segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

O saldo de 2018 foi positivo.

intro

Enfim, o ano acabou e, com ele, vem mais um post de resumo do ano. 2018 foi um bom ano, como todo ano de Copa deve ser. Além do evento esportivo mais importante de todos, tivemos ainda um Brasileirão concorrido, eleições, muitas dicas de livros, eletrodomésticos, filmes, eletrônicos e uns CD's bom demais. Fora tudo isso, esse clássico da internet indie brasileira completou 10 anos esse ano:

https://www.youtube.com/watch?v=QG-iNorEdRY

85202_ggPra começar, tivemos a publicação, no Brasil, de “Júlio César”, pelo selo Penguin da Cia. das Letras. Esse era uma das obras que eu mais tinha curiosidade de ler desde que descobri os prazeres de ler Shakespeare em 2016.

Esse ano ainda terminei de ler o melhor livro já escrito por um ser humano e continuo recomendando muito a leitura. Numa brincadeira da sala, fui perguntado qual livro escolheria para salvar do apocalipse caso tivesse que escolher apenas um e minha resposta não poderia ser diferente. É simplesmente bom demais!

Confesso que não fui ao cinema muitas vezes esse ano. Não moro numa cidade grande para poder conferir filmes de arte e cult nos cinemas, aí acabo tendo a oportunidade de ver apenas os blockbusters que já não tenho saco para ver no cinema. Em compensação, esse ano vimos uma das melhores continuações de filmes de animação ser lançada: “Os incríveis 2”, cuja dica ainda virá.

7e87ae89ba92006fcf0a1b6ece3bb380Tivemos ainda “A Quiet Place” como ótimo filme a sair esse ano e “I Kill Giants”, uma adaptação maravilhosa de um quadrinho ainda mais maravilhoso. No blog ainda tivemos a dica de filmes que já saíram há muito tempo, mas ainda valem muito a pena assistir, como a tetralogia das estações do Rohmer e “Giovanna D’Arco al rogo”.

Quanto às músicas, não me dediquei tanto quanto poderia e como escrevi muita coisa que acabou passando na frente das dicas esse ano, muitas dicas musicais de 2018 acabaram ficando para 2019, como os excelentes álbuns recentes de Gouge Away e Super Unison.

De qualquer forma, o ano começou muito bem com “Time and Space” do Turnstile, definindo o padrão que, infelizmente, não foi alcançado pela maioria das bandas que lançaram CD’s em 2018.

arctic-monkeys-tranquility-base-hotel-casino-agambiarra-1170x480

O que não foi o caso de Arctic Monkeys, que voltou com um CD que faz jus a toda a carreira da banda, cheia de altos e muitos baixos recentes. Um retorno a uma produção musical mais que decente e que eu não canso de ouvir a cada mês que passa.

Esse ano ainda tivemos o lançamento do melhor jogo da década: “Red Dead Redemption 2”, que ainda não virou dica, mas vai virar quando eu zerar.

O que mais podemos dizer de 2018 sem falar de Copa e Eleições? Ambos momentos que marcaram o nosso país. Essa foi a Copa mais azarada do ano em que grandes times foram tirados logo de cara e o Brasil perdeu por puro azar num jogo contra a Bélgica. Foi triste, mas iremos superar.

E as Eleições foram boas, apesar de Bolsonaro.

Tivemos uma mudança profunda no Congresso e no Senado. Grandes nomes como Dilma, Beto Richa e membros do clã Sarney perderam o seu lugar na política e, com isso, abre-se caminho para que Operação Lava Jato (e outras) consigam ser ainda mais eficientes. A nomeação de Sérgio Moro, Marcos Pontes e Paulo Guedes para integrar o governo futuro também é promessa de um Brasil melhor.

https://www.youtube.com/watch?v=16Y_8PrE9U4

Sem contar a presença do ilustre Cabo Daciolo, que nos agraciou com a verdade em seus mais diversos vídeos, nos incentivando a destruir o imperialismo ianque e as forças illuminati e globalistas do mal.

