Dica teórica: “The Way of Men” de Jack Donovan (2012)
Estrelando uma nova dica no blog (pois percebi que esses livros não podem ser inseridos junto com os livros de literatura que leio e indico por aqui) mais uma dica de livro que pode não ser tão bem visto e eu mesmo tenho minhas críticas, mas é uma ótima adição à discussão a que se propõe fazer.
“The Way of Men” é um livro lançado em 2012, escrito por Jack Donovan, um controverso escritor dos EUA, mas que reuniu nesse livro diversos pontos sobre a masculinidade que merece ser reconhecido. Em “The Way of Men”, Donovan propõe-se a encontrar o “caminho dos homens”, explicar o que é isso e qual a importância disso na sociedade atual.
O livro explora questões delicadas sobre a masculinidade e busca respostas em uma série de artigos, livros, documentos e estudos sobre o tema. Desde questões mais subjetivas, como a forma como a masculinidade é tratada por diversas culturas, através do tempo; até questões mais científicas, como questões biológicas do corpo masculino.
A tese que Donovan defende é de o caminho do homem é o caminho do grupo. Todo homem se encaixa dentro de um grupo pequeno de outros homens e esse grupo é parte necessária da sua vida e o que define a sua masculinidade. A masculinidade é regida por 4 virtudes, que são colocadas a prova dentro do grupo em que o homem pertence. Essas virtudes não são morais, como Donovan defende: a força, a coragem, a maestria e a honra.
Definidos esses pontos, Donovan parte para a defesa dessa tese com base na mitologia, estudos sociais e biológicos, fazendo uso de comparações que vão da Fundação de Roma até os grupos de macacos Bonobo.
É um livro muito bom.
No entanto, sua abordagem excessivamente defensiva incomoda. A todo momento, o livro levanta críticas e já as derruba, sempre colocando-se um passo à frente dos supostos críticos. Essa atitude acaba cobrindo boas partes do livro, que poderiam ser utilizadas para explorar mais as questões abordadas no livro. Donovan é um grande admirador do Brett Mckay (que eu também admiro muito), mas em nenhum momento de sua escrita Brett assume a posição defensiva de Donovan. A mesma coisa acontece com Robert Bly e Moore e Gillette. Para se falar de masculinidade, não precisa se defender, afinal, se você tem tanta certeza do que fala, as críticas se consumirão por si só.
Outra diferença entre Donovan e esses outros grandes autores sobre masculinidade é que Donovan assume uma postura apocalíptica nesse livro. Mesmo quando ele chega no final e aborda alternativas para que os homens possam seguir, ele não é direto ao ponto e sua argumentação, consistente até então, torna-se rasa.
Ainda assim, achei interessante encontrar uma similaridade muito grande com outros grandes livros sobre a masculinidade, como “Iron John” e “King, Warrior, Magician, Lover”. As virtudes que Donovan descreve se relacionam perfeitamente com os arquétipos masculinos e a abordagem do caminho do homem como o caminho do grupo vai de encontro com a argumentação de Bly ao dizer que o problema da masculinidade hoje em dia é a falta da iniciação, que depende, exclusivamente, de outros homens.
E é bem por aí... o caminho do homem é o caminho do grupo. Precisamos de um grupo de homens para sermos homem, o caminho do homem é um caminho de construção infinita. Você não nasce um homem, muito menos se torna um. Você cresce e entra no grupo de homens e só o tempo e o reconhecimento dos pares irá dizer que tipo de homem você é.