quinta-feira, 26 de março de 2020

quarta-feira, 25 de março de 2020

Coronga 6: Desafio em Tóquio

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O Coronga continua na ativa, mas as pessoas, ansiosas dentro de suas casas, já estão pensando em como prosseguir com suas vidas normais após esse vírus.

O problema é que ninguém sabe quando virá esse após e para algumas pessoas esse após não pode demorar muito, pois se demorar elas perderão tudo que tem. Pense naqueles trabalhadores autônomos, no pessoal que têm uma lojinha de bairro ou mesmo a galera que trabalha em shopping. Simplesmente não tem como alguns setores da economia ficarem parados por mais de 40 dias.

Essa quarentena geral que estados e municípios estão convocando é bem-vinda, mas devemos encará-la com muita suspeita, porque o governo deve estar escondendo informações da gente e a nossa vida deve seguir.

Portanto, depois desse período, a partir do meio do mês que vem, já era pro isolamento social. Acabou estabelecimentos fechados, acabou escolas fechadas, acabou shopping fechado, acabou carro guardado na garagem sem poder viajar, acabou essa história de velho fora da rua. A vida tem que seguir.

Mas não seguirá da mesma forma, obviamente, da mesma que não seguiu depois da gripe suína.

Pensa bem, quando a gripe suína se abateu sobre o mundo, popularizou-se o álcool em gel e mesmo que em tempos pacíficos, muitos estabelecimentos continuaram fornecendo álcool em gel para os seus clientes usarem. Álcool em gel, outrora algo até desconhecido, se tornou objeto de uso comum no dia a dia.

Igualmente agora veremos uma mudança. A começar pela facilitação de empregos a distância; a imagem do EaD já começa a mudar, pois muitos professores (eu, incluso), já estão dando aulas à distância. O serviço de delivery prolifera e eu não vejo como isso vai mudar, pois é muito mais prático e até seguro.

Um projeto de lei regulando a telemedicina está sendo levado ao congresso sob urgência e é de se esperar que permaneça assim. De igual forma é de se esperar que o homeschooling seja finalmente legalizado no Brasil.

Mas a principal mudança e a que motiva o título desse post é o fato de que o Coronga permanece ativo no asfalto por até 9 dias e as mudanças que isso causará na forma como lidamos com nosso ambiente familiar.

Verdade ou não, o fato é que as pessoas preferem se prevenir e o que se verá no Brasil é uma possível adoção do estilo japonês. Chega em casa, tira os sapatos no vestíbulos e calça chinelos, alpargatas ou pantufas.

Teremos que nos adaptar, mas a vida não pode parar.

Links sortidos de quarta #32

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O poder da conversação!

O México é nosso país-irmão. Latino-americano, cueca dos EUA, corrupto, violento, rendido à bandidolatria e fruto do produto cultural mais influente do Brasil: Chaves! Em 2018, eles elegeram um populista de esquerda e os resultados estão chegando mais rápido do que o esperado.

Qual o segredo para o sucesso da Europa? Anarquia política.

E mais uma vez temos o brilhante padre Paulo Ricardo nos brilhando com sua sabedoria: filhotes não são crianças e "mães de pet" não são mães!

E mais uma vez, os capitalistas malvados rendidos ao federalismo que não se importa com os seus habitantes, os EUA, surge com propostas efetivas pra acabar com o Coronavírus. Viva o Capitalismo! Viva o Federalismo! Viva a Caridade!

Live do Coronga!

E, por fim, o vírus chinês poderia estar causando menos estragos? Talvez sim.

terça-feira, 24 de março de 2020

Coronga 5: Bozo vs Coronga

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Ontem o prefeito aqui da cidade decretou o fechamento da rodoviária e toque de recolher entre as 21h e as 5h da manhã.

Imediatamente me assustei, pois como todo estudante de filosofia política sei que disso pra começaram e desapropriar propriedades privadas é um tropeço.

Estão usando a crise do Coronga como desculpa para impulsionarem uma agenda totalitária. E como vivemos no Brasil e aqui só sobrevive profissional, é o Bolsonaro quem se tornou inimigo dessa agenda totalitária.

Quando ele desprezou a gravidade do Coronga, imediatamente se desesperaram e pessoas que até então eram parceiros dele se voltaram contra ele e começaram a pedir o seu afastamento. De intervenção militar a falar que ele foi eleito por menos da metade da população, tem de tudo no meio de tanto barulho, menos racionalidade nos argumentos.

