segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Dica cinematográfica: "I Origins" (2014)

I_Origins_poster


Fazia tempo que eu não terminava de assistir um filme pensando: "Putz grila! Que filme foda!". O único problema é que será extremamente difícil escrever essa dica sem adicionar spoilers, portanto, se prepare.


"I origins" conta a história de um biólogo molecular chamado Ian Grey. Ele sempre foi fascinado pelo olho humano e sempre que conhece alguém tira uma foto de cada um dos olhos dessa pessoa e trabalha desenvolvido um estudo que consiste em provar a evolução dos olhos de animais, desde um animal sem olhos até o desenvolvimento de olhos, a fim de refutar a pseudo-prova que criacionistas usam para anular a teoria da evolução; a de que olhos são sistemas tão complexos que seria impossível existirem sem a presença de um criador.


Numa festa da faculdade, Ian conhece Sofia, uma garota ousada e bonita, que logo chama a sua atenção e o relacionamento dos dois seria uma maravilha, não fosse por um fator: Ela acredita em Deus, já Ian não e os dois sempre discutem por causa disso.


Após uma discussão no dia em que os dois se casaram, Sofia morre de forma trágica. Ian sente-se horrível por nem ter tido a oportunidade de se despedir da mulher e algum tempo depois, sua assistente no laboratório, Karen o faz ir até o local de trabalho dos dois, mostrando que eles conseguiram desenvolver um olho em uma minhoca.


7 anos depois, Ian e Karen estão juntos, ela grávida, ele lançando um livro com seu estudo, derrubando uma das mais antigas refutações dos criacionistas.


O bebê dos dois nasce, sua retina é catalogada em um banco de dados mundial que contém a retina de milhões de pessoas e tudo corre bem, até que eles recebem uma ligação suspeita de uma doutora (uma das 5 pessoas no mundo com acesso aos dados do banco de dados de retina), dizendo que o filho deles tinha suspeita de ter autismo. Ian acha isso suspeito e os testes que a mulher faz com seu filho ainda mais suspeito e após uma pesquisa, ele descobre que o padrão da iris de seu filho era igual ao de um fazendeiro negro em Nebraska (acho).


Isso é extremamente estranho, já que o padrão da iris é único em cada ser humano. Detalhe: O fazendeiro morreu dez meses antes do nascimento do filho de Ian. Após um rápida pesquisa, ele descobre que o padrão do olho de sua ex-mulher Sofia também tinha um gêmeo, só que na Índia.


A grande questão no filme, ao meu ver, parece ser a existência de algo superior, um ser supremo que criou o universo, algo além da nossa compreensão. Deus, deuses, um panteão de divindades, isso não importa, até por que ao longo do filme não sabemos qual a religião de Sofia, mas sabemos que ela acredita no mundo espiritual, em vida após a morte, ressurreição, reencarnação até.


E conforme o filme avança para o final, parece que ele começa a pender para esse lado, da crença em algo espiritual, perto do final perdemos nossas esperanças para, enfim, recuperarmos ela.


O filme tem uma narrativa muito boa, sem forçar os momentos a acontecerem rápido demais, tudo é explorado com bastante calma e maestria. Em nenhum momento ele é didático, tornando-se chato, muito pelo contrário, os momentos onde outros filmes cairiam em uma encenação entediante entre ciência e religião, acabm cedendo espaços para discussões recheadas de metáforas e paradoxos.


Todos esses elementos, unidos a uma ótima fotografia, excelentes atuações fazem deste filme uma ótima obra de arte, que mescla diversos temas, flertando com a ficção científica, religião e drama pessoal ao mesmo tempo.


Há claro, alguns defeitos, como cenas e situações forçadas, meio absurdas, mas isso é ficção, caramba! Qual o problema com um pouco de absurdo, afinal?


4 pontos e meio