quinta-feira, 7 de junho de 2018

Dica literária: "Collected stories" do William Faulkner (1948)

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Em 1948, Faulkner já tinha lançado seus principais romances e seu nome já figurava entre os melhores contistas do modernismo estadunidense e, porque não?, de toda a historia americana. Ele já estava prestes a ganhar o prêmio Nobel de literatura e foi convidado a lançar um livro com suas melhores histórias curtas. O resultado é essa imensa, em todos os sentidos, obra literária.

As "historias coletadas" (tradução minha, a melhor seria "historias selecionadas", mas enfim...) de Faulkner foram divididas por tema, reunindo 42 historias que se conectam com o universo fictício de Yoknapatawpha, embora nem todas se ambientem lá, mas acabam envolvendo as mesmas temáticas, isolamento, superação, família, racismo, ostracismo, decadência sulista, enfim... qualquer analise da obra como um todo se revelará um trabalho homérico.

O importante é que essa obra reúne o que de melhor havia em Faulkner nos seus anos mais privilegiados pela crítica e funciona como uma resumo incrível de tudo o que ele fez. Dessa forma, talvez este livro seja mais produtivo para estudiosos do autor do que fãs.

A edição que tenho foi feita pela Vintage, uma das minhas editoras favoritas e apresenta uma capa brilhante para a obra. Nela vemos uma típica sala sulista, que para nós, brasileiros (principalmente se você é do sul ou sudeste) nos lembra casa da vó do interior. Nela há um clavicórdio, com um grosso livro de canções em cima, duas poltronas elegantes de um tempo que só está na memória coletiva e um quadro na parede. Feixes de luz escapam do que pode ser uma cortina cobrindo as janelas revelando um brilho de final de tarde que traz nostalgia para quem o olhar. A capa é perfeita, evocando todos os sentimentos que os mais de 40 contos irão se esforçar em revelar ao final de cada um. Uma deliciosa nostalgia por um tempo em que as coisas eram mais simples e, apesar de inalcançável, funciona como combustível para que nos lembremos de que ainda estamos vivos.

É singelo, é belo e é faulkneriano pra caramba.

5 pontos