sexta-feira, 26 de julho de 2019

Temos que diferenciar Professores de professores

Há algumas semanas o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná entrou de greve pelo pagamento da data-base (basicamente, aumento do salário devido a inflação monetária), contra a reforma da previdência e outras questões referentes às condições de trabalho dos professores da rede pública de ensino regular.

4f1a859740e8b5ac6f6720c91b7d2b27-gpmedium

Não vou entrar nessas questões, porque, primeiro, não entendo das particularidades das condições dos professores da rede pública de ensino, não tenho saco de explicar a reforma da previdência pra ninguém (esse post faz esse trabalho de maneira excelente) e nem sou expert nas burocracias que envolvem a correção inflacionária dos salários. Não é esse o ponto desse post, o ponto é falar dos professores de ensino superior.

Seguindo a decisão do APP Sindicato (sim, essa é a sigla do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná), outros sindicatos das universidades estaduais aqui do Paraná decidiram entrar de greve também. Pelos mesmos motivos e o principal é o pagamento da data-base.

04.09-manifestacao

Já cansei de dizer, mas digo de novo: greve é inútil! A greve só afeta quem não tem nada a ver com a história e se afeta alguém que pode fazer algo, esse alguém será o último afetado, como aconteceu com a greve dos caminhoneiros. Antes de faltar comida, combustível e outras mercadorias para os governantes, teve que colapsar todos os mercadinhos de esquina e atrapalhar a vida de milhares de brasileiros que não tinham ABSOLUTAMENTE NADA A VER COM A HISTÓRIA! Isso que é greve! Um ataque contra o cidadão de bem.

No entanto, semana passada, o APP Sindicato revogou a greve, mesmo ela não surtindo nenhum efeito. O governo do Paraná não recebeu os sindicalistas e todos eles sabem que o governo tem licença pra cortar salário de quem faz greve (sábia decisão, aliás, pois greve não pode ser motivada).

O mesmo não aconteceu com os sindicatos das universidades estaduais, que decidiram manter a greve e continuar atrapalhando a vida de milhares de estudantes que dependem dos professores pra continuar com suas vidas. A cada greve feita são meses de vida que esses alunos perdem.

dollarphotoclub_74407551-copy-e1429332758102

Mas qual seria o real motivo por trás dessa decisão?

Paremos para pensar, se o governo corta o salários dos professores, quem irá sofrer mais, o que recebe 2 mil reais por mês ou o que recebe 10 mil reais? Quem é o professor que durante a greve estava indo pra Curitiba de busão e quem era o professor que foi pro Canadá passar as “grérias”?

Pois é...

Uma coisa que deve ser mudada para que esse país vá para a frente é a consideração de que nem todo mundo dentro de uma classe de trabalhadores é igual. Que professor é uma profissão desvalorizada no Brasil, isso ninguém nega, mas nem todo professor sofre.

Professores de ensino regular trabalham em ambientes hostis, têm jornadas de trabalho asfixiantes e recebem pouco, eles sofrem de fato, mas o mesmo não acontece com os professores do ensino superior.

reading

Na Universidade Estadual de Maringá, uma pessoa de 26 anos pode entrar lá puxando o saco de todo mundo, recebendo 10 mil reais por mês.

E eles ainda pedem reajuste salarial devido a inflação.

Tudo bem, é um direito deles. Está previsto em lei, mas e a ética? Qual é a equivalência deles com os professores que trabalham 40 horas semanais, em salas caindo aos pedaços, aguentando alunos terríveis que nem queriam estar ali, sofrendo danos físicos e psicológicos pra ganhar 2 mil reais ao mês?

Eu digo: NENHUMA!

Professor de ensino superior não tem voz pra reclamar de nada nesse país. Professor de ensino superior não é equivalente ao professor de ensino regular. Professor não é tudo a mesma coisa como nós costumamos pensar e isso é uma mentalidade que precisamos mudar.

Professores de ensino superior são a elite. É para as universidades que vão as maiores verbas educacionais do país. Eles literalmente sugam todo o dinheiro que deveria ser revertido, primeiramente, para aqueles responsáveis pela formação inicial do ser humano, afinal, as leis brasileiras priorizam um ensino que não forma apenas um estudante ou um trabalhador, mas um cidadão. E se a educação está em situação precária hoje em dia, o ensino superior e seus professores são culpados também.

size_960_16_9_professora-muito-maluquinha

Portanto, antes de você se aliar com qualquer um que lute pela educação do Brasil, questione a que tipo de educação essa pessoa serve. Porque ele pode estar muito bem servindo a uma elite que nunca esteve perto da verdadeira realidade educacional desse país.