segunda-feira, 30 de junho de 2014

Dica cinematográfica: "Um perigoso adeus" (1973)

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"Um perigoso adeus" é um filme de 1973 dirigido por Robert Altman e estrelado por Elliot Gould, um clássico noir.

O filme conta a história de Phillip Marlowe, um detetivo particular, que dá uma carona para um amigo até Tijuana numa madrugada qualquer e, de repente, vê-se preso a um intrigante jogo de poder entre criminosos, policiais e pessoas famosas.

A sinopse é curta, assim como todo filme que é incrível, não pelo roteiro, mas pela narrativa, em si. O filme apresenta um personagem principal que vive um dia de cada vez, sem se preocupar com dinheiro, mulheres, orgulho ou fama, oque provoca as pessoas que estão vivendo uma frenética aventura em busca do poder, mas que só leva a auto-destruição. Não é a toa que esse personagem, Phillip Marlowe, serviu de inspiração para criar personagens memoráveis, como Spike Spiegel.

Como detetive particular, ele segue pistas e se envolve em casos diferentes, mas tudo acaba levando ao seu amigo do início do filme, que parece estar envolvido com um monte de gente perigosa, tanto do lado da lei, quanto contra a lei. No final, percebemos que o filme trata-se disso, dessa busca obsessiva por poder, na qual pessoas são machucadas e até mortas, sem que ninguém olhe para trás. Marlowe, o único personagem que vive fora dessa bolha,  mas sem se alienar, como fazem suas vizinhas, fica dividido entre o que fazer e acaba rendendo-se a violência, para então continuar a sua existência sem certezas, preocupações e muitos, muitos cigarros.

A parte técnica do filme é soberba,com uma ótima fotografia, um enquadramento de imagem perfeccionista e que surpreende, assustando quem assiste por apresentar uma qualidade acima do normal, até para os filmes de hoje. Sem falar na trilha sonora, um jazz perfeito e muito bem colocado em cada cena, criando uma atmosfera, ora alegre, ora soturna, adicionando um ar "clássico" à toda a película.

Enfim, "Um perigoso adeus" é um desses filmes que surpreende muito àqueles que se arriscam em se aventurar por esse universo de filmes clássicos. Eu estou a fim de assistir mais filmes noir, então se você ter alguma dica de filmes, por favor, me diga.

4 pontos

domingo, 29 de junho de 2014

Dica cinematográfica: Godzilla (2014)

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Godzilla é um remake de um filme extremamente clássico de 1953, dirigido por Gareth Edwards, criado do também excelente Monstros.

A história de Godzilla todo mundo conhece, mas nesse filme ele não invade cidade nenhuma. Aliás, esse filme está mais para um releitura do que um remake, pois muda completamente a história, inclusive dá uma boa carga de anabolizantes ao monstro, que fica maior, muito maior e muito mais radical que o original. Nesse filme, Godzilla aparece para manter o equilíbrio entre os kaijus e o planeta Terra, surgindo após Moto, um monstro gigante alado que acorda no Pacífico e muda-se para o Japão, enterrando-se em uma espécie de caverna para crescer e despertar 15 anos depois.

Quando esse monstro acorda ele busca sua fêmea, que não é alada e foi levada para um deserto nos EUA quando ainda era um ovo, sendo misturada com outros restos radioativos. Esse ponto é inclusive algo muito interessante desse filme; no original Godzilla é criado após os testes nucleares no Pacífico, neste ele cresce após os testes nucleares e os kaijus todos comem material radioativo, escondendo-se sob a crosta terrestre por que é próximo ao centro da Terra que se concentra os materiais radioativos naturalmente encontrados. Com o desenvolvimento da tecnologia nuclear kaijus começaram a sair do centro da terra e a subir, apenas 2 são mostrados, mas são descobertos muitos ovos, que são destruídos.

A partir daí somos guiados ao encontro e inevitável confronto dos monstros gigantes, de forma épica por Gareth Edwards, que nesse filme já começa a apresentar o seu próprio estilo. A narrativa nunca é guiada do ponto de vista dos monstros, mas sim do ponto de vista dos personagens humanos, que podem ou não estar no centro da batalha, mas de uma forma ou de outra você compreende o que está acontecendo, mesmo que a ação seja usada como plano de fundo.

Isso é algo que foi criticado demais nesse filme, a criação gradativa do suspense. Nada é entregado de cara, tudo é mostrado de forma sutil e os personagens humanos, o drama deles, sua história acaba se tornando a casca por onde vemos o centro de tudo. No final, há a ação final e finalmente a batalha sangrenta dos monstros, mas por já ter sido tudo construído antes, a batalha final é rápida, irritando alguns. No entanto, ainda assim é épica, afinal o Godzilla desse filme é como um ursão gigante, musculoso, parrudo mesmo, sendo um lutador lento, mas poderoso, sem contar os seus raios laser atômicos, que, aliás, devem ser carregados, criando uma utilidade para as suas "placas" nas costas, fazendo referência à animais e dinossauros realistas.

