sábado, 27 de fevereiro de 2016

Não agradeça a Pokémon Co. pela sua animação com Pokémon Sun e Moon.

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Ontem, o mundo mudou com a notícia do lançamento de Pokémon Sun e Pokémon Moon, os dois novos jogos da franquia que todos adoramos e já queremos jogar, apesar do lançamento ser só no final do ano.

Muito já começou a ser especulado sobre o que vai ter no novo jogo, mas o que chama atenção é um certo sentimento de desapontamento entre os fãs de Pokémon, por uma série de motivos idiotas (mas isso será explicado mais para frente) e por isso decidi fazer esse post, mostrando minha posição em relação a esses jogos e quem você, fã de Pokémon desapontado, não acabe se animando pra caramba também, assim como eu estou!

Aparentemente esse jogo trata-se de uma sétima geração, escrevo aparentemente, por que a sétima geração não foi algo confirmado por meios oficiais, no entanto, a não ser que esse jogo faça um reboot na franquia (o que não seria má ideia), trata-se mesmo da sétima geração de monstros de bolso. Muita gente ficou desapontada com isso, por que, de acordo com eles, já basta de Pokémon, no entanto, isso é um argumento extremamente idiota, já que é óbvio que eles irão aumentar o número de Pokémon até não der mais, inclusive eu acho que as últimas gerações estão se tornando cada vez mais simbólicas, com um número cada vez menor de Pokémon exatamente para funcionarem como uma desculpa para um novo jogo mesmo. E mesmo se tratando de uma nova geração, que inclusive será lançada para um "novo" videogame (o New Nintendo 3DS) podemos esperar um lançamento grande como foi Pokémon X e Pokémon Y, sem sombra de dúvidas o melhor lançamento dos jogos Pokémon desde Pokémon HeartGold e SoulSilver, fazendo dele, também, o melhor lançamento de Pokémon na década, levando-se em conta que esse pode ser um jogo maior e com novas mecânicas (visto que será lançado também para o New 3DS).

Outro desapontamento dos fãs é que, aparentemente, os "mistérios" de Kalos não serão explorados, como o Volcanion (um pokémon que se encontra no código do jogo, mas não foi revelado oficialmente e é o número 721) ou a estação de trem não finalizada do jogo ou a menina fantasma que foi falada por tanto tempo nas interwebs ou ainda uma aprofundada no Zygarde. Pra começar, a possibilidade de um Pokémon Z ser lançado não podem ser descartadas, pode ser um lançamento intermediário entre os jogos Pokémon Sun e Moon e uma outra série de jogos a ser lançada daqui a 6 anos, talvez? Afinal, é de praxe cada geração ter ao menos duas séries de jogos desde Ruby e Saphire. E mesmo que eles abandonem essa ideia, é de uma ingenuidade gigantesca esperar que esses "mistérios" sejam solucionados. O que engana muitos fãs e aborrece (com razão) gamers mais experientes, é achar que esses "mistérios" foram adicionados intencionalmente e terão alguma solução num futuro não muito distante. Pois então eu digo a vocês, vocês estão todos enganados, por que esses detalhes adicionados aos jogos é o que se chama de "encher linguiça", são coisas adicionadas para cobrir um espaço vago no código do jogo e que serve para dar uns minutos a mais na sua jogatina, assim quando você olhar o total de horas que jogou vai pensar que esse é um jogo com muito conteúdo e também serve pra quebrar a monotonia de desmaiar bichos-ganhar experiência-evoluir-entrar numa cidade-conversar com todo mundo-derrotar uns vilões-derrotar os líderes de ginásio-desmaiar bichos. Quem se impressiona com essas coisas é muito ingênuo, só isso.