No entanto, o que eles estão realizando aos poucos é uma estratégia que alia desespero com lavagem cerebral. Com a desculpa de proteger a saúde pública, vão tomando atitudes casa vez mais dracônicas, estendendo o pico imaginário da doença e com isso aumentando a permanência de atitudes que minam cada vez mais as liberdades individuais de cada um.

É uma vergonha o que tem sido feito e nunca estivemos tão próximos da ditadura desde aquele fatídico abril de 64.

É de se temer e é de se odiar o que a elite política, a única elite que existe nesse país, está fazendo com o Brasil.

Trancafiando pessoas em suas casas, destruindo empregos, diminuindo sua imunidade com um tratamento ruim e esfregando em nossas caras a desculpa de que isso é para o nosso bem.

Ser brasileiro cansa, porque a todo momento precisamos acordar o país.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Dica musical: "Ordinary Man" do Ozzy Osbourne (2020)

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Quase 10 anos após o seu último lançamento solo e três desde sua última apresentação com o lendário Black Sabbath, Ozzy Osbourne lança o seu décimo segundo CD em carreira solo.

Ordinary Man é uma obra incrível, com algumas falhas, como todos os álbuns de Ozzy Osbourne, mas recheado de diamantes muito bem dilapidados, fazendo com que as melhores músicas do álbum se destaquem dentro de toda a sua carreira. Um grande exemplo disso são logo as duas primeiras canções do álbum; enquanto que Straight to Hell soa como qualquer outra música de heavy metal já lançado no planeta, All My Life se destaca como uma das mais bem produzidas canções do cantor, o qual explora toda a sua amplitude vocal dentro dessa canção que vai do Céu ao Inferno, em versos que refletem sobre o seu passado sobre riffs de violão muito bem elaborados e um refrão explosivo e poderoso.

Aliás, reflexões não faltam nesse álbum. Nomeado pelo próprio Ozzy o seu "primeio álbum sóbrio" (o que é difícil de acreditar), ele vem recheado de canções de cunho pessoal, que refletem de maneira magnânima não só sobre os seus problemas pessoais, como as três primeiras do álbum (aliás, a 3ª, Goodbye é uma mistura fenomenal de heavy metal com hard rock), mas também sobre o seu legado, suas conquistas e arrependimentos, todos encapsulados numa brilhante e emocionante canção, a 4ª do álbum, Ordinary Man.

https://www.youtube.com/watch?v=dBF78tA443A

A fenomenal canção é marcada pelos teclados de Elton John e apesar de não contar com tantos elementos como a tríade maléfica que a precede, entrega toda a sua fé de forma magistral dentro de sua estética e revela o seu lado mais humano, fraco e aquilo que move a todos nós: a tanatofobia.

E assim o álbum prossegue, com músicas que seguem num estilo bem comum para os dias de hoje, mas que se distancia do seu estilo musical tradicional (Under the Graveyard e Eat Me), até músicas que voltam às suas origens, não apenas musicalmente, mas até tematicamente, explorando temas de ficção científica e terror (Today is the End, Scary Little Green Man), culminando em seu último "adeus" na bela Holy for Tonight.

Então o álbum termina, mas Ozzy ainda nos presenteia com duas canções feitas com aquele que inspirou toda essa sua nova trajetória na música, Post-Malone. Sim, a dupla mais improvável do planeta foi a que deu origem para esse álbum incrível lançado pelo Príncipe das Trevas. Duas canções ainda preenchem o álbum que não são nada boas, mas é fácil entender porque estão ali, são obras originárias de uma amizade improvável, mas muito fértil.

 

sábado, 21 de março de 2020

Coronga 4 - Jornalista só serve pra construir pirâmide

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Desde que se instaurou a crise do Coronga, a mídia não deixa de falar sobre isso... apesar de vírus como a Malária e a Dengue serem mais letais e causarem mais estragos dentro do nosso país, é sobre o Coronga que falam todos os dias.

Tá certo, não dá pra descuidar, mas calma e bom senso é o que se pede desses nobres senhores que se dizem guardiões da verdade.