2018 terminou muito bem, obrigado.

https://www.youtube.com/watch?v=KZa_pBHhxY4

 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Dica teórica: “Anarquia, Estado e Utopia” de Robert Nozick (1974)

14931552089_ddae599df5_z

Esse é um o livro libertário mais sensato que já li e por isso está virando dica aqui no blog. Embora não tenha lido tantos livros assim, conheço a opinião dos grandes pensadores libertários e sei que a sensatez não está entre suas qualidades mais fortes. Porém, Nozick é diferente.

Elaborado como uma resposta ao “A Theory of Justice” do John Rawls, em que Rawl estabelece princípios para a defesa do “Estado de Bem-Estar Social” e as amplas garantias do governo através de programas que são muito familiares a nós, brasileiros. Nozick, contrariando Rawls desenvolve nesse livro argumentos contra tal estado, partindo de pressupostos liberais e anarquistas individualistas para comprovar que apenas um Estado Mínimo é moralmente legítimo e que esse Estado deve garantir apenas a segurança contra roubos, fraudes e o uso da força (e embaixo desse guarda-chuva entram diversas questões que não estão inicialmente ligadas pelo senso-comum ao que querem dizer, como por exemplo, se ninguém pode usar a força sobre você, ninguém pode dizer o que você deve fazer ou deixar de fazer, ficando assim proibido qualquer tipo de proibição – difícil, mas até que faz sentido, se você parar pra pensar bem -). Justificando na primeira parte do livro o que leva a população até o Estado Mínimo, explicando a seguir o que faz com que o Estado Mínimo deixe de ser um Estado Mínimo e passa a ser ilegítimo, Nozick termina o livro apresentando sua versão de uma Utopia Libertária, tentando mantê-la interessante o suficiente para que todos sejam tentados a segui-la.

O fato de Nozick ter uma estima muita maior do que muitos intelectuais libertários dentro da Academia parece comprovar que ele alcançou o seu objetivo com esse livro.

Um dos motivos para sua estima dentro da Academia é que Nozick restaura detalhes importantes da teoria de John Locke presentes, principalmente, em seu “Segundo Tratado sobre o Governo Civil”, em que Locke elabora sua teoria do direito natural, do contrato social e limites do governo, estabelecendo assim as bases para o pensamento liberal. Com essa restauração, Nozick elabora ideias acerca da organização da sociedade, nadando contra a corrente anarquista e admitindo a legitimidade do governo.

Nozick diz que, naturalmente, as pessoas se organizam numa sociedade que funciona como o que ele chama de “Micro-Estado”, um estágio anterior ao Estado Mínimo. A diferença se encontra na estrutura, já que a estrutura de um “Micro-Estado” é menor e não é tão rígida quanto as estruturas de um “Estado Mínimo”, que já contém um nível de formalidade maior, com regras escritas e afins, as quais servem para proteger seus cidadãos de roubos, fraudes e o uso de força.

Qualquer uso de força! Isso por si só já invalida a ideia de Rawls de justiça social, já que o próprio pagamento de impostos por parte de todos para a criação de programas de governo que favoreçam apenas alguns já é um exemplo de utilização de força, afinal se eu não pagar impostos sou preso, concorde eu ou não com isso.

Os argumentos libertários são bem conhecidos, mas a abordagem de Nozick é o seu grande diferencial. Logo no começo do livro, ele alerta para a utilização de princípios que são enquadrados em círculos de pensamento conhecidos como anarquistas, libertários, individualistas e liberais. Essas ideias podem não ser bem recebidas, mas ele alerta o leitor para a existência dessas premissas e que ele, Nozick, assume como muito verdadeiras. Portanto, antes de criticar (ou melhor, antes mesmo de prosseguir no livro, já que isso se encontra na introdução) tenha em mente o ponto de partida de Nozick.

Muito do que Nozick apresenta são argumentos amplamente combatidos, principalmente nos dias de hoje, como irreais e “elitistas”, mas Nozick inicia sua argumentação com estruturas muito básicas de organização social e vai expandindo seus argumentos daí. Em parte alguma ele tenta aplicar suas premissas no mundo atual e é por isso que sua argumentação acaba se tornando tão consistente.

