segunda-feira, 23 de março de 2020

Dica musical: "Ordinary Man" do Ozzy Osbourne (2020)

ozzy

Quase 10 anos após o seu último lançamento solo e três desde sua última apresentação com o lendário Black Sabbath, Ozzy Osbourne lança o seu décimo segundo CD em carreira solo.

Ordinary Man é uma obra incrível, com algumas falhas, como todos os álbuns de Ozzy Osbourne, mas recheado de diamantes muito bem dilapidados, fazendo com que as melhores músicas do álbum se destaquem dentro de toda a sua carreira. Um grande exemplo disso são logo as duas primeiras canções do álbum; enquanto que Straight to Hell soa como qualquer outra música de heavy metal já lançado no planeta, All My Life se destaca como uma das mais bem produzidas canções do cantor, o qual explora toda a sua amplitude vocal dentro dessa canção que vai do Céu ao Inferno, em versos que refletem sobre o seu passado sobre riffs de violão muito bem elaborados e um refrão explosivo e poderoso.

Aliás, reflexões não faltam nesse álbum. Nomeado pelo próprio Ozzy o seu "primeio álbum sóbrio" (o que é difícil de acreditar), ele vem recheado de canções de cunho pessoal, que refletem de maneira magnânima não só sobre os seus problemas pessoais, como as três primeiras do álbum (aliás, a 3ª, Goodbye é uma mistura fenomenal de heavy metal com hard rock), mas também sobre o seu legado, suas conquistas e arrependimentos, todos encapsulados numa brilhante e emocionante canção, a 4ª do álbum, Ordinary Man.

https://www.youtube.com/watch?v=dBF78tA443A

A fenomenal canção é marcada pelos teclados de Elton John e apesar de não contar com tantos elementos como a tríade maléfica que a precede, entrega toda a sua fé de forma magistral dentro de sua estética e revela o seu lado mais humano, fraco e aquilo que move a todos nós: a tanatofobia.

E assim o álbum prossegue, com músicas que seguem num estilo bem comum para os dias de hoje, mas que se distancia do seu estilo musical tradicional (Under the Graveyard e Eat Me), até músicas que voltam às suas origens, não apenas musicalmente, mas até tematicamente, explorando temas de ficção científica e terror (Today is the End, Scary Little Green Man), culminando em seu último "adeus" na bela Holy for Tonight.

Então o álbum termina, mas Ozzy ainda nos presenteia com duas canções feitas com aquele que inspirou toda essa sua nova trajetória na música, Post-Malone. Sim, a dupla mais improvável do planeta foi a que deu origem para esse álbum incrível lançado pelo Príncipe das Trevas. Duas canções ainda preenchem o álbum que não são nada boas, mas é fácil entender porque estão ali, são obras originárias de uma amizade improvável, mas muito fértil.