E outro ponto a ser refutado é o simples desapontamento em si. Por que você, meu amigo Nintendista, fã de Pokémon e brasileiro (isso é um detalhe importante) ainda espera alguma coisa dessa empresa? Por hoje dispensarei a Nintendo de meus comentários maldosos, mas o que é dela está guardado e vou falar apenas da Pokémon Co. A Pokémon Co. é um empresa que se importa apenas com dinheiro, nada do que eles fazem é feito para os fãs e você, libertário anarcocapitalista, pensa "e qual o problema disso?". O problema é que eles, como empresa, não podem se sustentar sem a clientela fiel, no caso os fãs que compram jogos, cartas e pelúcias de bichos tão icônicos. Não há problema nenhum em você faturar às nossas custas, pegue todo o meu dinheiro suado, eu não ligo, mas eu quero qualidade, eu quero me sentir importante para eles. Vou traçar um paralelo com a que deve ser a melhor empresa de games atualmente, a Rockstar. Tudo o que eles fazem é feito de tal forma que acabe gerando dinheiro para eles, os jogos, as campanhar de marketing (ainda que raras), até as entrevistas de suas equipes internas e eu nem devo falar do seu CEO, por que é desnecessário. No entanto, em tudo o que eles fazem, também é notável a importância que eles dão para os seus fãs. Veja, por exemplo, o GTA V, nenhum DLC pago, nenhuma campanha de marketing agressiva e ainda assim é um dos jogos mais vendidos da história, um dos jogos mais assistidos em gameplays do Youtube, é a franquia de jogos mais rentável da empresa e toda empresa do mundo (não só de games) daria o coração de todos os seus acionistas para ter metade do faturamento que a Rockstar tem. Tudo isso é graças a importância que eles dão para os seus fãs e eles ficam atentos ao que eles pedem, algo que fica muito bem ilustrado num acontecimento do ano passado, em que após um DLC, o modo criador, que muita gente usava para criar as corridas mais iradas que você vai ver em gameplays do Youtube, sofreu uma mudança e não foi mais possível empilhar objetos em cima de outros, o que impossibilitava as pessoas de criarem as estruturas bizarras que são marca registrada nas corridas online do GTA. Foi feita uma enorme campanha nas redes sociais para que a Rockstar voltasse atrás nessa atualização e algum tempo depois, voilá, novo DLC, descorrigindo o bug do modo criador, pronto, comunidade de fãs feliz novamente! Sabe quando que o mesmo aconteceria com a Pokémon Co.? Nunca! Por que a Pokémon Co. é uma empresa extremamente fechada, que se importa apenas com o mercado japonês e mesmo assim não liga para os seus fãs japoneses. Há décadas Pokémon deixa dúvidas nas cabeças de seus fãs e elas nunca foram respondidas. Quer exemplos? Pokébola GS, alguém se lembra? Pois é, é bom nem lembrar pra não passar raiva. Quer exemplos mais recentes? Pokémon Bank, por que um serviço de armazenamento de pokémon precisa ser pago? E outra, não é nem pague uma vez e pronto, é um serviço de assinatura! Esse mês mesmo, a Pokémon Co. está "celebrando" os 20 anos de Pokémon e resolve distribuir um monte de pokémon lendários, o primeiro é o Mew, o queridinho da galera, mas aí eles resolvem fazer essa distribuição através de algumas lojas físicas parceiras no Japão, EUA e Europa, apenas. Alguns explicam isso como uma forma da Pokémon Co. manter viva a sua parceria com tantas franquias de lojas de brinquedos e videogames pelo mundo afora, no entanto, essa explicação é um tremendo tiro no pé dos defensores dessa empresa de merda, por que isso só mostra o quão retrógrados eles são. Numa era de mercados digitais dominando a mente (e os bolsos) de todos, pra que se preocupar com franquias de lojas físicas? E pior, franquias que nem estão presentes em todos os continentes do mundo, como nós, brasileiros ficamos nessa história? Aliás, como toda a América do Sul fica? Como ficam continentes inteiros como a África e a Oceania (a desculpa de mercado consumidor não se justifica ao excluir um mercado tão forte e imponente como o da Austrália e a Nova Zelândia)?

Sou fã de Pokémon desde criança e se tem uma coisa que eu agradeço à Pokémon Co. é a de ter me ensinado a lidar com decepções, por que desde os 7 anos sou esfaqueado pelas costas moralmente por essa empresa cretina.

Mas, enfim, jogo novo, vida nova, novos personagens, nova região, novos pokémon e já pipocam perguntas sobre o que esperar desse jogo. Além de elucidar sua cabecinha sobre a Pokémon Co., aproveitarei para deixar claro o que esperar desses novos jogos.

Não foram reveladas nenhuma imagem oficial, mas através do trailer de lançamento é possível ver algumas coisas interessantes. Além de fazer uma bela homenagem a nós, fãs desrespeitados e abandonados por eles, o trailer deixa escapar algumas imagens dos próximos jogos.

A primeira dela é do que deve ser o novo centro pokémon, redondo, mas mantendo, basicamente, o mesmo padrão de cores. Depois, eles mostram alguns veículos. Eu estava com algumas dúvidas em relação a eles, até que, assisti a um vídeo no Youtube do Mr. Lupa Plays e percebi que são todos veículos meio temáticos, um é, claramente, uma ambulância do Centro Pokémon, o outro lembra um veículo de construção com um blastoise em cima, então podemos deduzir que seja um carro de bombeiros (é amarelo, mas até aí tudo bem, por que é um jogo que se passar num outro universo) e o terceiro é uma caminhonete com uma cor verde meio pastel, o que pode-se deduzir pertencer à Safari Zone daquela região. Tudo isso diminuiu minha excitação em relação a eles, por que já deixou claro que iremos encontrar esses veículos em locais e situações muito específicos, provavelmente apenas uma vez no jogo, talvez como uma missão e depois eles viram apenas uma peça no cenário. E eu achando que já ia poder pedir carona no jogo e ver uma animaçãozinha legal do meu personagem no banco do carona com um braço pra fora e uns pokémons na capota. E outro Youtuber achando que, talvez, nosso personagem iria dirigir, MUAAHAHAHAHAHAHA. Iditota... o personagem nem tem idade pra isso na história dos jogos e eles não iriam fazer uma mudança tão drástica como colocar um personagem maior de idade no jogo ou mesmo colocar o personagem pra dirigir, por que a Pokémon Co. só faz apostas seguras e nunca colocaria algo que pudesse gerar o mínimo de controvérsia entre as mães superprotetoras e preocupadas com o que os seus filhos jogam, o episódio do James travesti e o Porygon epilético já foram o bastante.