Porém, calma e bom senso é o que eles menos têm. A imprensa serve a conglomerados de mídia que tem interesses econômicos muito grandes e numa crise como essa eles têm a oportunidade de lucrar e lucram muito e em nome do lucro vale tudo, inclusive criar fronteiras para o Brasil:

https://twitter.com/veramagalhaes/status/1240666261513789440

Ou ainda excluir os países de seu continente de origem:

https://twitter.com/daladier/status/1240731498602471425

Mas como bem nos lembra o Rodrigo Constantino, que tem sido uma das poucas vozes sadias dentro dessa crise: imagine se fosse algum ministro do governo a cometer essas gafes?

Não ia ter perdão e pior: se falar mal é ataque à imprensa.

Agora, será que é ataque à imprensa exigir que as contas públicas sejam fiscalizadas? Não teria nada a ver uma coisa com a outra não fosse o fato de que a TV Cultura recebe 100 milhões de reais e só a Verba Magalhães recebe 500 mil reais por mês (o teto do governador do estado) pra trabalhar por 2 ou 3 horas na semana. Claro que se fosse privatizada (e eu lembro que a TV Cultura até recebia dinheiro da iniciativa privada, sim) nada disso seria um problema.

E aí, será que a imprensa irá falar disso? É mais um escândalo para eles poderem lucrar em cima? Ou será que não é interessante? Que tal mascarar mais um pouco a verdade?

Lamentável...

Já dizia Evinha, o estampado nos jornais é tudo mentira...

https://www.youtube.com/watch?v=XnLEM-8xQA8

sexta-feira, 20 de março de 2020

Coronga 3: Memento Mori

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E teve panelaço contra o Bolsonaro mesmo, só não sei onde... aqui perto de casa teve um cara batendo panela, mas acho que ele estava só limpando ela mesmo. A motivação é um revolta descontrolada contra o presidente por ele ter deixado de seguir uma série de protocolos com relação ao Coronga e por ter negligenciado o problema, feito pouco caso da obra.

Grande novidade...

O cara foi eleito por ter falado que "Tem que se fudê e acabou", quem se arrependeu do voto ou tava muito iludido com a situação do país ou tá querendo ganhar alguma coisa com esse papo.

Mas ganhar o quê?

Eu fui educado numa família de professores e algo que aprendi desde cedo é procurar enxergar o que se esconde por trás de tudo aquilo que consumia na mídia. Por trás de toda notícia, todo desenho, todo livro tem alguma intenção e é nosso dever descobrir essa intenção pra não virar vítimas das ideologias.

Agora, no meio de toda essa crise, o que poderia fazer com que alguém retuitasse um tuíte atacando o Caio Coppolla? O que faria um professor universitário defender uma jornalista decrépita? O que faria alguém ter um verdadeiro ataque histérico dentro da ALESP?

Dinheiro com certeza seria uma motivação, mas a atual situação não parece favorecer bolsas de dinheiro sendo distribuídas a torto e a direito para pessoas tão diferentes. Vantagem eleitoral também seria uma boa motivação, afinal estamos em ano de eleição, mas, como já mencionado, são pessoas muito distintas entre si, com interesses diferentes.

A conclusão a que chego é a mesma que chegou Ernest Becker: a tanatofobia é o que define as nossas ações. Tanatofobia que deriva do grego Thanatos e significa "medo da morte".

A mim está bem claro. A crise que vivemos atualmente traz a morte bem próximo de nós, a mídia sabe disso e reforça esse sentimento e quando vemos uma pessoa, comum como eu e você, mas que foi alçada ao ideal de "herói" agir de maneira irracional perante um perigo real, nos desesperamos.

É normal, mas também demonstra uma grande falta de controle emocional, pois apesar do medo da morte ser real, ele não pode ofuscar o nosso racionalismo inerente.

 

 

quinta-feira, 19 de março de 2020

Coronga 2 - Se o mundo acabar num suspiro

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E os casos já alcançaram os 300! O Coronga está se espalhando mais rápido aqui do que na Itália. Tem gente entrando em histeria, querendo expulsar o presidente do poder e até brigando por papel higiênico.

Os aproveitadores estão querendo fazer protesto das janelas de seus apartamentos na zona sul... lamentável, mas vamos ver no que vai dar. Espero que passem vergonha.

