terça-feira, 27 de agosto de 2019

15 anos de As Branquelas

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Neste abençoado ano de 2019, o maior filme Anti-Cult da história completa 15 anos exatamente no dia de hoje, 27 de agosto. As Branquelas é a maior trasheira de comédia que pode existir dentro dos limites que o cinema nos proporciona e deve ser lembrado por anos e anos até o fim dos tempos.

Fruto da mente dos irmãos Wayans, é estrelado pelos dois Wayans mais novos no papel de agentes do FBI fracassados que estão a um caso de serem demitidos. Sem opção, acabam escolhendo a missão que ninguém quer aceitar, serem guarda-costas de duas patricinhas durante O final de semana nos Hamptons, uma espécie de clube para super-ricos. Infelizmente no meio do caminho um acidente acontece e as patricinhas ficam com dois cortes superficiais no rosto que estragam sua auto-estima e os irmãos Wayans decidem se passar por elas durante todo o final de semana.

A partir daí vemos um show de transformação, Terry Crews num dos seus trabalhos mais emblemáticos, piadas de peido, cenas de ação, conspirações com famílias ricas e falidas, além de uma bela lição de amizade.

No entanto, uma das coisas que sempre escapa da crítica especializada ao elogiar enormemente essa obra de arte é a cena de dança no meio. Quando as irmãs Vandergeld, inimigas número 1 das irmãs Wilson, desafiam as amigas das Wilson para uma batalha de dança, vencendo-as, as branquelas entram no final para salvar a noite.

Movido a Beyoncé e Run DMC, com muito break, danças em grupo e mulheres lindas, a cena da batalha de dança é um daqueles momentos da história do cinema que não encontram pares. É uma cena verdadeiramente única na história do cinema.

Busy Phillips lidera Jessica Cauffiel e Jennifer Carpenter contra Jaime King e Brittany Daniel. Todas aliadas com um exército de miméticas, as patricinhas Vandergeld acabam ganhando. Mas enquanto Jam-Master Jay e DMC iniciam sua canção, os irmãos Wayans aparecem com a icônica frase “Eu não acredito que as peruas acharam que tinha acabado”. Prevendo um clássico, a trilha sonora só poderia ser um clássico também.

O mais incrível é que foram os próprios Wayans a realizarem a tal cena de dança. Monstros!

https://www.youtube.com/watch?v=gEC8h3IMgXg

É incrível como mesmo após 15 anos, As Branquelas nunca perdeu sua validade. Continua relevante, surpreendente e alvo de críticas como a que essa, quase anualmente. Um filme terno e eterno.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

A celebração da falência da valorização à vida

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Um rapta o gado, outro a donzela,


Outro no altar cruz, taça e vela,


E disso anos a fio se jacta,


O corpo ileso, a pela intacta.


Por justiça o queixoso clama;


Na sala o juiz trona imponente,


Enquanto em vaga troante brama


Do motim o clangor crescente.


Dos bens do crime há quem se louve,


Visto que em cúmplices se esteia;


Mas: condenado! aterrado ouve


Quem na inocência se baseia.


Assim tudo se desintegra:


Se da honra e lei some o preceito,


Como há de estar o senso em regra


Que nos conduz ao que é direito?


Fausto II


O começo da semana foi avassalado com a morte de um jovem que assaltou um ônibus, fez quase 40 reféns e após quase 4 horas sua vida foi ceifada por um sniper da polícia, visto que as negociações não foram suficientes para dar um fim pacífico a questão.

A tragédia foi celebrada pelo ministro e o Paulo Kogos acabou defendendo-o, dizendo que deve ser celebrada a morte de bandidos.

Eu, como católico, digo não! Não deve ser celebrada a morte de ninguém, pois nunca sabemos qual foi o destino da alma desse jovem. Celebrar tal ato é o cúmulo da banalização da violência, é a declaração da falência da valorização à vida. Durante o Morning Show do dia seguinte, Caio Copolla disse que a morte é um caminho fácil demais, é uma solução fácil demais e em outras épocas eu concordaria com isso, mas hoje em dia não mais.

