terça-feira, 27 de novembro de 2018

Dica literária: “Heart of Darkness” (1902)

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Acho que essa foi uma das melhores leituras que tive que fazer pra faculdade.

Heart of Darkness é um livro escrito por Joseph Conrad e é narrado pelo personagem principal, Charles Marlow, que conta toda a história para seus colegas marinheiros no Tâmisa. A história é de quando ele foi trabalhar para uma companhia de comércio de marfim na África. Por ser de uma família influente, ele se torna capitão de um barco a vapor e recebe a missão de resgatar um outro chefe da companhia que se perdeu no meio da mata africana, o sr. Kurtz.

Com essa premissa, Conrad nos guia por uma breve, mas poderosa narrativa, que toma vários meses da vida de Marlow. Pelo fato de ser narrado pelo personagem principal, o livro é recheado de observações que dão muito pano pra manga em discussões acerca do imperialismo britânico, a escravidão, a loucura e a própria natureza humana.

Uma das questões mais interessantes que advém do livro é a forma como Marlow encara as atitudes dos europeus no meio da selva africana, sempre olhando os nativos de cima pra baixo, quando ele vê que não é bem assim, afinal os europeus muitas vezes acabam enlouquecendo no meio da floresta, enquanto os nativos não. Pelo contato com a natureza, eles estão mais aptos a encarar a escuridão africana e seria melhor deixar assim. Dá pra notar a influência de alguns princípios liberais em Marlow, como o não-intervencionismo motivado pelo princípio de não agressão.

Mas o livro não se resume a isso, pois como eu disso cada uma de suas páginas abre possibilidades de novas discussões. Acredito que de cada 10 leitores teremos 10 opiniões e motivações para discussões diferentes.

Eu, pelo menos, acabei ficando com uma boa sensação ao terminar de ler o livro, que acaba de forma singela, ao meu ver, quase “fofa”, após tanta violência e crueldade.

Mas também é um exemplo típico de “livro masculino”, aquele tipo de livro que como “O Apanhador no Campo de Centeio” e “Graça Infinita” falam mais com homens do que com mulheres, mas não deixa de ser uma boa leitura para ambos. Acontece que algumas observações de Marlow, que é um homem, podemos captar algumas noções que não dizem muita coisa ao olhar feminino.

De qualquer forma, é uma ótima leitura, que vale muito a pena. Li a versão em inglês e não é uma leitura difícil, muito pelo contrário, é uma leitura agradável, sem uma linguagem rebuscada ou muito obsoleta.

4 pontos