A parte técnica é brilhante, como todo filme da Legendary Pictures, que têm uma qualidade de imagem impressionante, cheio de detalhes, cores minuciosamente escolhidas para complementar a atmosfera das cenas, criando o melhor filme de desastre que eu já vi, não exagerando na destruição. Sem falar na trilha sonora, que está soberba, contanto com muitos instrumentos tradicionais japoneses e a dose correta de elementos eletrônicos, também complementando para criar a atmosfera.

Se tem um ponto ruim, fica com os personagens humanos, que são clichês, típicos de todo filme de ação e de desastre, mas isso é algo perfeitamente perdoável, afinal o filme não se centra neles, ao contrário de "Monstros" do mesmo diretor, que se centra no relacionamento crescente dos personagens, enquanto muitas ações acontecem, mas sem a participação deles.

Enfim, Godzilla de 2014 é uma homenagem incrível à uma das melhores franquias do mundo, se não a melhor, dando às pessoas que cresceram com o monstrão uma verdadeira experiência cinematográfica e não só um blockbuster.

4 pontos e meio

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Por que misantropo, Toringa?

Post publicado há mais de um ano atrás, mas que devidos à acontecimentos recentes, venho postá-lo novamente. Visto que poucas coisas mudaram do ano passado para cá e neste exato momento odeio poucas coisas mais do que as pessoas.

Dica televisiva: Cowboy Bebop (1998)

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Difícil escrever esse texto.

Cowboy Bebop foi um anime exibido entre 1998 e 1999 no Japão, criado por Shinichiro Watanabe e logo tornou-se um clássico moderno.

Cowboy Bebop conta a história de um grupo de caçadores de recompensa no ano de 2071, onde a humanidade avançou tanto tecnologicamente que conseguiu colonizar diversos planetas e luas do sistema solar, após um acidente com o portal hiperespacial, que liga todos esses planetas e destruiu grande parte do planeta Terra, tornando nosso planeta inabitável, apesar de muitas pessoas ainda morarem na Terra.

Cowboy Bebop acompanha a vida de Spike, Jet, Faye, Ed e Ein, a exótica tripulação da Bebop, um cargueiro transformado em nave. Cada um desses personagens recebe especial atenção e têm seus momentos mágicos, por assim dizer, agradando a muitas pessoas, transformando-se num clássico cult e elevando a carreira do seu diretor, Shinchiro Watanabe.

Mas engana-se quem pensa que o mérito é todo dele, Shincihiro teve uma grande ajuda para completar o seu anime, que tinha como premissa ser apenas uma série que pudesse vender naves espaciais. Esse foi o pedido feito pelo estúdio à Shinichiro, que a partir dai elaborou com uma equipe extremamente competente um dos melhores animes do mundo.

Cowboy Bebop é feito no formato de episódios fechados, ou seja, cada episódio conta uma história, a não os episódios que se centram em Spike (Esses são geralmente episódios com continuação), podendo ser assistido em qualquer ordem, apesar de ser recomendado assistir na ordem correta.

Logo no primeiro episódio já dá pra perceber que Cowboy Bebop não é um anime comum. Neste episódio somos apresentados a Jet, o capitão da Bebop e Spike, um caçador de recompensas desleixado e como ele mesmo diz: "A moda antiga". Em um só episódio podemos ver referência a Clint Eastwood e seus filmes de faroeste, MPB, jazz, blues e até Robert Rodriguez (Que gosta muito do anime, por sinal), mas sem tornar-se uma miscelania ordinária, tudo é muito bem encaixado, até passa despercebido, podendo até resignificar as referências, tirando-as de seu contexto original, algo muito complicado de ser feito, mas que virou marca registrada de Shinichiro Watanabe, afinal ele é um dos poucos que sabe fazer isso com maestria. E esse é o grande trunfo da série, você poderá notar diversos elementos narrativos que fazem referência à filmes, livros, músicas e outros animes.

Outro grande trunfo narrativo da série são os temas abordados. Cowboy Bebop não se trata de um anime que simplesmente faz referência à outros animes, Cowboy Bebop têm profundidade e logo no segundo episódio já são feitas brincadeiras com Goethe, por exemplo. E se você for se aventurar e assistir a todos os episódios, poderá notar a presença de 3 grandes temas ao longo de toda o anime: O passado, a busca por um sentido e o equilíbrio.