Concordo com o Caio que os crimes devem ter uma punição terrena, mas não porque a morte é fácil demais e sim porque pagar os crimes terrenos em outro plano é demais, pois lá é eterno.

No entanto, devemos celebrar sim a operação da polícia. A operação que salvou a vida de quase 40 pessoas, livrou suas famílias de um trauma e, apesar de trágica, é uma ação necessária.

Por mais que não gostemos de seu desfecho, a tragédia tem seu propósito, pois mostra que nosso país não é terra de bandido, pelo menos não desse tipo, praticamente um terrorista. Há décadas que o crime é financiado pelas elites políticas dessa abençoada terra para servir aos seu projeto de poder e têm conseguido muito. No RJ a situação é tão descarada que um jogador do naipe do Adriano Imperador posa em foto com traficante. É necessário um basta e, na atual situação, esse basta não tem como ser feito apenas com livros.

 

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Links sortidos de quarta #4

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Links sortidos de quarta #3 ESPECIAL ITÁLIA RENASCENTISTA

Ah, a Itália! Terra maravilhosa, uma das mães da cultura brasileira, com uma bela língua, belas mulheres, um cinema de dar inveja a qualquer nação e muita, MUITA história.

É pensando nisso que resolvi criar um especial só com leituras sobre um dos períodos mais importantes da história universal: a renascença italiana!

Pra começar, falemos da bagunçada, mas eficiente política italiana. Esse post do Marginal Revolution (de onde eu tirei a ideia para criar essa seção no blog, inclusive) tem um resumo interessante de como funcionava a política em Veneza. Haviam 10 passos a serem tomados para se eleger o Duque, muita loteria e números aleatórios, mas funcionou por mais de 500 anos, como explica o texto que deu origens ao post.

Como? Você deve estar se perguntando. É simples!

No entanto, nem tudo são flores. A família Medici é sempre lembrada quando falamos em Renascença, sendo os grandes líderes de Florença, governando-a de maneira quase que monárquica. No entanto, se Florença usava um sistema tão bagunçado quanto o de Veneza, que descentralizava totalmente o poder, o que permitiu que os Medici juntassem tanto poder em tão pouco tempo? A resposta não é tão simples, mas se encontra aqui.

A história não perdoa e em 3 gerações, os Medici foram expulsos da cidade, apenas para voltar 18 anos depois com o exército espanhol.

Não apenas politicamente, a renascença teve uma grande importância histórica.

Mas a renascença... foi de fato algo?

Sendo algo de fato ou não, produziu a mais bela obra de arte produzida na história da humanidade.

E uma das maiores batalhas navais de todos os tempos!

 

 

domingo, 11 de agosto de 2019

Dica especial de dia dos pais 2019

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Essa dica é trágica e não agradará a todos os pais, mas sua entrada como dica especial para esse dia incrível no ano de 2019 vale a pena, pois é capaz de nos ensinar uma coisa ou duas sobre a paternidade.

A dica desse ano é o livro “The Road” (ou “A Estrada”), escrito por Cormac McCarthy e lançado originalmente em 2006. O livro conta a história de um pai e um filho (não nomeados) que atravessam um EUA devastado por alguma anomalia que queimou tudo e trouxe o apocalipse ao planeta. Sem recursos, sem amigos e sem certezas, pai e filho atravessam os EUA em direção ao sul do país, onde esperam poder encontrar alguma coisa que torne a vida deles mais fácil, embora não tenham certeza alguma disso, contando apenas com a certeza de terem um ao outro em todos os momentos.

Each the other’s world entire.

