terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Dica cinematográfica: “Johnny Guitar” (1954)

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Que delicia de filme, rapaz!

“Johnny Guitar” é um filme de faroeste que adiciona uma boa dose de carga dramática ao gênero que, em 1954, já tinha sido usado e reutilizado em todas as fórmulas possíveis até sua desconstrução pelos italianos anos depois.

O filme conta a história de um rapaz que se apresenta como Johnny Guitar por andar sempre com seu violão e não carregar uma só pistola consigo. Johnny chega num salão que estava contratando músicos e acaba descobrindo que sua dona, Vienna está passando por maus bocados junto com o pessoal do vilarejo, porque sua propriedade fica na frente dos planos da via ferroviária. Quando um dos rancheiros morre, sua irmã, Emma, uma influente mulher na região, acusa o Vienna e seu amante, Dancin’Kid do crime. No entanto, Vienna não se rende tão fácil assim e aliada a Johnny Guitar busca a verdade e a justiça, nem que tenha que fazer isso com as próprias mãos relutantes.

O filme é uma excelente obra do faroeste, explorando alguns aspectos não comuns, como, por exemplo, a participação das mulheres na ação. Apesar de recusar a violência, como toda boa mulher, Vienna se vê confrontando com violência em muitos momentos, mas se mantém impassível e fiel aos seus princípios. Dessa forma, apesar do título, Johnny Guitar ocupa um papel coadjuvante na história e a figura que representa a escalada da violência no triângulo mimético que se forma entre ele, Vienna e Dancin’Kid.

Apesar de estar junto com Dancin’Kid, Vienna já não tem mais interesse no relacionamento. Ao mesmo tempo, Johnny Guitar foi um antigo amante de Vienna e os dois se veem pela primeira vez em 5 nos, reacendendo antigas paixões. Descobrimos ainda que Emma tinha olhos em Dancin’Kid e o assassinato de seu irmão é apenas o estopim para ela finalizar sua rivalidade mimética com Vienna.

Sua narrativa é muito bem feita, cada seguimento levando a outro de forma muito natural.

Além disso, é um dos filmes antigos mais belos que já vi e é realmente muito belo. O primeiro filme colorido de Nicholas Ray, diretor do também clássico “Rebelde sem causa”, conta com cores vibrantes, um contraste muito vivo nos cenários e uma elaboração harmoniosa muito cuidadosa.

E é por esses motivos que você não pode perder esse clássico.

5 pontos