sexta-feira, 10 de maio de 2019

A egomania matou a crítica

Antes de mais nada eu quero que você dê uma boa olhada na imagem abaixo.

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Olhou? Então olhe de novo e me diga o que há de diferente entre eles?

A imagem apresenta duas versões de um mesmo Pokémon. O nome dele é Ludicolo e já no desenho criado para as versões dos jogos lançados ainda na época do Game Boy Advance, esse Pokémon já era uma amálgama de pato, urso e abacaxi na cabeça. Não é exatamente isso que nos apresenta a sua versão para o cinema, que está presente no filme do Detetive Pikachu?

Assim como o Ludicolo, diversos outros Pokémon se encontram na mesma situação. A equipe dos efeitos especiais trabalhou de maneira séria para recriar os Pokémon de uma forma que parecesse crível, mas sem perder a imagem já clássica deles de vista. O Psyduck é um pato amarelo e gordo, o Jigglypuff é um urso rosa com olhos enormes e o Bulbasaur tem uma cebola nas costas.

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É estranho? Claro, porque afinal são seres que não existem, mas é ruim? De forma alguma. Muito pelo contrário, é uma ótima forma de adaptar para as telonas esses animais que só eram encontrados em telinhas de videogames portáteis.

Não como dizer que os Pokémon apresentados no filme não são os Pokémon que estão nos games, porque são. É diferente do filme do Sonic, que deixou o porco-espinho azul parecendo um furry qualquer. No caso do filme do Detetive Pikachu são os Pokémon que estão sendo apresentados, não uma adaptação esdrúxula deles.

Então quem diz que eles estão feios, terá que dizer que os Pokémon apresentados nos games também são feios. Não é o Pikachu do filme, é o Pikachu que é feio.

O que acontece é o contrário. O Pikachu sempre foi considerado fofo e ninguém nunca reclamou de seu design. Pokémon baseados em lixo, imã e gosma fedida são muito criticados (e com razão), porque mostra a preguiça do game designer, mas não é o caso de outros como Lucario, Rayquaza ou mesmo o Mew, que tem um design simples, mas bonito. É agradável olhar para esses Pokémon, em outras palavras, eles são belos.

E aí vem um zé ruela qualquer dizendo que esses Pokémon estão feios? Qual a lógica, sendo que o design deles nunca o incomodou. Pior ainda é dizer que por causa disso o filme será ruim! É uma lógica ainda mais maluca, visto que até ano passado esses mesmos “críticos” compravam o mangá que está saindo pela Panini.

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Isso só comprova o quanto a egomania está acabando com a crítica.

Nesse caso não é nem a lógica do “Se eu não gostei, é ruim”, que coloca o eu em primeiro lugar e não consegue abstrair sentido de nenhuma obra que não compartilha da realidade na qual esse eu está inserido. Aqui é a lógica do ter que se passar por intelectual o tempo todo. Esses execráveis baseiam-se na falsa imagem do filósofo cansado e para manter uma imagem de ser superior reviram os olhos, pousam a cabeça sobre uma das mãos, simulam uma voz cansada, enchem o seu discurso vazio de palavras difíceis e quando não têm argumentos, recorrem à velha ironia.

É lamentável ver que nem mesmo filmes infantis como Detetive Pikachu escapam da sua arrogância infeliz. E é o mesmo caso que assombrou Pica Pau. É um filme para o público infantil, não é para você.

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Mas não, eles têm que criticar. Têm que achar um defeito. Voltam do filme do Vingadores e nem se aguentam para ir em grupos do whatsapp expor sua opinião melindrosa. “O filme é bom, mas...” virou regra. Todo início de crítica é assim. Para eles nada está bom.

Eles não conseguem admitir que um filme é bonito, não levam em conta o público a que se destina o filme, não irão considerar que o filme adapta um jogo que eles não jogaram, não irão admitir rir dos trailers, muito menos rirão nos cinemas, mas irão pagar o ingresso para poder dizer que assistiu e assim garantir a sua Licença pra Poder Falar Mal.

Como se pagar ingresso fosse dar um cérebro pra esses pulhas.

Essa corja enfadonha confunde maturidade com velhice, crítica com falar mal, beleza com gosto pessoal, técnica com saber e autoridade com poder. É a prova da falência de todo um projeto intelectual, que não soube incutir neles o mínimo de decência para que consigam saber há um lugar e hora pra tudo. Não sabem esperar.

É verdadeiramente lamentável.