quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Dica teórica: “The Way of Men” de Jack Donovan (2012)

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Estrelando uma nova dica no blog (pois percebi que esses livros não podem ser inseridos junto com os livros de literatura que leio e indico por aqui) mais uma dica de livro que pode não ser tão bem visto e eu mesmo tenho minhas críticas, mas é uma ótima adição à discussão a que se propõe fazer.

“The Way of Men” é um livro lançado em 2012, escrito por Jack Donovan, um controverso escritor dos EUA, mas que reuniu nesse livro diversos pontos sobre a masculinidade que merece ser reconhecido. Em “The Way of Men”, Donovan propõe-se a encontrar o “caminho dos homens”, explicar o que é isso e qual a importância disso na sociedade atual.

O livro explora questões delicadas sobre a masculinidade e busca respostas em uma série de artigos, livros, documentos e estudos sobre o tema. Desde questões mais subjetivas, como a forma como a masculinidade é tratada por diversas culturas, através do tempo; até questões mais científicas, como questões biológicas do corpo masculino.

A tese que Donovan defende é de o caminho do homem é o caminho do grupo. Todo homem se encaixa dentro de um grupo pequeno de outros homens e esse grupo é parte necessária da sua vida e o que define a sua masculinidade. A masculinidade é regida por 4 virtudes, que são colocadas a prova dentro do grupo em que o homem pertence. Essas virtudes não são morais, como Donovan defende: a força, a coragem, a maestria e a honra.

Definidos esses pontos, Donovan parte para a defesa dessa tese com base na mitologia, estudos sociais e biológicos, fazendo uso de comparações que vão da Fundação de Roma até os grupos de macacos Bonobo.

É um livro muito bom.

No entanto, sua abordagem excessivamente defensiva incomoda. A todo momento, o livro levanta críticas e já as derruba, sempre colocando-se um passo à frente dos supostos críticos. Essa atitude acaba cobrindo boas partes do livro, que poderiam ser utilizadas para explorar mais as questões abordadas no livro. Donovan é um grande admirador do Brett Mckay (que eu também admiro muito), mas em nenhum momento de sua escrita Brett assume a posição defensiva de Donovan. A mesma coisa acontece com Robert Bly e Moore e Gillette. Para se falar de masculinidade, não precisa se defender, afinal, se você tem tanta certeza do que fala, as críticas se consumirão por si só.

Outra diferença entre Donovan e esses outros grandes autores sobre masculinidade é que Donovan assume uma postura apocalíptica nesse livro. Mesmo quando ele chega no final e aborda alternativas para que os homens possam seguir, ele não é direto ao ponto e sua argumentação, consistente até então, torna-se rasa.

Ainda assim, achei interessante encontrar uma similaridade muito grande com outros grandes livros sobre a masculinidade, como “Iron John” e “King, Warrior, Magician, Lover”. As virtudes que Donovan descreve se relacionam perfeitamente com os arquétipos masculinos e a abordagem do caminho do homem como o caminho do grupo vai de encontro com a argumentação de Bly ao dizer que o problema da masculinidade hoje em dia é a falta da iniciação, que depende, exclusivamente, de outros homens.

E é bem por aí... o caminho do homem é o caminho do grupo. Precisamos de um grupo de homens para sermos homem, o caminho do homem é um caminho de construção infinita. Você não nasce um homem, muito menos se torna um. Você cresce e entra no grupo de homens e só o tempo e o reconhecimento dos pares irá dizer que tipo de homem você é.

3 pontos e meio