domingo, 20 de setembro de 2015

Dica cinematográfica: "Hacker" (2015)

Blackhat-poster

"Blackhat" é o mais novo filme de Michael Mann, um diretor que eu admiro bastante, apesar de compreender as críticas dirigidas a ele.

Nesse filme, é montado um thriller tecnológico, onde um hacker entra nos sistemas de uma usina nuclear chinesa, causando uma explosão no sistema de resfriamento. Shun, um policial que trabalha no setor de investigações tecnológicas (ou é o que eu imagino) é escalado como investigador principal do caso, contando com a ajuda de uma equipe do FBI. Shun descobre que o hacker terrorista usou um código que ele havia criado junto com um amigo seu dos tempos de faculdade no MIT. Nicholas Hathaway é o nome desse amigo e ele foi preso por usar seus conhecimentos em tecnologia para roubar centenas de milhares de dólares de banco. Juntos, eles começam uma investigação hyper realista e tecnológica que não deixa nada a dever a outros filmes parecidos. Um thriller policial com ótimas adaptações para os dias atuais.

Enfim, vamos aos pontos negativos, o roteiro não é bem feito, mas isso também não é culpa do Michael Mann. As relações entre os personagens poderiam ter sido melhor elaboradas (a relação amorosa de Nic com a irmã de Shun é ridícula, no começo), mas isso não é culpa do diretor, que fique claro. Chris Hemsworth não é um bom ator, nem adianta, ele não convence (o filme todo fiquei imaginando o que Jack O'Connel teria feito no lugar dele) e os outros atores, em consequência disso, não ganham tanto espaço, já que o fiilme se concentra em mostrar a história e alguns simbolismos muito fortes ao longo do filme.

Falando em simbolismos, chegamos à parte boa do filme. Muito da compreensão que se faz do filme é feita de forma subliminar, através de cenas sem falas, mas cheias de símbolos que mostram o que os personagens estão sentindo ou até mesmo fazendo. Isso fica claro quando Nic é solto e olha para o horizonte, desfocado, numa cena em que apenas metade de sua cabeça aparece. Acontecem outros momentos assim ao longo da película, que impressionam demais.

Outro ponto positivo, e isso é totalmente creditado ao Michael Mann, é a forma em que o filme foi filmado. Em tempos de tecnologia 4K e obsessão por imagens cristalinas, só Mann para filmar uma cena de ação com a dignidade que cenas de ação merecem, uma briga de bar, sem cortes na hora dos socos, com câmeras móveis e antigas, dando aquela granulação que todos amamos. Uma verdadeira cena de luta. Sem contar o jogo de câmeras em todas as outras cenas, detalhistas. Esse é o comportamento da câmera em todo o filme e isso fica definido já logo no começo do final, em uma cena de abertura genial, em que acompanhamos o movimento de bits que correm através de cabos, de servidores remotos até centros de comando. Genial.

Enfim, eu entendo as críticas feitas ao filme, mas o principal culpado por esse filme não ser um marco cinematográfico é o roteirista. Já Michael Mann, ele salvou esse filme, em muitos pontos, transformando num filme muito bom, bom mesmo.

4 pontos