Depois vemos a melhor imagem até então, um prédio diferente de tudo que já apareceu nas franquias do jogo, com dois personagens na frente; uma menina com uma mala e o Red (!). Aí, há muito a se especular, uns disseram que pode ser um ginásio, outros que pode ser a estação de trem que pode ligar o jogo a Kalos, mas tudo é besteira. Primeiro, por que o prédio não tem cara de ginásio nem aqui, nem na China. Segundo, que, como eu já disse, a Pokémon Co. não se preocupa com o que os seus fãs querem e nunca nos brindaria com algo tão excelente quanto uma conexão entre duas regiões, isso aconteceu há 7 anos atrás, no melhor jogo da franquia e nunca se repetirá, aprendam isso, fãs de Pokémon. É mais provável que isso seja um hotel mesmo, repare que a fonte tem um Horsea esculpido e nas paredes externas há desenhos de pokémons aquáticos, além do fundo claro seguindo uma coloração que vai do branco a um amarelo bem fraco. Pra mim, isso é claramente um hotel à beira-mar. Agora, o ponto que mais intrigou os fãs foi a presença do Red ali, ou, pelo menos, um personagem muito parecido com ele, o que derreteu o coração de muita gente e até o meu, por um momento até eu lembrar de um coisa (quero deixar claro que eu adoraria morder a minha língua aqui e estar errado, mas eu não tenho esperanças em relação a Pokémon Co.), isso é uma arte conceitual e como o nome diz, isso não passa de um conceito, uma arte feita para entender um elemento, ou vários elementos, de forma geral. Os personagens que estão ali não tem a menor conexão com a história dos jogo, eles estão ali desempenhando um papel muito bem definido, o de fazer compreender como aquele prédio deve se comportar em relação aos personagens do jogo, através dessa arte dá pra se ter ideia da perspectiva, do tamanho do prédio, das cores do cenário do jogo e como elas interagem entre si, enfim... é uma arte que serve como guia para os programadores e responsáveis por criar o jogo, mas não quer dizer que ela tenha alguma relação com a história do jogo em si. Sem contar que o Red é o personagem mais icônico de Pokémon depois do Pikachu, eu não duvido nada aquela menina acabar virando uma personagem dentro do jogo, uma dessas treinadoras que enfrentamos incansavelmente ao longo da jornada ("Menina Viajante Melissa te desafia para uma batalha!"), mas o Red está ali apenas como fanservice, o que comprova a minha tese de que os caras da Pokémon Co. são uns tremendos filhos da puta.

Em seguida, somos apresentados ao "esqueleto" digital em 3D de um novo pokémon voador. No começo, eu acho que se tratava do Fletchling, mas eu estava enganado, assim como muita gente e acabei me convencendo de que ele é um pokémon novo, sim.

E, enfim, as logos aparecem, anunciando que os jogos serão lançados só no final do ano. As logos ocidentais não revelam nada, mas há um detalhe nas logos orientais, elas tem umas pedras que parecem o item "Revive" em pé, uma dourada e a outra azul e eu acho que elas provavelmente serão os itens responsáveis por despertar os lendários dessa nova geração, mais ou menos como as orbs são na terceira geração.

Enfim, acredito que novas informações só serão reveladas na E3 desse ano, evento pelo qual estou bastante animado e, em relação as 9 línguas, não se espantem com isso, a Pokémon Co. só está fazendo agora o que todo o mercado de games fez há 10 anos atrás e isso é, também, uma prova do quão atrasada ela está.

Fiquem com Deus, um beijo e um queijo, até mais.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Dica gamística: "Opus: the day we found Earth" (2016)

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"Opus: the day we found Earth" é um jogo para android e iOS, atualizado pela última vez em 2016 (é difícil o dia em que foi lançado, pela primeira vez, na play store), criado pela empresa Team Signal, aparente chinesa, mas pode ser que não, voltada a criar jogos que proporcionem uma experiência única ao jogador e, sendo esse seu único objetivo, devo dizer que a empresa é extremamente bem sucedida.

"Opus" conta a história de Emmeth, um robô criado numa estação espacial pela doutora Lisa para procurar, entre as diversas estrelas do setor da galáxia onde eles estão, a Terra. Se passando num futuro em que seres humanos abandonaram o planeta há milênios, o planeta Terra tornou-se apenas uma lenda e, após uma pena de energia na estação espacial, Emmeth se vê sozinho na estação, com a missão de procurar o planeta Terra entre 5 diferentes zonas do setor da galáxia onde se encontra, enquanto a estação se aproxima cada vez mais da estrela Lisa e ele conta apenas com a ajuda da inteligência artificial da estação, a Doutora.

O objetivo principal do jogo é contar a história, enquanto você desliza os dedos pela tela caçando estrelas. A cada novo planeta parecido com a Terra descoberto, pedaços da história principal vão sendo revelados e missões extras vão aparecendo. Além de ter uma mecânica de jogo muito boa, apesar de simples (seus visuais, aliados a música, se tornam praticamente hipnóticos), a história é o ponto mais surpreendente de "Opus". Singela e delicada, com um pé na ficção científica e outro no drama, tem personagens extremamente carismáticos, apesar de não o conhecermos profundamente, já que o jogo não chega a gerar uma hora de jogatina (eu baixei e o terminei no mesmo dia), mas isso não é um problema, afinal tratam-se de seres robóticos (uma I.A. e um robô), então eles não precisam ser muito explorados mesmo, por que foram criados com um intuito e esse intuito eles irão cumprir.