O passado é o tema recorrente mais usado ao longo da série, afinal acompanhamos personagens perturbados por fantasmas de anos atrás e todos eles buscam superar os seus problemas. No entanto, para eles isso torna-se um objetivo difícil de ser conquistado, por que eles tem que superar o seu passado e encontrar novos objetivos na vida e aí entra a busca por um sentido. Os personagens se atormentam por que não sentem que vivem, em suma, eles só existem, mas há aqueles que encontram algo para viver e em sua nova vida, acham o equilíbrio que precisavam. Esse é o tema mais complicado de ser identificado na série, mas você pode notar que os personagens menos trágicos e por consequência, os que acabam não tendo tanta participação nos episódios finais são aqueles que acabaram encontrando um ponto de equilíbrio em suas vidas. O passado ainda está lá, ele existe, mas eles não podem mudá-lo, apenas superá-lo, o que eles acabam fazendo e seguem suas vidas, mesmo que distante daqueles que os acompanharam por tanto tempo.

Enfim, como você pode perceber, Cowboy Bebop têm personagens únicos e única também é a qualidade técnica do anime, contando com uma animação soberba, ainda mais para os padrões da época de lançamento dele.Por terem tanta liberdade para trabalhar, os animadores e roteiristas da série inseriam aquilo que eles mais gostavam e guardavam na memória do que foi influência para eles, por isso alguns episódios são inteiramente feitos com uma atmosfera noir ou têm elementos de filmes de faroeste, chegando ao extremo de criarem um episódio inteiro baseado em Batman. Um ponto alto da animação também é o uso de CG, não parece artificial e colocado por cima da cena, como em outros animes do século passado, as animações em CG realmente parecem pertencer, quadro a quadro, das cenas e não atrapalham em nada, pelo contrário, só acrescentam. A trilha sonora também é o ponto mais alto da série, que foi feita "de última hora" para cada episódio. Yoko Kano, responsável pela trilha sonora de Cowboy Bebop, criou uma banda só para fazer a trilha sonora do anime e por contar com tanta liberdade, criavam músicas para cada cena do anime, o que resultou em episódios com músicas originais e sempre diferentes, além de 10 CD's com músicas do anime e um DVD ao vivo.

Cowboy Bebop, assim como muitos animes do final do milênio, contam com um final trágico, mas entram para a história, por que se trata de um trabalho realizado por jovens profissionais que queriam dar todo o seu melhor em um projeto com liberdade quase total. É um marco na história dos animes, sendo um dos animes de maior sucesso tanto no ocidente quanto no oriente, abusando de influências dos dois lados do planeta e influenciando pessoas de todos os cantos também.

Infelizmente, eu escrevi muito e sinto que não escrevi nada. Cowboy Bebop merece muito mais do que um texto desses.

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terça-feira, 24 de junho de 2014

Dica cinematográfica: "A noiva estava de preto" (1968)

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"A noiva estava de preto" é um clássico do cinema francês dirigido por Trufaut e lançado em 1968.

Sua história acompanha a caçada de Julie Kohler atrás dos responsáveis pelo assassinato de seu marido, na escadaria da igreja logo após a celebração do casamento dos dois.

A narrativa é muito bem bolada, com a apresentação da perseguição e dos atos de Julie antes da apresentação dos motivos pelo qual ela caça esses homens, o que dá ao filme um tom meio noir, meio suspense, além de ser tudo muito bem feito, nada acontece por acontecer.

Todos os destalhes da trama são colocados no filme de forma a auxiliar ao menos um pouco a história, de forma que nenhum segundo do filme é perdido. Seja ao mostrar a vaidade fútil dos assassinos de seu marido ou ao mostrar seus atos impensados e como eles são irresponsáveis.

"A noiva estava de preto" ainda conta com uma ótima trilha sonora, que só adiciona ainda mais conteúdo ao filme.

Enfim, um filme que merecidamente recebe o título de clássico.

4 pontos e meio

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Por que eu não torço para o Brasil?

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Esse ano, aos 45 do segundo tempo, o povo resolveu se animar com a copa do mundo.

Por uma série de motivos, um monte de gente não está dando muita moral para a copa, nem para a seleção; alguns torcem para o Brasil perder, outros continuam torcendo fanaticamente para a seleção canarinho e a maioria só se anima na hora do jogo mesmo, por que depois... A vida continua.

Pela primeira vez desde que tomei consciência dos males da seleção, eu sinto que estou do lado da maioria nessa copa. Eu nunca torci para o Brasil, sempre assistia os jogos por puro divertimento, mas com o passar dos anos, a vinda da rebeldia adolescente e as horas de leitura e pensamentos revolucionários, desenvolvi uma quase-aversão à copa do mundo e em especial à seleção brasileira. Veja bem que eu não sou contra futebol ou algo assim, aliás torço mais pro Santos do que pra seleção, de vez em quando me arrisco a jogar bola e até gosto de assistir futebol na TV.

Enfim, desde a copa de 2006 um enorme buraco na nossa sociedade (brasileira) começou a me perturbar seriamente: O fanatismo do brasileiro com a seleção.

