segunda-feira, 7 de março de 2016

Dica literária: "Árvore e folha" de Tolkien (2013)

iss.php

Assim como Akon, já começo me desculpando, pois coloquei no título a data em que o livro foi publicado no Brasil ou, pelo menos, a data de sua última edição brasileira, por que não encontrei a data em que o livro foi publicado originalmente.

"Árvore e folha" é um livro que reúne dois textos de Tolkien e é considerado, por alguns, essencial para compreender a obra do excelentíssimo sr. Tolkien. O primeiro texto é um ensaio (acho que pode ser considerado um ensaio, mas não sei, de verdade) chamado "Sobre contos de fadas" escrito por Tolkien no final da década de 30 (acredito) quando ele ainda lecionava e nesse texto, Tolkien dispõe ideias acerca dos contos de fadas modernos, seu desvirtuamento, além da falha em considera-los obras puramente infantis, sem apelo para o público adulto, algo que ele considerava grave e que desviava a obra de seu intuito inicial. O texto apresenta algumas bases importantes, mas eu não diria essenciais, para compreender "O Hobbit" ou ainda "O Senhor dos Anéis", pois mostra que o lado puro, agora associado ao infantil, dos contos de fada não são necessariamente rasos ou de fácil compreensão ou ainda inocentes, como muitos apontavam na época em que Tolkien escreveu o texto e como acabou se solidificando nos dias de hoje. No entanto, sem ler o texto acredito ser capaz de aproveitar os seus livros sem maiores problemas, mas é um texto legal de se ler.

O segundo texto é um conto bem curto chamado "Folha, de Migalha", no qual é contada a história de Migalha, um homem cujo hobby é a pintura e no qual ele se dedica, dia após dia, a um quadro, que começou como uma pintura de uma floresta com algumas folhas passando na frente dela, mas Migalha acabou se concentrando tanto num folha que perdeu dias a fio pintando-a e preenchendo cada mísero detalhe dela e acabou enchendo o quadro de outros detalhes, expandindo-o infinitamente, sem nunca conseguir terminá-lo. Este conto é considerado uma meta-ficção, em que Tolkien explora, através de diversas alegorias, o seu próprio processo criativo e os resultados que ele traria.

O livro, como um todo, é bem curtinho, mas vale a pena, pois pode apresentar, ao leitor já iniciado no universo ficcional de Tolkien, detalhes a mais que podem ter fugido de seu alcance quando leu algum trabalho do brilhante autor alguma vez, aumentando ainda mais o prazer em lê-las. Enfim, leitura mais que recomendada.

4 pontos