quinta-feira, 11 de abril de 2013

Dica cinematográfica: 2001: Uma odisséia no espaço

O filme não pode ser assistido apenas uma vez. Você têm que assistí-lo várias vezes durante sua vida e a cada vez que fizer isso, irá interpretá-lo diferente. Quando você o assiste quando é adolescente, acha-o chato, já quando você está na universidade, vai ter uma interpretação completamente diferente e vai achá-lo genial. Quando tiver quarenta e todos anos, já vai achá-lo legal, interessante, mas não irá ser um marco na sua vida e quando você for velho, aí eu nem sei.
2001 é uma viagem. Sim, uma viagem, daquelas bem loucas, mas não do tipo que é necessário usar drogas ou algo assim. É uma daquelas viagens bem loucas de ideias que você tem com seus amigos em alguma tarde enfadonha e quente de verão, após um dia cansativo na escola.
O cansaço, o abatimento, o tédio e a liberdade de poder dizer qualquer coisa para seus amigos faz com que ideias absurdas, loucas, idiotas e geniais apareceram.
Foi provavelmente dessa forma que surgiu 2001, de Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke, que escreveu o livro, que já está na minha lista de leitura, só vou terminar um livrinho que to lendo aqui (muito bom por sinal e já to preparando um post pra ele) e aí já vou ler.
Tudo começa com um plano que tem uma interpretação muito espiritual e até maneira, mas isso varia de pessoa pra pessoa e aí começa o "Nascimento da humanidade".
Nessa parte do filme eu já percebi a genialidade do filme, ao mostrar em uma sequência quase ingênua a olho nu, a descoberta, por um macaco, da sua primeira arma e seu uso, vantagens e poder.
 Logo depois, há o maior corte da história do cinema, que salta alguns milhares de anos e a arma primordial, um osso, é substituída por uma caneta. Essa cena também é cheia de interpretações, mas o que importa é o misticismo usado no final, mostrando um maldito monolito, que deve representar alguma coisa, mas você não sabe se é uma forma de vida super-evoluída ou um objeto de alguma forma de vida super-evoluída.
E então a história salta mais 18 meses e aí vem a minha parte preferida do filme, devido à sua crítica. Somos apresentados à um grupo de astronautas, indo em direção à Marte a bordo de uma espeaçonave controlada pelo super computador HAL 9000.
O HAL 9000, de acordo com o que eu li é uma crítica à IBM, o que até faz sentido (É só você voltar uma letra no alfabeto na sigla da empresa e você terá HAL). No entanto, não sobre críticas só à empresa, mas a escravidão dos seres humanos por robôs.
O HAL controla toda a espaçonave, do grupo de cinco astronautas, apenas 2 permanecem acordados, os outros são mantidos em estado de hibernação por que só serão úteis após chegar em Júpiter, ou seja, o ser humano nem é tão útil assim, aliás, o ser humano passa a ser cada vez menos humano.
O astronauta principal da missão recebe uma vídeo chamada de seus pais, desejando-lhe feliz aniversário e ele reage com total apatia. O outro astronauta perde uma partida de xadrez e também não expressa a menor reação. Não dá nem pra dizer que eles estão entediados, por que os indivíduos não expressam o menor sinal de emoção, nem quando seus companheiros de viagem morrem ou são abandonados no espaço.
O engraçado é que no único momento em que algum sentimento é expressado é no momento em que o computador é desligado.
Ou seja, não deixamos de ser humanos, só deixamos de nos importar com humanos, afinal, de que servem eles, afinal? Propvavelmente na história de 2001 não servem nem para a reprodução. Provavelmente os bebês nasciam perfeitos, de incubadoras artificais, simulando úteros ou alguma outra piração desumana e ridícula, mas que, temo eu, pode virar realidade e muitas pessoas iriam amar.
A partir daí o filme vira uma bagunça subjetiva, mas nem por isso vira um filme ruim. Pelo contrário, essa é a parte mais "espiritual" do filme, digamos assim. Nessa parte, ao meu ver, são explorados temas científicos (como viagem interdimensionais, buracos de minhoca e vida extraterrestre) e temas espirituais (como a vida após a morte, ressureição e até mesmo Deus, por que não?) e como tudo isso pode conviver muito bem e como tudo converge em um único ponto.
O ponto da criação.
Provavelmente eu viajei muito nas minhas interpretações desse filme, mas eu acho que é assim, cada um pensa algo diferente sobre esse épico do cinema e todos estão certos, por que 2001 não é 2+2=4.
Até mais.