Por mais que os jogos semanais atraiam milhares de pessoas aos estádios, por mais dinheiro que os clubes arrecadam, por mais violência que aconteça nas ruas quando um time ou outro perde, nada pode ser comparado ao fanatismo que a seleção gera.

Todo o país para pra assistir a seleção em época de copa do mundo. Os estabelecimentos fecham, as ruas se esvaziam e a cidade se cala. O silêncio predomina nas ruas outrora movimentadas, as avenidas ficam vazias como nunca se imaginou e se você quiser ouvir os próprios pensamentos agora pode. A não ser que o Brasil marca gol, por que então a festa recomeça, rojões são estourados, as pessoas gritam, os cachorros latem, os pássaros voam e se a seleção ganhar, as ruas se tornam barulhentas, os bares abrem, só se ouve buzinas, cornetas e, agora, vuvuzelas. Se você quiser ouvir os seus próprios pensamentos terá que se trancar numa câmara de vácuo.

Durante 4 anos reclamamos do nosso país, o Brasil fede, é sujo, corrupto, povo violento e sem educação, bom mesmo é na Inglaterra, no Japão ou na Alemanha, saúde de qualidade, tecnologia de ponta, corrupção controlada e fraca, povo educado e pacífico, mesmo que a realidade seja diferente da imagem romantizada do brasileiro. No entanto, naqueles 90 minutos, talvez 96 ou 97, em que a seleção joga, ninguém é mais patriota que o brasileiro, os problemas acabaram, e daí que eu passei 5 horas na fila do hospital? Meu país tá em campo. E daí que a colega de classe do meu filho tá grávida e ofereceram crack pra ele no portão da escola? A seleção da jogando. Vamos beber, fumar, gritar no bar. O país ganhou o jogo. Alemanha? Japão? Inglaterra? Fichinha, o  Brasil é pentacampeão!

Pois é, o Brasil é penta já, nenhuma seleção de futebol se iguala ao Brasil. A Alemanha? É tri. O Japão? Nem passou das oitavas. Inglaterra? Tem uma e nem meu avô viu. A Itália é tetra, mas todo mundo sabe que o país tá em crise. A soberania é brasileira, temos a melhor seleção do mundo, nossos jogadores estão todos na Europa, sempre batendo recordes de salário no mercado da bola. Nosso futebol é artístico, tá no sangue de todo brasileiro.

Somos os melhores. Mas só no futebol. Nas Olimpíadas estamos sempre no meio da tabela, sempre acompanhados de Turquia, Iugoslávia, Tunísia ou Bélgica. Não parece ruim, mas no total de medalhas perdemos pra países como Bulgária, Checoslováquia, Finlândia, Noruega, Japão e outros que a maioria do nosso país nem sabe em que continente fica, muito menos pode localizar no mapa múndi. Se for contar as medalhas de ouro ficamos atrás de países como a Islândia, Hungria, Luxemburgo, Líbano e Argentina (ai!). Na natação até que mandamos bem, mas além do César Cielo nenhum nome vêm à mente do brasileiro. Olímpiadas de inverno não vale, afinal nem neva aqui no Brasil, apesar da Jamaica, um país que fica na linha do equador, ser bem mais quente que o Brasil, ser bem menor e menos desenvolvida, marcar presença desde 1988.

Por que que um jogador de futebol aparece todo santo dia no globo esporte e um atleta olímpico aparece por 15 minutos quando ganha uma medalha de ouro? Se ganhar de prata aparece se estiver com a filha no colo e ela fazer alguma graça na frente das câmeras. Medalha de bronze nem conta. Paralímpico então...

O Brasil tá muito bem de futebol e é por isso que eu não torço pra seleção ganhar a copa, ela não precisa da minha torcida, nem da torcida de ninguém.

Mas eu admito, assisto os jogos da seleção com os amigos, com a família, em casa ou no barzinho, é legal. É divertido, mas não pela seleção, pelas pessoas que estão comigo e, secretamente, torço pro adversário.

Celebro a derrota do Brasil? Claro que não, afinal não sou burro. No entanto fico feliz, muito feliz quando a seleção ganha e me entristeço quando ganha. Me entristeço ao ver todo mundo pintado de verde e amarelo, gritar "É gol!" e celebrar esse campeonato corrupto de 4 em 4 anos e no dia seguinte voltar a reclamar da saúde, da educação, dos políticos, da Dilma e do PT, quando nem sequer é o presidente que manda num país. Volta a protestar fingindo uma união movida por um ideal, quando nem há um ideal.

