terça-feira, 31 de outubro de 2017

Dica cinematográfica: "Tire-au Flanc 62" (1961)

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E finalmente minha busca acabou! Me comprometi esse ano a assistir todos os filmes de François Truffaut e minha trajetória, que começou de maneira muito satisfatória revelou ser uma caçada implacável a diamantes há muito tempo perdidos e o último deles era “Tire-au Flanc 62”, que não se encontra disponível em local algum na internet e eu tive que desembolsar 42 reais para poder assisti-lo, mas valeu a pena.

O filme é, na verdade, um remake de um outro filme, de mesmo nome (exceto o 62), dirigido por Jean Renoir em 1928, que por si só é uma adaptação cinematográfica de uma peça. Não assisti o original de Renoir, nem li a peça, então só poderei falar sobre o remake de 1961 mesmo.

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No filme, conhecemos Jean Lerat de la Grinotière, um jovem aristocrata que está iniciando a carreira militar junto com seu servo fiel, Joseph Vidauban. Infelizmente, Jean Lerat não leva o menor jeito para a vida militar, enquanto que seu servo demonstra uma enorme facilidade de adaptação ao meio militar.

O filme é uma comédia bem leve, não se levando a sério em nenhum momento, provocando um humor já datado, mas que diverte, se você já estiver preparado para encará-lo. Não espere nada muito refinado, apenas toques sutis aqui e ali, que poderão abrir um sorriso em seu rosto.

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Ainda assim, é um filme divertido, um ótimo entretenimento feito a quatro mãos, pois não foi apenas Truffaut quem o dirigiu. Dividindo a direção temos também Claude de Givray, que não teve uma carreira muito prolífica e acaba atrapalhando a genialidade do maior mestre do cinema que já existiu.

Lá para o meio do filme, o ritmo começa a ficar arrastado e para os desavisados pode ser cansativo, mas a atmosfera leve e harmoniosa do filme agrada e faz com que toda a trajetória de assisti-lo valha a pena.

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Sua narrativa é bem sólida e não há muitos experimentalismos que fizeram a nouvelle vague famosa, mas podemos ver alguns momentos de pura genialidade fílmica, presente em jogos de câmera e edição, provavelmente ideias vindas de Truffaut.

Enfim, “Tire-au Flanc 62” está longe de ser o melhor filme de Truffaut, mas é uma deliciosa comédia. Para os fãs do diretor, uma obra obrigatória e para os não-fãs, uma obra que vale a pena.

4 pontos