segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Dica cinematográfica: "O pequeno soldado" (1960)

Le_Petit_Soldat


"Le Petit Soldat" é um filme dirigido por Jean-Luc Godard em 1960, mas que só foi lançado em 1963, devido a um banimento que sofreu na época de suas filmagens.

É 1958, plena Guerra da Argélia e Bruno, um desertor do exército francês, que vive em Genebra se apaixona por Veronica Dreyer, uma mulher que trabalha para a Frente de Libertação Nacional (FLN). Um partido de extrema esquerda ordena a Bruno matar um jornalista político da rádio suíça, mas o desertor fracassa e decide fugir mais uma vez, dessa vez para o Brasil, junto com Veronica. No entanto, seu plano fracassa e ele é preso e torturado pela FLN.

Antes de mais nada, é preciso explicar um pouco sobre a Guerra da Argélia e tentar entender o contexto em que o filme se insere. A Guerra da Argélia, também conhecida como Revolução Argelina foi um movimento de libertação nacional da Argélia do domínio francês, vigente na época. Essa guerra é lembrada por ter definido a espionagem e o terrorismo modernos, caracterizada pelos ataques de guerrilha e atos de violência contra civis.

Em "O pequeno soldado", Godard expõe um pouco dessa realidade, ao seu modo claro, mas de forma nua e crua. Mostrando que o seu próprio vizinho poderia estar mantendo um inimigo em cativeiro e você nunca iria saber, até que sua janela fosse quebrada e tiros fossem ouvidos. Ele explora também a facilidade com que os atos de violência eram cometidos e como ninguém fazia nada para impedi-los, tanto de um lado, quanto de outro da Guerra.

Mas o que mais fica evidente no filme (e isso eu já não gosto tanto) é que este filme inteiro pode ser tido como uma carta de amor a Anna Karina. Foi através deste filme que os dois se conheceram e as declarações de Bruno nada mais são do que as declarações que Godard queria fazer para ele, servindo com um bode expiatório, caso a musa não quisesse nada com ele.

Enfim, deixando a melação de lado, esse filme é interessantíssimo do ponto de vista histórico, afinal explora uma guerra que até então era inexplorada. Foram quase dez anos de conflito e, até 1960, ninguém ousou explorar isso em um filme, o que torna esse clássico um filme imperdível, apesar da melação desnecessária.

3 pontos e meio