Como uma obra pós-apocalíptica, esse livro é triste e trágico, mas a trajetória de pai e filho consegue salvar essa obra em todos os momentos. Acompanhamos pai e filho conversando, sobrevivendo, discutindo e até mesmo se divertindo, num cenário completamente destruído, queimado, estéril ao extremo e frio. As imagens criadas ao longo da narrativa são destrutivas, mas aí reside o poder do livro, pois mesmo em tanta destruição há um pai e um filho que só podem contar um com outro e nunca perdem a esperança.

Ainda assim, ambos não são únicos, muito pelo contrário, há uma dicotomia latente presente no livro todo. O pai, até mesmo pela idade avançada e conhecer muito do mundo (inclusive, o mundo antes do evento apocalíptico), mantém-se cético e a todo momento mantém o seu filho distante de perigos, embora nem sempre eles sejam perigos declarados, como o encontro com pessoas.

Em contrapartida, o filho, que não conheceu o mundo antes do apocalipse, é alguém muito mais inocente e, portanto, esperançoso. Ele tenta fazer o pai se aproximar de outras pessoas, embora esteja sempre afastado pelo pai de todas as oportunidades que ele tem de socializar.

Essa dicotomia presente entre os dois promove alguns dos momentos mais belos do livro, tanto para o bem quanto para o mal. Por exemplo, quando o menino encontra outro garoto e o pai pega ele a força e os dois fogem, mesmo com o filho chorando. Mas nem tudo é tristeza, pois também temos o momento em que o garoto começa a perder a esperança de que as coisas irão melhorar, mas seu pai nunca deixa isso acontecer, lembrando-o de histórias lendárias e convencendo-o de que eles carregam “A Chama”.

Sendo um livro escrito por Cormac McCarthy é óbvio que esse livro estará recheado de referências mitológicas, como “A Chama” que os dois carregam. Além de referências da mitologia greco-romana, também cristã. Além disso, temos as digressões gramaticais, que acabam por reforçar o clima pós-apocalíptico da obra. Até mesmo na estrutura narrativa do livro, McCarthy não deixa de nos lembrar de que estamos lendo uma obra pós-apocalíptica. Não há a separação de capítulos na obra, apenas seções que compreendem um ou dois parágrafos, não há marcação de diálogos e as descrições são muito próximas do estilo naturalista, mas sem as comparações com o mundo animal. São descrições secas e baseadas nas qualidades materiais daquilo que nos é apresentado.

Pode não parecer a melhor obra para o dia dos pais, mas acredite, é. Este é um livro que nos apresenta o amor de um pai por seu filho, ainda maior que o amor que a mãe do garoto, que sobrevive a toda forma de destruição, mesmo quando não é mais fisicamente possível. É um amor profundamente transcedental, uma obra muito além do pós-modernismo, que marcou a carreira de C. McCarthy.

5 pontos

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Links sortidos de quarta #2

Continuando essa série de posts que pode ter vida muito longa, já que eu absorvo muitos nutrientes da internet, hoje apresento links que não são necessariamente novos, mas que eu li na última semana e são muito bons!

O primeiro deles é o artigo do Nassim Nicholas Taleb, o gênio por trás de Skin in the Game, sobre o Coeficiente de Inteligência. Taleb prova, logica e matematicamente, que o teste de QI é uma farsa absurda, advinda do distanciamento cada vez mais alarmante das ciências humanas do mundo real.

Como o feminismo abriu caminho para o transgenerismo? Questões pertinentes são levantadas nesse excelente artigo.

Democracia em Vertigem é mentiroso já no nome e esse podcast explica porquê.

Em vertigem está a ciência e este post explica por quê.

Diretamente do melhor site da web, aprenda a trocar o óleo de uma moto!

Goste ou não do Spotniks, eles estão sabendo criar pontes para o diálogo como ninguém.

Notícia importante sobre a China. O comunismo não deu certo e forçar negociações no país também não. Está na hora de deixar o capitalismo de lado e começar a buscar os direitos humanos.

Já disse que sou a favor do imposto único e agora ele finalmente virou proposta do governo! Que tal esclarecer alguns pontos sobre o que planeja o governo com isso?

