonista chega a conclusão, junto com um dos donos da empresa, que segredos são mentiras.

À partir a história se torna enervante, pois câmeras são instaladas em todos os cantos, todos adoram esse compartilhamento em massa e aqueles que são contra são facilmente esquecidos. Políticos são envolvidos em casos de pedofilia digital, de um dia para o outro, artistas são esquecidos numa multidão de novos acervos musicais e gráficos e a natureza é agredida ao ponto da empresa usar uma caverna inundada para manter os servidores da empresa.

Todas essas críticas são feitas de uma forma tão sutil que quase passam despercebidos, deixando uma sensação estranha de incomplementaridade, o que deixa o autor bem atrás de George Orwell e Aldous Huxley, que guiavam suas narrativas de forma abismal, publicando clássicos com menos de 200 páginas.

Já "The Circle" tem mais de 500 páginas, é maçante, com uma protagonista horrível, superficial e fraca, que se torna arrogante, mesquinha e traiçoeira conforme o livro avança. Claro que isso não é um elemento aleatório, foi colocado de propósito ali, nós devemos sentir raiva da Mae, no entanto isso cansa.

A apatia dos personagens, sua cegueira perante novas tecnologias e o modo como eles exaltam a empresa, além da ideia perturbadora de um mundo onde você têm câmeras em cada esquina, cada casa, cada cômodo e em volta dos pescoços de todos os seres humanos é perturbador demais para ser acompanhado por 500 páginas.

Mas, no fim, é um livro que têm que ser lido, ao contrário de "O cortiço", The Circle mostra uma distopia nova, muito próxima da realidade e que pode acabar nos matando.

2 pontos e meio

terça-feira, 4 de março de 2014

Dica musical: "Oxymoron" do Schoolboy Q

Schoolboy-Q-OxymoronA primeira dica musical do ano... E é um álbum de rap!

Pois é... Eu também gosto de rap.

Schoolboy Q é um rapper estadunidense, que mora na Califórnia e acabou de lançar esse álbum, recheado de canções agressivas, samples de jazz e aquele estilo clássico de gangster.

Apesar do seu lado gângster, Schoolboy Q sabe o que fala, criando boas rimas, bem encaixadas nas suas batidas sombrias e com um "q" esperto de groove.

Então, deixando de lado os palavrões e a atitude clara de gângster que ninguém mais aguenta ver na cena hip hop, "Oxymoron" é um bom CD, fácil de ouvir e com algumas pérolas que podem ficar nos ouvidos por algum tempo.

3 pontos e meio

segunda-feira, 3 de março de 2014

Dica gamística: "Luigi's Mansion: Dark Moon"

th"Luigi's Mansion: Dark Moon" é a continuação do jogo para GameCube (acho) Luigi's Mansion.

Como não conheço o primeiro jogo, vou apenas falar desse, que têm um enredo bem simples e quase infantil, onde o professor E. Gadd trabalha tranquilamente em seu escritório com seus ajudantes fantasmas quando, subitamente, o Rei Boo destrói o satélite que mantém os fantasmas dóceis e amigáveis, a Lua Negra. Como Mario está desaparecido, o professor acaba chamando Luigi, que aceita de livre e espontânea pressão ajudar o professor a recuperar todos os pedaços quebrados da lua, espalhados em 6 mansões.

Com esse enredo simples, esse jogo surpreende, primeiro, por que o desenvolvimento da história é muito cativante, envolvendo você e deixando-o curioso para passar por todas as fases e saber logo o que acontece.

Segundo, pelo visual estonteante. "Luigi's Mansion: Dark Moon" é um dos jogos mais detalhistas que tem para plataformas portáteis, afinal, que jogo têm salas, corredores, cavernas e terraços recheados de objetos com a possibilidade de interação com cada um? E neles você acha alguma surpresa, não é que nem os baldes de lixo do Pokémon, que não tem nada. Sem mencionar o visual, as cores e as animações, tudo muito bem feito, muito belo e característico.

Terceiro, esse jogo é difícil. Difícil pra caramba e por diversas fases você vai se pegar irritado, gritando com o Nintendo 3DS mandando os fantasmas tomarem naquele lugar e o jeito mole do Luigi.

Por falar no jeito mole do Luigi, talvez esse seja o primeiro grande diferencial do jogo. Ele não é como Mario, não é corajoso e destemido, é medroso, desajeitado e engraçado de um jeito cartunesco, o que surpreende e promove bons sorrisos durante toda a jogatina.

Enfim, "Luigi's Mansion: Dark Moon" é um ótimo jogo, que merece o título de "Um dos melhores jogos já lançados para Nintendo 3DS" e seu único ponto fraco é ser difícil mesmo.

4 pontos e meio

domingo, 2 de março de 2014

Dica Cinematográfica: Drive (2011)

32822d4b9d9f1277db6527e6d47c21a4_jpg_210x312_crop_upscale_q90"Drive" é um filme de 2011, o primeiro da relação Ryan Gosling-Nicolas Winding Refn e também o mais bem sucedido dentre os dois.

É um filme baseado no livro homônimo de 2005 e conta a história do Motorista, um dublê de filmes de ação de Hollywood, mas que também trabalha como motorista de fuga para ladrões, mas que se envolve com uma mulher casada e na tentativa de ajuda o marido dela a quitar uma dívida feita com bandidos na prisão, acaba se vendo numa rede criminosa, sem sinal de final feliz.

"Drive" é um ótimo filme (o que explica a expectativa em torno do filme "Só Deus perdoa", mas que não é bom, talvez pelo fato de não ser baseado num livro), com uma narrativa puramente cinematográfica, onde o movimento das câmeras, a edição e até a iluminação ajuda a contar a história, além de ser um filme cru, sutil e belo ao mesmo tempo, com ótima iluminação, jogo de câmeras, edição e trilha sonora.

O filme mostra como o diretor é fascinado com cores neon vibrantes e têm um "q" de anos 80, sempre abordando com sutileza essas influências, além de contar com ótimas cenas de ação, perseguição com carros e uma pitada de gore, para nossa alegria, mas sem cair na violência gratuita. Tudo bem medido e bem realizado.

Enfim, um clássico moderno.

5 pontos