Após derrubar o mito anarquista da ilegitimidade do Estado, Nozick combate as ideias progressistas de “Bem-Estar Social”, expondo toda a sua ilegitimidade, para então, em poucas páginas, expor sua ideia de “Utopia Libertária”, uma forma de governo em que todas as associações poderiam ser feitas espontaneamente, com abertura para as mais diversas formas de pensamento.

Na utopia de Nozick há a possibilidade de um estado comunista estar junto de um estado conservador, desde que certos princípios sejam mantidos.

Além de toda a teoria política apresentada, Nozick constrói argumentos que acabam tocando em temas diversos como economia, direitos humanos, direitos dos animais, ecologia, ataques ao utilitarismo e ética, conseguindo abrir o escopo da questão para objetos que raramente são alcançados pelas teorias libertárias, notadamente focadas na economia, o que explica a resistência que essas teorias sofrem.

De qualquer forma, o campo das ideias libertárias é novo e um livro como esse, prova que há muito campo para os libertários preencherem. Leitura obrigatória!

5 pontos

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Dica natalina: "Jesus de Nazaré" (1977)

8720d295ca21b5e32e64cf61e54af482
Natal, apesar dos pesares, é a data do nascimento de Jesus e para celebrar essa data especial, o Sommelier de Tudo preparou um post de um filme muito especial.

"Jesus de Nazaré" de 1976 é uma dessas obras incríveis que são fruto de puro amor e dedicação. Nesse caso, fruto de Franco Zefirelli, que eu, sinceramente, não sei se é católico ou não, mas criou uma obra que tem não apenas valor bíblico e mitológico, mas um valor histórico. Ele toma como ponto de partida para elaborar a história não apenas os textos bíblicos, mas textos de outras fontes também.

Dessa forma, a obra nos apresenta diversos pontos de vista, historias menos conhecidas que você não encontrará na bíblia, mas que tem valor.

Do ponto de vista técnico, é um primor. Nos apresenta imagens fantásticas, frutos das gravações no norte da África. Uma trilha sonora marcante ainda reforça o teor mítico do filme e as atuações de primeira, com ótimas representações de todas as figuras dessa historia essencial para o mundo.

O único ponto negativo é a sua extensão. Na verdade, esse filme foi exibido a primeira vez como uma mini série, no entanto foi feito como um filme. Tanto que as transições de um capitulo a outro são imperceptíveis.

Com uma ampla pesquisa sustentando sua narrativa, ótimas atuações e um primor estético, o filme se torna uma obra essencial para essa época festiva.

5 pontos

 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Dica cinematográfica: “O Despertar da Besta” (1969)

cartaz_despertar

Não sou grande fã de José Mojica Marins, vulgo Zé do Caixão, mas acabei de assistir esse filme e ele merece um dica.

Nesse filme feito como uma espécie de mockumentary, acompanhamos um psiquiatra num programa de televisão que senta à mesa com quatro autoridades no assunto que ele vai abordar: perversões sexuais e o uso de drogas. Um desses “especialistas” é o próprio José Mujica Marins. Sérgio, o psiquiatra realizou experimentos com LSD com quatro jovens para comprovar que perversões sexuais são frutos do uso de drogas. Enquanto narra as experiências que coletou, somos apresentados a essas experiências em primeira mão, ou como uma reconstituição. No entanto, tudo muda quando Sérgio droga suas cobaias e pede para que elas olhem para um cartaz de um do filme “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”.

O filme apresenta todo o niilismo exacerbado e a filosofia dionisíaca doente de Zé do Caixão, mas ainda assim vale a pena ser assistido. Quando as cobaias de Sérgio começam a delirar no final do filme, ele passa de preto de branca e vemos imagens surreais que só poderiam ter sido feitas após “Jigoku”, homenageado nesse filme e o fator que mais me levou a escrever essa dica rápida aqui.

Além disso, a obra está recheada de metalinguagem, apresentando até mesmo o Glauber Rocha elogiando o Zé do Caixão no meio da obra, servindo como um exemplo incrível de narrativa pós-moderna dentro do cinema brasileiro. Claro que não é uma obra pioneira nisso, vindo anteriormente a Jigoku e a nouvelle vague, por exemplo, mas ainda assim é um exemplo incontestavelmente bem-feito.