Caio Bottura lançando um conteúdo diferenciado e muito bom no Youtube. Coisa fina!

Livre-se do chulé!

Papo gostoso do Arthur Petry com o Igão e o Monarq no excelentíssimo Flow Podcast!

No último programa d'A Praça é Nossa o Batoré foi mais uma vez genial, mas quem ganhou destaque no canal do Youtube foi o Matheus Ceará. Merecido!

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Dica cinematográfica: "Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw" (2019)

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Apesar de simples, este é o filme mais profundo da série Velozes e Furiosos, conseguindo se aliar às discussões do conservadorismo atual de maneira plena e sobressaindo-se sobre todos os lançamentos blockbuster deste ano do Nosso Senhor de 2019.

Como cheguei atrasado no cinema, não sei exatamente o começo, mas o filme começa com Hobbs (The Rock) comendo um lanche com sua filha, até que os dois são abordados por um agente da CIA (interpretando pelo excelente Ryan Reynolds) convocando-o para uma missão. No Velho Continente, após visitar a mãe na prisão, Shaw é convocado por outro agente da CIA para trabalhar na mesma missão. Após um desentendimento, Hobbs e Shaw descobrem que o alvo deles é a irmã de Shaw e acabam se unindo, um em prol da família, outro em prol do mundo.

Logo vemos que o filme carrega a tradicional mensagem de amor à família que sempre foi a essência de Velozes e Furiosos. Começando com uma traição que iria reverberar em todos os filmes a partir do quarto, seguindo uma abertura de seu conceito no segundo filme e explorando-a como tema central de conflito no terceiro. A série deu uma valorizada no tema, aliando-se cada vez mais ao discurso conservador, ao mesmo que se tornava uma série de ação, com carros fazendo participação especial ao invés de serem o tema central.

E apesar disso, ela não perdeu a graça e hoje em dia, principalmente com esse filme, assume-se uma comédia de ação total. Une-se dois atores carismáticos numa trama de ação com muitas piadas de situação.

No entanto, o ponto ao qual quero chamar atenção aqui é na profundidade que esse filme consegue abrir.

Primeiramente o seu vilão: interpretado pelo magnífico Idris Elba, Brixton é um ex-parceiro de guerra de Shaw e aqui aparece "ressuscitado" por uma companhia de tecnologia secreta que o transformou num super-soldado. Logo após a primeira luta é revelado que a companhia para o qual Brixton trabalha controla todas as maiores corporações de mídia do planeta.

Isso se alia imediatamente ao debate conservador que vê nas grandes companhias do vale do silício o maior inimigo. Basta vermos o que a mais recente polêmica com o Google, a infinita discussão dos banimentos no Twitter e já deixo o meu antigo post sobre os malefícios da internet atual pra se inteirar no assunto. Ao chegarmos no chilique do Brixton mais para o final do filme, em que ele culpa o aquecimento global e o capitalismo, recebemos a confirmação para tirar qualquer dúvida da nossa cabeça.

Ao final do filme, vemos ainda Hobbs indo para Samoa, onde toda a tradição milenar da ilha vence avassaladoramente a tecnologia destrutiva de Brixton. Com isso, concluímos apenas uma coisa: Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw é o filme mais conservador do ano!

Como já disse, é uma comédia de ação. Não espere carros velozes (embora a aparição deles no final tenha feito uma lágrima emotiva escorrer de meu olho, longo fã da série), nem grandes discussões, muito menos discursos emocionantes sobre a família. Aqui, a moral é rápida e rasteira, quase imperceptível e é necessário um olhar atento para captar as nuances que aprofundam a obra.

Como uma comédia de ação, Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw é um ótimo filme, aliando-se ao lado bom da história, ele diverte e satisfaz os anseios de fãs antigos que compreendem as mudanças ocorridas na série. Vale muito a pena!

4 pontos