sábado, 7 de março de 2015

Dica cinematográfica: "Looper" (2012)

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Looper é um filme de 2012 (acho)e conta uma história de assassinos, viagem no tempo e drama pessoal com grande maestria, apesar de contar com os problemas típicos do gênero.

Viagens temporais ainda não foram inventadas no ano em que a história de Looper se passa, mas em 30 anos essa tecnologia será inventada e logo será banida por todos os governos do mundo, o que não impede que seja usada pela maiores organizações criminosas do planeta. Essas organizações contratam pessoas do passado para eliminarem seus inimigos, chamados de “Loopers”, que recebem a ordem de matar alguém num local pré-determinado, matam essas pessoas e eliminam seus corpos, que não deveriam existir 30 anos no passado. Um plano genial, até que os Loopers encontram a si mesmos e têm que “se matar”. À partir de então eles ganham dispensa de seu trabalho e aproveitam os próximos 30 anos esbanjando tudo o que a vida tem de melhor a oferecer.

Quem nos conta isso é um Looper, que nunca viu essa situação como algo anormal, apenas como seu trabalho normal de todos os dias, até que ele se encontra consigo mesmo e o seu eu do futuro resolve brigar e escapar, iniciando uma perseguição por um fugitivo e vingança ao mesmo tempo.

Esse é só o início do trama, que se mostra cada vez mais complexa conforme o filme avança, tratando-se de um filme que vai muito além do gênero de ficção científica com viagens no tempo. O personagem do passado quer simplesmente livrar o seu pescoço da perseguição que está sofrendo e viver os próximos 30 anos em paz, enquanto o seu “eu do futuro”, após ter perdido tudo o que tinha de mais precioso na vida (leia-se aqui família), busca vingança tentando eliminar a causa disso tudo antes dela ter crescido (ou seja, ele quer matar uma criança). Óbviamente, o personagem do futuro carrega uma carga dramática muito maior, mas é impossível não se convencer com os motivos do personagem do passado, que quer proteger uma criança de um assassino sangue-frio.

O que acaba acontecendo é que os dois personagens carregam motivos muito bons para o que fazem (apesar do personagem do futuro querer matar uma criança, nós sabemos que essa criança se tornará o grande vilão da história), deixando o espectador numa grande encruzalhada, onde você não saba para quem torcer, aumentando a ansiedade para o desfecho.

Desfecho esse que surpreende, sendo extremamente corajoso, apesar de um pouco desapontador, mas visto os caminhos que a história seguiu, eu não conseguiria pensar em algo melhor para o final, que é capaz de levar as lágrimas os de coração mais mole.

Mesmo com uma história tão bem bolada e original, o filme comete os mesmos erros de outros filmes do gênero, que é a falta de congruência de fatos e ações tomados durante o filme; afinal algumas pontas são deixadas soltas e ao final, você se pega com um grande ponto de interrogação sobre a cabeça, o que atrapalha, sim, um pouco o aproveitamento da película.

Ainda assim é um ótimo filme, um dos melhores que já vi do gênero, não só pela história, mas também pelos fatores técnicos do filme; efeitos especiais de primeira, um visual de encher os olhos, mostrando um mundo futurista, mas não tão distante da nossa realidade, concentrando-se nos detalhes para mostrar que aquele é um mundo num futuro não tão distante, além das ótimas atuações.

Inclusive, esse é talvez o ponto que mais me chamou a atenção no filme: as atuações. Bruce Willis e Joseph Gordon-Levitt interpretam o personagem do futuro e do passado respectivamente, e apesar dessa ser uma das atuação mais medíocres de Bruce Willis, Joseph Gordon-Levitt impressiona, tornando-se quase irreconhecível em seu papel, criando um personagem extremamente carismático e convincente. É claro que o fato desse ser um filme com personagens muito caricatos ajudar bastante, mas ainda assim ele merece certo crédito pela interpretação.

Enfim, “Looper” contém os tradicionais problemas do gênero em que se enquadra, mas impressiona, seja pelo visual, seja pelas atuações de seus atores e atrizes ou, simplesmente, pela história, original, corajosa e desafiadora. Um filme que merece ser assistido e re-assistido várias e várias vezes.

4 pontos