terça-feira, 28 de agosto de 2018

O que eu perdi: “Five Leaves Left” do Nick Drake (1969)

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Faz muito tempo que admire o trabalho desse fantástico música folk do Reino Unido, mas nunca tinha me inspirado a escrever um texto sobre ele, embora esse não seja o motivo principal para eu escrever essas dicas. Pois bem, agora não só estou inspirado, como estou com tempo livre para tanto e decidi começar uma série de dicas sobre a obra dessa fantástico artista.

“Five Leaves Left” é o primeiro CD lançado por Nick Drake, conta com uma história conturbada de produção, com muitos desentendimentos entre todos que trabalharam em sua produção, desde a equipe que mantinha o estúdio, passando pelo produtor e culminando no próprio Nick Drake, que não ficou nem um pouco contente com o caminho que o álbum seguiu.

No entanto, polêmicas à parte, o álbum é um petardo. Talvez até por tantos desentendimentos, ele tenha uma qualidade superior a outros. O álbum contém uma produção ousada para as ambições de Nick Drake, com arranjos que fazem referências a artistas de música clássica, participação de uma banda para ajudar na construção das músicas, mas ainda contém a aura pela qual Nick Drake ficaria conhecido, muitos anos após a sua morte, já que, em vida, ele nunca foi reconhecido.

O álbum, apesar de toda sua produção, é intimista, reservado e nos mostra um Nick Drake tímido diante de tantos elementos que se sobressaem sobre sua voz. Numa era em que o rock era o centro da música pop, com vocalistas cada vez mais imponentes não admira que este álbum tenha passado despercebido ou, quando percebido, chamando pouca atenção.

Suas letras simples, apresentam elementos narrativos típicos da era em que se situam, com muitas canções que nos retomam histórias, ambientes e personagens, criando um universo único para o álbum. Ainda assim, encontramos elementos que viriam a ser recorrentes nos álbuns de Nick Drake e que dizem muito sobre ele, reforçando o seu grau de intimidade para com os ouvintes, nos revelando seu eterno amor pela Mary Jane, por exemplo.

Ao final, temos uma noção de completude que poucos álbuns conseguem arranjar, muito menos nos dias atuais, tão influenciados por músicas soltas. Aqui, desde os arranjos até as letras, o álbum acaba formando um todo coerente.

Calmo, relaxante e belo são os melhores adjetivos para um álbum tão bem feito.