Eu, aqui do alto da minha cidadezinha no interior do Paraná estou de boa. As aulas na escola onde dou aula foram transferidas para o EAD, o prefeito decretou que tudo vai fechar, exceto farmácias e mercados, a partir de sexta e eu já estou me preparando pra fazer os exercícios físicos em casa.

No entanto, essa semana as cidade ainda está funcionando, mas os habitantes já estão entrando no clima. As escolas e universidades públicas já fecharam, o número de pessoas nas ruas diminuiu e os carros também.

Ontem fui no Correios buscar os suplementes que encomendei no site da Growth e, acredite se quiser, só tinha 2 pessoas na fila. Eu mal sentei no banco depois de pegar minha senha e fui logo chamado. Não tinha reparado até então, mas quando saí na rua pra voltar pra casa, notei que haviam bem menos pessoas nas ruas do que de costume e carros também.

Sempre que saio na rua, preparo uns podcasts pra ouvir e, ontem não foi diferente. O diferente foi não ter que colocar o volume no último pra poder ouvir enquanto atravessava uma das avenidas mais movimentadas. Aliás, nem precisei atravessar no semáforo, porque o movimento estava bem tranquilo, havia espaço suficiente pra atravessar ela entre um e outro comboio de carros.

Hoje, na academia, por volta das 12h, só tinha eu lá. Não durou muito tempo, pois logo chegou um maromba, mas estava perfeito. A academia era, praticamente, toda minha. No mercado a mesma coisa, não tinha filas e, apesar de não ter usado ônibus esses dias, tentei encontrar alguém de pé, mas não deu.

Tudo isso me fez lembrar da enfadonha e criminosa greve dos caminhoneiros do ano passado. Apesar de toda greve ser um ato contra a dignidade humana, eu lembro de, por uma semana, poder andar nas ruas da cidade sem encontrar roncos barulhentos, funks ligados no último volume, caminhões estapafúrdios e motos irritantes. Lembro de na época muitas pessoas sentirem que estavam vivendo o fim do mundo e eu pensava e continuo pensando: se o mundo acabar num suspiro, eu estou de boa com isso!

 

quarta-feira, 18 de março de 2020

Dicas sortidas de quarta #31

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Há um padrão na forma como doenças são tratadas quando elas estouram.

Lugar de fala é um embuste que não tem a mínima validade acadêmica, mas os acadêmicos insistem em usar, provando sua falsidade.

O declínio da instituição familiar é uma realidade e recentemente um artigo muito ruim foi publicado na Atlantic dizendo que a solução para isso é uma união com diferentes pessoas que possa substituir a família. O artigo em si apresenta alguns pontos relevantes, mas suas conclusões são risíveis e esse artigo muito melhor (e mais curto!) nos diz por quê.

Uma bela introdução a Houllebecq.

O que o seu eu de 16 anos diria para você hoje?

Cuibe bem de suas cordas.

E, por fim, aprenda a gostar de jazz com esses 10 álbuns aqui.

terça-feira, 17 de março de 2020

Coronga

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O Corongavírus no Brasil tem gerado muito barulho e pouca informação no Brasil, o que me faz ter diversos pensamentos, mais ou menos ordenados e que seria interessante escrever em um post ou quem sabe vários, conforme forem aparecendo mais.

Apesar da taxa de mortalidade baixa, a primeira morte já foi confirmada, o que apenas reforça o fato de que todo mundo tem que se proteger, afinal, todo mundo tem um parente, amigo ou conhecido que está no tal grupo de risco.

Porém, é notável que ao longo dos próximos dias veremos um número cada vez maior de casos e isso levanta novamente a baila discussão do teorema de Bayes e os falso positivos.

A Coreia do Sul continua sendo um exemplo para o mundo.

Enquanto isso, no Brasil, já comentei como tem gente usando essa tragédia como capital político, mas se você tá achando que tá ruim, espera chegar o inverno.

A verdade é que, apesar dos pesares, o governo tem feito o que deveria fazer. O presidente avisou para as pessoas não irem às ruas e, se foram, não é culpa dele. E se foram, só mostra que o senso de dever cívico do brasileiro continua em alta, o que é muito bom e pode gerar bons resultados nessa crise. Ninguém pensa nisso, mas a caridade é de suma importância no atual momento e qual o melhor incentivo para a caridade que o dever cívico?

