terça-feira, 26 de março de 2019

Dica teórica: Skin in the Game de Nassim Nicholas Taleb (2018)

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Esse foi o melhor livro que li em 2018. Pena que terminei ele tarde demais para inclui-lo na minha lista de melhores do ano. Vou tentar honra-lo com essa dica, mas isso é muito difícil, já que o livro apresenta uma diversidade de ideias tão grandes que qualquer tentativa de o resumir é uma atividade quase homérica.

Mas vamos tentar.

Skin in the Game é o último livro numa série de 5 obras chamada “Incerto”. Essa série trata, basicamente, de aleatoriedades. Primeiramente no mercado financeiro, com o seu primeiro livro e depois na vida, com o livro chamado “Black Swan”, finalmente como evita-la, sendo “Antifrágil”, o título do quarto livro e Skin in the Game é o que você precisa para ser anti-frágil. Traduzido como “Arriscar a própria pele”, o livro trata de exatamente isso, botar o seu na reta, dar a cara a tapa, enfim... fazer algo que, caso não dê certo, irá te acarretar alguma perda.

Um dos argumentos iniciais é de que a nossa sociedade está recheada de pessoas que não arriscam a própria pela e pior! Nós deixamos que elas nos digam o que fazer com a nossa vida. A partir daí Taleb nos guia numa longa jornada recheada de experiências, contos, fábulas e conhecimentos práticos nos ensinando como é importante arriscar a própria pele.

A premissa é até simples, mas é a viagem que conta e esse é o ponto forte do livro. Tudo é uma enorme viagem pelo pensamento ocidental, misturando um pouco de pensamento oriental (em especial árabe) numa argumentação clara e muito bem articulada. A todo momento, você é lembrado de que se você não tiver contato com a realidade, você não receberá nada real. Skin in the Game ou arriscar a própria pele é simplesmente isso, ter contato com a realidade.

Mas o livro é muito mais do que isso, pois Taleb se aventura numa vasta gama de assuntos, do mercado financeiro até a religião, passando pelo campo linguístico, literário, político, enfim... praticamente tudo, porque se há seres humanos envolvidos, é porque algo funciona e se funciona, é porque quem tá fazendo está em contato com a realidade, se arriscando.

O livro nem é volumoso, mas a quantidade de conteúdo que ele entrega é absurda. Informações demais em cada uma de suas páginas e nunca é maçante. Taleb escreve como poucos, principalmente porque ele passou uns 30 anos trabalhando para alguém. Ele sabe como servir alguém. E serve muito bem os seus leitores.

E não pense que sua escrita é boa, porque é fácil de engolir. Não são apenas informações bonitas sendo jogadas na sua cara, mas provocações mesmo. Algumas passagens não são fáceis de aceitar, mas sua argumentação é tão concisa e bem escrita, que você não pode fazer nada a não ser admirar o seu trabalho.

Ainda não li os outros livros do cara e posso estar enganado quanto ao resumo que fiz do Incerto no começo dessa dica, mas vou ler e, provavelmente, ainda voltarei a tocar nesse assunto no futuro.

5 pontos