Quando o brasileiro começar a fazer festa ao ver um atleta olímpico conquistar a medalha de ouro nas Olimpíadas, quando ter orgulho de ser brasileiro pela diversidade da nossa fauna e flora e não pelo número de copas do mundo a seleção já ganhou, quando a mídia esportiva der moral para os jogadores que realmente se esforçam pra fazer um bom jogo e não para quem fica bonito na frente das câmeras, quando eu ver gente passando na faculdade por que estudou numa boa escola pública e não por que é pobre ou tem a pele mais escura, quando eu ter a certeza de receber um bom atendimento num hospital público, quando eu puder dizer pra alguém confiar na justiça do nosso país que é boa, quando essa ideai utópica e impossível tornar-se realidade, aí sim, eu vou torcer pro Brasil, por enquanto, torço pra Alemanha, pelo menos tem um time simpático.

domingo, 22 de junho de 2014

Dica cinematográfica: "Piconzé" (1972)

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"Piconzé" é um filme brasileiro de animação de 1972.

O filme conta a história de Piconzé, um menino que mora na Vila do Vale Verde, feliz com seus amigos Louro Papo, um papagaio e Chico Leitão, um porco fanfarrão. Tudo ia bem até que Gustavo Bigodão e seu bando de criminosos roubam a vila e sequestram Maria Esmeralda, amiga de Piconzé e também seu interesse amoroso na vila. Sem pensar duas vezes, Piconzé partem para salvar Maria e no meio do caminho passam por diversas aventuras, enfrentando um monstro, uma bruxa, conhecendo o Curupira e um ermitão que os ensina a lutar para derrotarem o bando de Bigodão.

Este filme foi criado por Ypê Nakashima, um japonês radicado brasileiro e uma ótima equipe de profissionais, que juntos fazem o primeiro filme de animação colorido do Brasil, com uma bela história, muito original e evocando elementos extremamente tradicionais do Brasil.

Vivendo numa época em que os filmes brasileiros ou inspirados no Brasil apenas tratam de festas, carnaval, futebol, gente dançando nas ruas ou índios lutando contra evangélicos num universo distópico, esse achado faz uma grande diferença para fazer mudara imagem que eu tinha do cinema de animação brasileiro.

"Piconzé" é uma história que segue os padrões do caminho do herói, com um garoto movido por um objetivo sensato  em uma aventura fantástica, ele é primeiramente derrotado, depois volta e aprende técnicas para deixá-lo mais forte e, enfim, derrota o vilão. Sem surpresas, afinal é um desenho para crianças, mas não é a narrativa que surpreende, muito menos a animação, que pelo fato de não contar com um grande orçamento e ter sido feita no final dos anos 60 e início dos anos 70 é muito abaixo da qualidade das animações de hoje e até das animações americanas e japonesas da época.

No entanto, os elementos presentes em todo o filme são extremamente surpreendentes, como por exemplo a inclusão de personagens tradicionais brasileiros, além das vozes dos personagens, que carregam personalidade a eles, tornando a animação extremamente engraçada, mas com piadas que, infelizmente, seriam mal vistas pelo politicamente correto de hoje. A ambientação do filme é baseada no nordeste brasileiro, mas os personagens não carregam um sotaque de lá, mas há brincadeiras com sotaques regionais, até internacionais, além de contar com jogos de palavras e as próprias situações se tornam hilárias.

Apesar da qualidade de animação não surpreender em comparação com os dias de hoje, há um ponto na parte técnica que coloca até os filmes mais atuais no chinelo e não só os brasileiros; eu falo da trilha sonora. A trilha é feita com instrumentos tradicionais brasileiros e alguns japoneses, misturando gêneros nordestinos, com samba, bossa nova e até mesmo rock, mas não fica uma bagunça. Todos esses gêneros estão presentes, mas cada um tem o seu espaço no filme, sendo colocados em situações diferentes, de acordo com a atmosfera que se desejava passar com as cenas. Sem contar que as canções nem sempre são instrumentais, contando com letras criativas e engraçadas que dão de dez a zero em qualquer filminho musical da Disney ou o infame Rio.

Enfim, Ypê Nakashima criou uma pérola que merece muito mais atenção do que recebe, devendo ser uma reprodução obrigatória para qualquer pessoa que quer levar a animação a sério, ou mesmo o cinema ou ainda que só queira passar um tempo com um filme para a família toda se divertir, sendo seu único ponto fraco a animação mesmo, mas isso dá pra perdoar, visto a qualidade narrativa, criativa e musical do filme.

"Piconzé" é um filme antigo e que por não receber a devida atenção de todos acabou meio que se perdendo no tempo e hoje conta com um interessante projeto que objetiva divulgá-lo e restaurá-lo para as futuras gerações de brasileiros conhecerem mais da história do cinema brasileiro.

O filme pode ser visto online gratuitamente aqui.

4 pontos e meio

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Dica cinematográfica: "Dear Mr. Watterson" (2013)

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esta sim é uma devida homenagem a uma das figuras mais queridas de todos os tempos.