As manifestações do dia 15 eram notadamente contra medidas do congresso, que foram aprovadas pelo governo, mas foram feitas de maneira diferente no começo. De qualquer forma, o veto foi mantido e o povo apenas foi às ruas para mostrar que a força ainda pertence ao povo, independente de qualquer acordo.

Quanto ao resto do governo, ministros têm dado exemplo e feito o que deve ser feito. Entre diversas medidas, uma que devemos ficar de olho é a facilitação de licitações e compra de materiais médicos para melhor capacitar o SUS. Muito bom, mas é sempre bom lembrar que diretor de hospital público raramente se consulta em hospital público.

Corrupção será fomentada!

Outra medida muito boa foi o impedimento de visitas por 15 dias para os presídios. A medida gerou revolta dos presos, que começam uma rebelião em massa, representando um risco muito maior não apenas à saúde, mas à segurança do país, do que manifestações cívicas, mas você não ouve falar disso no rádio e TV. E ainda há quem defenda que eles devem ser soltos!

A bandidolatria continua.

Por fim, na cidade onde moro, o prefeito cancelou aulas e disse que irá reforçar o controle de quem entra e quem sai da cidade. E quem vier de ônibus ou avião ficará 7 dias em observação. Um exemplo para outras cidades pequenas do país, que, geralmente, negligenciam medidas de segurança por se situarem na periferia da periferia do mundo.

P.S.: lavem as mãos, evitem aglomerações, rezem e agradeçam a Deus pela existência de Paulo Kogos.

https://www.youtube.com/watch?v=Pceav83ueKM

segunda-feira, 16 de março de 2020

O Coronavírus não melhorou o SUS

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Com a expansão do Coronavírus está sendo espalhada pela internet e redes de televisão que o SUS irá fazer muita diferença frente essa pandemia.

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De fato, fará, afinal o Sistema Universal de Saúde é disponibilizado para todos no país, "de graça" e, portanto, fará diferença na hora de tirar as pessoas da rua e levar para dentro de uma sala de UTI onde ela poderá ser tratada até se recuperar do vírus. Quanto mais rápido for feito o diagnóstico, mais rápido a doença será curada.

No entanto, isso não muda o fato de que o SUS é cheio de falhas, berço das mais diversas formas de corrupção, local de emprego de médicos ruins, lar de inúmeras mortes em filas de espera para um atendimento simples.

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É horrível justificar qualquer coisa com uma história pessoal, mas nesse caso vale: eu moro numa ótima cidade, com um complexo de saúde pública que é classificado como muito bom em comparação com o resto do país e ainda assim, ano passado, passei na mão de dúzias de médicos do SUS que não sabiam o que eu tinha até que eu tomei vergonha na cara, fui pra um médico particular e tratei uma pedra no rim que tinha.

O SUS é um lixo e deve ser revisto, porque a forma como ele existe hoje é ridícula, não é referência pra ninguém e não deve ser defendido, sob nenhuma hipótese.

O simples fato de precisarmos de uma epidemia pra conseguirmos enxergar a utilidade do SUS já é prova suficiente do quão ruim ele é. Se fosse bom, não seria necessário uma epidemia pra nos mostrar a sua utilidade.

 

https://youtu.be/1aG69yd5tn0

E aí vamos falar de EUA. Não tem sistema público de saúde universal, o sistema público que existe não abrange todos os estados e isso já vem mostrando o seu lado ruim. Inúmeros casos do vírus pipocando em todas as partes do país. Essa fragmentação não permite que o governo federal possa realizar ações em massa que abrangem todo o país para poder conter o vírus, mas é exatamente essa fragmentação que permite que a Universidade Johns Hopkins esteja trabalhando em tratamentos para o Coronavírus há meses. É essa mesma fragmentação que permita que diversos centros ao longo de todo país estejam preparados para diagnosticar o corona (em comparação com um hospital no centro de São Paulo para diagnosticar o país inteiro) e é o que permitirá que os EUA surjam com novas e revolucionárias formas de tratar a doença no futuro, como aconteceu com todas as epidemias que assolaram o mundo nas últimas décadas.

Aliás, os malefícios dessa fragmentação seriam facilmente contornados com um recurso jurídico que obrigasse o setor privado a agir de forma dependente do Estado no caso de uma pandemia.

