terça-feira, 24 de outubro de 2017

Dica gamística: "Cuphead" (2017)

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Hoje um review polêmico e sei que uma galera vai discordar de mim, mas a área de comentário tá aí pra isso, leiam o post e joguem todo o seu ódio contra mim nela, mas sem se esquecer, essa opinião é minha, não do Locadora TV. Os outros integrantes podem jogar o mesmo jogo e ter uma opinião diferente.

Irei falar de Cuphead, um jogo indie publicado pela Microsoft e disponível para Xbox One e PC (Windows 10, apenas), anunciado há muito tempo e que, desde o primeiro anúncio, ficou recheado de um hype quase infernal, porém justificável, já que a apresentação do jogo é belíssima.

Cuphead conta a história de dois irmãos, o Cuphead e o Mughead, que, num belo dia, resolvem ir até um cassino e lá começam a ganhar uma bolada. Em determinada altura, o dono do cassino aparece, o próprio Demônio e resolve apostar a alma dos dois na próxima jogada. Mughead fica com medo, mas Cuphead aceita o desafio e, obviamente, eles perdem. Agora, o Demônio tem a alma dos dois, mas após ouvir o choro dos dois, lhes faz uma proposta: se os dois meninos conseguirem os contratos dos devedores do Demônio em 48 horas, eles podem ficar com suas almas.

E assim começa o jogo, após um pequeno tutorial na casa de seu tio, você, no comando de Cuphead, pode partir para aventuras nesse mundo maluco, inspirado em antigos desenhos animados dos anos 30 e 40 e afins. Logo no começo, você já tem a oportunidade de desafiar dois devedores do Demônio e uma fase que serve para você ganhar moedas.

E aqui já vou dizer o principal defeito do jogo: o combate. O jogo é difícil? Sim, ele é, mas Cuphead é o exemplo de jogo difícil por ter uma jogabilidade ruim, que é expressa em dois pontos. O primeiro são os controles. Tá certo que eu estou jogando no teclado, que é horrível, mas se eu nunca comprei um controle é porque nunca passei sufoco jogando no teclado, então eu acho que os controles são ruins mesmo.

O segundo ponto a ser criticado (e principal) quanto a jogabilidade é um level design porco do jogo. Quando você enfrenta os inimigos não sabe quanto de dano inflige, isso não seria um problema se desse pra sentir que suas escolhas fazem diferença no jogo. Em determinado ponto do jogo, consegui um ataque especial que aumentava a quantidade de tiros que minha arma soltava, só que quando usei esse golpe especial num inimigo que estava enfrentando por um bom tempo, levei exatamente a mesma quantidade de tempo para ele mudar de forma, ou seja, não sei se o golpe especial tem efeito, de verdade. E o jogo também não te deixa verificar isso.

Vendem o jogo como se fosse difícil, mas ele só foi porcamente feito, o que não faz de Cuphead um jogo desafiador, de verdade. Pra ser desafiador tem que ter a intenção por trás do desafio, uma proposta sólida por trás do game, não apenas o acaso.

Ainda bem que eu não comprei.

Agora que destrinchei meu ódio contra o jogo, estou pronto para elogiá-lo. Há alguns aspectos que fazem ele ser um jogo difícil de verdade. O primeiro deles é a conquista de moedas de ouro. Existem algumas poucas fases pra você conseguir moedas de ouro e elas só podem ser conseguidas uma vez, ou seja, uma vez que você terminou a fase, não poderá pegar a mesma moeda, de novo, não é que nem um Mario da vida, onde você pode voltar numa fase anterior pra pegar moedas e conseguir vida.

Outro aspecto é a vida. Ela é muito limitada, embora digam que ela é infinita. Você pode liberar novas vidas, mas você tem que equipar essas novas vidas, ocupando o lugar de outras habilidades que te ajudam a avançar no game. É uma escolha difícil de se fazer. Mais para o final do jogo, você consegue liberar "vidas" enfrentando chefões muito difíceis, mas também é um evento relativamente raro.

Um terceiro aspecto são os próprios devedores do Demônio. Eles passam por diferentes formas antes de serem derrotados, fazendo do combate algo bem tenso e que prende a tua atenção de uma maneira como poucos jogos conseguem.

Fora isso, a direção de arte, claro, é sensacional.

A equipe de artistas responsáveis pela estética desse jogo está de parabéns, pois eles conseguiram simular, de verdade, a estética dos antigos desenhos animados, recheando o game de referências, mas mantendo um visual original. Dos personagens ao entorno da tela e os “riscos” (simulando rolo de filmes antigos) que aparecem na tela, é tudo muito bem feito e um deleite para os olhos.

Sem contar a música, que foi o primeiro aspecto que me chamou a atenção quando vi o primeiro anúncio do jogo. A trilha sonora do game é fantástica, embora acabe enjoando quando você tem que enfrentar a mesma área um milhão de vezes seguidas.

Talvez seja por isso que o level design seja tão porco. Os desenvolvedores se atentaram tanto a estética do game que acabaram esquecendo do fator primordial, a jogabilidade.

Infelizmente, o final do jogo também é decepcionante, deixando a desejar em muitos aspectos. As batalhas finais continuam infernais, mas são uma demonstração intensa do despreparo e falta de criatividade dos desenvolvedores na hora de criar as batalhas. Pra se ter uma ideia, a penúltima batalha (contra o Sr. Dice) é mais difícil do que a batalha contra o Demônio.

Enfim, Cuphead é um jogo muito bom e tinha potencial pra ser ainda melhor, mas o relaxo de seus desenvolvedores acabou fazendo da jogatina algo cansativo, frustrante e falho, embora eu ainda ache que vale a pena jogá-lo.

3 pontos