terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Dica cinematográfica: “Metropolitan” (2009)

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Que filme gostoso é esse aqui!

“Metropolitan” é um filme que narra as desventuras de Tom Townsend, um rapaz de classe média baixa e intelectual socialista no meio de um grupo de amigos de alta classe de Manhattan. Passando o período festivo de final do ano entre festas e reuniões casuais nos apartamentos chiques da cidade, Tom descobre o verdadeiro charme da burguesia.

O filme, feito nos início dos anos 90, também entra naquela gloriosa lista de filmes indie que conseguiu ser um sucesso de bilheteria ao lado de “Sexo, Mentiras e Videotape” e “El Mariachi”. Situado na cidade de Nova Iorque também viria a ser o precursor de um sub-gênero dos filmes “coming of age”, que é o “coming of age situado em NY”. A história de Tom, acima de qualquer coisa, é uma história de crescimento pessoal.

Tom é um jovem não muito rico, mas que passou a vida convivendo com essas pessoas e por não estar no mesmo patamar que eles, acabou se revoltando, adotando uma série de ideologias para sua vida pessoal que, ele acredita, irão levar a um mundo melhor. O problema é que Tom descobre ao longo de sua curta trajetória com seus novos amigos que o principal empecilho em sua vida era ele mesmo, que estava tão preocupado com os maneirismos de seus colegas que acaba deixando passar as oportunidades de vida.

É dessa forma que Tom descobre o charme e a gentileza de Nick e o amor de Audrey. Mas não sem antes, claro, dar com a cara no muro algumas vezes.

No entanto, nem tudo são flores e aqui vale uma resposta às críticas que o filme sofre. Descobri “Metropolitan” numa lista de “filmes que amamos, mas cujas políticas odiamos” e logo me interessei, principalmente porque a maioria das “políticas odiosas” desses filmes eu amava (até parece que voluntarismo, liberdade civil e escola austríaca é algo ruim!). Mas não percebo em “Metropolitan” uma certa “ideologia burguesa”, muito pelo contrário, percebo nesse filme uma enorme mensagem humanitária. Tom não se torna amigo desse grupo de jovens por serem todos burgueses, muito pelo contrário, o fato deles serem burgueses acaba afastando-os uns dos outros no final.

Tom se torna amigo deles, unicamente por ver neles pessoas que não são muito diferentes deles e não é porque Tom também é um burguês, mas porque ele é um ser humano, com medos, receios, paixões, desejos e ambições, como todos os seus amigos, ele logo descobre. Tanto que o mais reacionário de seus novos amigos, Charlie, é também descoberto como o mais fracassado e menos ambicioso no final.

E no encerramento, tudo que sobra é a amizade e a esperança.

Mas claro pra se perceber tudo isso tem que assistir o filme com um olhar neutro, ou o mais próximo possível disso.

Do ponto de vista técnico, o filme não é um primor estético, até pelo fato de ser um dos primeiros filmes indie da história, mas tem todo o charme dos filmes dessa época. A granulação da imagem, por exemplo. Além disso, a maioria dos diálogos se passam em ambientes internos e pequenos, sobrando pouco espaço para a movimentação da câmera, mas isso acaba dando foco para os diálogos do filme, que são verborrágicos e imensos. Espere para ler muita legenda ou se perder na dublagem.

Vale muito a pena!

5 pontos