"Calvin e Haroldo" foi uma tira de quadrinhos publicada por mais de 10 anos até o seu cancelamento pelo autor, Bill Watterson. A tira é extremamente influente, sendo considerada "cult" até, em grande parte por culpa de sua enorme base de fãs, de diferentes idades, de diferentes raças e culturas, trabalhos e carreiras, podendo ser encontrada referências à essa série em todo tipo de mídia, de outras histórias em quadrinhos até filmes de Bollywood. Esse filme trata-se disso, da influência enorme que a obra de Bill Watterson causou no mundo, da "magia" que existe nos quadrinhos de Calvin, da opinião de seus fãs acerca das tiras.

Eu, como fã de "Calvin e Haroldo", adorei o filme. Esse sim é uma homenagem decente. O filme não se ocupa de mostrar detalhes da vida de Watterson, em fazer um retrato desse gênio, que há anos foge dos holofotes, vivendo recluso, longe de jornais, entrevistas e fãs, diferente do filme sobre Salinger, que é extremamente invasivo e, por vezes, ofensivo. "Dear Mr. Watterson" foi feito por um fã, entrevistando fãs e colegas de Watterson, que, apesar de nunca terem se encontrado com ele, nutrem por ele uma grande admiração e carinho, sem se tornar aquele fanatismo babaca típico de fãs hardcore.

O filme fala em diversos momentos de assuntos delicados como a reclusão de Watterson e suas fortes opiniões sobre autores de tiras de jornal e editores de jornal, mas sempre respeita suas opiniões e também as opiniões dos outros, sem debater fortemente esses assuntos.

No geral, e isso fica ainda mais comprovado com a última cena, o filme soa mais como uma carta, despretensioso e carinhosa, de um fã para o seu autor favorito. É apenas uma conversa, uma troca de palavras sinceras, nada demais e por esse motivo, por ser tão simples, tão carinhosos e singelo, o filme me agradou tanto e me deu aquela vontade de tirar os meus livros de Calvin e Haroldo e lê-los novamente, só por diversão, sem pretensão.

5 pontos

domingo, 15 de junho de 2014

Dica cinematográfica: "The Animatrix" (2003)

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"The Animatrix" é um projeto derivado do filme "Matrix" que consiste na compilação de diversos curtas animados contando histórias inspiradas na trilogia original.

Esse filme conta com muitos nomes influentes do mundo da animação, cada um usando em seu filme um estilo bem característico e marcante, não só na questão da arte ou da animação, mas também na trilha sonora, na contextualização das histórias e o desenvolvimento narrativo.

Todos os curtas são excepcionais, contando histórias muito boas, deixando sempre aquele ar de mistério no final, levando a crer que aquela história ainda não foi finalizada, coisa que eu acho muito legal, deixando para a imaginação do espectador o destino de cada um dos personagens.

A trilha sonora também é muito boa, apesar de se destacar mais nos trabalhos dos diretores mais ligados à música, no entanto, no filme como um todo, há uma boa trilha sonora, além é claro, da dublagem, que ficou muito boa e clara.

Animatrix, pelo que me lembro, não fez muito sucesso na época de lançamento (criticamente falando), mas é um filme muito legal, divertido e audacioso na medida certa.

Enfim, uma grande dica para quem gosta de ficção científica,mistério e animação.

5 pontos

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Dica cinematográfica: "The Wicker Man" (1979)

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"The Wicker Man" é um clássico filme de 1979, comumente classificado como horror, apesar de eu não achar essa definição muito correta.

Para mim, "The Wicker Man" é o perfeito filme de suspense. Ele te leva a acreditar no que ele não é, para jogar a verdade do que é no final.

O filme começa lenta, com música tradicional da Inglaterra, mostrando belas paisagens naturais, enquanto um policial chega à uma ilha da Escócia para investigar o desaparecimento de uma menina. Logo no começa nota-se um certo tom hostil e o suspense cresce em questões de segundos ao sermos apresentados a habitantes da ilha de Summerisle que nunca ouviram falar da garota desaparecida, nem mesmo sua mãe.

O filem te leva a acreditar que se trata de um suspense investigativo ao nos mostrar por um bom tempo o policial investigando a ilha, de noite e de dia, descobrindo que aquela ilha era dominada por um culto pagão e que seus habitantes lembram da menina, apenas não dizem a palavra "morte", além de acreditarem que ela se uniu à natureza e seu corpo transmutou, talvez em seu animal favorito: Uma lebre.

Logo descobrimos que o policial é também um fanático religioso, mas cristão. O clima do filme muda completamente para investigação ao acompanharmos a trajetória final do policial em busca da garota desaparecida e enfim, o macabro, tenso e perturbador final derradeiro do filme, tornando-se um desses filmes de horror extremamente perturbadores.

No entanto, tirando esses últimos minutos de filme, não dá para chamá-lo de horror, apesar dele ser isso mesmo. Afinal, o final é que importa, não é?

Enfim, "The Wicker Man" não é um clássico à toa, é realmente um ótimo filme, muito belo e bem arranjado, além de contar com uma narrativa soberba, impressionando qualquer um que ousar assisti-lo.