Apesar da qualidade meio fundo de quintal, que hoje em dia carrega mais uma aura rústica do que ultrapassada, o filme consegue ser bem produzido, principalmente nas partes coloridas. Sonoramente peca, mas isso são apenas detalhes numa obra como essa, em que as imagens dizem muito mais.

4 pontos

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Dica cinematográfica: “Duel to the Death” (1983)

duelo-ate-a-morte_t74923_wfzs5jh

Mais um clássico do oriente figurando aqui no blog e dessa vez um filmaço chinês dos anos 80!

“Duel to the death” conta a história de uma edição do duelo milenar entre o melhor espadachim chinês e o melhor espadachim japonês. Enquanto o duelo entre os dois é organizado na China, ninjas planejam roubar os segredos milenares dos shaolins organizadores da disputa.

O filme, produzido pela Golden Harvest, é um épico contado em pouco mais de uma hora e meia. Além de explorar questões nacionais expostas na rivalidade entre os dois espadachins, que acabam encarnando característicos dos dois países, temos ainda a presença da conspiração dos ninjas, querendo obter segredos dos shaolins chineses.

É claro que a perspectiva da qual o filme parte é chinesa, então é mais do que óbvio que a história irá puxar mais para o lado da China. É dessa forma que alguns acontecimentos do filme ganham um significado profundo e se conectam entre si ao longo de sua projeção de uma maneira adorável. Da primeira disputa entre um japonês e um shaolin, passando pela explicação do símbolo nacional dos dois países até o seu final trágico e perturbador. Tudo ganha um significado profundo.

E o filme é perturbador, pois é um típico exploitation com muito sangue e abusos típicos dos filmes wuxia, como por exemplo os personagens pularem e usarem o bastão que seguram para se impulsionarem no meio do ar e atingir um ponto mais distante. Além disso, a escalada na violência é grotesca, as cenas finais não são apenas impossíveis, como também te deixam pensando em “quem conseguiria pensar num negócio daqueles?”.

Tudo isso, contribui para tornar “Duel to the Death” um dos filmes mais divertidos que já assisti nos últimos tempos e um dos melhores chineses que vi. Apesar de ter usado alguns adjetivos não muito positivos nessa dica, tudo que disse é um elogio à obra. Pois quando assistimos filmes chineses dessa época não esperamos mesmo que seja crível e sim que seja divertido, com muito sangue e barbaridades mesmo!

São obras para aguçar a imaginação e essa obra é perfeita para isso.

Contamos ainda com uma trilha sonora recheada de sintetizadores, efeitos especiais típicos da época, uma direção extremamente competente e uma edição criativa demais. Algumas montagens são tão boas que me fizeram pensar “porque essas coisas não são feitas hoje?”, como o conflito final com os ninjas.

Em suma, "Duel to the Death" é um ótimo filme pra assistir com a família na sala nesse final de ano.

5 pontos

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Dica musical: “Good Smell vol. 1” de niLL (2018)

nill-good-smell-vol-1

niLL é um rapper brasileiro que lançou, ano passado, o melhor álbum de rap do Brasil em muito tempo, o “Regina”. Esse ano, ele já voltou com uma mixtape recheada de canções que consolidam o estilo de seu rap, retomando temas do “Regina” e fortalecendo o seu nome no cenário nacional.

As canções de “Good Smell vol. 1”, 7 no total, apresentam instrumentais que lembram o grande MF Doom, com uma forte influência do jazz, mas também com um toque de cultura pop, típico do rap produzido pelo Sound Food Gang. Uma das melhores canções na mixtape começa com o som de ki do Dragon Ball, por exemplo. Aliado a isso temos som eletrônicos borbulhando sobre uma batida melódica com um estilo retrô.

Enquanto isso, niLL revela sua paixão pela vida, lembrando passagens da sua vida, com um otimismo e perseverança raros de se ver hoje em dia. Sem contar que ele tem uma qualidade incrível que é a de criar imagens muito vívidas através de seu rap, algo que nem mesmo seus parceiros do Sound Food Gang fazem e quando fazem nunca é tão bem-feito quanto niLL.

