quinta-feira, 27 de julho de 2017

Dica gamística: "Pokémon Sun" (2016)

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Descobri um meio de desbloquear o meu 3DS e finalmente consegui ter acesso a caralhada de jogos que eu queria jogar e um deles, obviamente, é o novo jogo Pokémon; Pokémon Sun! Não é o melhor jogo Pokémon que já joguei, mas é uma adição muita boa para a franquia.

O jogo já começa com uma premissa diferente, aqui você não é um treinador Pokémon buscando ser o melhor do continente, mas apenas um garoto que se mudou de Kanto (se não me engano) para um país inspirado no Havaí, um conjunto de ilhas, que ainda não tem um sistema competitivo para treinadores Pokémon definido. Você, como um treinador Pokémon muito competitivo resolve desafiar os treinadores mais fortes de cada uma das ilhas na busca por se tornar o primeiro campeão de Alola e assim definir, de vez, o sistema de campeonato que essa região irá seguir dali em diante.

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Além disso você terá que enfrentar uma equipe de vilões, o ridículo e inútil Time Caveira, uma organização que planeja preservar os Pokémon chamada Aether e descobrir os mistérios dos Pokémon lendários de cada ilha, além das Ultra Bestas, espécies de Pokémon de outra dimensão.

É um enredo diferente e muito mais elaborado do que qualquer outro jogo Pokémon, apesar de ser bem infantilizado e sem muita profundidade ou maturidade, mas isso é por causa da faixa etária que o jogo pretende atingir. É bom, porque muita gente pode acabar se divertindo com o jogo, pessoas que incluem crianças de 9 anos a marmanjos de 45. No entanto isso também tem o seu lado ruim, porque você acaba preso a uma história desestimulante por boa parte do começo do jogo. Pra você ter uma ideia, após duas horas de jogo é que você aprende a como capturar um Pokémon e isso é muito irritante, principalmente se você já jogou outros jogos da franquia.

Já passou da hora de Pokémon ter duas opções de jogo, uma para jogadores iniciantes e outra para jogadores experientes.

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Outro ponto negativo é a dificuldade do jogo, que nunca se encontrou num nível tão baixo. É simplesmente ridículo o nível dos Pokémon dos personagens que você enfrenta (e que nem são tantos assim e isso é outro problema, a ausência de NPC’s que lutam com você), o que resulta num ganha muito baixo de experiência para o seu time. É fácil virar campeão nesse jogo, mas é difícil chegar ao nível 100.

Voltando ao enredo, existem opções de fala agora, mas elas não parecem alterar significativamente o que acontece dentro do jogo, os novos iniciais não são legais (o de água, principalmente, parece ser o rascunho daquela ideia ridícula que você teve quando já não podia mais ter ideia alguma), alguns eventos mais para o final do jogo parecem ter sido feitos na cocha, como ganhar o Icium Z, você simplesmente o acha numa caverna e, do nada!, você aprende a dança para ativá-lo. Não convence.

Por falar em Icium Z, esse é o Z power do gelo. Z Power são outra adição aos jogos que deixam os seus Pokémon mais fortes, dessa vez não alterando a forma dele, como as Megaevoluções, mas alterando um ataque de um determinado tipo. No exemplo usado, o Icium Z, ele altera os golpes de gelo, o que faz com que mais de um Pokémon possa carregar diferentes cristais Z, seu Pokémon não precisa ser necessariamente um Pokémon de gelo para usar o Icium Z, basta ele ter aprendido um golpe de gelo. Essa é uma adição legal, assim como as megaevoluções foram, mas eu gostaria que a GameFreak se concentrasse em uma apenas. Acho que os poderes Z é o mais viável, mas é legal ver os Pokémon mudando de forma também.

Além dessa há outras mecâncias adicionadas no jogo, mas nenhuma tão legal. A Rotomdex, por exemplo, é legal até que você pensa profundamente no que ela significa, é literalmente um Pokémon preso dentro de um objeto e isso é meio perturbador. Outra mecânica que não é legal e, muito pelo contrário, é revoltante, é a exclusão das HM’s. Agora não existe mais Fly, Cut ou Surf, você ganha um item que invoca Pokémon para essa função. Achei isso ridículo, desnecessário e idiota. As HM’s eram coisas legais, objetos escondidos, difíceis de serem encontrados e aumentavam a dificuldade do jogo, pois eram golpes que não poderiam ser esquecidos e você tinha que pensar com cuidado em qual Pokémon iria aprender o golpe.

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E por falar em mecânica, é hora de falar da pior mecânica, não só da história de Pokémon, mas da história dos videogames: a ajuda aos pokémon selvagens. Nesse jogo, quando um pokémon se encontra numa situação difícil ele clama por ajuda e aparece um outro pokémon para ajudá-lo, podendo ser da mesma espécie ou não, alguns inclusive são exclusivos dessa mecânica, ou seja, só aparecem no jogo quando chamados por outro. Essa mecânica é um lixo, primeiro porque os pokémon podem usá-la indefinidamente, quantas vezes quiserem e sempre após o seu turno, ou seja, além deles te atacarem, eles ainda chamam por um ajudante. Segundo, você não pode lançar pokébolas enquanto o pokémon ajudante estiver em campo, você até pode capturar o ajudante, mas o pokémon tem que estar sozinho no campo. E terceiro, é simplesmente muito chato isso, tinha que ter limites pra essa mecânica ser usada, tira muito da graça do jogo e enche o saco. Enfim, espero que não utilizem isso nunca mais em nenhum jogo da franquia. Perdi a conta das vezes em que eu tive vontade de quebrar o 3DS porque o pokémon que eu queria capturar não parava de chamar ajuda.

Voltando aos pontos positivos do jogo, o enredo, apesar de iniciar de maneira irritantemente didática, melhora depois da 2ª ilha (e não, não é a metade do jogo, é mais um quarto do jogo), dando mais liberdade para o jogador, desenvolvendo os mistérios do jogo, até culminar num plto twist que é meio óbvio se você for muito observador, mas pode surpreender. O jogo acaba melhorando muito e te surpreende, pois o início detona as suas expectativas.

Outro ponto positivo é a arte do jogo, o character design, as animações e os cenários estão muito bonitos e ouso dizer que nunca estiveram tão bonitos. É impressionante como os jogos ainda conseguem melhorar, mesmo depois de X e Y, que eu achei que seria o ápice que Pokémon conseguiria chegar. O trabalho junto a trilha sonora também está muito interessante, com uma gama maior de instrumentos, efeitos sonoros e até falas de Pokémon.

Finalizando essa dica que já está longa demais, o jogo vale a pena ser jogado. Tem muitos defeitos, não é o melhor jogo Pokémon, mas é uma adição boa à franquia, com personagens carismáticos, uma atenção gigantesca ao enredo e uma beleza que continua a crescer. Apesar dos pesares, não me arrependo de ter jogado.

2 pontos e meio