terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Dica cinematográfica: "O Sol por Testemunha" (1960)

De forma ricamente ilustrada e uma narrativa amplamente elaborada, René Clement irá te convencer que o crime não compensa.

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Em “O Sol por Testemunha”, Alain Delon encarna Tom Ripley, um jovem e belo rapaz que vira amigo do rico e igualmente jovem Phillipe Greenleaf. Tom apresenta uma personalidade curiosa, que chama a atenção de Phillipe, principalmente pelas habilidades de observação de Tom, que o levam a ser capaz de até imitar a assinatura de outras pessoas com perfeição. O que Phillipe não esperava era que as artimanhas de Tom iriam se voltar contra o jovem rico.

Este é um daqueles filmes que vão te surpreendendo conforme avança a sua projeção, pois se inicia de uma forma, passa por uma mudança de 180º no meio e dali ele parte para outro ponto que sequer estava nos planos logo no começo. Não dá pra falar muito, se não estraga o filme, mas a narrativa é elaborada, com poucas ou nenhuma falha de roteiro (eu, pelo menos, não passei por nenhum momento que me fez dizer “mas se ele fizer isso e aquilo vai evitar tal coisa – no entanto, também não reassisti o filme) e que te prende de uma forma que é difícil resistir ao seu encanto.

E não é apenas a narrativa que é um prior, pois a direção de René Clement é maravilhosa também, apresentando em imagens garbosas do sul da Itália, personagens belos e muito bem apessoados. Cada frame do filme parece ter saído de um book de alguma moda masculina famosa, estilosa e absurdamente cara, mas extasiante em sua beleza, colorida, apesar de ter sido feito até mesmo antes da nouvelle vague.

A trilha sonora, regrada a jazz, dá aquele toque final que todo filme francês dos anos 60 precisa ter, angariando aquele tom “cool” e misterioso, com o qual é difícil imaginar tal história se desenrolando.

Tenho ainda que chamar a atenção para o título do filme em português: “O Sol por Testemunha” é um título brilhante, genial mesmo, que parece não fazer nada além de atribuir um certo mistério ao filme, mas faz todo sentido quando você assiste até o final. Muito melhor que o original “Plein Soleil” (pleno sol).

Enfim, “O Sol por Testemunha” é uma fantástica obra de suspense, um triller que foge a tradição dos filmes noir, mas não esquece suas raízes, surpreendendo e tirando o fôlego daqueles que se aventuram por suas águas tortuosas.

4 pontos