É um rapper a se valorizar. Infelizmente, essa mixtape é menos experimental que seu primeiro álbum, embora seja bem temática, sempre retomando a conexão que criamos com a cidade em que moramos e qual a influência que ela exerce em nossos relacionamentos pessoais, com amigos ou a pessoa amada.

“Good Smell vol.1” sai mais de um ano após o lançamento de “Regina” e se niLL continuar assim, seu lugar como o melhor rapper da história do país está garantido, sem exagero.

4 pontos e meio

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Dica cinematográfica: “Johnny Guitar” (1954)

onesheet175-2

Que delicia de filme, rapaz!

“Johnny Guitar” é um filme de faroeste que adiciona uma boa dose de carga dramática ao gênero que, em 1954, já tinha sido usado e reutilizado em todas as fórmulas possíveis até sua desconstrução pelos italianos anos depois.

O filme conta a história de um rapaz que se apresenta como Johnny Guitar por andar sempre com seu violão e não carregar uma só pistola consigo. Johnny chega num salão que estava contratando músicos e acaba descobrindo que sua dona, Vienna está passando por maus bocados junto com o pessoal do vilarejo, porque sua propriedade fica na frente dos planos da via ferroviária. Quando um dos rancheiros morre, sua irmã, Emma, uma influente mulher na região, acusa o Vienna e seu amante, Dancin’Kid do crime. No entanto, Vienna não se rende tão fácil assim e aliada a Johnny Guitar busca a verdade e a justiça, nem que tenha que fazer isso com as próprias mãos relutantes.

O filme é uma excelente obra do faroeste, explorando alguns aspectos não comuns, como, por exemplo, a participação das mulheres na ação. Apesar de recusar a violência, como toda boa mulher, Vienna se vê confrontando com violência em muitos momentos, mas se mantém impassível e fiel aos seus princípios. Dessa forma, apesar do título, Johnny Guitar ocupa um papel coadjuvante na história e a figura que representa a escalada da violência no triângulo mimético que se forma entre ele, Vienna e Dancin’Kid.

Apesar de estar junto com Dancin’Kid, Vienna já não tem mais interesse no relacionamento. Ao mesmo tempo, Johnny Guitar foi um antigo amante de Vienna e os dois se veem pela primeira vez em 5 nos, reacendendo antigas paixões. Descobrimos ainda que Emma tinha olhos em Dancin’Kid e o assassinato de seu irmão é apenas o estopim para ela finalizar sua rivalidade mimética com Vienna.

Sua narrativa é muito bem feita, cada seguimento levando a outro de forma muito natural.

Além disso, é um dos filmes antigos mais belos que já vi e é realmente muito belo. O primeiro filme colorido de Nicholas Ray, diretor do também clássico “Rebelde sem causa”, conta com cores vibrantes, um contraste muito vivo nos cenários e uma elaboração harmoniosa muito cuidadosa.

E é por esses motivos que você não pode perder esse clássico.

5 pontos

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

A poética do cotidiano

Encontrar a poética de algo é um trabalho homérico que visa um horizonte que nunca termina. A poética do cotidiano já foi debatida e continuará sendo por filósofos, psicólogos, astrólogos e palestrantes ao redor do mundo. Eu sempre achei que uma imagem valesse mais do que mil palavras, por isso o post de hoje só terá imagens.

2013 620132014 42015-09-122017-04-142017-08-042018-03-302018-07-022018-11-26WhatsApp Image 2018-11-29 at 21.06.15

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Dica gourmet: Galak Passatempo

novo-chocolate-branco-galak-passatempo-nestle

Eu sou um gordo espiritual e é por isso que minhas dicas gourmet nunca são saudáveis, mas estou planejando começar a postar receitas de fato nessa seção, então só aguarde.

A dica de hoje é mais uma gordisse que descobri há pouco tempo nas prateleiras do mercado que é a mistura de outras duas gordisses: chocolate branco Galak e bolacha Passatempo. Sim, há uma barra de chocolate branco com Passatempo.