No entanto, assim como toda boa ficção científica, é através desses seres inumanos e frios que a história analisa pedaços essenciais daquilo que nos faz humanos; determinação, coragem e honra são apenas alguns dos temas abordados pelo jogo, ainda que de forma sutil. E sutil também é o humor do jogo, que não é apenas um "dramalhão quebra-coração", é um drama, porém é muito gostoso de acompanhar, com momentos engraçados e uma sutileza ímpar, abordando uma situação trágica na qual Emmeth se encontra.

Enfim, "Opus" não só gera uma sensação única de jogo, mas é, além disso, algo único na Play Store, a melhor coisa que o seu celular vai ver até então, me deixando, desde já, ansioso para o que o Team Signal está preparando para o futuro.

5 pontos

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Dica literária: "Takemitsu Zamurai" de Taiyo Matsumoto e Iseei Eifuku (2006-2010)

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Takemitsu Zamurai é mais um daqueles mangás que todo mundo deveria conhecer, mas não conhece por pura preguiça e inacessibilidade, visto que esse mangá não foi publicado nos Estados Unidos, nem na França, recebendo uma edição internacional (fora do Japão), apenas em terras espanholas e suas edições europeias estão, atualmente, fora de estoque, pelo menos 6 das 8 existentes.

Takemitsu Zamurai é um mangá histórico seinen escrito por Iseei Eifuku e desenhado pelo excelentíssimo Taiyo Matsumoto, o que, por si só, já é digno de nota, visto que Taiyo Matsumoto é conhecido por ser um mangaká mais autoral, que gosta de ter mais controle criativo sobre suas obras, mas neste mangá, torna-se um coadjuvante, apenas emprestando seu talento artístico para dar vida a história de Iseei Eifuku. Além disso, também destaca-se o fato de ser um mangá seinen sobre samurais, contendo muita ação e violência, algo não muito comum aos mangás de Taiyo Matsumoto, que só faz mangás seinen, mas com uma abordagem mais leve, concentrando-se no lado mais culto e filosófico de suas obras.

A história de Takemitsu Zamurai parte de uma premissa simples, mas torna-se complexa com o desenrolar da trama. Na noite de ano novo, o ronin Senou Souichirou aparece no cortiço Katagi, de Edo. Ele é contratado pelo senhorio como seu guarda-costas, visto que Senou anda sempre armado e inicialmente, todo o povoado da região encara ele com suspeita, até mesmo os gatos, que sentem nele o cheiro de sangue. No entanto, logo Sou, como ele passa a ser chamado, ganha a confiança dos habitantes e a simpatia de todas as crianças, trocando sua espada por uma réplica de bambu e virando um professor na escola local.

O mangá contém muitas discussões filosóficas sutis sobre o estilo de vida samurai, o passar do tempo (se passa numa época em que a necessidade de empunhar a espada já não existe mais), vida e morte (mais comuns na obra de Taiyo Matsumoto), tudo isso muito bem guiado por Issei Eifuku, notável nos textos, mudando a perspectiva entre os personagens de forma magistral, guiando a narrativa como poucos, de um ponto a outro, adicionando novos elementos e misturando-os, sem bagunçá-los em momento algum, enfim, ele mostra ser um gênio narrativo. Seus textos beirando o pós-modernismo são profundos, instigantes e calorosos, fazendo o leitor se aprofundar cada vez na história.

Mas o mérito pela excelência desse mangá não vai apenas para ele, pois nem só de textos vive uma história em quadrinhos, há, na verdade, muitos momentos cruciais na trama em que não ocorre texto nenhum e aí vemos a genialidade de Taiyo Matsumoto. Em Takemitsu Zamurai seu traço está ainda mais esvoaçado, usando muitas aquarelas (apesar de ser um quadrinho todo preto e branco), fazendo os desenhos se tornaram imprecisos, porém fortemente expressivos. Há inclusive uma certa influência, muito forte por sinal, do cubismo, principalmente na forma como os rostos são desenhados nesse mangá.

Takemitsu Zamurai é um mangá que foge de todas as convenções pré-definidas para os mangás, o que se torna uma faca de dois gumes; de um lado, temos uma obra com um traço incomum, até subversivo, aliado a uma narrativa ousada, complexa e crescente, que exige bastante do leitor (não dá pra ler um volume e deixar pra ler o próximo meses depois, eu mesmo li o 5º e o 6º com um intervalo de duas semanas e já me senti um pouco perdido, é algo para ser lido de uma só vez), do outro temos um meio onde o leitor comum, acostumado a um traço mais definido e fortemente estilisado não quer nada muito profundo ou complexo, apenas história rápidas, diretas, fáceis de acompanhar, aliado a um mercado cercado de preconceito e burocracia. Infelizmente, Takemitsu Zamurai é uma obra que não fez sucesso, não chegou a ser cancelado no Japão (além de ter um interesse maior por parte dos leitores em obras mais fora do comum, é lá que se encontra a base de fãs de Taiyo Matsumoto e esse é um mangá que vai deliciar qualquer fã do mangaká), mas nunca alcançou sucesso fora de terras nipônicas, o que é uma lástima, uma pena, sendo possível acompanhá-lo apenas através de scans na internet.