Então, por favor, pare de usar essa tragédia global como capital político, tome vergonha na cara e comece a defender uma melhora eficaz do nosso sistema público de saúde. Exija uma formação profissional melhor, avaliações de médicos, gestão eficiente de hospitais e postos de saúde, investimentos privados na rede pública, menos impostos para a rede privada, menos burocracia para a área da saúde e parcerias entre os agentes públicos e privados... só assim poderemos contar com o SUS sem ter uma epidemia no nosso cangote.

quarta-feira, 11 de março de 2020

quarta-feira, 4 de março de 2020

terça-feira, 3 de março de 2020

Assistindo Dead Souls pt. 1

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Ano passado embarquei na jornada de assistir Shoa, omonumental documentário de Claude Lanzmann sobre os campos de concentração nazistas. A tarefa foi árdua, mas se revelou extremamente reveladora da natureza humana e da fatalidade de grandes eventos assombrosos da face da Terra que passam despercebidos quando ocorrem.

E de surpresa, me apareceu no feed do Mubi Dead Souls pt. 1, a primeira parte de um igualmente monumental documentário lançado em 2018 acerca dos campos de reeducação e reabilitação comunistas na China.

Tudo começou com a revolução cultural e a partir de 1957 o governo comunista chinês começou a enviar direitistas para um campo de trabalho no deserto de Gobi com o intuito de serem reeducados através do trabalho. Entre 550.000 e 1.300.000 pessoas foram selecionadas, mas o número não é exato. Ou seja, quase 1% da China inteira foi enquadrada dentro de um único campo de concentração, para trabalhos forçados.

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O filme começa com Zhou Huinan, um nacionalista e direitista, de fato, mas um direitista raiz, um cara de direita antes disso ser legal e antes das perseguições se iniciarem na China maoísta. Seu irmão também fora preso e fora entrevistado antes da sua morte, muito debilitado preso a uma cama. Acompanhamos seu funeral e a tristeza e raiva que acompanha a vida de seus parentes, em especial seu filho, que chora e clama vingança contra um regime que nunca o deixou em paz, nem mesmo no seu leito de morte.

E com isso chegamos a uma hora de filme. Uma das mais de 8 horas com relatos detalhados de sofrimentos, lutas, indignações e injustiças. Ao contrário de Shoa, aqui não temos grandes imagens abertas, longos takes de cenários que aumentam a imersão do espectador com o que é relatado. Ao contrário, temos um olhar mais intimista. Longas entrevistas com pessoas que nunca tiveram a oportunidade de relatar os horrores que viveram. Nos é dito em determinado momento que muito da história jamais foi dita ou porque foi esquecida ou porque morreu com aqueles que a viveram.

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E esse olhar intimista, filmado de dentro da casa dos sobreviventes, confortáveis e seguros em suas casas nos revela detalhes interessantes. O que começou com um reação contra os nacionalistas do Kuomintang, o partido mais influente da China na época, se tornou uma perseguição em massa de qualquer pessoa que pensasse uma vírgula diferente das ordens vindas do partido comunista. E assim foram presos membros do partido, pessoas fieis à causa, mas que ousaram discordar ou simplesmente questionar uma ou outra ordem vinda de cima.

Só que tudo isso nos é revelado nas entrelinhas das conversas. O principal objetivo do documentário é revelar as experiências que os sobreviventes passaram nos campos de concentração. A tortura já começava na viagem, onde os prisioneiros eram atulhados em vagões de trem, para chegar num projeto de fazenda onde eles dormiam com um simples cobertor (sim, um cobertor, não um cobertor em um colchão e travesseiro, era só o cobertor), vivendo dos restos que as pessoas que trabalhavam na cozinha conseguiam surrupiar dos olhares atentos e cruéis dos guardas. A fome a doença eram as principais companheiras desses presos e a morte era certa.

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Com um número absurdo de mortos, seus corpos eram enterrados em Mingshui, onde ainda hoje é possível encontrar ossos espalhados pela terra. E assim chegamos ao final dessa primeira parte, acompanhando Fu Haisheng, um simples fazendeiro de ovelhas que mora na vila de Mingshui, vizinha ao cemitério de direitistas.

Apenas no campo de Jiabiangou, 3200 pessoas foram presas das quais apenas 500 sobreviveram, muitas fugindo. A perseguição aos direitistas continuou até o final da revolução cultural.