O resultado disso é uma barra de chocolate branco com pedaços da famosa bolacha da galerinha legal no meio, acrescentando uma certa crocância ao chocolate, que é sempre uma adição bem-vinda, afinal você acaba ganhando algo para mastigar no meio do chocolate.

Dessa forma, o chocolate não apenas derrete na sua boca, mas se prende entre os seus dedos, que mastigam os pedaços de bolacha dando uma sensação explosiva de sabor e maravilha que palavras não podem explicar.

Nos mercados aqui da cidade o preço varia de 3 a 6 reais, o que é o de praxe para barras de chocolate, mas posso garantir que é um dinheiro bem investido, pois tem a garantia de vir um chocolate de boa qualidade e não aquele amontoado de gordura que muitos deles são por aí.

4 pontos e meio

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Dica cinematográfica: “Metropolitan” (2009)

1 MclfNPm8bMM8hHc8QH6FQg

Que filme gostoso é esse aqui!

“Metropolitan” é um filme que narra as desventuras de Tom Townsend, um rapaz de classe média baixa e intelectual socialista no meio de um grupo de amigos de alta classe de Manhattan. Passando o período festivo de final do ano entre festas e reuniões casuais nos apartamentos chiques da cidade, Tom descobre o verdadeiro charme da burguesia.

O filme, feito nos início dos anos 90, também entra naquela gloriosa lista de filmes indie que conseguiu ser um sucesso de bilheteria ao lado de “Sexo, Mentiras e Videotape” e “El Mariachi”. Situado na cidade de Nova Iorque também viria a ser o precursor de um sub-gênero dos filmes “coming of age”, que é o “coming of age situado em NY”. A história de Tom, acima de qualquer coisa, é uma história de crescimento pessoal.

Tom é um jovem não muito rico, mas que passou a vida convivendo com essas pessoas e por não estar no mesmo patamar que eles, acabou se revoltando, adotando uma série de ideologias para sua vida pessoal que, ele acredita, irão levar a um mundo melhor. O problema é que Tom descobre ao longo de sua curta trajetória com seus novos amigos que o principal empecilho em sua vida era ele mesmo, que estava tão preocupado com os maneirismos de seus colegas que acaba deixando passar as oportunidades de vida.

É dessa forma que Tom descobre o charme e a gentileza de Nick e o amor de Audrey. Mas não sem antes, claro, dar com a cara no muro algumas vezes.

No entanto, nem tudo são flores e aqui vale uma resposta às críticas que o filme sofre. Descobri “Metropolitan” numa lista de “filmes que amamos, mas cujas políticas odiamos” e logo me interessei, principalmente porque a maioria das “políticas odiosas” desses filmes eu amava (até parece que voluntarismo, liberdade civil e escola austríaca é algo ruim!). Mas não percebo em “Metropolitan” uma certa “ideologia burguesa”, muito pelo contrário, percebo nesse filme uma enorme mensagem humanitária. Tom não se torna amigo desse grupo de jovens por serem todos burgueses, muito pelo contrário, o fato deles serem burgueses acaba afastando-os uns dos outros no final.

Tom se torna amigo deles, unicamente por ver neles pessoas que não são muito diferentes deles e não é porque Tom também é um burguês, mas porque ele é um ser humano, com medos, receios, paixões, desejos e ambições, como todos os seus amigos, ele logo descobre. Tanto que o mais reacionário de seus novos amigos, Charlie, é também descoberto como o mais fracassado e menos ambicioso no final.

E no encerramento, tudo que sobra é a amizade e a esperança.

Mas claro pra se perceber tudo isso tem que assistir o filme com um olhar neutro, ou o mais próximo possível disso.

Do ponto de vista técnico, o filme não é um primor estético, até pelo fato de ser um dos primeiros filmes indie da história, mas tem todo o charme dos filmes dessa época. A granulação da imagem, por exemplo. Além disso, a maioria dos diálogos se passam em ambientes internos e pequenos, sobrando pouco espaço para a movimentação da câmera, mas isso acaba dando foco para os diálogos do filme, que são verborrágicos e imensos. Espere para ler muita legenda ou se perder na dublagem.

Vale muito a pena!

5 pontos