terça-feira, 30 de outubro de 2018

Dica cinematográfica: “Giovanna D’Arco al rogo” (1954)

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Esse é um filme que queria assistir a bastante tempo e, quando finalmente assisti, que agradável surpresa tive! Um filmaço!!!

Dirigido pelo excelente Roberto Rossellini, “Giovanna D’Arco al rogo” é mais um dos filmes religiosos que o diretor fez e, como o título já diz, conta a história da santa guerreira da França. Este filme se propõe a ser mais uma cinebiografia, mas acho que pelo fato do gênero não ser ainda tão bem desenvolvido como o é hoje, conta com várias liberdades criativas, como iniciar o filme com Joana já morta, mas acompanhando toda a trajetória de sua vida.

Apesar do elemento fantástico, o filme se encaixa nos preceitos neorealistas de Rossellini, pois para o diretor, o neorrealismo deveria acompanhar um personagem do começo ao fim, sem descanso e nós acompanhamos não apenas a trajetória de Joana, mas as suas próprias reações a trajetória que assiste.

E assim assistimos a um filme montado como uma peça de teatro, onde num primeiro plano ocorre a ação principal e num segundo plano, Joana acompanha a peça, sendo ela mesma a peça principal. Acompanhamos então a criação do mito de Joana D’Arc, não sua história propriamente dita.

Rossellini já inicia o filme com o mito e então nos mostra a genealogia desse mito, a construção dele e os processos que ele foi passando. Para quem estuda mitologia, o filme é um prato cheio que daria uma boa análise. Eu, que estou escrevendo isso antes de jantar, vou poupá-los disso e deixar a análise mais profunda para um dossiê futuro.

Como já disse, o filme tem uma montagem teatral em toda a sua projeção, mais ou menos como “Percival, o gaulês”, então podemos esperar cores vivas, uma câmera fixa acompanhando toda a ação e momentos quase metalinguísticos. A beleza desse filme é inigualável, ainda mais levando-se em conta o momento de sua produção e é um exemplo perfeito da genialidade de Rossellini e o meu favorito dele, até agora.

5 pontos