Já indiquei ele para ser publicado na Panini, mas todos sabemos que isso não funciona, mas, enfim, a esperança é a última que morre e, enfim, fica aqui a minha dica para essa obra essencial na carreira de dois grandes mestres.

5 pontos

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Dica literária: "Graça Infinita" de David Foster Wallace (1996)

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Sim, após 3 meses, finalmente terminei de ler "Graça Infinita", o magnum opus de um dos maiores gênios da literatura contemporânea, David Foster Wallace, do qual eu já falei aqui.

"Graça Infinita" é um calhamaço com mais de 1000 páginas em sua história e mais de 100 só de notas (para ajudarem o leitor a se encaixar no meio de tanta informação distribuída gratuitamente para o leitor). É facilmente identificado ao menos 3 histórias principais, ou melhor, 3 núcleos de personagens principais: A Academia de Tênis Enfield, a Casa de Recuperação para Viciados Ennet e um discussão num fim de tarde entre um espião de uma agência governista estadunidense (que devido ao seu trabalho encontra-se disfarçado como uma repórter gorda de uma revista sobre celebridades) e um membro de uma organização terrorista formada por cadeirantes canadenses que procuram a separação do Quebéc da ONAN (na história, os Estados Unidos, o Canadá e eu imagino que o México também, apesar dele ser raramente mencionado na história formaram um só país, a Organização das Nações Norte-Americanas), conversa essa que vai do fim da tarde até o início da manhã no dia seguinte, passando por toda uma madrugada de discussão ideológica, que serve, principalmente, para situar o leitor nos acontecimentos socio-políticos da história, mas repare, que esse último "núcleo" não é, substancialmente, necessário para o andamento da história, que conta como fato principal uma fita de vídeo (não necessariamente uma fita de vídeo como nós conhecemos, é mais uma tecnologia nova que foi inventada a qual o mundo todo aderiu) chamada "Graça Infinita", criada pelo ex-tenista e ex-cientista interessado em ótica, que virou cineasta, James Orin Incandenza Jr., que contém um nível tão alto de entretenimento que faz seus espectadores ficarem tão interessados nela que acabam morrendo, perdendo o interesse em todo o resto de suas vidas. Cópias dessa fita começaram a ser distribuídos eliminando o mapa de algumas pessoas, chamando a atenção do governo da ONAN e da organização terrorista. James também foi o fundador da Academia de Tênis Enfield e, na época em que se passa a história, se suicidou. O núcleo da Academia é contado do ponto de vista de Hal, seu filho do meio, apresentando seus irmãos, Orin e Mario, além da mãe, Avril, além dos funcionários da Academia e seus outros estudantes (a Academia funciona também como internato). Situada no topo de uma colina, a ATE é quase vizinha à cada Ennet, que fica na base da colina e alguns de seus funcionários trabalham lá (na ATE). Esse segundo núcleo segue, principalmente, do ponto de vista de Don Gately, um brutamontes que já foi ladrão e viciado em drogas (talvez, não necessariamente nessa ordem), seguindo sua vida como funcionário da Ennet, apresentando-nos sua extensa gama de personagens, a maioria viciados em algum tipo de droga se tratando.

Isso é mais ou menos tudo que você precisa saber antes de adentrar nesse mundo distópico em que se passa "Graça Infinita". É um romance enciclopédico e encarado por muitos como o Grande Romance Americano, um livro que sintetiza tudo que era a sociedade estadunidense no final do século XX. E, de fato, é um livro que é encarado muito mais como um livro de crítica (mais ou menos como os livros do Orwell são encarados), no entanto, trata-se, na verdade, de um romance filosófico, mas um romance em que a filosofia que ele tenta apresentar é marcante e fácil de ser notada. O pensamento filosófico de DFW está incluído entre linhas, nas centenas de diálogos verborrágicos narrados, nos trechos em 1ª pessoa, que apresentam com maestria a mentalidade de seus personagens, a confusão de suas mentes, nas mais de 300 notas no final, na descrição extremamente detalhada de acontecimentos tão banais que, no dia a dia, você nem chega a notar.

David Foster Wallace acredita que a sociedade americana "desmoralizava" tudo, se afastava da moral que deveria manter o espírito dos indivíduos ativo e isso se refletia na literatura, que acabava se tornando uma literatura do nada... Isso é mais fácil de explicar no próprio exemplo dele, quando ele cita que a grande qualidade de Dostoiévski para os estadunidenses (e por que não para os ocidentais?) é que ele tem um engajamento profundo com os dilemas morais que os estadunidenses não se permitem ter, disfarçando esses questionamentos inerentes a cada um e se afundando em seus diversos vícios. Em "Graça Infinita", DFW queria enfatizar que os escritores devem ligar sua vida à literatura, mas não é algo que serve apenas para os escritores, é algo a ser encarado por todas as pessoas, seja lá qual for o seu ofício. É um tema recorrente nas mais de 1000 páginas do livro,  encontrar sua raison d'être, cumprir o seu ofício pelo ofício e não por uma recompensa ao final do caminho, ater-se a um código moral e encarar aquilo como essencial para a sua vida, acreditar em algo maior e mais duradouro que você, que pode te dar forças nos momentos que você mais precisa, seja isso Deus ou um conjunto de deuses ou qualquer outra coisa que dá um sentido espiritual pra sua vida.

