quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Dica cinematográfica: "Violent" (2014)

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Este é um filme que estava aguardando muito para assistir. É um indie de verdade. Ouvi falar dele num post cheio de cenas do filme, belíssimas por sinal, e me interessei muito, no entanto, o filme, que foi lançado em 2014, nunca viu sucesso e acabou sendo lançado em DVD e em plataformas online para download apenas esse ano, 2018.

“Violent” conta a história de Dagny, uma norueguesa, que sai da casa dos pais e vai viver numa cidade maior, morando em cima da loja de materiais onde trabalhava, afim de poder ficar mais próxima da melhor amiga. O problema é que a melhor amiga está de mudança, para Oslo, deixando Dagny sozinha na cidade “grande” onde passa a viver. Lidando com diferentes personagens e descobrindo soluções para uma tragédia do passado recente, Dagny passa por um período de intenso crescimento pessoal.

Neste filme não temos grandes diálogos, nem grandes interpretações. É um típico coming-of-age centrado numa norueguesa, mas sua atmosfera acaba chamando a atenção. Em nenhum momento nos é jogado, nem mesmo de forma obscura como em “Perks of Being a Wallflower” a tragédia do passado de Dagny. A estrutura do filme é dividida em episódios e cada um deles recebe o nome de um personagem que Dagny encontra, nos exibindo Dagny mais pelo ponto de vista deles ou a forma como eles se relacionam com ela, do que pelo ponto de vista de Dagny, propriamente dito.

É desta forma que Andrew Huculiak, o diretor e roteirista do filme, cria uma atmosfera instigante. A todo momento você fica com a sensação de que há algo mais ali que não está sendo dito ou não está ficando claro para quem assiste. E, de fato, numa rápida troca de mensagens com ele pelo twitter, descobri que esse filme foi criado em uma série de acontecimentos que ocorreram na vida das pessoas que participaram da sua produção, além de representar um desafio que era escrever um filme inteiro numa língua estrangeira (Andrew não é norueguês).

Um desafio autoimposto, um conjunto de experiências pessoais, um projeto quase caseiro e você tem um dos filmes mais sensíveis e belos lançados em tempos recentes. “Violent” não choca, nem cansa, mas é um filme que surpreende, prende a atenção e alça níveis estéticos que força uma mescla de gêneros, muito bem feita aliás. Tudo isso, feito através de um excelente trabalho de arte.

Dessa forma, “Violent” acaba se tornando um desses filmes que pede por uma segunda chance, não que ele precise de uma segunda chance, mas fica lá, no fundo da sua cabeça, tocando uma suave canção que não te deixa esquecer dele. Um filme para ser revisto.

4 pontos e meio