4 pontos e meio

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Dica cinematográfica: "Primer" (2004)

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Hoje é a dica é só para os fortes.

"Primer" é um filme de 2004, de ficção científica que conta a história de dois amigos, que fazem parte de um grupo de cientistas amadores que constroem invenções em uma garagem, buscando apoio financeiro para suas invenções. Em uma tarde fatídica, esses dois amigos, Arron e Abe constroem um mecanismo novo, só pra ver o que acontece, sem ambições e acabam inventando uma máquina do tempo.

Os dois adaptam essa máquina em uma escala maior e decidem viajar no tempo apenas 6 horas, elaborando um complicado, mas inteligente plano para que não se encontrem com seus "duplos". Os problemas começam quando eles relaxam um pouco nos planos e quebram a simetria, causando consequências inesperadas no passado, presente e futuro.

O filme é amado e odiado na mesma medida, principalmente por ser um filme confuso para muitos, mas não é tão confuso como falam. Se você estiver no estado de espírito certo, procurando teorias e histórias complicadas e complexas, este será o seu filme. No entanto, se você quer uma rápida diversão, assista outra coisa.

Se você acompanhar o filme com bastante atenção, sem se importar muito com o seu conhecimento prévio de física, química e até biologia, poderá acompanhar o raciocínio dos dois amigos sem grandes problemas. Os problemas de raciocínio que o filme cria começam no final mesmo, depois de quebrarem a simetria, criando problemas que não ficam bem explicados como surgiram e soluções muito distantes da realidade que o filme cria até aquele ponto, além de ter ainda mais cortes que o usual, pulando períodos enormes de tempo e até mesmo de espaço.

Quanto a parte técnica, uma das coisas que confundem muito quem assiste são os cortes, que são muitos e rápidos, mostrando também o que acontecia com os "duplos" de Arron e Abe. A trilha sonora não se destaca e a fotografia é cheia de tons berrantes de verde e vermelho, para mostrar que as cenas acontecem em uma dimensão distante, em outro tempo, outro lugar, padrão seguido por muitos filmes de ficção científica dessa época, seguindo o sucesso de Matrix.

Enfim, "Primer" é um filmaço, decepcionando mesmo só no final, jogando certos elementos na história a força, apenas para criar uma tensão no final, para deixar o filme mais "cinematográfico" e menos "artístico".

Assista.

4 pontos

sábado, 7 de junho de 2014

Dica televisiva: "Pokemon The Origin" (2013)

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Essa dica não era mais para ser feita, eu sei, mas vou fazer do mesmo jeito, por que esse anime é bom pra crlho.

"Pokemon The Origin" é um anime que originou-se da campanha de marketing para promover os jogos Pokemon X e Pokemon Y, mostrando um anime mais fiel aos primeiros jogos: Pokemon Red e Green.

O anime acompanha a jornada de Red para se tornar o treinador mais forte de todos e completar a pokédex, fazendo o mesmo roteiro que qualquer um faria ao jogar os primeiros jogos da franquia. Então, a história não é nada nova.

O novo aqui se concentra na narrativa. Toda a história é contada em apenas 4 episódios, além de criar uma nova "mitologia" para o mundo Pokémon, adaptando diversos elementos "fantásticos" para que a história ficasse mais "palpável" ao gosto daqueles adultos que jogaram os primeiros jogos e ainda não se esqueceram dos momentos mágicos que passaram com o seu Game Boy, conseguindo, dessa forma, agradar a gregos e troianos. Um dos exemplos disso é o modo como todo episódio se inicia, com uma tela em branco perguntando se você gostaria de inciar do último ponto salvo ou não, ou ainda os pequenos "balões" contando alguns eventos da história, usando uma linguagem fiel aos jogos.

Também temos uma história muito mais próxima dos jogos, mas que está longe de ser uma adaptação do mangá de sucesso "Pokém Adventures", infinitamente mais maduro e ousado em sua abordagem do mundo pokémon, no entanto isso não atrapalha em nada o divertimento, que, como eu já disse, agrada a gregos e troianos.

Em relação à qualidade gráfica, surpreende. Afinal, até mesmo por se tratar de um anime de só 4 episódios, que serve como catapulta para alavancar as vendas dos novos jogos, conta com uma qualidade gráfica soberba, com uma animação muito fluída, cheia de cores, nos mais variados tons, sabendo adaptar os cenários dos games em ótimas paisagens, além é claro das batalhas, muito bem feitas, com desenhos fortes em certos momentos e um sombreamento perfeito para adicionar mais tensão nelas.

E claro, não podia faltar a trilha sonora, que nada mais é do que uma reformulação da trilha sonora dos primeiros jogos. Os instrumentos musicais e a forma como a música é feita mudaram, mas as notas que tornam a música aquilo que ela é e consegue dar um efeito nostálgico especial ao anime está lá. Moderno e nostálgico, na medida perfeita.