A maioria de seus personagens não estão nem perto de perceber isso, presos aos mais diversos vícios, numa vida de cinismo e individualismo deprimente pra caramba, se você começar a analisar as entrelinhas do livro. Seus "melhores personagens (de um ponto de vista moral), que buscam um caminho melhor são marginais, deformados ou detonados demais pelos vícios que guiavam sua vida até um momento em que isso se tornou insuportável. Só existe um personagem honesto no livro todo e ele detém todo tipo de deformação que você nem consegue imaginar como ele é.

Mas assim como Gately, com certeza o meu personagem favorito, disputando a vaga com Mario, DFW se encontrava num caminho, ele mesmo vítima de diversos vícios, em busca de uma vida mais satisfatória, mas ele também acabou se suicidando e ao final do livro, não é nem o final repentino, nem a falta de exatidão com que as histórias terminam por se desenrolar que mais incomodam o leitor, mas a triste constatação de que nem mesmo DFW, para muitos o catalisador (para outros como eu, um combustível a mais) nessa busca pelo sentido mais profundo do que a vida contemporânea pode nos oferecer, encontrou as respostas que procurava, por que o cara se suicidou em 2008, deixando um livro inacabado, que, pelos poucos trechos que eu li, não só não encontra respostas para os questionamentos que levanta, como se vê preso neles, num labirinto sem saída.

Esses fatos te fazem pensar. Sem sombra de dúvidas DFW é um gênio, sua escrita é magnífica, a forma narrativa com a qual "Graça Infinita" foi criado é sensacional, talvez merece de fato o título de Grande Romance Americano, mas ainda cai por terra perante gigantes da literatura russa, por exemplo, que podem não ser tão gigantes quanto "Graça Infinita" e você pode ainda não gostar de suas respostas, mas eles são capazes de responder nossos questionamentos.

Se do ponto filosófico "Graça Infinita" chega a ser desolador, do ponto de vista literário é um deleite. DFW varia entre diversos estilos narrativos, dando corpo para as cenas, fazendo você senti-las de verdade enquanto lê, além de ser muito inventivo, criando termos, palavras e desafiando o leitor com suas notas de rodapé que às vezes se estendem por página a fio, suas abreviações e termos rebuscados ou criados. Só por isso, o livro já compensa muito, por que você vai se ver encarando todos os tipos de história, se assustando com sua capacidade de olhar para o banal e ver algo novo, reluzente, esperando uma descrição profunda.

A edição brasileira é do final de 2014, acho, mas decidi manter o ano original no qual o livro foi lançado para essa dica, por que isso é importante. Na época em que foi escrito não havia um computador em cada casa americana ainda e a internet não era nada mais que um espaço diferente a ser inserido com as mesmas ideias, então alguns relatos são meio datados, como por exemplo a tecnologia de interfacear com a pessoa, um aparelho de telefonia, mas que também transmitia imagens e no livro não dá certo, por que ninguém consegue mais ser natural ao falar com outra pessoa, gerando toda uma nova gama de transtornos psicológicos a serem tratados. Hoje conhecemos essa tecnologia pelo nome de Skype e se ela não deu certo é por que é um programa antiquado e ruim de usar mesmo, mas seus concorrentes estão aí pra melhor isso. Sem contar a tecnologia de fitas que ainda existe no futuro não muito distante de "Graça Infinita", um absurdo de se imaginar hoje em dia.

A Cia. das Letras fez um ótimo trabalho também, lançando o calhamaço numa edição muito bonita, com páginas amareladas, bordas alaranjadas, uma capa branca sem título, só com um desenho muito importante para a obra, quase um spoiler, na verdade, sendo o seu único defeito o fato da capa não ser muito mais grossa que as páginas e o livro acaba sendo difícil de ser conservado. Um trabucão desses clama por uma capa dura, além de costura nas páginas, não simplesmente uma cola... Se bem que isso também geraria um certo incômodo para segurá-lo confortavelmente, mas enfim... Tá boa a edição!

Enfim, "Graça Infinita" é altamente recomendado, não espere encontrar respostas, não só para as questões filosóficas, mas também para as tramas internas que se desenrolam no livro também, mas leia tranquilo, sabendo que essa é uma jornada que irá te propor muitos ótimos momentos em sua vida.

5 pontos

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O que eu perdi #3: "Floral Green" do Title Fight (2012)

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Meu primeiro contato com Title Fight foi com o excelente álbum "Hyperview", ano passado. Um álbum ousado, com uma sonoridade única e que foi recebido com muita aclamação por alguns e com um nariz torto por outros. O que eu não sabia, até ano passado, era o quão excelente era essa banda de Kingston, Pensilvânia, EUA; e que 3 anos atrás eles haviam lançado um dos grandes clássicos dessa nova onda de bandas punk/hardcore, apenas um ano depois do, já considerado um dos melhores CD's da década, "Wildlife" do La Dispute, abrindo os olhos dos fãs e da crítica especializada para esse lado obscuro da música, que aos poucos começa a receber a atenção que tanto merece.


