quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Dica literária: "No. 5" de Taiyo Matsumoto (2000)

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Mais uma dica de um mangá escrito pelo fantástico Taiyo Matsumoto.


No. 5 é um instigante thriller de ficção científica que conta a história de Yuri, um ex-integrante do Conselho Arco-Íris e o número 5 na hierarquia do grupo. Após invadir o castelo de Número 1 e raptar uma misteriosa mulher chamada Matryoshka, Número 5 inicia uma fuga pelo mundo pós-apocalíptico, semi-utópico em que se passa a história. Enquanto isso, Número 1 pede para que os membros restantes do Conselho corram atrás do fugitivo e sua refém.


Basicamente essa história, que fica bem clara no primeiro volume e se desenrola das mais diversas formas ao longo de seus 8 volumes. Cada um dos integrantes do Conselho Arco-íris toma conta de uma região do mundo e através dos olhos deles e de Número 5 somos apresentados à todo o mundo fantástico, criado por mãos humanas após a devastação de todos os seres vivos da face do planeta. Muitos personagens são movidos pelo desejo de criar um futuro melhor, nem que seja impondo-o, manipulando as pessoas, a genética e a vida de um modo geral.


Outros personagens decidem escolher a liberdade de pensamento, de escolha e viver com aquilo que gostam, mesmo que escondidos, enquanto que a maioria simplesmente se rende ao poder maior e entram em uma melancólica indiferença em relação ao que fazem e ao que vêem outros fazendo.


No. 5 têm muito crédito narrativo, tendo quadros enormes, assim como seus capítulos, com muitas páginas; mas que não cansam quem o lê. Às vezes, a história se torna confusa, com perguntas que só são respondidas capítulos após serem colocadas a xeque, também conta com muitas reviravoltas e uma linha do tempo, em determinados momentos, não linear, o que te confunde, mas que não prejudica o todo.

Também têm muito crédito artístico, afinal é feito no característico estilo de Matsumoto, simples, sujo, parece que foi feito com caneta sem rascunho, nem nada, sem preocupação.No entanto, ao longo dos volumes é perceptível que Matsumoto têm cuidado ao fazer seus mangás, de um modo geral, eles são feitos de uma forma só, mas às vezes, capítulos inteiros são feitos como se tivessem sido desenhados com lápis, outros são feitos com traços grossos, ilustrando magistralmente cenas de batalha ferozes.

E assim, assumindo diversos estilos, criando uma história complexa, cheia de plot-twists e personagens carismáticos e, acima de tudo, humanos, Taiyo Matsumoto criou uma obra incrível de ficção científica, que merece mais atenção do que recebe, atualmente.

4 pontos