Enfim, "Pokemon The Origins" é um ótimo anime para novos e velhos fãs e se tem algo que ele peca é nisso, esse anime não é atraente para quem não se interessa por Pokémon, muito menos para quem nunca jogou Pokémon e menos ainda para os que odeiam, o que é diferente com o mangá. Mas, otários a parte, esse anime surpreende e diverte, merecendo ser assistido por aqueles que têm cabeça não só para ter cabelo.

4 pontos e meio

terça-feira, 3 de junho de 2014

Dica cinematográfica: "O duplo" (2014)

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Um pesadelo em forma de filme.

"O duplo" é um filme de 2014, que conta a história de um trabalhador normal para uma agência de transferência de dados do governo em um mundo distópico, recheado de figuras apáticas e desesperançosas. Sua vida muda quando ele conhece outra pessoa idêntica a ele, mas completamente diferente em seu modo de ser, mais vivo, simpático e ambicioso, o que se mostra um tremendo desafio para o personagem principal.

O filme conta uma história muito interessante e fantasiosa, sem cair muito no mundo da imaginação. Não há explicações mirabolantes para o que aconteceu com o personagem principal, nem viagens no tempoou interdimensionais, nada assim. Tudo é contado em uma cidade distópica, nada atraente e angustiante.

Aliás, angustiante é um adjetivo que descreve bem o filme, afinal lida com um dos medos mais primordiais da humanidade: A perda de identidade. A pessoa não saber quem ela é.

Não é um filme chato, consegue te manter preso do começo ao fim, então está muito recomendado como uma diversão rápida para o seu dia.

4 pontos

domingo, 1 de junho de 2014

Dica cinematográfica; "O substituto" (2011)

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Existem alguns filmes que são tão encantadores que você não quer que terminem. "O substituto" é um desses.

Trata-se de um filme que acompanha o dia a dia de um professor substituto em uma escola, mostrando o seu relacionamento com outras pessoas, alunos e a vida dos outros integrantes do corpo docente.

É um filme com várias histórias, algumas nem se cruzam, mas que tem como objetivo mostrar os problemas enfrentados por professores na escolas hoje em dia, com salários ruins, colegas desiludidos, alunos e pais desinteressados na escola, que acham estarem em algum pedestal de onde devem ser paparicados por todos os professores, diretores e conselheiros.

Henry Barthes cai no meio de tudo isso, substituindo um professor de inglês e o filme prossegue mostrando a história dele e de outras pessoas, enquanto mostra monólogos do substituto, destrinchando a dura realidade na qual ele vive e não consegue escapar.

"O substituto" não é um dos melhores filmes que já vi. De fato, ele só cresce do meio pro final, apresentando a história de Henry e uma jovem prostituta que ele meio que adota, por ficar com pena dela.

Mas vale a pena. É um filme agradável e encantador, com duras e sérias críticas a um sistema que já deu o que tinha que dar.

4 pontos e meio

Dica musical: "Are We There" de Sharon Van Etten

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Sharon Van Etten é uma artista musical estadunidense que lançou o álbum "Are We There" esse ano.

Sharon Van Etten é uma artista difícil de se classificar, suas canções são basicamente sobre amor e suas diversas facetas, além de incluir uma porrada de instrumentos musicais de diferentes gêneros e ritmos, mas se há uma palavra que pode descrevê-la, essa palavra é "melódica".

Sharon Van Etten têm um talento nato para criar melodias belas e interessantes com os mais variados instrumentos, seja uma melodia mais alegre ou mais melancólica, ela sempre consegue enquadrar perfeitamente os arranjos musicais, algo que se comprova com esse CD, que é muito bom de se escutar.

Não é um CD fácil, afinal Sharon Van Etten arrasta muito as palavras para de alguma forma repetir menos refrões, mas deixar as músicas mais longas, o que pode ser chato para alguns, mas sua voz, potente e marcante, não irá enjoar seus ouvidos.

Se há um ponto fraco nesse CD são as letras, que não evoluíram do último trabalho (o triunfante "Tramp"), pelo contrário, parecem ter dado uma regredida, mas continuam boas e interessantes, até misteriosas, como na canção de abertura: "Afraid of Nothing".

Mesmoo tema batido (amor), várias canções do álbum ainda soam extremamente originais, comprovando que Van Etten é provavelmente a artista que sabe cantar sobre o amor melhor do que ninguém, criando canções que literalmente podem apertar seu coração, rasgá-lo ao meio de um modo sadisticamente lente e rir, enquanto o sangue forma uma poça no chão, aos seus pés.

Enfim, "Are we there", o novo álbum de Sharon Van Etten impressiona e marca o ano, sendo extremamente sentimental, conseguindo, literalmente, transmitir uma carga enorme de sensações ao ouvinte, desde angústia até o alívio esperançoso final.

4 pontos e meio