No entanto, não é um CD fácil de escutar, assim como "Wildlife" também não o é, assim como "To Pimp a Butterfly" também e a primeira vez que ouvi "Floral Green" lembro de não ter gostado, ou de não ter gostado tanto assim, talvez num outro momento, quem sabe? Há pouco mais de 2 semanas, decidi dar mais uma chance para o álbum e desde então o escuto todos os dias, se não parece que algo falta no meu dia, seja durante uma caminhada no fim de tarde de volta para casa, seja minutos antes de ir dormir, seja minutos logo após acordar. "Floral Green" é tão bom que eu gostaria de injetá-lo em minhas veias.


Algumas de suas músicas são mais "famosas" (entre parênteses, por que essa palavra não passa de um termo muito subliminar que, no final, significa pouco ou nada) e ainda são tocadas nos shows, mas as poucas tocadas não representam a grandiosidade que representam dentro desse CD, seja por se encontrarem fora de seu contexto original, seja pelo som ao vivo não poder conter todos os elementos compactados nas 11 canções que compõem o álbum.


Começando explosivamente com guitarras bravejantes e uma bateria forte e marcante "Numb, but I still feel it" revela as incertezas que continuam e evoluem, mesmo depois do crescimento, algo tão marcado no primeiro CD da banda, "Shed", que trata muito do tema, sendo até considerado por certas críticas como um CD de " coming of age". Deixando os gêneros de lado, a música que abre o CD acaba servindo como um prato cheio para os corações confusos tanto de adolescentes espinhentos quanto para jovens adultos com hormônios borbulhando e pernas cansadas de tanta labuta. Os vocais gritantes e o imediatismo com que a canção é tocada apenas reforçam esse ponto de vista.


O clima agressivo e imediatista continua em "Leaf", uma canção rápida, com batidas e riffs acelerados, além de pesados, revelando através de suas letras, mais uma vez e de forma ainda mais consistente, a alienação que essa fase da vida traz.


"Like a Ritual" é, para mim, o ponto alto da obra e minha música favorita da banda, conta com os vocais mais bem acentuados e muito poderosos, contrastando com a simplicidade de sua letra, que é curta, porém já nos revela uma sensação de bem estar maior, uma espécie de alívio, mesmo que nada esteja perfeito ou do jeito que gostaríamos. Pode ser chamado de "Aceitação", ser tratado como um sentimento negativo, mas eu não vejo dessa forma. Outros chamariam de "Amadurecimento" mesmo. E há nessa música ainda, próximo ao seu final, um frenesí de instrumentos guiado pelos dois guitarristas da banda, algo que se tornaria o cerne e o ápice da sonoridade do Title Fight em "Hyperview".


A próxima canção começa seguindo uma fórmula muito comum entre as bandas de pop-punk desde os anos 90 e, dessa forma, o Title Fight faz questão de te lembrar de onde eles vieram, em quem eles se inspiram em "Secret Society", revelando uma agressividade crescente ao longo de toda a sua extensão, que contrasta fortemente com a sonoridade flutuante e onírica de "Head in the ceiling fan", talvez a música mais calma e distante da sonoridade total de "Floral Green", no entanto revelando a capacidade forte que a banda tem de escrever letras surreais e labirínticas já no primeiro verso: "Cabeça no ventilador de teto vai rolando e desaperecendo como balas golpeando na pele de um veado", algo que seria explorado e desenvolvido com mais propriedade em "Hyperview", mas já pavimentava o caminho que Title Fight iria trilhar anos depois.


Um dos pontos interessantes a serem focados quando se fala de Title Fight é a proximidade que existe entre os membros. Ned Russin (baixo) é irmão de Ben Russin (bateria) e ele produz os vocais mais agressivos, gritando ao invés de cantar, contrastando com Jamie Rhoden, que é dono de vocais fortes, porém não tão agressivos, dividindo essa função com o amigo. As duas próximas canções destacam as habilidades vocais dos dois, seja no refrão de "Make You Cry" ou em toda a extensão de "Sympathy".


Em "Frown" é contido o desejo mais importante de um anti-social apaixonado, buscando uma vida plena de alegria ao lado da amada em um lugar onde eles não possam ser incomodados, mesmo sabendo que isso não seria perfeito, na vida real.


"Calloused" pode ser uma música mais direta, mas eu não enxergo isso como um ponto ruim, sua mensagem é clara e única, sendo os vocais agressivos de Ned reforçados pelos vocais mais claros de Jamie seu ponto alto e mais chamativo, criando uma canção essencial para poder se compreender a grandiosidade desse álbum, além de contar com um dos solos de guitarra mais divertidos.


Completando o seguimento de músicas mais lentas, "Lefty" se apresenta, com acordes lentos, melódicos e ondulantes, porém distorções gritantes e agudas geram um contraste raramente ouvido em outras bandas de rock. Sua bateria marcante e maravilhosamente ritmada engana nos primeiros momentos em que começamos a ouvir os vocais, mas trata-se de uma canção de amor, ou talvez de desamor, por que, aparentemente, nesse momento o amor já se acabou, revelando, mais uma vez, um poder lírico muito forte da banda, contando uma história entre-linhas difícil de ser compreendida numa primeira escutada.


A última canção, "In-Between" contém os sonhos de alguém ambicioso e preso no presente e atento ao futuro. Seu começo, um pouco desconexo, talvez até meio chato, contém um Q de Nirvana, mas não se engane, a música evolui, ganhando ritmo e tornando-se encorpada a partir do refrão, até perder força mais para o final, deixando um sentimento de incompletude com seus vocais espaçosos e um final abrupto.


