Faz dez anos que esse filme foi lançado e só agora eu o descobri.
Bem, pra começar... Esse filme é o melhor filme do mundo!
Poucas pessoas entendem a profundidade dos temas abordados no filme, a complexidade de seus personagens, a psicologia e a ideologia por trás dessa brilhante pérola do cinema estadunidense.
Tudo começa em São Francisco, onde o filme começa a mostrar imagens daquela cidade, até que conhecemos o personagem principal: Johnny, um homem bem vestido, mas que não sabemos qual é o seu trabalho de verdade. Isso é uma crítica à nossa sociedade, por que não queremos saber o que são as pessoas, o que fazem, etc... queremos saber apenas de alguns fatos explícitos e ultrajantes que cada um guarda dentro de si.
Logo sabemos que ele é um romântico, pois leva flores à sua mulher, uma clara crítica aos homens do século 21, que são frouxos mesmo.
Depois de uma cena de amor picante, uma crítica metalinguística que critica o próprio cinema, pois nudez vende mais que histórias de verdade, ficamos sabendo que a mulher de Johnny o trai com o melhor amigo. Ótima crítica não só as mulheres do século 21, mas também aos homens frouxos, pois se deixam serem enganados.
Mark, o melhor amigo de Johnny sempre dorme com Lisa, a mulher de Johnny, mas também sempre pergunta à ela "O que você está fazendo?", como se já não estivesse óbvio as intenções da mulher. Isso também é uma crítica à uma das facetas masculinas do século 21: O homem macho! O cara bonito, musculoso, atleta e pegador, mas que é um verdadeiro debilóide.
Somos apresentados à outros personagens e ficamos sabendo de outros ganchos na história, como o câncer da mão de Lisa e o envolvimento com drogas do vizinho de Johnny, um menino adolescente, mas nada disso importa pois o que a audiência quer ver é sexo e adultério.
E o filme dá à audiência o que ela quer e é nesse ponto que o filme mais merece, pois apesar dele ser tido como uma porcaria, um filme ruim, ele só reúne elementos dos blockbusters e joga na cara de todo mundo, para depois ser chamado de porcaria e os telespectadores não percebem que caíram na armadilha de Tommy Wiseau: Mostrar que os verdadeiros filmes ruins são os blockbusters de Hollywood, com suas histórias dramáticas, cenas de sexo explícito e roteiros horríveis.
Genialmente, Tommy Wiseau termina o filme matando seu próprio ego, Johnny, o lado fraco, romântico e feliz de si mesmo, com um tiro na cabeça, abandonando esse mundo dominado por grandes corporações, falsidade e traição, dando um tapa na cara de todos os fantoches que semanalmente se encontram nos cinemas do mundo todo para, supostamente, assistir filmes bons.
The room é um maravilhoso filme, com ótima trilha sonora, fotografia impecável e roteiro surpreendente. Não é pra menos que só agora ele começa a ser entendido pelas pessoas, pois parece que só agora o povo começou a acordar de seu longo sono, não só no Brasil, mas no mundo todo.