A sonoridade do álbum todo funciona como um prelúdio para o que estava por vir em "Hyperview", com resquícios aqui e ali de um shoegaze, distorções de guitarras mais arrastadas e marcantes, além de vocais espaçosos. Analisado como um todo é como se todos os mais de 10 anos de banda estivessem contidos em apenas 11 músicas, mostrando toda sua capacidade, força e evolução.


"Floral Green" foi lançado em 2012, mais de um ano depois de "Wildlife" e é peça fundamental num tabuleiro que ainda está se revelando. Assim como "Room on Fire" e "Whatever people say, that's what I'm not" na década passada, são peças que reformulam o mundo como se o rock não tivesse se solidificado e, ao invés de se tornar essa rocha que a mídia mainstream nos apresenta, evoluiu. Soa pedante, eu sei, é por que é, um pouco, mas é a realidade. Estamos no meio de uma fase diferente, que talvez nunca alcance a fama de um Nirvana ou Arctic Monkeys da vida, mas (hey!) os tempos são outros e isso não é necessário, afinal. Para mim, "Floral Green" é como um diamante escuro, não sujo, negro mesmo, que ao invés de deixar a luz passar, absorve ela por completo, um tipo raro e extremamente difícil de se encontrar. E de tão acostumados que estamos com o brilho emitido por outras pedras e com o vislumbre que um diamante transparante nos oferece, podemos passar distraidamente por um diamente escuro e nem notar sua presença (talvez nem distraidamente, talvez até atentamente), mas quando a notamos e analisamos essa peça de valor inestimável, sentimos como se um pedaço de nossa alma que nunca conhecemos tivesse voltado e se alinhado perfeitamente em nosso espectro celestial.


Obrigado Title Fight.


5 pontos

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Dica musical: "Tired Eyes" de Cayetana (2016)

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Cayetana é uma banda da Filadélfia de indie rock, formada por três mulheres que sabem fazer um som bem legal.

Este é o seu trabalho mais atual, um EP com 2 músicas apenas, mas duas músicas muito divertidas, que podem agregar cor ao seu dia cinza.

Os vocais lembram um pouco aquelas bandas de pop-punk com vocalistas mulheres, mas a sonoridade acaba caindo para um indie, pós-punk, com um toque lo-fi pra enriquecer a mistura de gêneros que elas produzem.

O EP está disponível no bandcamp das meninas aqui, o qual você pode comprar pelo preço que desejar e já adianto, vale muito a pena.

3 pontos e meio

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Dica cinematográfica: "Labirinto - A magia do tempo" (1986)

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Pretendia falar desse filme quando o hype da morte do David Bowie estava alto, mas por problemas pessoais não deu e como o filme é um clássico fodásticamente foda, decidi fazê-lo agora.

"Labirinto - A magia do tempo" é um filme de 1986 contando com a participação excelente do David Bowie, uma linda Jennifer Connely fofinha e um monte de seres fantásticos muito bem feitos com caras fantasiados e efeitos animatrônicos.

O filme conta a história de Sarah, uma menina adolescente que tem que cuidar do irmão mais novo, um bebê, enquanto seus pais saem de noite. Irritada com a dependência do irmão, ela pede para que duendes do seu livro favorito "Labirinto" sumam com ele. No entanto, quando o bebê realmente some, Sarah precisa passar pelo labirinto de verdade, para chegar ao castelo do rei dos duendes e resgatar seu irmão.

Este é um clássico, cheio de efeitos práticos, com uma tonelada de personagens carismáticos, um filme com quase 2 horas, mas que passa extremamente rápido, uma excelente trilha sonora e uma história muito boa. Todos os personagens são muito bem aproveitados, não só a Sarah e ao final você percebe que não existem vilões de verdade, no sentido mais puro do termo, lembrando um pouco a forma como os filmes do estúdio Ghibli são escritos.

Enfim, clássico, deve ser assistido.

4 pontos e meio

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Dica musical: "Promise Everything" de Basement (2016)

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Seguindo na mesma onda de "Hymns", mais um CD que surpreende pelo hype estar baixo, "Promise Everything".

Basement é uma banda inglesa formada em 2009 de punk/hardcore/emo (é difícil classificar essas bandas, por que de uma forma ou de outra eles se voltam a algum gênero ou outro). Em 2012 eles entraram em hiato e voltaram em 2014, mas até agora não lançaram um álbum novo.

Nunca achei Basement uma banda muito boa, eles façam um som bem mediano/medíocre em comparação com outras bandas que participam da cena musical em que eles estão inseridos como Title Fight, La Dispute e Touché Amoré, no entanto, algumas de suas músicas, até pelo descompromisso da banda com elas, são muito boas e divertidas de se ouvir, ótimas para animar aquele início morno de festa.

Enfim "Promise Everything" não foi tão esperada assim, apesar da primeira música revelada ser muito foda, analisando friamente, não é uma banda que surpreenda. E essa expectativa acaba sendo satisfeita com esse novo CD, que não surpreende, mas a maioria de suas músicas são divertidas, boas para animar o início morno daquela festinha.

3 pontos e meio